Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 11
Capítulo 11




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— É lindo demais. Não faço ideia de qual escolher – disse quando experimentei o nono vestido.
— Esses vestidos são da minha coleção nova. Vai ser a primeira a usar.
— Sério? Que honra.
— Meu irmão acertou na cor. Ele tinha razão quando disse que azul combinava com você.
— Ele disse isso?
— Disse sim, disse que você era linda, mas com certeza linda é pouco pra você! – Seu eu sou linda, essa mulher é a verdadeira deusa da beleza.
— Imagina Marcella, assim você me deixa sem graça.
— Não é a minha intenção querida. Então? Qual vestido vai ser?
— Não faço ideia.
— Se meu irmão estivesse aqui ele escolheria esse – disse apontando para o quarto e mais simples dos vestidos. – Já eu preferia esse que está vestindo. Acho que ficou deslumbrante nele. – Ela era especialista, devia saber o que está dizendo, portanto eu confiei nela.
— Você gosta desse? – disse apontando para o vestido que ela disse que Rafael escolheria, não que eu quisesse agradá-lo, mas meu gosto era mais simples. Experimentei novamente
— Gosto também. Com um penteado que deixe o pescoço a mostra você vai ficar linda.
— Então eu vou escolher esse.
— Ótimo. Meu irmão não dá um presente a uma mulher há muito tempo. Não sei o que fez, mas gostaria que soubesse que fico feliz que tenha ajudado a desperta-lo novamente.
— Como assim?
— Ah, depois do acontecido, Rafael nunca mais foi o mesmo. Já são quase dez anos e meu irmão simplesmente estagnou sua vida. Fico feliz em vê-lo recuperar o animo. Ele até sorri novamente. Creio que tenha algo com isso.
— Ah não, imagina. Ele é só meu patrão. E o vestido, não é presente. Eu faço questão de pagar.
— Não. Não precisa. Se não quer aceitar como um presente dele, aceite como um presente meu. Você ficou maravilhosa nele. Já não consigo imaginá-lo em outra mulher.
— Você é muito gentil. Posso fazer uma pergunta? Sem parecer indelicada ou intrometida.
— Claro querida.
— Você disse “acontecido”. O que aconteceu com Rafael? – e justamente quando ela ia contar, minha melhor amiga entra na sala.
— Ana, você mandou a documen ... ah meu Deus! Como você está linda! Amiga, esse vestido amou os seus olhos.
— Sim, meu irmão disse que azul realçava os olhos dela. Ele tinha razão. – corei.
— Quem é seu irmão? – perguntou Alice.
— Rafael Duarte.
— Tá brincando? O Rafael? Nosso Rafael?
— Eu acho que sim. – dei um beliscão sutil em Alice, pois sabia que ela ia surtar em breve.
— Rafael é bem observador – disse Alice, tentando não parecer estranha.
— É sim. Bom, meninas eu tenho que ir. – Meu entregou a caixa enorme vermelha – Espero que seja feliz com esse vestido. Até breve – saiu da sala.
— Essa é a rica e poderosa Marcella Duarte?
— A própria.
— E por que ela te deu esse vestido?
— Tenho que te contar umas coisinhas amiga. Almoça comigo?
— Ah, mas você não vai me torturar até o almoço mesmo. Pode me contar já.
            Contei toda a história para Alice, e obviamente deixei de lado minhas expectativas sobre esse encontro. Mas ela percebeu, é claro que perceberia, afinal é a Alice.

— Não acredito que derreteu o gelo que o Rafael tem no lugar do coração.
— Ei não é nada disso. É só um evento de trabalho. Ele tá sem assistente, e dona Sonia o acompanhava nessas ocasiões.
— Mas ele nunca deu um vestido pra ela que custasse o triplo do meu salário.
— Eu vou pagar o vestido.
— A questão não é se você vai pagar ou não. Não se faça de boba.
— Não sei o que está insinuando. É só um evento de trabalho, mais nada. A verdade é que Rafael foi muito gentil por pedir a irmã dele um vestido pra mim, já que obviamente eu não ia poder ir com minha bela calça jeans pra esse coquetel. Ele só não quer passar vergonha. E chega desse papo né?! Vamos trabalhar. – não sabia se estava tentando convencer Alice ou a mim mesma. Eu a expulsei do escritório antes que ela falasse mais alguma coisa.

Se eu estou criando expectativas para esse encontro, Alice provavelmente já está imaginando o aniversário de cinco anos de casados. Eu amo a minha amiga, mas eu mesma estava tentando me convencer de que não era nada demais, se eu desse ouvidos a Alice ia acabar iludida e sofrendo por um cara que nunca se mostrou interessado. E o fato dele dizer para a irmã dele que azul combina com meus olhos não significa nada, só mostra que ele é observador. E a questão de me dar o vestido de presente só pode significar que ele sabe muito bem que eu nunca teria condições de pagar por um vestido como aquele.

Não era nada demais. Claro que não. Era uma única noite e depois tudo voltaria ao normal. E logo, logo ele teria uma assistente própria, o que significava que eu não ia mais ficar cuidando da agenda dele.  Rafael voltaria a me ignorar e nosso contato voltaria a ser “Bom dia Dr. Duarte, como vai?”, ele iria acenar com a cabeça, não ia responder e se trancaria no escritório. Tudo como sempre foi feito. Pra que inventar uma coisa que não existe?


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