Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 17
Capítulo 17




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No dia seguinte, Alice e eu chegamos à empresa e Rafael já estava lá, o que era estranho. Eu e Alice, normalmente, éramos as primeiras a chegar. A porta de sua sala estava aberta, Alice me deixou na recepção e foi pra seu escritório. Comecei a colocar meus afazeres em dia, como não trabalhei ontem à tarde, tinha muita coisa acumulada. Distribui os documentos em cada sala, e percebi que alguns colegas me olhavam de forma diferente, sobretudo Juliana. Ela não respondeu o meu “Bom dia” e me olhou de cara feia, talvez seja a TPM.

 Voltei pra minha mesa, e antes mesmo que eu me sentasse, Rafael apareceu na porta de seu escritório e me chamou. Eu o segui, fechei a porta de sua sala e subitamente não soube como me comportar diante dele.

— Acho que tenho uma boa notícia. Minha irmã tem uma amiga que tá precisando de emprego, eu marquei um horário com ela hoje à tarde e tudo indica que vou contratá-la. Confio em Marcella, e sei que ela indicou uma boa pessoa.
— É uma excelente notícia, Dr. Duarte.
— Ei, o que nós combinamos ontem?
— Desculpa Rafael.
— Bem melhor. – ele sorriu – se tudo der certo, você vai treiná-la. Sei que é mais uma tarefa, e que já tem coisas demais para fazer, mas é a única que pode fazer isso.
— Claro, vai ser um prazer treinar sua assistente. Vou ensiná-la a fazer o seu café como gosta. – ele sorriu.
— Na verdade, ela não será minha assistente. Será a nova recepcionista. – ah então era isso. Ele ia me dispensar. Não era uma coisa que eu não soubesse, mas eu achei que teria mais alguns meses antes de ser demitida, novamente.
— Ah, claro. Nesse caso, farei de tudo para que ela seja uma boa recepcionista e consiga lidar com toda essa loucura.
— Eu sei disso. Tenho uma proposta para você.
— Para mim?
— Sim – ele sorriu – quero que seja minha assistente. É uma promoção, aumento no salário, mais benefícios. Em contrapartida, terá que me acompanhar em eventos como ontem, em reuniões fora do escritório e algumas outras coisas.
— Eu? Sua assistente?
— Sim, mas é claro que eu vou entender se não quiser aceitar. Mas você lidou bem com as coisas nesse período em que acumulou as funções aqui, achei que uma promoção seria o melhor para você e para a “Duarte”.
— Achei que fosse me demitir.
— Eu sei que você queria um emprego temporário, e que tecnicamente já deveríamos estar preparados para o seu desligamento da empresa. Mas não estamos, eu não estou.
— Como?
— Preciso de você. – disse com a voz extremamente sexy e eu prendi a respiração. – A “Duarte” precisa – voltei a respirar.
— Profissionalmente é claro – disse baixinho.
— Como?
— Nada. É claro que eu aceito Rafael. Eu também não estou preparada pra sair daqui. Não consegui juntar a quantia que precisava para voltar a estudar.
— Eu sinto muito por isso.
— Eu também. – disse um pouco incerta. A verdade é que eu realmente precisava de um tempo a mais na empresa, mas eu não sei se ficar um tempo a mais com Rafael era o certo. Um silêncio se instalou, e Rafael me olhava de um jeito intimidador, era como se ele pudesse ver a minha alma e assim descobrir todos os meus segredos. Não sei se gostava disso. – Precisa de mais algo?
— Encaminha esses documentos para o fórum, por favor – me estendeu os documentos ainda me olhando. – e marca uma reunião com toda a equipe para amanhã de manhã. Quero você na reunião. – eu nunca participava das reuniões, mas dona Sônia sempre esteve presente, acho que era uma das atribuições de ser assistente de Rafael.
— Claro. Licença. – me retirei e fui direto ao escritório de Alice contar à novidade que ficou muito animada e adorou a notícia.

Eu tinha muita coisa para fazer e pouco tempo pra tanta coisa, e mesmo assim não conseguia me concertar em nada. O sorriso de Rafael invadia minha mente sem que eu tivesse o menor controle disso. O som de sua voz dizendo “Eu preciso de você” não saia da minha cabeça e meu coração estava mais acelerado que o normal. Eu nem vi o tempo passar. Só pensava nele. Mas que maldição. Por quê? Isso não estava certo, não devia ser assim. Era para ele ser só o chefe, o cara que pagava o meu salário e não respondia o meu “Bom dia” e não o cara que fez passar a noite em claro pensando nele e que não permitia que eu me concentrasse no meu trabalho.

— Inferno – bati na mesa involuntariamente
— Ei calma. A mesa não tem culpa dos seus problemas.
— Ah Alice, foi mal.
— O que tá pegando?
— Nada. Só uns contratempos que eu vou superar.
— Tenho certeza que vai. Vamos almoçar?
— Não dá. Tô atolada de coisas pra fazer, nem sei que horas saio daqui hoje.
— Saco vazio não para em pé, você sabe.
— Um dia sem almoçar não faz mal. Pode ir, tenha um bom almoço
— Tudo bem, boa sorte ai – deu um beijo na minha testa e partiu. Antes mesmo que o elevador fechasse as portas, o motivo da minha falta de concentração abre a porta e vem ao meu encontro.

— Não tá na hora do seu almoço?
— Tá, mas eu não vou almoçar.
— Por que?
— Tem muita coisa acumulada aqui. Aliás, eu sei que você é meu chefe, mas tá proibido de me dar folga, ok?! Não sei como esse lugar sobreviveu sem mim ontem, tá tudo uma bagunça.
— Vou pensar nisso – disse sorrindo. E ficou me olhando.
— Vai ficar ai?
— Não posso?
— Pode, claro. A empresa é sua.
— Tecnicamente é do meu pai.
— Você entendeu o que eu quis dizer engraçadinho. – ele riu.
— Não vou te atrapalhar. – o sorriso diminuiu.
— Você não me atrapalha.
— Ah não?
— Não. Só me desconcentra.
— Como? – e quando eu ia responder uma garota negra entrou e se dirigiu a mim.
— Boa tarde moça. Eu tenho uma entrevista de emprego com Rafael Duarte hoje.
— Eu sou Rafael. Muito prazer. – disse antes que eu pudesse responder a moça. Ela enrijeceu, olhou discretamente Rafael dos pés à cabeça e ficou nervosa. Que bom que eu não era a única a sofrer com os encantos de Rafael. - Stella não é?
— Sim
— Me acompanhe, por favor. – disse para a tal Stella - Depois leva um cafezinho pra gente – disse para mim, logo depois deu um sorriso travesso e completou: mas nem pense em descontar suas frustrações no meu descafeinado. – eu não queria, mas foi impossível não sorrir. Ele seguiu com a moça para a sua sala e fechou a porta, me deixando com um sorriso estupidamente idiota no rosto.


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