Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 16
Capítulo 16




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Eu não era assim. É claro que uma mulher não pode ficar normal diante de um homem como Rafael, mas as coisas que eu estava sentindo definitivamente estavam ultrapassando as barreiras da atração. E aquele sorriso... Por Deus, eu não esperava que ele escondesse aquele sorriso por trás de toda aquela barba. Notei que, involuntariamente, prendia a respiração a cada vez que ele sorria. O que é um problema visto que ele sorriu muitas vezes no decorrer da noite. Talvez o meu problema seja uma simples falta de oxigênio. Que Deus queira que seja isso, pois as alternativas não me pareciam boas.

— Eu estava pensando – disse me tirando de minhas conclusões precipitadas – você me chamou de Rafael hoje.
— Chamei? Ah, desculpa Dr. Duarte. Foi sem querer.
— Não, está tudo bem. Na verdade eu gostei.
— Como?
— Você me fez pensar no por que de tanta formalidade assim. Eu sei que meus funcionários não se tratam assim, então por que eles têm que se dirigir a mim assim?
— Não faço ideia, mas tá ai uma boa pergunta. Facilitaria muito a minha vida não ter que saber o sobrenome de todas as pessoas daquele lugar.
— Era uma regra do meu pai. Ele tinha uns pensamentos um pouco arcaicos e acabou implantando isso no escritório. Quando eu assumi e virei o novo Dr. Duarte me senti muito estranho como se estivesse roubando o lugar dele, quando na verdade só estou na presidência da empresa a pedido dele.
— Isso não faz muito sentido.
— Sei que não. Mas enfim, vou acabar com essa regra boba. Portando, obrigado Ana.
— Por nada, eu acho. - e então ele estacionou o carro na porta do meu prédio. – Bom então, a gente se vê amanhã.
— Ana espera – disse segurando minha mão – obrigado pela noite. Há muito tempo eu não me divertia como hoje. Foi importante para mim.
— Que bom. Também foi importante pra mim. Ganhei um vestido e uma noite de cinderela. Acho que ao invés de te chamar pelo nome eu poderia dizer que é a minha fada madrinha. – ele riu.
— Não acho que eu pareça uma fada. – não, definitivamente não parece.
— Mas ainda sim me deu uma noite maravilhosa. – ele ficou olhando para os meus olhos. Uma mecha do meu coque estava solta e ele a colocou atrás de minha orelha. Sentir o seu toque no meu rosto me fez involuntariamente fechar os olhos. Que sensação peculiarmente maravilhosa. Poderia ser tocada por ele para sempre e não me cansaria jamais. Mas eu tinha que sair do mundo dos contos de fadas. Ele era meu chefe, isso não mudaria. Abri os olhos, ele continuou a me encarar.
— Você foi uma das melhores coisas que aconteceu naquele escritório. Tenho muito orgulho da minha equipe, mas a sua chegada mudou muita coisa lá.
— Mudou como?
— Para melhor eu garanto. Boa noite, Ana. – levou minhas mãos aos lábios e a beijou sem desviar os olhos de mim.  Com certeza me viu prender a respiração novamente.
— Boa noite Rafael. – disse com a voz trêmula. Ele sorriu e desceu do carro para abrir a porta para mim. Ficou esperando que eu entrasse no prédio e só depois voltou e deu partida no carro.

Eu entrei em casa, ainda trêmula e um tanto assustada com o que aconteceu. Aquilo não era natural. Alice estava sentada no sofá com uma xícara na mão, provavelmente era o achocolatado que ela tomava todas as noites.

— Você tá tão linda com esse vestido. Você já é linda, mas esse vestido te deixou maravilhosa. Poderia ficar te olhando a noite inteira.
— Ah, obrigada. Eu ficaria com esse vestido para sempre se eu pudesse. Mas amanhã eu volto a ser gata borralheira e vou usar o belo jeans surrado.
— Como foi lá?
— Ah, foi bem chique. Rafael ganhou o prêmio e fez um discurso bem legal. Tinha muitos fotógrafos e algumas pessoas famosas. No final ficou tudo bem.
— Que bom. Saíram algumas fotos na imprensa. Tem um site de fofoca que publicou uma foto de você e Rafael dançando juntos.
— Quê? Mas já? Bem que o Rafael falou. – resmunguei e ela pegou o tablet na mesa de centro e me entregou.

“Depois de 10 anos Rafael Duarte comparece a um evento da elite acompanhado por uma nova mulher. Não se trata de Sônia Albuquerque, sua companheira de sempre, mas sim de Ana Siqueira. Ela é funcionária da ‘Duarte Advogados’ e chamou atenção por usar um modelo exclusivo da nova coleção de Marcella Duarte, irmã de Rafael. Os dois dançaram juntos e foram vistos em vários momentos com intimidade na noite. Rafael não quis dar mais informações sobre sua graciosa acompanhante, mas fontes garantem que não há nenhum envolvido amoroso entre o casal que mostrou muita química sob os holofotes.”

— Intimidade? Nós só dançamos! E foi contra a minha vontade.
— Eu imaginei já que você não sabe dançar. Mas pelas fotos vocês se divertiram.
— Ah, sim. Mas qual o problema. Ele foi tão legal comigo.
— Ele foi só legal?
— Foi uma noite incrível Alice, de verdade. Nunca imaginei que um dia eu fosse num lugar como aquele. E o Rafael... Ah, ele não era o meu chefe hoje. Ele estava mais leve, mais divertido. Ele sorriu várias vezes, e ele pareceu não se importar com a minha falta de jeito com esses eventos. Foi mágico, tudo bem que eu pisei no pé dele algumas vezes, mais ainda assim o encanto não se quebrou. Ele me olhava de um jeito que eu não sei explicar... – parei quando percebi que Alice deu um risinho. – que foi?
— Eu acho que ao invés de você derreter o coração de gelo do Rafael, foi ele quem te tirou da caverna onde você não se apaixona mais.
— Que? Claro que não. Tudo continua igual. Foi só uma noite Alice. Amanhã tudo vai voltar ao normal. Ele vai ser o chefe e eu a recepcionista. Tudo certo no universo.
— Se você diz...
— Vamos dormir? Amanhã temos que estar cedo no escritório. – mas quem disse que eu dormi? Fiquei rolando na cama várias vezes e nada do sono chegar. Eu só pensava naquele sorriso recém-descoberto e que mexeu comigo. E que mexeria com qualquer mulher.


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