Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 20
Capítulo 20




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— Pode ser – disse com dificuldade. 
— Então vamos.

O que significava tudo aquilo? Ele me elogiou ou só estava falando da sua mãe e irmã? E desde quando ele reparava em mim? Eu estava completamente absorta em meus pensamentos, almoçamos e seguimos para o escritório. Ele tinha que falar algo com Daniel, então acabou subindo comigo. Juliana, se estivesse no escritório, iria reparar nas roupas informais de Rafael e o fato de estarmos chegando juntos. Eu não queria isso, não queria problemas. Mas aparentemente não tinha como escapar.
— O que foi? – disse Rafael dentro do elevador. 
— Nada
— Tem certeza? Ficou quieta de repente.
— Só tô pensando se a “Duarte” sobreviveu na minha ausência. – ele sorriu e o elevador se abriu. Quando entramos no escritório a primeira pessoa que vejo é Juliana e ela percebeu que eu não estava feliz em vê-la. Estava acompanhada de Daniel que veio nos cumprimentar e ela voltou discretamente para o seu escritório.

— Eu sei que você é o chefe, mas tem que começar a dar o exemplo para os seus funcionários. Sabia que o expediente começou ás 8h? E que uma camisa polo não é adequada para o trabalho em um grande escritório? – disse com cara de sério, mas acabou rindo no final. Ele era o único que podia falar daquele jeito com Rafael sem estar sob pena de demissão.
— Não enche, preciso falar com você. – Rafael respondeu e indo em direção à sala dele.
— Você devia cobrar um extra por ter que aturar o mal humor dele todos os dias. 
— Vou considerar isso. – sussurrei.
— É pra hoje Daniel – Rafael gritou de dentro de sua sala.

Fui pra minha mesa e antes mesmo de me sentar, Stella surgiu do nada e me abraçou.
— Ai como é bom te ver. Acho que fiz besteira.
— Que tipo de besteira?
— Troquei uns documentos do Diego. – Diego era um dos advogados mais chatos que trabalham conosco. Ele é indiferente a todos, metido e ignorante. Não suporta erros. Lembro que quando comecei a trabalhar quase todos os dias ele ia se queixar com Rafael de alguma coisa que eu havia feito de errado. 
— Relaxa, eu dou um jeito.
— Eu te amo. As coisas estão mais calmas agora. A maioria dos advogados saiu para se encontrar com clientes, só ficou a Ju e o Daniel. Finalmente consigo respirar. 
— Ela podia ter saído também – disse baixinho.
— Como?
— Nada. Vamos resolver esse lance do Diego antes que ele volte.

Alice voltou ao trabalho e nem teve tempo de conversar muito comigo e já estava com a cara enfiada no trabalho e não vi mais Juliana. Eu queria muito contar para Alice às coisas que Juliana me disse, talvez quando chegássemos em casa e ela enfim tivesse tempo para mim, eu poderia falar. Rafael ficou no escritório durante uns 30 minutos com Daniel e eles saíram juntos. Rafael iria para o aeroporto e Daniel, para o fórum.
— Não era mais fácil ligar para o encanador? – disse Daniel.
— Era, mas você conhece meu pai. Não gosta de gastar com coisas desnecessárias. – disse Rafael enquanto eles esperavam o elevador
— Mas não era desnecessário. – Juliana saiu de sua sala com a bolsa ao lado. 
— Vai explicar isso para ele. Ele acha que eu sei como consertar qualquer coisa. Na maioria das vezes eu consigo, mas hoje não teve jeito. Por isso não vim trabalhar cedo. Pedi pra Ana ir lá pra casa para resolvermos as coisas por lá mesmo. Estava tudo uma bagunça, minha mãe estava me enlouquecendo. – ele parou quando Juliana se juntou a eles para esperar o elevador. Rafael não falava da vida pessoal com mais ninguém a não ser Daniel e, aparentemente, eu já que nos tornamos amigos. 
— Vai pro fórum Ju? – perguntou Daniel.
— Sim.
— Quer uma carona? Tô indo pra lá também. 
— Claro – ela respondeu. As portas do elevador se abriram e eles entraram, Rafael acenou com a cabeça discretamente como sinal de despedida. Esse gesto não passou despercebido por Juliana que me encarou com um sorriso de canto de boca nos lábios que me deixou aterrorizada. 

Por volta das sete e meia da noite, Alice chegou com uma cara tristonha e se jogou no sofá ao meu lado.
— Oi – ela disse. 
— Oi. Que que tá pegando?
— Como sabe que tem alguma coisa?
— Você está com aquela cara de frustração que eu odeio. 
— Eu sou tão transparente assim?
— Só com quem te conhece há mais de 20 anos. – ela deitou no meu colo e eu comecei a passar as mãos pelo seu longo cabelo ruivo. 
— Eu ia sair com um cara, mas aconteceu um imprevisto e não rolou. Eu sei que imprevistos acontecem, mas eu confesso que estava com certa expectativa sabe? 
— Espera, que parte da história eu perdi? Quando você conheceu um cara novo?
— Na verdade não é um cara novo. Eu já conhecia há uns 3 anos e de uns tempos pra cá ele se aproximou e mexeu comigo de um jeito diferente sabe? Não me lembro da última vez que me senti assim. Consegue entender? – consigo, ah se consigo. 
— Que cara é esse? – ela ficou em silêncio, decidindo se me contava ou não quem era. – Alice nem pense em me esconder.
— É que ... ah, é complicado. Não queríamos, ou melhor, ele não queria que as pessoas soubessem nada por enquanto.
— Mas eu sou sua melhor amiga. 
— Eu sei. Falei que era de confiança e ele sabe disso, sabe que você nunca faria nada para nos prejudicar. 
— Perai. É do escritório? – ela assentiu culpada. Comecei a pensar nos possíveis affair’s que minha amiga poderia ter. 
— O Rafael proíbe namoro entre funcionários e ele não quer me prejudicar. Sabe que preciso do emprego. – então é alguém que quer proteger o emprego dela mas até então não liga muito para o seu. O Diego não poderia ser, aquele ali nem a própria sombra suporta, quem dirá uma mulher como Alice. Sobra Marcelo, que namora, Ricardo que é bem estranho e distante de qualquer um no escritório e o Dan...
— É o Daniel?


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