Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 15
Capítulo 15




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 Quando acabaram as premiações, um baile começou no salão ao lado. Eu realmente estava tendo a noite da Cinderela. Tocava tango, valsa, e alguns ritmos que eu não soube identificar. Rafael e eu nos encaminhamos pra lá enquanto ele conversava com um conhecido. Vi tantas mulheres lindas dançando de forma tão graciosa que me senti um peixinho fora do aquário. Eu não atreveria a pisar na pista de dança. A esposa do amigo de Rafael quis dançar, e assim eles nos deixaram a sós.


— Você me acompanha em um drink?
— Ai, tô tão feliz por ter me oferecido uma bebida. Estava com medo de pedir pra dançar.
— Talvez mais tarde. – nos encaminhamos para o bar.
— Nem mais tarde, nem nunca.
— Ah vai me fazer essa desfeita?
— Que tal assim: se você deixar que eu pague o vestido, eu danço. – arrisquei já sabendo qual seria a resposta dele.
— O vestido foi um presente, achei que já tínhamos concordado nisso. Dry Martini? – assenti – dois, por favor – disse para o barman.
— Tudo bem. Sem dança.
— Isso não vale.
— Não sei dançar essas coisas.
— Claro que sabe. Todo mundo sabe dançar.
— Eu não.
— Nem uma valsa?
— Não.
— Mas dançou quando tinha 15 anos.
— Na verdade não. Não tive festa de 15 anos.
— Já sei: foi pra Disney.
— Também não. Não quis festa e nem presente. – menti. Na verdade eu queria uma festa sim. Mas a grana estava muito apertada e eu não ia deixar minha mãe se sacrificar por um desejo bobo que só duraria algumas horas.
— Você é uma mulher interessante.
— Sou?
— Você sabe que é. – corei e desviei os olhos dele – e ainda é tímida. Por Deus.
— Qual o problema em ser tímida?
— Nenhum. Eu não estou acostumado com mulheres tímidas. Poderia dizer que é como um desafio para alguns homens.
— Não sei se gosto muito disso.
— A meu ver é uma coisa boa. O cara que a conquistar vai ter um joia em sua vida.
— Você nem me conhece direito e me chama de joia. Talvez eu deva te apresentar para os meus ex-namorados.
—Todo mundo pode errar. Não saber valorizar é um erro grave, talvez possa ter sido isso.
— Antes fosse – murmurei lembrando do idiota do Gustavo.
— Vejo que despertei lembranças ruins. Perdoe-me, não foi a minha intenção.
— Tá tudo bem.
— Quero me redimir. Venha. – pegou os copos, deixou no bar, e antes mesmo que eu perguntasse já me arrastou para a pista de dança.
— Isso não vai ajudar. Na verdade, com isso vai precisar de muita coisa pra se redimir agora.
— Relaxa, deixa eu começar assim.
— Rafael eu não sei dançar, é sério. Tá cheio de fotógrafos aqui, e amanhã sua cara de dor, assim que eu pisar no seu pé vai estampar todos os jornais.
— E quem disse que eu me importo?
— Devia, pois eu tô com um salto enorme
— Vou correr o risco.
— Você me distraiu isso é golpe baixo. – resmunguei.
— Cada um joga com as armas que tem.
— Vou me lembrar disso quando pedir seu descafeinado amanhã.· ele gargalhou e em seguida me abraçou – você só tem que deixar que eu a conduza, respire fundo e tente se acalmar.
— Quem disse que eu tô nervosa?
— Sua respiração descompassada.
— Isso não significa que eu tô nervosa.
— Só sinta a música, Ana. Só sinta. – eu tava sentindo muita coisa mas não era a música. Eu sentia o toque leve e delicado de Rafael na minha cintura, sua respiração no meu pescoço, meu coração batendo alto e descontrolado, o perfume embriagador e delicioso que vinha de Rafael, o suor nos meus pés a cada passo que eu dava. – tá vendo, não é tão difícil assim. – e foi só ele dizer isso que eu pisei no pé direito dele – Ai!
— Eu avisei. Desculpa.
— Tudo bem, não doeu tanto assim.
— Você mente muito bem. – ele riu de novo.

 

O restante da noite foi bem tranquilo, ficamos até o final da festa e Rafael fez questão de cumprimentar todos os ganhadores. Eu ficava mais calada, não queria atrapalhar, mas todos se mostraram muito educados e atenciosos comigo, e isso agradava Rafael. Ele sorriu muito essa noite, não estava estressado como fica no escritório, e fiquei muito feliz por termos conversado bastante. Quase parecíamos amigos, saímos da zona de conforto na qual eu sempre dizia “Bom dia Dr. Duarte” e nós dois parecíamos extremamente confortáveis.

O caminho para casa foi diferente, não teve aquele silêncio que incomoda. Teve um silencio agradável, que me permitia ouvia a respiração de Rafael vez ou outra. Ele estava concentrado enquanto dirigia e parecia tão sexy, só de olhar para ele eu sentia uma quentura no corpo, uma vontade de tocar em sua pele e conferir se era tão macia quanto parecia, minha boca parecia subitamente seca e eu tinha que fazer um grande esforço para tirar os olhos dele.


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