Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 41
Capítulo 41




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— Era o Daniel? – ela perguntou assim que me viu.
— Era sim.
— Ele falou alguma coisa sobre a Alice? Tô tentando ligar pra ela, mas tá caindo na caixa postal.
— Eles estavam indo almoçar. – disse tirando os olhos dela e tentando afastar a imagem de seu corpo da minha mente.
— Deve ser isso. Comida é sempre prioridade pra Alice. Ela esquece o mundo e foca só na comida. – ela riu.
— Pronta pra dormir? – disse afastando as cobertas e me sentando na cama. – qual lado você prefere dormir? – olhei para ela, que tinha saído de perto da lareira de modo que não dava pra ver mais nada através da camisola. Como se eu pudesse esquecer a linda visão que tive.
— Tanto faz. – disse pulando na cama do meu lado. – caramba, que cama gostosa. Poderia ficar aqui o resto da vida sem reclamar. – ela se deitou virada de frente pra mim.
— É, realmente. Muito gostosa.
— Mas você já deve ter se acostumado. Aposto que sua cama é tão boa quanto essa.
— É. É muito boa. – de repente eu vi que não estava falando da cama e sim dela, de Ana. – Acho melhor a gente dormir. Já tá quase amanhecendo e temos que estar prontos para a reunião no almoço amanhã. – fechei meus olhos, e tentei esvaziar a mente e não pensar em nada pra tentar dormir, mas quem disse que eu consegui? Ana estava ali, a um palmo de distância, com tudo aquilo coberto apenas por uma camisola fina. Era cruel. Eu abri os olhos novamente e lá estava ela, me olhando. – O que foi?
— Eu preciso te contar uma coisa. Mas pode ser amanhã. Sei que está cansado.
— Na verdade tô sem um pingo de sono, então pode falar.
— Promete não ficar bravo?
— Você mandou os americanos pro inferno né?
— Não – ela riu – mas deveria.
— É pior que que isso?
— Não tem nada a ver com a Duarte.
— Pois bem, estou ouvindo. – ela desviou os olhos, suspirou e se virou de barriga pra cima e ficou encarando o teto. – Ana, o que tá acontecendo?
— Encontrei o Gustavo. – eu realmente não esperava por isso.
— Você o quê? – disse tentando conter minha surpresa.
— Ele apareceu lá no salão onde eu estava. Ele foi deixar a irmã lá, mas foi coisa rápida. Nem foi uma conversa de verdade, estava mais pra um monólogo.
— Não importa. – disse me sentando na cama – Você tem uma medida de proteção: Cem metros, Ana. Ele não pode chegar perto de você!
— Eu sei. Mas não tinha como ele adivinhar que eu ia estar lá. Foi um encontro ao acaso. – eu não acreditava nem um pouco nisso.
— Ele encostou em você? Te ameaçou de novo?
— Não. – ela respondeu. – Se bem que... – ela franziu o cenho e se sentou na cama também, parecia estar se lembrando de alguma coisa.
— Se bem que o que?
— Na hora eu não percebi, mas ele falou uma coisa que meio que parece uma ameaça.
— O que ele disse? – perguntei calmamente tentando controlar a raiva que crescia em mim
— Seja feliz enquanto estiver com ele. – não era uma ameaça direta à Ana e sim a nós dois. – Não sei se parece uma ameaça, mas agora, pensando bem. O tom de voz dele...
— Foi uma ameaça.
— Talvez eu esteja exagerando e fantasiando coisas.
— Você devia ter me falado isso antes. Antes da gente viajar. Agora esse idiota tá ai a solta. Ele vai ficar te ameaçando até quando?
— Calma Rafael.
— Não tem que ter calma. – disse irritado – Tem que agir Ana. Isso é serio. Quanto tempo será que ele vai demorar pra realmente cumprir com as ameaças? – aquilo calou a boca dela. Me senti mal pois vi que ela deu uma leve estremecida. – Me desculpa – eu a puxei para os meus braços e a abracei. – Eu me excedi. Eu só fico preocupado.
— Tudo bem – ela disse com a voz abafada pelo meu abraço, vi que estava apertando ela então relaxei um pouco os braços, mas a mantive ali perto de mim.
— Só não quero que nada de mal aconteça com você.
— Não vai acontecer, eu tenho você e nada... – então ela parou, saiu dos meus braços e estava com aquela cara de quem estava se lembrando de algo novo, de novo. – tem mais uma coisa.
— O que?
— A Raquel sabia o seu nome.
— Quem é Raquel? – perguntei.
— A irmã do Gustavo. Mas a questão é: como ela sabia o seu nome?
— Fomos na delegacia juntos. – eu disse – Fui seu advogado, lembra? E sem contar todos aqueles eventos que comparecemos juntos. Não é tão difícil assim descobrir.
— É, acho que você tem razão.
— De qualquer forma, é melhor ficarmos de olho. – ela suspirou. – Ei, vem cá – deitei novamente e a puxei para os meus braços – esquece tudo isso. Tá segura agora. Você tá comigo.
— Olha se não é o cara que dizia ser o lobo mal – ela brincou.
— Cheguei a conclusão que não existe pessoa melhor pra te proteger de mim do que eu mesmo.
— Sabe o que eu acho? – ela levantou o rosto para me olhar – Acho que você não precisa me proteger, você é quem precisa de proteção
— Talvez eu esteja mesmo. – eu ri.
— Que bom que você tem uma namorada. Ela vai adorar fazer isso.
— Acho que ela precisa dormir. Esses olhos lindos e negros, tão lindos quanto o céu dessa noite holandesa, precisam descansar.
— Tá bom, amanhã eu protejo. – ela se esticou e me deu um ultimo beijo antes de apoiar sua cabeça em meu peito e dormir rapidamente.

Depois de uma bela noite de sono eu acordei me sentindo muito bem. Como há muito tempo eu não me sentia. Eu estava com Ana, no quarto de hospedes de minha casa em Amsterdã, ela dormia tranquilamente em meus braços. Uma de suas pernas contornava o meu quadril e minha mão repousava em sua coxa. Quando vi a vi ali, pensei que pudesse ser mais um de muitos dos meus sonhos com Ana, por isso apertei sua coxa puxando- a mais para mim. Isso foi uma péssima ideia. Vi que era real, que ela estava mesmo ali, e se estivesse acordada, teria sentindo o tamanho do meu desejo por ela devido à nova posição que nos encontramos. Mas não, ela estava adormecida. E eu ali, desejando-a de uma forma que provavelmente nunca desejei ninguém.

Graças ao meu teste de realidade, ficamos de um jeito, na cama, em que a camisola dela revelava demais. E por mais mínimo que seja o pedaço de pele descoberto, ele me trazia lembranças da noite anterior. Lembranças que me fazia deseja-la ainda mais, o que permitia que eu tivesse apenas duas ações:

a) Acordar Ana, descobrir o que mais está coberto por aquele tecido fino e fazê-la minha ou

b) Ir para o mais longe possível dela, me aliviar sozinho e deixar que ela dormisse mais um pouco.


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