Dragões do Norte escrita por Snowfall


Capítulo 18
O tipo de Besta que nasce no Sul.




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As paredes de Rochedo Castely não podiam ser um cenário mais diferente do que Jon estava acostumado. Estar tão ao sul trazia um desassossego a sua alma. Quase podia sentir o chamado do Norte, de casa.
Embora tivesse tomado o castelo, não se instalara nele e nem permitiu que seus homens o fizessem. Não se sentia bem no lar de outras pessoas.
Se certificou que o saque se restringisse a dispensa de comida e a alguns bens. Também garantiu que seus homens ficassem separados do resto dos criados.
Ele havia tomado Rochedo Castely por fins estratégicos, mas não deixaria que transcorresse nenhuma barbaridade ou selvageria.
Esperavam isso dele e do Povo Livre. E ele sabia que muitos o observavam de perto, prontos a apontar o dedo a qualquer deslize que cometesse.
Muitos daqueles que lutavam do mesmo lado que ele, ainda torciam o nariz para o Povo Livre. Milhares de anos não eram esquecidos tão facilmente. As desavenças foram deixadas de lado por causa da guerra, mas no momento que ela acabar, os velhos rancores voltarão com toda a força.
Haverá brigas e disputas inevitavelmente, mas Jon estava decidido a não deixar que sejam iniciadas pelo Povo Livre.
— Uma taça de vinho, meu lorde – ofereceu uma criada surgindo ao seu lado na amurada do castelo.
Jon a avaliou desconfiado. Ela havia subido muitos lances de escada só para lhe oferecer uma bebida.
— Não sou um lorde.
— Mil desculpas, Vossa Graça.
— Também não sou seu rei.
Olhando mais atentamente percebeu que a roupa dela era boa demais e que as mãos eram bem cuidadas. Sem falar que seu modo de falar indicava que fora instruída.
— Você não é uma serva.
— Não, meu senhor. Sou ...
— É filha do castelão.
Ele havia prendido o homem em umas das celas debaixo do rochedo, junto com alguns outros que achou que poderiam oferecer algum problema.
— O que quer?
Ela aparentemente se lembrou do seu nascimento nobre porque levantou a cabeça e falou com toda a dignidade de uma moça bem-nascida.
— Gostaria de saber qual será o destino do senhor meu pai.
As palavras saíram baixas, mas firmes.
— Seu pai ficará onde estar.
— Há esperanças que ele seja liberto?
— Isso depende dos seus senhores.
A garota tinha certa coragem pois o encarou bem nos olhos. E quando ela falou, não houve uma nota de medo.
— Quando o castelo foi invadido, meu pai mandou esconder-me com as outras mulheres. Elas rezavam e choravam e eu nunca senti tanto medo em minha vida. Tenho apenas quinze anos, mas sei o que acontece quando um castelo é invadido. O que acontece com as mulheres.
Jon também sabia. E era uma tarefa árdua impedir que violações e mortes acontecessem. Quase sempre tinha sucesso, mas era difícil. Felizmente, sua gente sabia que ele repudiava esse tipo de coisa e ninguém queria cair em desgraça diante de seus olhos.
— Mas o pior não veio. Temi que acontecesse em Rochedo Castely o que aconteceu em Castamere, mas não aconteceu. Por sua causa.
— Onde quer chegar?
— Quero dizer que o senhor é um bom homem e por isso quero pedir a sua palavra de que meu pai sobreviverá a sua estadia em Rochedo Castely.
— Não posso fazer nenhuma promessa. Isso é guerra. Não posso garantir nem a segurança dos homens ao meu comando muito menos do seu pai, um inimigo.
Ela apenas assentiu. Esses dias devem ter mostrado uma realidade totalmente diferente para ela. Mesmo bons homens matavam durante a guerra. Todos ali eram assassinos.
— Entendo – disse ela com uma expressão resignada - Com sua licença, meu senhor.
Jon fitou a taça que ela havia deixado. Não conhecia muito de vinhos, mas soube que este era de qualidade. O melhor que o dinheiro pode comprar.
Com um suspiro, derramou a bebida.
A garota pareceu honesta o suficiente, mas não arriscaria. Não viera de tão longe para ser envenenado.
Jon desceu as escadas que levavam ao pátio e avaliou a movimentação.
Do lado de fora milhares de tendas se estendiam até o horizonte. Sua bandeira tremulava junto a dos Stark nas ameias, meio deslocadas em um ambiente tão descaradamente sulista.
Depois de duas semanas estabeleceu-se uma certa rotina. Não se pode dizer que tudo havia voltado a normalidade, mas o castelo ao menos voltara a funcionar.
Os servos voltaram aos seus afazeres quando descobriram que não seriam comidos pelos selvagens invasores e o Povo Livre se acomodou quando a euforia da batalha passou.
Passara tempo suficiente do outro lado da Muralha para entender os gostos de sua gente. Eles queriam acima de tudo, sobreviver. Enquanto oferecesse a eles a maior chance de sobrevivência, teria o controle.
Jon, acima de tudo, sabia que estava andando em gelo muito fino. Qualquer movimento em falso, ele cairia.
— Milorde – chamou uma voz fraca e rouca ao seu lado.
Quando se virou se deparou com um rosto velho e cansado de um ancião. O homem vestia roupas de tecido grosso e encardido, e era magro demais. Seu rosto encovado lhe dava uma feição cadavérica.
Esperou que o homem dissesse o que queria.
— Minha neta...- a voz do velho falhou.
— O que tem? – perguntou impaciente.
As pessoas começavam a vir até ele com os mais variados problemas. Sua ascensão a Senhor de Rochedo Castely trouxera certas obrigações enfadonhas.
O Povo Livre não costuma pedir que ele resolve seus assuntos pessoais ou fúteis, mas essa gente o procura por causa de todo tipo de situação.
“Os selvagens roubaram meus porcos”
“Seus dragões levaram o teto da minha casa
Tentava resolver tudo da maneira mais justa possível, mas cada dia as queixas aumentavam.
— Foi levada pelos sel... – Ele se interrompeu – pelos seus homens. Ela era a única que me resta, meu senhor.
— Quando isso aconteceu?
— Há duas semanas, meu senhor.
O homem ficara o tempo todo de cabeça baixa enquanto falava. E parecia a beira das lágrimas.
Jon sentiu vontade de socar alguém. Situações como essa era tudo que tentara evitar. Não queria que seu povo passasse tal imagem, ou melhor, confirmassem a imagem que já tinham.
É claro, ele proibira estupros. Mas para o Povo Livre, roubar uma mulher não era violação. Era uma espécie de união.
Quando um homem chegava a certa idade, ele saía em busca de uma mulher em um outro lugar. Em uma aldeia inimiga de preferência. Roubar uma esposa era uma prova de virilidade e coragem. Uma forma de fortalecer o clã.
Então, o guerreiro que levou a neta desse homem, maldito seja, não acha que está cometendo crime algum. Apenas agindo segundo a tradição.
Mas como explicar isso ao velho que tremia a sua frente.
— O senhor sabe que essas coisas acontecem nas guerras – afirmou um pouco frio demais.
— Sim, eu sei milorde – disse o velho derrotado.
Jon sentiu-se culpado. Será que se tornara tão insensível que o destino da neta desse homem não lhe importava?
Não. Estava decidido a não se tornar esse tipo de pessoa.
— Venha. Vamos achar a sua neta.
— Eu agradeço, milorde – disse o velho, erguendo a cabeça pela primeira vez.
— Não agradeça. Não disse que a devolveria ao senhor.
— Mas...
— Tem que entender que para o meu povo, ela agora pertence ao homem que a levou. Não posso nem vou tirar a mulher de um homem.
— Então...
— Vamos encontrá-la e ver como estar. Se ela está com o Povo-Livre será tratada como tal, e poderá escolher o próprio destino. Como qualquer mulher da minha gente.
— Ela poderá voltar para casa se quiser?
— Sim. Mas o homem que a levou é livre para roubá-la novamente – achou melhor esclarecer.
O homem ficou calado. Jon imaginava o que se passava em sua cabeça.
— Estive em Castamere – disse ele com o olhar perdido em lembranças – Não sobrou ninguém. Nem as crianças pequenas. Vi barbaridades que nunca imaginei possíveis. Eu assisti os meus companheiros fazerem coisas horríveis com as mulheres do castelo.
A angústia que o homem sentia enquanto se recordava somada a sua constituição decrépita o fazia cada vez mais parecer um cadáver. Um fantasma fadado a vagar pela terra.
— Eu não fiz nada. Dizia pra mim mesmo quando não conseguia dormir à noite. Não fui eu que fiz aquelas coisas. Não podia ter feito nada por aquelas mulheres.
Eles já haviam chegado ao acampamento do seu exército. Fantasma, que voltara de uma caçada, trotou para o seu lado.
— Mas uma voz na minha cabeça dizia que o meu erro foi exatamente esse – continuou o velho, aparentemente sem notar o Lobo Gigante que acabara de aparecer – Não fazer nada. Eu podia ter dito ou feito alguma coisa. Não adiantaria de nada, mas talvez eu não estivesse como estou agora.
— Não vejo como uma situação tem a ver com a outra.
— Nesse momento pode estar acontecendo com a minha neta o mesmo que aconteceu com aquelas mulheres. E dessa vez eu realmente não posso fazer nada. Estou velho e doente demais para salvar minha Rose. Os deuses me castigaram no fim.
Achar a tenda certa foi fácil. Ninguém faz nada em segredo em um acampamento, por maior que ele seja.
Jon ainda não sabia o que faria exatamente, mas estava decidido a dar algum sossego àquele homem.
Na frente da tenda uma mulher usando um vestido claramente sulista tirava as tripas de um peixe. Ela era alta e magra. Os cabelos tinham cor de palha seca e o rosto era salpicado de sardas. Não era nenhuma beleza inesquecível, mas transmitia certo vigor, principalmente porque estripava o peixe com uma fúria assassina.
— Rose! – gritou o velho, parecendo pela primeira vez alguém vivo.
Jon tentou olhar além do reencontro familiar, e notou que a tenda que ela estava era grande e a moça parecia razoavelmente bem.
A garota se curvou em uma cortesia desajeitada quando o viu.
— Onde está o homem que a levou? – indagou tentando olhar para dentro da tenda, obstruída pela garota.
— Saiu para caçar. O bruto. Deixou-me aqui sozinha e se foi com os amigos para os deuses sabem onde.
Então esse era o motivo do massacre que acometia os pobres peixes.
— Mas não se pode esperar menos de um selvagem.
— Rose! – ralhou o avô, apontando para Jon com um gesto de cabeça.
— Ela está certa. Somos selvagens. Não quer dizer que não sejamos seres humanos exatamente como vocês. Por isso vim lhe oferecer uma escolha.
— Escolha, senhor? – os olhos delas eram desconfiados e não demonstravam nenhuma apreensão.
Podia entender porque ela fora roubada. Era uma mulher forte. Não era intimidada facilmente.
— Se quiser retornar a casa do seu avô, garantirei isso. Meus homens não serão mais um incômodo. Se quiser ficar também é livre para fazê-lo.
A garota abriu a boca, mas fechou logo em seguida. Repetiu o movimento várias vezes até que o avô perdeu a paciência.
— Rose, fale logo! Não fique aí abrindo a boca como bagre sedento!
Mas ela não disse nada, apenas fitou alguma coisa por cima do ombro de Jon.
Se virando, viu um grupo de guerreiros se aproximando. O resultado de uma boa caçada era carregado por dois deles.
— Haol – disse a garota quase sussurrando.
Então fora esse o homem que a roubou.
Haol era dois anos mais velho que Jon, e crescera nas montanhas com ele. Sua tribo o seguiu quando ainda era uma criança. Sua mãe era uma Esposa de Lanças famosa. Tinha tido 15 filhos e nenhum marido. Criara as crianças sozinha e embora tivesse perdido um olho, era feroz como uma ursa.
Haol, por outro lado, era amável. Ou tão amável quanto alguém do Povo Livre pode ser. Era um ótimo arqueiro. Por isso Jon o conhecia tão bem. Treinavam juntos desde da infância. Haol, embora fosse melhor com o arco, tinha pouca coisa na cabeça além de caçadas e mulheres.
O arqueiro se aproximou quando viu as pessoas em frente à sua tenda. Mas de perto, pode vê a sombra roxa no olho esquerdo. Os arranhões no rosto estavam quase sarando, mas deixariam cicatrizes. Mesmo em estado tão lamentável Haol sorria de orelha a orelha.
— Jon! – chamou animado – o que faz aqui?
— Precisamos conversar.
Puxou o tolo para um canto mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Haol disparou.
— O que aconteceu com sua cara? Parece que não dorme há dias.
— Virei rei. Falta de sono e palidez parece fazer parte função – a verdade era que a última vez que dormira uma noite inteira foi nas montanhas – E a sua cara também não está lá essas coisas.
Haol soltou uma risada alta.
— Isso? – disse apontando para o rosto – Isso foi a mulher. É feroz aquela ali. Nunca pensei que as sulistas dariam uma luta tão boa. Ela tentou me matar enquanto dormia na primeira noite, sabia? Não deixou que eu a tocasse. Pensei em toma-la a força, mas as sulistas são diferentes das nossas mulheres. Eu podia quebra-la para sempre.
— Então ainda não se deitou com ela – sentiu um alívio imenso. Jon havia proibido violações e se Haol tivesse estuprado a mulher, Jon teria que fazer valer sua palavra e o amigo teria que servir de exemplo.
— Não é fácil fazer uma sulista abrir as pernas. Mas ela não tenta mais me matar durante o sono e hoje concordou em cozinhar. Estou quase amansando a fera. Posso sentir.
— Ela quase retalhou a tua cara.
— E imagina como serão nossos filhos – Haol tinha olhos sonhadores – Mostrarei a eles as cicatrizes que a mãe deles me fez.
— O avô dela está aí. Eu disse que ela podia ir se quisesse.
—Jon...
— Não, Haol. Aconselhei a todos que ficassem longe das mulheres sulistas para evitar exatamente esse tipo de situação. Todos nos imaginam como animais. Não podemos confirmar suas expectativas.
— A opinião dos sulistas vale menos que merda de mamute pra mim.
— Por que sua família me seguiu até as montanhas, Haol?
— Por causa dos Outros.
— Exatamente, e também estamos aqui por causa deles. Precisamos dos sulistas para derrota-los.
— Mas ela é minha mulher!
— Então, a convença a ficar. As coisas funcionam diferente desse lado da Muralha.
— Era mais fácil do nosso lado.
— Quando a Longa-Noite acabar. E tivermos vencido, voltaremos. As montanhas ainda estão lá esperando por nós.
Os dois se entenderam com um olhar. Ambos ansiavam por casa. O lugar em que um homem era livre de verdade.
— Ela ainda não me deu resposta, sabia? A sua mulher – disse Jon - Não respondeu se queria ir embora. Talvez ainda haja uma chance para você.
O rosto de Haol se iluminou um pouco.
— Sabe que se qualquer outro rei mandasse um homem do Povo Livre desistir de sua mulher, o homem mandaria o rei se fuder, não sabe?
Jon apenas riu e se afastou, deixando que Haol resolvesse a própria vida.
...........
Naquela tarde Jon teve outra surpresa. Cavaleiros. Homens Lannisters, cuja a espada era juramentada a Rochedo Castely.
Chegaram ao cair da noite. Meia centenas deles. Se puseram a meia milha de distância do acampamento e pediram uma audiência.
Os soldados queriam falar com ele. Sobre o quê, Jon não fazia ideia.
O comandante era um homem magro, de meia idade. Os cabelos a muito haviam deixado a testa e o topo da cabeça. Deixando apenas um arco prateado em volta das orelhas e da nuca.
Ele trazia uma espada de bom material. Dava para perceber que era bem-nascido. O senhor de uma Casa pequena, talvez.
Ele estava nervoso, mas era natural em tal situação.
Dois cavaleiros faziam a sua guarda. Um garoto de não mais que quinze anos com um arco e um homem alto com um machado de guerra.
Jon o recebeu em sua tenda acompanhado de Lorde Umber, Toregg e Varla. Fantasma, deitado em um canto, rosnou quando os homens entraram.
— Você é Jon Snow? – perguntou o líder.
— O que querem aqui? – inquiriu Jon, sem paciência para jogar conversa fora.
— Sou Damon Marbrand, Senhor de Cinzamarca. Seria pedir demais um pouco de pão e vinho.
Direitos de hóspedes. Lorde Marbrand queria garantias.
Ordenou que os visitantes fossem servidos, e depois perguntou novamente:
— O que querem aqui?
— Viemos oferecer nossos serviços, meu lorde?
— Ele não é lorde – corrigiu Toregg – É rei.
— Por que acha que tenho necessidade de vocês? – continuou Jon.
— Verá que podemos ser bem úteis, meu sen... Digo, Vossa Majestade.
— Não vejo que utilidade nós daríamos para um bando de sulistas que nos provam que não são leais aos seus senhores – objetou Lorde Umber.
Fantasma, inflamado pelo tom de Grande Jon, se aproximou dos soldados mostrando os dentes.
Podia sentir a desconfiança do animal. Tudo em sua consciência gritava inimigo. Sentiu uma vontade imensa de puxar a espada e eliminar aqueles homens imediatamente.
Mas se conteve, não era o momento de exibir selvageria sem motivo.
— Meu lobo não gosta do seu cheiro senhores – falou friamente.
Fantasma avançava devagar, os pelos eriçados lhe davam uma aparência monstruosa.
— Fantasma sempre se mostrou um excelente julgador de caráter. Ele nunca errou antes. Digam por que estão aqui? Por que escolheram desertar e juntar ao inimigo?
Lorde Damon estava encurralado contra a parede da tenda, sem ter para onde fugir. O Lobo Gigante o deixara paralisado.
— Vimos os dragões... – a voz deles se perdeu.
— Estou ouvindo.
— Decidimos que não queríamos mais lutar pelo lado perdedor.
— Espera que acredite apenas em sua palavra. Devo dizer que ela não significa nada para mim.
— Trouxemos uma prova, meu rei. Uma forma de mostrar que escolhemos o seu lado.
Lorde Marbrand deu a ordem e o guerreiro com o machado deixou a tenda.
Do lado de fora, Jon esperou. E de longe viu a comoção quando o resto dos soldados se aproximou.
Puxavam um outro por várias cordas e correntes.
O homem amarrado era grande, Tormund pareceria um adolescente perto dele. Seu rosto estava inchado e ensanguentado, assim como o resto do seu corpo. Embora machucado, ele exibia tamanha força que era preciso mais de dezena de homens para segurá-lo.
— Quem é esse? – perguntou Grande Jon.
— O Montanha, Vossa Graça – esclareceu Marbrand – Ser Gregor Clegane, o cão fiel dos Lannisters.
E o homem rosnava mesmo como um cão enquanto se debatia contra as correntes.
— Como o capturaram?
— Ele era nosso comandante. Lorde Tywin nos mandou com ele em uma missão especial.
— Que tipo de missão?
— Matá-lo, Vossa Graça. Os homens e eu percebemos que estávamos em uma jornada que só terminaria em nossas mortes.
— Por isso se rebelaram, capturaram seu comandante e resolveram se juntar a mim.
— Apenas desejamos sobreviver, meu rei.
Lorde Marbrand passara a chama-lo de meu rei com uma rapidez alarmante.
Clegane se debatia furiosamente. Quando um homem chegou perto demais para contê-lo. O Montanha arrancou sua orelha com os dentes.
Foi preciso cinco homens para jogá-lo no chão e amordaça-lo.
— É esse o tipo de besta que nasce no Sul? – perguntou Varla – Impressionante.
Ser Gregor foi posto em uma cela em Rochedo Castely até que seu destino fosse decidido.
Lorde Damon e os companheiros foram convidados a passar a noite. Mas no dia seguinte iriam embora. Jon não queria esse tipo de gente do seu lado.
Ainda não tinha dito isso ao próprio Marbrand, é claro. Queria ver como o lorde se comportava.
— Não acredito que esses patifes conseguiram capturar o Montanha – admirou Lorde Umber.
— Um feito e tanto, com certeza – concordou Jon distraído - Quando era criança, Miestre Lwin me disse que devemos desconfiar daquilo que vem fácil.
— Meu Miestre dizia que a cavalo dado não se olha os dentes.
Jon nada respondeu. Algo naquilo tudo não parecia certo. Olhou para Fantasma. O lobo ainda não havia se acalmado.
— Quem guarda o Montanha?
— Meia dúzia dos meus melhores homens. Todos de confiança.
— Dobre esse número.
...........
Se Jon não fosse um Warg teria morrido aquela noite.
A inquietação de Fantasma, o fez sair para caçar com o lobo. Na floresta escura pode se conectar com o animal sem interrupções.
Apenas quando estavam bem longe do acampamento, Fantasma se acalmou.
Jon sabia que seu lobo sentia que estava em perigo e tentava protege-lo. Por precaução deixara Toregg e Lorde Umber de sobreaviso.
Por esses motivos não se surpreendeu, que quando voltou viu um grupo de trinta homens seguir em direção ao castelo. Mas especificamente para as masmorras.
— Os malditos pretendem soltar o prisioneiro – disse Lorde Umber assim que se encontraram.
Junto com ele estava Toregg e mais sete pessoas.
— Vamos acordar os outros – sugeriu Varla.
— Não. Chamaria muita atenção. Quero captura-los dentro do castelo.
Por segurança as masmorras em Rochedo Castely não abrem por dentro. Lorde Marbrand abriu as portas. Mas, surpreendentemente, não entrou.
Alguns momentos depois o Montanha passou pela porta. Mesmo com a visão prejudicada pelo escuro, Jon notou as mãos nuas ensanguentadas.
— O que o maldito fez com meus homens? – cochichou Lorde Umber ao seu lado.
Os sulistas voltaram ao acampamento.
— Onde vão? – questionou Toregg.
— Completar sua missão. Estão indo para minha tenda. Varla, precisamos de flechas incendiárias. Toregg acorde a minha guarda.
Armados com as flechas, eles seguiram o Montanha até o acampamento.
Quando invadiram sua tenda, Jon ordenou que disparassem. As paredes da tenda pegaram fogo e os homens saíram de dentro como ratos deixando um navio afundando.
Do lado de fora, os traidores se viram cercados por dezenas de guerreiros.
— Baixem as armas! – gritou Lorde Umber.
Os homens fizeram como foi dito. Com exceção, é claro, de Ser Gregor. Que avançou na direção de Jon com a espada erguida.
Ele não foi muito longe. Em instantes, Fantasma o tinha derrubado e fechara a mandíbula em sua garganta.
— Um movimento e ele arranca sua jugular – avisou Jon – Tragam ele aqui – disse para o homem que segurava Marbrand.
— Quem armou esse espetáculo tão bem encenado? Por certo não foi ideia sua.
O Senhor de Cinzamarca estava tão pálido como papel.
— Só cumprimos ordens, Vossa Majestade. Ele disse que era o único jeito de chegar perto o suficiente.
— E me matar – a voz de Jon soou fria demais até para ele.
Falsos desertores trazendo um refém valioso. Um estratagema ardiloso que talvez tivesse dado certo se Fantasma não se mostrasse tão desconfortável com a presença daqueles homens.
Jon voltou-se novamente para Ser Gregor. Ele não movia um músculo, mas os olhos transmitiam tanta raiva que pareciam loucos.
Era esse o tipo de homem que Tywin Lannister mandava para lhe matar. Uma fera descontrolada.
— Tragam a espada de Ser Gregor – ordenou- Fantasma junto.
O Montanha se pôs de pé e Jon jogou a espada em seus pés.
— Teve todo esse trabalho para me matar, meu lorde. O mínimo que posso fazer é lhe dar uma chance.
Ser Gregor não tinha armadura, mas como Jon também não usava uma, achou que seria uma luta justa.
As pessoas se afastaram a uma distância segura e nenhum deles interferiria, nem mesmo para salvar a vida de Jon. Esse era o jeito antigo.
— Se me matar Ser Gregor, ganhará passagem segura para fora do meu acampamento. O senhor e seus homens poderão ir.
— Não devia confiar tanto assim nas suas habilidades, bastardo. Eu já matava pessoas enquanto você ainda vivia no saco do seu pai.
Jon havia lutado com homens grandes antes, afinal treinara com gigantes a vida toda. Tamanho avantajado era tanto uma benção como uma maldição.
— Não confio tanto em minhas habilidades como desconfio das suas.
Não demorou para que o Montanha compreendesse que fora insultado, e a transformação foi imediata.
Ser Gregor avançou, seus golpes eram surpreendentemente rápidos para alguém de tamanho porte físico. Anos de experiência tornaram o homem letal.
Jon desviava de cada golpe com dificuldade. Garralonga aparava os cortes da outra espada firmemente, mas o braço de Jon fraquejava, tamanha era a força.
Enquanto procurava uma brecha para atacar, seu adversário falava.
— Quando terminar com você, bastardo, matarei aquele seu lobo também. Vestirei a pele dele e todos saberão que matei o Lobo Branco.
— Sua vontade de me matar chega até ser um lisonjeio, Ser Gregor – disse Jon tentando ignorar os braços já cansados – Um plano tão bem arquitetado só para matar um bastardo.
O Montanha soltou um grunhido e redobrou a força em seu ataque. Jon, agora não tentava mais aparar os golpes, apenas se desviava. O momento que esperava estava quase chegando.
— Um plano brilhante com certeza – continuou Jon com a voz já ofegante – Deve se orgulhar, quase deu certo. Fiquei admirado. O senhor não me parece do tipo que passa muito tempo criando planos elaborados.
A raiva de Ser Gregor aumentava e sua velocidade diminuía.
A qualquer momento— pensou Jon.
— Mas não foi ideia sua, não é mesmo? – atiçou Jon – Um cão não tem ideias. Um cão faz o que o dono manda.
O grito de ódio de Ser Gregor teria assustado Jon se ele não tivesse encarado um Outro frente a frente. Despois que se vê algo como aquilo, torna-se difícil de assustar.
Toda essa prolongação deu tempo a Jon de analisar seu adversário. Ser Gregor sempre apoiava na perna esquerda para atacar e à medida que se cansava seu tempo de recuperação aumentava.
Jon decidiu que era a sua vez de atacar.
No momento que o golpe desceu, mas uma vez Jon jogo o corpo para a frente. A espada de Ser Gregor passou a centímetros dele e no mesmo movimento que Garralonga desviou o golpe, a lâmina caiu sobre a perna esquerda de Ser Gregor.
O sangue espirrou quando a veia principal que fica no interior da coxa foi partida.
O Montanha, mesmo com tal ferimento, não recuou. Seus golpes continuaram caindo. Igualmente um leão ferido, ele ficou mais violento.
Mais violento e mais previsível.
O próximo golpe atingiu apenas o ar quando Jon desviou para direita. Quando sua espada desceu cortou fora o braço de Ser Gregor.
A espada caiu junto com a mão que se contorcia.
O homem, embora maneta, ainda tentava agarrar Jon com o braço que lhe restava.
— Diga-me Ser Gregor, Tywin Lannister escolheu o senhor para essa missão por que achava que era capaz ou por que o senhor era o mais descartável?
— Você não sabe de nada bastardo – o homem agora titubeava, um rio de sangue escorria da sua perna – Ele vai destruir vocês. Não demorará muito para que não reste nada dos Stark, assim como os Reyne.
— Não vejo como seu senhor ganhará essa guerra enquanto foge tal qual um leão que perdeu as garras.
A risada do Montanha cortou a noite.
— Não sabe de nada. Ele encontrará a sua fraqueza e usará contra você. O ataque virá de onde menos espera. Quando achar que está seguro.
Ser Gregor se abaixou e Jon imaginou que o cansaço e os ferimentos finalmente os esgotaram, mas o homem apenas apanhou a espada com a mão esquerda e atacou.
O Montanha não era, de maneira alguma, ambidestro. Seu golpe, fraco e desajeitado, foi facilmente desviado e Garralonga atravessou o abdômen do homem.
Ser Gregor caiu de joelhos e Jon decidiu acabar como embate.
Com um movimento fluido da espada, a cabeça do Montanha rolou no chão.
A pessoas ao redor ficaram em silêncio até que Jon ordenou que o corpo fosse retirado.
Varla apareceu ao lado de Jon. Seus olhos o inspecionando a procura de ferimentos.
— O que fazemos com os outros? – disse ela apontando para Marbrand e seus soldados.
Antes que pudesse responder qualquer coisa, Grande Jon pôs a mão pesada em seu ombro.
— Precisamos falar, garoto.
Lorde Umber não parecia nem um pouco contente.
— O que foi aquilo? – perguntou Grande Jon.
— O quê, meu lorde?
— Já tinha o homem capturado. Por que lutar com ele mesmo assim?
— Fiz o que foi preciso.
— Para quê? Divertir os seus selvagens. Provar que você sabe usar a espada.
— Para descobrir mais sobre o nosso inimigo. Agora sei mais com Tywin Lannister age. Ele é um jogador. Ser Gregor disse que ele vai procurar uma fraqueza. E infelizmente podemos ter algumas.
A explicação pareceu convencer Lorde Umber, pelo menos parcialmente.
— O que fará com Lorde Marbrand e seus homens.
— Mandarei eles embora.
— Não pode soltá-los! E quanto aos meus homens que morreram?
— Infelizmente Lorde Marbrand e outros estão protegidos pelos direitos de hóspede. Foi o Montanha que matou seus homens e ele está morto.
A dúzia de homens que guardava o Montanha fora massacrada. Suas cabeças esmagadas contra as paredes de pedra das masmorras.
— Então vai manda-los embora simplesmente.
— Depois do espetáculo que armei aqui quem acha que Lorde Marbrand procurará assim que estiver solto?
— O Lannister, é claro – compreensão passou pelos olhos de Grande Jon – Você pretende segui-los. Quer descobrir onde Tywin Lannister está.
Lorde Tywin não tinha paradeiro definido desde da batalha. Jon sabia que o Duende foi mandado para a capital para servir como Mão do Rei, mas não havia notícia do pai.
— Meus Wargs seguirão Lorde Marbrand e se tivermos sorte evitaremos qualquer surpresa que Tywin Lannister estiver preparando.
.........
Cinco dias depois, Jon foi surpreendido com um convite para um evento incomum. Haol e Rose iam se casar.
Pelo que ouviu Haol conseguira que a mulher ficasse com ele. Mas Rose tivera a vingança final, quando obrigou o guerreiro a se casar com ela perante a luz dos Sete.
Jon, contente com o modo que as coisas se resolveram, mandou fazer um grande banquete e chamou todas as pessoas da região. Não fazia mal algum, aproveitar a situação para melhorar a imagem do Povo Livre.
Toregg e ele mal contiveram as risadas quando um Haol de cara amarrada foi banhado com os Sete Óleos.
Enquanto caminhava em direção a própria tenda Jon observou que mais pessoas, claramente sulistas, caminhavam pelo acampamento. Concluiu que a situação com Haol e Rose, não seria a única dessa natureza com que teria de lidar.
— Snow – chamou alguém antes que entrasse na tenda.
Atrás dele vinha Varamyr Seis-Peles.
— Alguma notícia dos Lannisters?
— Continuam indo pro Sul à passo apertado. Não param mais do que algumas horas à noite para descansar.
Para onde Lorde Tywin estava indo? A Campina? Mas os Tyrell se aliaram a Renly Baratheon. Não fazia sentido.
— E as mensagens?
— O sulista está com elas.
Varamyr tal como Jon não parecia ter dormido muito. Suas olheiras eram profundas e a pele estava mais cinza que o normal.
— Como você está?
Seis-Peles estreitou os olhos.
— Fazendo o trabalho que me mandou fazer. Até quando me deito estou trabalhando.
Varamyr coordenava um grupo de Wargs que monitorava o inimigo. Um trabalho exaustivo, mas que precisava ser feito. Jon preferiria ter trazido Kena, mas o amigo era muito mais confiável para se manter a distância.
Varamyr, ao contrário, precisava ser observado de perto.
— Vou começar um revezamento. Para que você e os outros descansem.
O Warg nada respondeu. Apenas se afastou com o mesmo olhar desconfiado de sempre.
Dentro da tenda, Jon finalmente se sentou. Mal teve tempo de se servir de um pouco de vinho quando a porta da tenda se abriu de supetão.
— Aqueles malditos vão pagar por essa traição! – gritou Jon Umber – Escreva minhas palavras, garoto. Os Bolton vão pagar!
De todos os lordes nortenhos, Jon Umber foi o único que desceu mais para o Sul com o Povo Livre. Seus homens passaram a chama-lo apenas por O Sulista. Lorde Umber, embora esbraveje para os sete ventos seu ódio pelos selvagens, se deu muito bem entre eles.
— Outra mensagem? – perguntou Jon enquanto apontava uma cadeira para que o lorde se sentasse.
— Sim! – bradou o homem – Os desgraçados tramam com Lannisters e os Frey. Os traidores querem Winterfell e o Norte.
Desde que Marbrand partira, Jon havia armado um esquema para interceptar as mensagens dos Lannisters e seus aliados. Um plano bem simples, em que as aves eram capturadas vivas por Wargs e depois que mensagem fosse lida e devidamente copiada, o corvo era solto novamente.
Cada grupo de interceptadores é composto por um Warg que controla uma ave de rapina, alguém que saiba ler e escrever para copiar as mensagens e cavaleiros rápidos para trazer a informação.
Jon leu a carta. A mensagem era fria e sucinta. Lorde Tywin apenas insinuava que o Norte precisava de um guardião leal a coroa e não de traidores que traziam selvagens para aquém das fronteiras do reino.
Nada na carta falava de algo concreto. Apenas especulações e insinuações. O que significava que os Lannisters ainda não haviam garantido a lealdade dos Bolton e não queriam deixar escapar nenhuma informação importante.
A mensagem era uma isca. Lorde Tywin, como qualquer pescador, jogava a linha o mais longe possível. Os Bolton, cuja a lealdade era questionável e a ambição altamente conhecida, eram o peixe mais fácil de fisgar.
— Temos que avisar Lorde Stark. Os traidores terão as cabeças separadas do corpo – Grande Jon praticamente fumegava.
— A carta ainda não chegou até Roose Bolton. Até agora o que temos é uma proposta, dificilmente podemos acusar os Bolton de alguma coisa baseado apenas nisso.
— Então não fazemos nada? Deixamos que a escória fique de conchavo pelas nossas costas?
— Ficaremos um passo à frente deles. Descobriremos o que eles planejam. Se é que planejarão alguma coisa. Me recuso a pensar que o Bolton seja tão tolo. Malicioso e traiçoeiro sim, estúpido, não. Ele sabe que somos o melhor lado em que se estar.
— Subestima o que a ambição e o rancor faz com as pessoas, garoto. Os Bolton sempre quiseram mais e mais. Nunca estão satisfeitos.
— Então esperaremos que engulam a isca.
— E depois?
— Os esmagamos.
Jon podia jurar que viu certo espanto nos olhos de Lorde Umber. Ou talvez fosse admiração.
— Os deuses fazem coisas cruéis, Jon Snow. Se você tivesse nascido do ventre certo, eu morreria um homem sossegado.
— O que meu nascimento tem a ver com seu sossego póstumo.
— Partiria dessa vida em paz sabendo que o Norte estaria em suas mãos. Mas infelizmente, você não nasceu de Lady Catelyn.
— Robb é o herdeiro e ele fará muito bem quando for seu tempo.
— E o que você estará fazendo quando essa época chegar?
— Estarei do outro lado da Muralha com o meu povo. Espero eu.
— Uma vez bebi demais e falei o que não devia. Lady Stark me lança olhares frios e raivosos desde daquele dia. Não deve se lembrar, você era muito pequeno.
— Eu lembro. Lady Catelyn passou mal e quase perdeu o bebê.
Arya. O bebê era Arya.
— Falei para todo mundo ouvir que o lobo havia uivado mais alto no ventre da outra. Uma falta de respeito da qual não me orgulho.
Jon se perguntava o quanto sua vida teria sido diferente se Grande Jon não tivesse dito aquilo.
— Mas só porque não devesse ter dito aquelas palavras, não significa que elas não foram verdadeiras – disse lhe lançando um olhar significativo.
Lorde Umber saiu e deixou Jon com suas ponderações. Pensava em uma vida que podia ter sido.
Mas preferiu soltar essa linha de pensamento. Ficar recordando o passado não o ajudaria em nada.
Decidiu então se concentrar na carta em suas mãos.
O que Tywin Lannister pretendia? O que os Bolton podiam fazer para ajudá-lo nessa guerra?
Um enorme tabuleiro de Cyvasse se formou em sua cabeça. Uma imagem se sobrepunha a outra diante de seus olhos, enquanto tentava descobri onde estavam mais vulneráveis. Onde podiam ser atingidos.
Winterfell veio a sua cabeça de supetão.
O castelo fora deixado para trás com pouca guarda e o Stark em Winterfell era uma criança.
Precisava falar com Lorde Stark. Não podiam ser atrapalhados por um ataque no castelo.
Para sua sorte suas mensagens chegariam em tempo real graças a ave de Kena que trouxera consigo.
A coruja empoleirada em um canto da tenda voou para perto assim que Jon chamou.
Depois pegou papel e tinta. Era o momento de escrever a próprias cartas. Lorde Tywin estava procurando por aliados entre os nortenhos e Jon faria o mesmo. Conseguiria alguns aliados sulistas.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, dia 06 de Maio.