Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 30
Capítulo 30




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— É por vergonha? – ele franziu o cenho como se não entendesse. – Por isso é complicado? Você sente vergonha de mim?
— Por que eu sentiria? – a expressão dele era de como se eu tivesse falado o maior absurdo do século.
— Porque eu não sou como você – disse desviando o olhar para o meu prato que eu nem sabia o que era, mas estava uma delicia. Era a sugestão do chefe, mas eu não conseguia comer, era como se eu não tivesse forças.
— Como eu... – disse me instigando a continuar.
— Ah, você sabe. Rica, poderosa, elegante, inteligente, linda e uma série de outras coisas que todas as mulheres do seu nível são. – disse ainda sem olhar para ele.
— Eu não posso acreditar que você pensa uma coisa dessas.
— Eu tô ficando sem opções. Eu... estou tentando te entender. Procurar as razões para você não me querer por perto, mas quanto mais eu penso mais confusa eu fico. A conclusão mais plausível que cheguei foi essa.
— Eu fico imaginando qual seria a menos plausível.
— Ah, bom... você disse que é perigoso embora eu não acredite. Talvez você seja um serial killer manipulador que conseguiu enganar todo mundo. – ele riu.
— Acho que essa opção não me ofenderia tanto.
— Desculpa.
— Acredite em mim é melhor você não saber.
— E eu vou ficar com essa dúvida me corroendo por dentro até quando Rafael? Você não pensa em mim?
— É justamente por pensar em você que faço isso. – suspirei e resolvi deixar pra lá.

 Rafael nunca confiaria em mim a ponto de contar tudo o que realmente estava acontecendo. De repente eu senti uma grande vontade de ir embora, me afastar daquele homem e ir para a minha cama. Talvez eu fosse infantil demais por querer isso, mas era a opção que eu tinha.

A música que tocava era de uma banda que eu gostava e me perdi olhando 4 casais dançando. Um deles era um casal de velhinhos, e o senhor olhava para sua dama de uma forma tão encantadora. Estava visivelmente apaixonado e admirava sua acompanhante, o carinho entre eles era visível e por um momento eu senti inveja daquela senhora. Eu queria que alguém me olhasse daquele jeito, que me tocasse daquela forma, que me fizesse rir como aquele homem fazia.

Minha mão estava sobre a mesa e senti o toque de Rafael. Ele sorria torto e olhou para o casal, por um momento eu pensei que ele soubesse tudo o que eu sentia e que era recíproco. Mas não. Não era. Apesar de estar apaixonado por mim, ele não agia assim. E eu sinceramente, não conseguia acreditar.

— Dança comigo?
— Eu não sei dançar Rafael, você sabe.
— Não foi o que pareceu da ultima vez. Você sabe sim. – ele se levantou e se colocou do meu lado com a mão estendida – Me concede a honra?

Peguei sua mão e ele me guiou até a pista pequena e agradável. Ficamos perto do casal de velhinhos que eu admirava e a senhora, que usava um elegante vestido vermelho e mantinha os cabelos brancos presos em um coque, me deu um sorriso. Rafael me abraçou e começou a me guiar. Minha cabeça descansava em seu peito e eu conseguia sentir seu coração acelerado. O queixo dele estava apoiado na minha cabeça e foi ai que eu notei o quão baixinha eu era perto dele – apesar de usar o salto de Alice. Eu fechei os olhos, apreciei o momento que eu não sabia quanto tempo ia durar, mas era um momento nosso. Ali nos braços dele não me sentia em perigo, pelo contrário, ali era o lugar mais seguro do mundo.

— Never gonna be alone! From this moment on, if you ever feel like letting go, I won't let you fall, when all hope is gone, I know that you can carry on, We're gonna see the world out, I'll hold you 'til the hurt is gone. – Rafael cantarolava baixinho.

Por um momento eu quis acreditar nas palavras daquela música, no significado dela. Eu realmente não queria mais me sentir sozinha e queria que Rafael, que cantava a musica baixinho no meu ouvido, continuasse do meu lado. Quando eu abri os olhos novamente, vi que não tinha mais nenhum casal dançando, só nós dois. Levantei o rosto e vi que estávamos muito próximos. Se eu esticasse o pescoço mais um pouquinho conseguiria alcançar seus lábios. Mas não faria isso. Rafael era uma pessoa publica, se saísse alguma foto nossa em alguma revista de fofocas ele não iria gostar. Entretanto, ele não quis se afastar. Ele fechou os olhos e puxou meu rosto para frente, fazendo com que sua testa encostasse na minha e fechasse os olhos novamente.

— Eu sei que você precisa de respostas. Mas... eu não... – ele não conseguiu concluir.
— Tá tudo bem. Quando você estiver pronto pra falar eu vou estar pronta para ouvir. – ele sorriu, eu senti. Então afastou seu rosto do meu e eu abri meus olhos encontrando aquela imensidão de olhos verdes que teria me feito cair no chão se eu não estivesse segura nos braços dele.
— Mas você não está feliz.
— Não. Mas assim como você não quer me contar por pensar em mim, eu também não quero te ouvir sem que esteja pronto por pensar em você.
— Acho que me apaixonei de novo por você. Todo santo dia você diz ou faz alguma coisa que faz com que eu me apaixone ainda mais por você, se é que isso é possível.
— É possível. Eu sei que é... porque é o acontece toda vez que eu olho pra você. – ele franziu o cenho e seus olhos se iluminaram de uma forma surreal. – tô apaixonada por você.


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