Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 34
Capítulo 34




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— Ei, tá me ouvindo? – Alice sentou do meu lado e me sacudiu. Aparentemente ela havia falado mais do que eu me lembrava.
— Ele só queria manter o namoro de vocês em sigilo. – improvisei – não fica chateada, amanhã vocês conversam e fica tudo bem. – disse meio aérea.
— Por que não me contou o que estava acontecendo?
— Você e a Juliana são amigas, eu não queria que você me defendesse e brigasse com ela.
— Mas é claro que eu ia te defender. Você é a irmã que a vida me deu, não posso deixar os outros fazerem mal a você.
— Eu te amo – a abracei – amo tanto que vou até pedir ajuda pra fazer as malas.
— Ah eu andei dando uma pesquisada. Você vai pra um lugar tão lindo. Pena que agora é temporada de chuva lá, então já separei os melhores casacos do nosso guarda roupa pra você. Inclusive aquele bege de pele que a mamãe me deu que fica lindo em você. – ela me puxou e me levou para o quarto.

Mesmo com Alice falando maravilhas da Holanda, eu não conseguia me concentrar, mas ela era minha amiga então deixei ela falando super empolgada e dava respostas vagas. No fim da noite, quando já havíamos arrumado tudo e comido toda a pizza que ela e Daniel tinham pedido, recebi uma mensagem de Rafael.

“Querida Ana, espero que tenha uma boa noite. Não se preocupe com a Juliana, eu vou resolver tudo. Confie em mim, não precisa ir pro escritório amanhã. Te vejo no aeroporto.
Ps: desculpe sair daquele jeito, mas precisava ter uma conversa séria com Daniel.
R.”

Não era o Rafael que estava na praia que conversava aquela hora comigo, mas o meu chefe Rafael. Não queria conversar com o chefe .

“Não tem problema, eu imagino sobre o que deve ter conversado com ele, só espero que fique tudo bem. Amanhã tem uma reunião no escritório, tem certeza que quer que eu fique em casa?
Ana.”

Em menos de um minuto a resposta veio.

“A reunião vai ser só pra informar para todos que na minha ausência, o Daniel vai cuidar de tudo. Vai ficar tudo bem. Já separou seu guarda chuva?
R.”

“Não, na verdade eu vou ter que comprar um, mas Alice vai me fazer pagar multa por tanta bagagem. São três dias e eu tô levando coisas pra um mês.
Ana.”

“Eu tava pensando em esticar a viagem um pouco mais. O que acha?
R."

Aquilo me deixou um pouco surpresa. Mas como eu estava falando com o Rafael chefe, resolvi dar uma resposta que eu daria na posição de funcionária.

“Se eu não tiver que lidar com os americanos de novo pra remarcar seus compromissos, tudo certo.
Ana.”

“Já disse que odeio mensagens de texto? Queria poder ouvir a sua voz.
R.”

“Isso é um problema fácil de resolver.
Ana.”

E então ele ligou.
— Oi
— Oi, qual o problema com as mensagens?
— Nem sempre a gente interpreta as palavras da maneira correta. Prefiro ouvir a voz para ter certeza.
— É uma boa estratégia.
— Eu queria te agradecer.
— Pelo quê?
— Por hoje. Por você.
— Não precisa agradecer
— Sua voz tá estranha? Tá tudo bem? – Não, não está
— Está sim.
— Por que será que eu não acredito nisso?
— Porque você como chefe sempre desconfia de alguma coisa.
— Não sou seu chefe agora.
— E o que você é? – ele ficou em silêncio por alguns instantes.
— Posso te responder isso amanhã? – eu suspirei frustrada
— É claro.
— Você não parece feliz.
— Eu tô. – porque você me beijou e disse que ia fazer as coisas darem certo um pouco antes de sair correndo como se eu fosse um alienígena. A felicidade virou tristeza em poucas horas – Eu só não quero problemas com a Juliana. Confesso que fiquei preocupada pelo jeito que saiu daqui.
— Tinha que dar umas instruções pro Dan, pra ele saber o que fazer enquanto estamos fora. Desculpa, eu pretendia terminar a nossa noite incrível de outro jeito.  Te recompenso depois, pode ser?
— Como?
— Um jantar, em um dos lugares que eu mais gosto na Holanda. Garanto que você vai adorar.
— Certo.
— Eu tenho que arrumar minha mala. A gente se vê amanha no aeroporto.
— Ok
— Boa noite
— Boa noite.

Eu estava um pouco irritada agora. Não tinha gostado daquela conversa, teria sido melhor ficar só nas mensagens. Eu custei para dormir, mas assim que acordei fui renovada pela expectativa de como seria essa viagem com Rafael. Era uma viagem profissional e eu dei uma olhadinha na agenda dele e vi que nos três dias que ficaríamos lá ele teria duas reuniões, o que significava que teríamos bastante tempo juntos e, considerando que ele pretendia estender a viagem, esse tempo seria ainda maior. Eu encontrei Alice tomando café da manhã, e ela estava quase tão animada quanto eu.

— Eu marquei uma hora pra você no salão.
— Alice não. Eu não tenho dinheiro.
— Eu vou pagar, relaxa. Você vai pra Europa, precisa estar deslumbrante. E tá precisando dar uma iluminada nesse cabelo – nisso eu tinha que concordar – Dá pra acreditar? Você vai pra Europa! E sem mim. Que absurdo – ela tentou fingir indignação, mas não conseguiu.
— Relaxa, prometo que não vou conhecer a Inglaterra sem você.
— Nem se o Rafael mandar?
— Não.
— Eu te amo – disse de boca cheia enquanto comia um pão de queijo.
— Você não tá atrasada?
— O Rafael não vai no escritório hoje, então eu me dei ao luxo de ter mais vinte minutos na cama.
— Vai sim, tem reunião hoje às 10 horas.
— Tem? Merda – ela levantou correndo, pegou a bolsa e mais três pães de queijo – No fim do expediente eu passo aqui e te levo pro aeroporto. Vai pro seu dia de princesa.

E assim eu fiz. Quando Alice disse que eu teria um dia de princesa ela não estava brincando, eu cuidei do cabelo, da pele, das unhas e estava me sentindo ótima. Até o momento em que sai do salão. Ali bem na porta, encontrei alguém que eu não queria e nem podia ver.


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