Um grito de Patrick em seu ouvido foi o que acordou James aquela manhã. O irmão caçula estava sentado na ponta da sua cama e puxava o lençol com que ele se cobria.

—Jamie! – Ele repetiu e James abriu os olhos – Levanta! Você prometeu que íamos passar o dia juntos!

—Prometi é? –Jamie boceja e senta na cama – Ok. Que horas são?

—Quase dez – Pack soava irritado ao falar a hora – A mamãe e o papai já saíram.

—Saíram para onde? – o mais velho levanta em um tropeço e vai até o banheiro.

—Lembra que ele disse que iam ter um dia romântico, coisa e tal?

—Patrick esse é exatamente o tipo de coisa que eu faço questão de não lembrar – James responde através da porta fechada – Me espera lá embaixo que eu já vou.

* * *

—Como foi seu encontro ontem? –Patrick perguntou quando fizeram uma curva na trilha. Estavam andando de bicicleta a uns dez minutos.

—Que encontro? – James olhava para as árvores em volta dos dois.

—Com a April ué! –Pack sorri

—Não foi o encontro Patrick, e não me diga que você também está nessa.

—Eu gosto da Ap – Pack argumenta.

—Como você gostava da Helena? – James abre um sorriso de canto

—Eu nunca gostei da Helena –Patrick faz uma cara de nojo e James ri.

—Eu sei, sempre soube, mas...-James para a bicicleta apoiando-se no guidão – Você nunca me disse porquê.

Patrick parou sua bicicleta pouco mais a frente e olhou para James, porém não disse nada.

—Por que nunca gostou dela? – Insistiu na pergunta e Pack respondeu:

—Quando vocês começaram a namorar, você começou a passar pouco tempo comigo e muito tempo com ela...eu tinha ciúme...-falou olhando para as pedrinhas que estavam no chão de terra.

—Mas se eu namorasse outra garota você não ia sentir ciúmes também? – James olhava o irmão mais novo através das lentes dos óculos escuros.

—Eu não sei..., mas eu não gosto da Helena de qualquer maneira. - Patrick volta a pedalar e é seguido por James. – Mas sei que você gosta dela.

—Você gosta de alguém? – James pergunta algum tempo depois. Pack para bruscamente e olha o irmão.

—O quê? Eu tenho doze anos James –Pack desvia da pergunta.

—Eu tinha treze quando me apaixonei pela Helena...

—Eu não sou você, James.

—Uau.... Não falo mais disso – Jamie riu e Pack dá de ombros e disse:

—Ainda não falou do seu encontro.

—Não foi um encontro, nós ficamos conversando e caminhando e depois eu a levei para casa.

—E sobre o que conversaram? – Pack insistiu curioso

—Você não está muito interessado nisso não? – James ironiza e Pack ri.

—Do que você quer falar então? – o caçula pergunta.

—Eu quero ganhar de você! – James começou a pedalar rápido descendo o pequeno barranco em que estavam parados.

Pack o seguiu e ambos corriam um contra o outro, quando pararam eles estavam sem ar.

—Isso foi injusto!

—Isso foi injusto! – James imita o irmão afinando a voz e eles riem.

—Comida?

—Comida!

* * *

—Você ia gostar daqui – April falou para o celular que estava no viva- voz – É bem bonito

—E calor eu suponho? – A resposta veio em tom irônico.

—O aquecimento global chega a todos os lugares, Leonard. – Ela ri – E sim é bem quente

— O que tem feito?— O homem do outro lado da linha indagou

—Estou aqui a três dias basicamente fiquei com nossos pais e fui empurrada para o filho mais velho do Jensen.

—O quê? O papai também entrou nessa de te casar?— o tom de Leo era de dúvida.

—Você não sabe que “O que Imogen quer...-April começa

—“...Imogen consegue.”— Leo completa e ri — Então quando é a cerimônia?

—Não tão cedo se depender de mim...- April suspira e joga o caderno de desenho na cama.

—Como ele é? – Ap não podia ver mas sabia que a testa do irmão estava franzida.

—Não, não vamos falar disso. – Ela estava de pé em frente a varanda do quarto, pegou o celular e o levou até o ouvido, após desligar o viva voz.

—Não é justo, você me fazia contar cada mísero detalhe sobre a Aurora. – Leo argumenta

—Não fale como se não adorasse falar sobre ela – ambos riem – Mas é diferente. Eu não gosto dele e nem ele de mim. Não é o começo de nada.

—Uhum— Leonard diz sarcasticamente.

—É verdade! Ele é todo coração partido e rebeldia adolescente. – Ela diz.

—Ah.... Então não é porque ele cheira mal e talvez seja banguelo. – Leo brinca e April sorri

—Ele é rico, pela lógica ele tem que ser bonito – a loira fala

—Então, ele é bonito? – A entonação dele era de malícia.

—Drew...- soou como um aviso.

— “Damnet Jenet! ” – Ele cantou e ela riu— Eu tenho que ir agora, te mando uma mensagem depois, ok?

—Ok, “bye Blossom” – Ela despede-se como de costume entre eles.

— “Bye Bubbles”—  responde o irmão – Te amo.

—Também te amo.

April desliga, coloca o celular sobre a balaustrada e apoia-se sobre ela, olhando o movimento do alto percebe James e Patrick indo em direção ao chalé deles com bicicleta. Ambos pareciam suados, vestiam camisetas, bermudas e tênis.

Patrick avistou April no alto e acenou, ela acenou de volta e sorriu, James também sorriu. É de fato ele é bonito, April pensou.

* * *

—April! - A mulher morena exclama ao passar pela porta da sala

—Imogen! – Ela respondeu, desviando o olhar do computador – Aonde vocês estavam? – Pergunta ao ver o pai passar e fechar a porta atrás de si.

—Fazendo compras! – Mark responde e sacode sacolas em frente a filha – Tinha esquecido como era tão divertido.

—Provavelmente é bem divertido gastar seu próprio dinheiro – ela ri – Trouxe presente para sua filha preferida?

—Sua vida toda é um presente bem caro.- ele diz em tom de brincadeira e April ri.

—Vocês querem jantar o quê? – Imogen volta da cozinha com um copo de suco em mãos

—Fritas? – Mark olha travesso para April que sorri e acena com a cabeça.

—Você está ficando barrigudo, sabia? – Imogen diz para o marido que fecha a expressão em seu rosto.

—Você acha que eu ‘tô’ gordo April?

—Eu não digo nada, lembra? – Ela arqueia a sobrancelha e abre um sorriso amarelo.

—Vamos comer logo! – Imogen bate palmas e os dois a seguem para fora da casa.

* * *

—Por que quisemos dois filhos? – Jensen pergunta quando a esposa apoia a cabeça em seu ombro.

—Porque você é insistente. –Ela ri – Mas meu Rick é tão lindo – a mesma esfrega o cabelo do filho mais novo que revira os olhos.

—Ninguém me chama de Rick, mãe.  

—É melhor do que os apelidos que ela deu para mim – James comenta enquanto morde o canudo com o qual bebia seu refrigerante.

Estavam os quatro sentados em uma toalha de piquenique com sanduíches e refrigerantes comprados, Marye estava comendo salada de fruta (vai entender). A mãe da família decidiu que queria fazer aquilo, então todos se entupiram de repelente e foram para a grama.

—Por que não toca algo, filho? – O pai pergunta.

James olha o violão ao seu lado e pondera: -Será que eles não irão se importar? – Referia-se às outras pessoas sentadas em volta naquele jardim.

—Boa música é sempre bem-vinda. – Marye contrapõe e James pega o violão e passa a dedilhar e cantar uma das músicas favoritas do pai.

Os quatro cantavam e riam, especialmente da mãe que errava a letra em praticamente todos os versos.

—EI! – Marye interrompeu a harmonia (não tão harmoniosa assim) falando com alguém que estava além deles.

Todos desviaram o olhar e avistaram os Lively andando. Os três passaram a vir em direção a eles.

Imogen e Mark chegaram primeiro cumprimentando eles alegremente, April ao chegar estava mais tímida mas sorria.

—Querem se juntar a nós? – O convite veio de Jensen.

—Estávamos justamente indo comer alguma coisa – Imogen diz.

—Batata- frita –April e Mark falam juntos, assustadoramente ao mesmo tempo e riem, Mark abraça April de lado e a aperta contra si.

—Vocês podem comprar e comer aqui – Pack sugere.

—Pack e eu podemos ir pegar, se quiserem, estava sentindo que faltava batata frita nessa refeição. – James sugere.

—Eu também vou – April diz – Fiquem aqui e descansem suas pernas.

—Está me chamando de velha? – Imogen desafia e April ri, mas quem responde é Jensen dizendo: -Ela não diz nada, lembra?

—Quieto – Imogen retruca e senta-se ao lado dos outros dois adultos, visto que os dois garotos já haviam se levantado.

—Com cheddar – Mark diz para a filha.

Os três saem andando voltando para o caminho de paralelepípedos que levava até os restaurantes.

—Achei que as ‘cheerleaders’ tivessem uma dieta rígida. –James caçoa e April apenas dá de ombros.

—Você era líder de torcida? – Patrick entra no diálogo com a pergunta.

—A muito tempo atrás. –Ela faz um tom complacente.

—Você não se formou na primavera passada? – O Meester mais novo indaga.

—Sim. Mas esse verão pareceu durar para sempre. – Explica.

—Faz sentido – James concorda – E na faculdade tudo muda, não é?

—Eu espero – é tudo que a menina diz.