Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 60
Obrigada


Notas iniciais do capítulo

Ester:

Hello hello peps! Finalmente o momento mais esperado (ou não) chegou. Vou deixar pra falar mais nas notas finais, mas finalmente chegamos no último cap da fic.
Curiosos pra saber qual a surpresa da Ester? Então preparem o heart, que vem muita emoção pela frente!
Boa leitura ;)

Bia:

Oi pessoas! Chegou o último dia, o último capítulo da nossa querida Laços ;-;
Mass finalmente vamos ver o que a Ester estava tramando xD
Boa leitura!

Stelfs:

"Bom dia, gente linda do meu Braseeeeeeil o/ Para você que não se aguentava mais nessa aflição ooooou para você que não queria que o dia de hoje não chegasse, devo informar que: o dia chegou, meu povo e aqui estamos nós com mais um capítulo lindcho dessa fic que você respeita (q?). Mas enfim, sem mais delongas, bora ler o que a Ester está reservando pro Lys, né? ;)
Boa leitura, lindezas ♥"



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Terminei de me vestir e me olhei no espelho. Eu estava fantástica! Aquele vestido de veludo preto, junto do corte estilo anos 50... Ah, eu amava isso! E aquele lacinho na barra fazia ficar tão fofo. Tinha certeza que o Lys ia amar, até porque eu já estava morrendo de amores.

Sorri e peguei as coisas, pra dar um jeito no cabelo.

Okay, como fazer isso? Aqueles tutoriais do YouTube faziam parecer tão fácil... Enrolei meu cabelo no coque e peguei um dos grampos. Abri e prendi. Mas o penteado se desfez em segundos. Saco, como esse negócio vai segurar meu cabelo?

Fui tentar tirar o grampo, mas parecia que tinha enroscado. Puxei com força e arranquei alguns fios juntos. Miseri... Ouvi uma batida na porta.

Abri e encontrei tia Simone com um sorriso.

— O Lysandre chegou — afirmou e eu arregalei os olhos.

— Mas já? — Eu ainda não tinha terminado de me arrumar...

— Com aquele jeito lorde inglês dele, deve manter até mesmo a pontualidade britânica — brincou e eu ri. — Tá tudo bem aí?

Fiz um bico com a pergunta.

— Ah, tô tentando dar um jeito no meu cabelo. Mas já que eu vou lá falar com ele — assegurei com um sorriso.

— Quer ajuda? — ofereceu e eu a encarei confusa. — Rapidão, Ester. — Veio com aquela voz que tenta te convencer de algo e entrou no quarto.

Acabei concordando e fechei a porta. Parei de frente pro espelho e indiquei pra ela o penteado que eu queria fazer, com base em uma imagem do Pintrest. Tia Simone começou a enrolar meu cabelo no coque e pegou um dos grampos. Prendeu e rapidamente colocou outro. O penteado não soltou.

E assim ela foi arrumando meu cabelo. Sorri nostálgica. Aquilo fazia eu me lembrar da minha mãe... Ela adora mexer no meu cabelo e arrumá-lo pra ocasiões assim. Era estranho não tê-la ali naquele natal. Aliás, era estranho não ter minha família ali naquele natal.

Eu sentia falta dos meus pais em vários momentos, afinal, era acostumada a tê-los ali, pra me apoiar de perto e tudo mais.  Tive que aprender a me virar sozinha em várias ocasiões.

É o início da vida adulta, Ester...

— Que foi, querida? — Tia Simone perguntou, terminando de colocar um dos últimos grampos. — Tá aí com uma cara estranha... — Tentei falar pra ela que não era nada. — Sei... Você tá incomodada com alguma coisa. Que foi? — Ela colocou as mãos sobre meus ombros e me deu um sorriso reconfortante.

Suspirei.

— Ah, nada demais. É só saudade de casa. — Olhei pra baixo, para não encarar nossos reflexos no espelho. — Primeira vez que passo o natal sem minha família. É... estranho.

Senti-a afagar meu ombro.

— Passei pela mesma coisa quando sai da minha cidade e vim morar pra cá. — Tirou uma das mãos do meu ombro e deu uma ajeitada no meu cabelo, deixando algumas mechas fora do coque, na parte da frente. — Com o tempo você acostuma. Aprende a se virar sozinha, a fazer as coisas sozinha. — Levantei os olhos pro reflexo e a vi me encarando. — Mas, como seus pais, eles sempre vão estar de braços abertos pra quando você precisar.

— Eu sei... — soltei meio pensativa, enquanto ela terminava de arrumar o coque atrás.

— Em todo caso, se você precisar de um conselho ou rir um pouco, liga pra mim. — Ergui uma das sobrancelhas. — Considero você e a Bia como se fossem minhas sobrinhas também. Além da sua família na sua cidade, você também tem uma família aqui. — Sorri e abaixei o olhar. Tia Simone ergueu meu rosto e eu olhei pro espelho. — E vamos todos estar de braços abertos quando você precisar. — Sorriu reconfortante de novo, naquele jeito meio mãe. — Pronto. Que você acha?

Ela se afastou e eu me virei um pouco, tentando ver meu penteado atrás.

— Espera. — Tia Simone tirou o celular do bolso e me fez ficar de costas. Tirou uma foto. Parou e olhou pra tela do aparelho. — Vou postar isso no face. Minhas amigas vão amar.

Parei do lado dela, que me mostrou a foto.

— Ficou lindo, tia. — Ela sorriu com meu comentário. — Obrigada. — E a abracei de surpresa. Logo retribuiu meu abraço.

— Por nada, querida. — E ficamos ali por alguns instantes. — Agora vai lá encontrar seu vitoriano, milady. — Me soltou e fez uma reverência de brincadeira. Eu ri.

— Eu ainda tenho que fazer a maquiagem.

Olhei pra cima e vi tia Simone olhando pro meu rosto, com uma cara pensativa. Lá vem...

...

Cerca de meia hora depois, finalmente sai do quarto, após tirar mais algumas fotos pra tia Simone postar no face dela, claro.

Parei no final do corredor e olhei pra sala. No sofá estavam Lysandre, Rosalya e Leigh, Tamires encolhida na ponta e Gustavo sentado no braço do móvel. Ela foi a primeira a me ver, já que Lys estava distraído, enquanto falava com o irmão.

Tamires sorriu e se levantou, abrindo os braços e vindo na minha direção. Me abraçou e me ergueu um pouco do chão.

— Feliz natal! — Eu tentei abraçá-la de volta, mas estava difícil.

Tamires era um dos meus “elos” com a vida antiga. Ela sempre fazia eu me lembrar de casa. Minha amiga também tinha uma sensação um pouco parecida com a minha, de saudades de casa, da família. No fim, sempre fazíamos companhia uma a outra e nos apoiávamos, da nossa forma.

Tamires finalmente me colocou de volta no chão e comentou do meu vestido. Eu ri daquele comentário dela.

Olhei pro lado e vi Lysandre parado. Tamires me deu um sorrisinho e eu devolvi. Ela foi de volta pro lado do namorado e me virei para o meu.

— Que tal? — perguntei, apontando pra mim.

— Você está linda — elogiou e ia se abaixar pra me beijar, quando lhe dei um olhar e ele entendeu. ­ — Assim como todos os dias. — E me deu um selinho breve.

— Não era pra você me bajular de verdade, era só brincadeira. — Dei uma risada gostosa. — Mas bom saber. — Lhe dei um sorrisinho, que ele retribuiu daquele jeito dele.

Nos dirigimos ao sofá e sentamos na outra ponta. Rosa e Leigh me cumprimentaram conforme o combinado, como se não tivessem me visto mais cedo.

Discretamente, Rosa deu uma piscadinha pra mim e eu sorri de lado. Estava tudo certo lá em cima. Era só esperar dar a hora e tentar controlar minha ansiedade, para que o Lys não desconfiasse de nada.

Tamires conversava animadamente sobre maquiagem com a Rosa, já tinha até feito amizade com minha cunhada. Lys e Leigh falavam algo sobre a fazenda e Gustavo se levantou, indo conversar com seu xará, tio Gustavo, e tia Simone na cozinha.

Olhei pra TV, vendo que passava um especial de natal do Roberto Carlos... Misericórdia.

Fiquei vendo ele cantar sobre quantas emoções viveu, com cara de paisagem.

Nathaniel chegou, o atendi, voltei pro meu lugar, Stelfs apareceu pra falar com o Lys e sumiu depois.

— Está tudo bem com você? — Ouvi Lysandre sussurrar no meu ouvido. Olhei confusa pra ele.

— Claro — respondi num tom baixo.

— Você está ansiosa com algo — comentou, enquanto começava a afagar o meu ombro, com a mão que estava sobre ele.

Foi então que eu parei de bater meu calcanhar no chão. Você não está fazendo um bom trabalho em disfarçar, Ester...

— Querem refri? — Stelfs apareceu do nada e eu sorri pra ela, grata por sair do assunto.

Nos servimos e ela foi oferecer pra outras pessoas.

— Será que não tem outro especial pra assistir, não? — Mudei de assunto e Lysandre me olhou com uma sobrancelha levantada.

Ele não insistiria mais em querer saber o que eu tinha, porém ia ficar mais atento a mim no restante da noite.

...

Tio Gustavo estourou o champanhe e alguns dos presentes comemoraram. Algumas pessoas se aproximaram pra encherem suas taças. Eu, Tamires e Stelfs ficamos com nossos copos de refrigerante mesmo.

Naquela altura da festa, já depois das onze da noite, o apartamento estava cheio, pois Kentin, Castiel e o povo da banda tinham chegado.

Começou um daqueles discursos, falando sobre amor, união, alegria e felicidade. Brindamos e depois cada um voltou para seu prato de comida.

Fechei os olhos, enquanto saboreava aquele maravilhoso arroz à grega e o pernil. Eu ia cair de boca na comida...

— Não vai lá em cima, Ester? — Parei com garfo a caminho da boca, quando Rosa tocou no meu ombro e falou comigo. — Já é quase meia-noite.

— Vou terminar de comer primeiro. — E voltei a comer daquele arroz maravilhoso, experimentando aquela comida maravilhosa e com cara de “hummm”, num cosplay de Ana Maria Braga.

Rosa me encarava.

— Que foi? — perguntei, depois de engolir. De surpresa, minha cunhada pegou o prato da minha mão. — Ei! Devolve minha comida.

Ela começou a se afastar, enquanto eu continuava com o garfo na mão e ia atrás dela. Escutava Rosa rir e eu estava ficando brava, por terem tirado minha comida dessa forma. Cinco minutos e eu terminava o prato, pra que tanto desespero assim?

— Rosa, me devolve! — exclamei mais uma vez e ela parou. Fiquei feliz por tê-la alcançando.

Minha cunhada devolveu meu prato, junto de uma piscadinha.

— O que está acontecendo? — Lysandre interrompeu a conversa com Castiel, perto da entrada da varanda, e olhou pra mim, porque Rosa já estava indo pra longe. Ah, mas que...

— Rosa tinha sequestrado minha comida. — E levei uma garfada até a boca, finalmente. — Mas já devolveu. — Lysandre escondeu um riso e Castiel riu.

Parei ao lado do meu namorado e continuei a comer, enquanto ouvia eles conversarem sobre o cenário musical nacional, em comparação com o americano. Altos papos de músicos.

Stelfs apareceu em um certo momento, abraçando Castiel. Os dois se afastaram um pouco, deixando eu e Lys sozinhos ali.

— Está aproveitando a festa? — perguntou e eu indiquei meu prato. Ele riu e eu finalmente terminei de comer.

Lysandre encarava a noite pela porta de vidro da varanda. Hum... Acho que cheguei em um bom momento. Ele provavelmente queria sair um pouco do meio de tanta gente.

— Lys, é... — Comecei e ele se virou pra mim. Perdi a fala, me atrapalhando em como eu ia pedir isso.

É só você chamar ele pro terraço com você, criatura! Para de tentar ficar pensando em mil frases e o que ele vai achar.

— Sim? — perguntou, me encarando com curiosidade, talvez ainda querendo saber por que eu estava ansiosa.

— Vem comigo pra um lugar? — Acabei escolhendo por usar a questão mais óbvia e ele ergueu as sobrancelhas, não entendendo nada. Sorri, ao ver aquela carinha fofa dele. — Rapidinho.

Lysandre assentiu e começamos a sair, não sem antes eu deixar meu prato em cima da mesa e tomar um copo de refrigerante.

Saímos no hall e entramos no elevador.

— Onde pretende ir? — ele questionou, passando a mão pela minha nuca, que estava completamente à mostra nessa noite. Não respondi, apenas dei um sorriso travesso, enquanto encarava nossos reflexos na parede espelhada do elevador. — Confesso que está me deixando curioso. — Se aproximou mais de mim, querendo saber pra onde íamos.

O elevador parou. Passamos pela porta de emergência e saímos no hall do último andar.

— Então quer dizer que eu deixei um gatinho curioso? — brinquei com a sua famosa frase de “ a curiosidade matou o gato”.

Peguei em sua mão e comecei a guiá-lo até a porta da saída de emergência. Olhei pra trás e vi um Lysandre confuso. Voltei pra frente, escondendo meu sorriso. Isso me lembrava de alguns meses atrás... A situação era tão diferente daquela época.

Chegamos no terraço do prédio e Lysandre me encarou. Eu fiz sinal com a cabeça, pra que ele avançasse, enquanto continuava com minha cara de menina travessa.

Encostei a porta e ele avançou alguns passos. Parou, vendo aquela vitrola lá e um tapete no chão, com umas almofadas em cima.

— Você quem fez isso? — Apontou pras coisas com a cabeça, ainda parecendo perdido num tiroteio.

— Créditos ao Leigh e a Rosa por essa arrumação toda. — Peguei em sua mão e nos aproximamos do tapete. — Mas a ideia foi minha, sim.

Nos sentamos nas almofadas e fiquei de frente pra ele, não contendo meu sorriso.

— Eu queria te dar uma coisa. — Olhei pro lado e achei o embrulho fino. Entreguei pra ele, que me agradeceu.

Lysandre começou a rasgar o papel de presente, enquanto eu assistia tudo com apreensão. Ele terminou e finalmente viu o disco de vinil dos Beatles, Abbey Road.

— Você... — Lysandre me encarava boquiaberto, claramente surpreso. Beatles era uma das bandas preferidas dele e esse LP era clássico.

— Feliz natal. — Segurei em seu queixo e dei um beijo terno.

Abri os olhos e Lysandre continuava surpreso.

— Você deve ter gastado um bom dinheiro com isso. Não deveria ter...

— Não. — Interrompi-o, olhando em seus olhos. — Eu fiz isso porque você merece. — Dei um outro beijo rápido. — Você fez tanto por mim, que... Eu sinto que precisava fazer alguma coisa por você.

— Tudo que fiz foi porque gosto de você — declarou, olhando em meus olhos e eu sorri apaixonada.

Nos primeiros meses, minha vida financeira continuava meio apertada e, mesmo com meu pai trabalhando, eu não poderia esbanjar muito dinheiro. Economizei um pouco por alguns meses, pra poder dar o disco a ele. Foram duzentos e trinta golpinhos no meu bolso, mas eu consegui pechinchar um pouco com o antigo dono do LP.

— E eu também fiz isso porque gosto de você. — Entrelacei meus braços em seu pescoço e ele deixou o vinil ao lado. — Era pra eu ter te dado no seu aniversário, mês passado, mas eu ainda não tinha o dinheiro, então tive que improvisar. — Suspirei, fixando meus olhos em seu rosto. — Eu sei que é pouco, comparando com tudo que... — Balancei a cabeça, perdida nas palavras que eu queria falar. — Com tudo que você fez, com tudo que você me deu nos últimos meses... Eu sei que é um presente simples, mas eu queria dar algo pra te fazer lembrar de mim também. ­­— Mencionei o relicário que ele havia me dado meses atrás e eu ainda trazia no pescoço. — Eu queria...

Ouvi-o murmurar um “shh” e parei de falar, quando senti suas mãos abraçarem minha cintura.

— Obrigado — ele agradeceu, aproximando o rosto do meu.

Nos encaramos fixamente numa troca de olhares silenciosa. Nem ele e nem eu precisávamos ficar falando e falando palavras bonitas. Sentimentos eram expressos além disso. E não era necessário presentes nem palavras para mostrarmos isso.

Há quase nove meses juntos, nos apoiamos e permanecemos firmes quando o outro mais precisava. Sempre ali, sempre presente.

Lysandre chegou ainda mais perto de mim e eu fechei os olhos, sentindo seus lábios sobre os meus, com sua doçura e carinho.

Ele aproximou-me mais dele, me apertando contra o seu peito, enquanto eu subia minhas mãos para o seu cabelo, brincando com meus dedos entre os fios macios.

E deixei-me ser envolvida por aquele momento quase mágico, apreciando aquele beijo lento e calmo, enquanto lá em baixo todos comemoravam. Lá em cima, apenas silêncio e as estrelas.

Lysandre deixou uma das mãos em minhas costas, movimentando-a pra cima e pra baixo, em um carinho, e levou a outra até meu cabelo, tentando prender os dedos entre os fios.

Ele parou o beijo de repente.

— Desculpe — pediu com certo desconcerto. — Soltei um pouco seu penteado sem querer. — Levei a mão até meu coque, sentindo ele um pouco frouxo.

— Quer saber. — Fiquei com as duas mãos no meu cabelo, tentando soltar os grampos. — Vou deixar você mexer à vontade. — Mas o negócio parecia que tinha enroscado e não saia.

— Não é preciso fazer isso. — Parei, o encarando com cara de “que?”. — Não quero que desafaça seu penteado por minha causa.

— Mas ele já tá todo frouxo. — Dei de ombros. — E os grampos incomodam também. — Ri e voltei a tentar tirar os troços do meu cabelo. Arranquei um e levei um monte de fios juntos. Fui tentar tirar outro.

Lysandre segurou minha mão.

— Vire-se — pediu e eu fiz isso.

Ele começou a retirar os grampos, com toda a calma e paciência, sem sequer arrancar meus fios junto. A cada vez que tirava um, me entregava e eu segurava na mão.

— Olha só, você pode ser cabeleireiro. — Ouvi sua risada e sorri. — Tia Simone vai querer me bater, quando voltar lá pra baixo.

— Eu assumo a culpa — brincou e tirou mais um grampo, fazendo com que meu cabelo se soltasse do coque e caísse em ondas nas minhas costas.

— Ela vai querer bater em nós dois. — Ri e ele me entregou o último dos grampos.

Lysandre começou a pentear meu cabelo com os dedos, tentando desembaraçar os fios. Fechei os olhos, me sentindo relaxada com aquilo. Era uma sensação gostosa, dele começando mais perto da nuca e deslizando os dedos entre os fios, até o final.

Lysandre parou de mexer nos meus fios e depositou um beijo no topo da minha cabeça. Passou os braços pela minha cintura, me juntando a ele, e colocou o nariz nos meus cabelos.

Permaneci de olhos fechados, acariciando seus braços, quando ouvimos barulhos de fogos. Abri os olhos e vi alguns coloridos cortarem o céu. Eram bem menos que no ano novo, mas não deixava de ser bonito mesmo assim.

Me virei de frente pra ele e coloquei suas mãos em minha cintura. Ele me abraçou em seguida.

— Feliz natal, Lys — desejei, deslizando o dedo por sua bochecha. Ele sorriu.

— Feliz natal, Ester. — E Lysandre voltou a enroscar os dedos no meu cabelo.

Sorrimos e nos beijamos mais uma vez, em agradecimento e felicitação, enquanto os fogos de artifício pintavam o céu e traziam uma trilha sonora inusitada ao momento.

...

Depois de ouvirmos o disco juntos lá em cima, aproveitando que a vitrola estava lá, voltamos pra festa, que estava em alto astral, com Roupa Nova tocando e um coro de Whisky a-go-go, feito pela tia Simone abraçada com a Cindy.

— Eu perguntava “do you wanna dance” e te abraçava “do you wanna dance”... — É, o troço tava animado mesmo.

Troquei olhares com Lysandre e ambos seguramos o riso.

— Parece que o povo animou depois da comilança. — Ele ia me guiar de volta pro sofá, com uma mão nas minhas costas, quando Stelfs apareceu.

— Até que enfim te achei. — Olhei pra ela confusa. — Que que aconteceu com o seu cabelo? — E apontou pro que era uma vez um coque. Troquei olhares rápidos com o Lys.

— Infelizmente acabou se desfazendo — ele acabou respondendo e eu escondi uma risada. Stelfs nos encarou com uma cara desconfiada.

— Tá... Eu só ia te chamar pra ir ali comigo, Ester. — E me pegou pelo pulso, atravessando a sala e desviando das pessoas.

— Ali onde? — Passamos pela porta da varanda, que ela deixou meio aberta. Bia estava lá também, sem entender nada.

— Que que você tá aprontando, Stelfs? — ela perguntou assim que nós aparecemos na varanda.

— Acho que é pra não ver a tia Simone fazendo a festa lá — brinquei e ri, indo parar do lado da Bia. Dava pra ouvir um pouco da festa ainda. A voz de tia Simone emendou em New York, New York do Frank Sinatra. Melhor playlist de natal.

— Ela quer é dar uma trégua pros seus ouvidos da cantoria da tia Simone. — Bia fez uma cara engraçada e eu ri alto.

Stelfs revirou os olhos.

— Né isso não, bubiça. Só queria desejar feliz natal pra vocês. — Um sorriso apareceu no rosto dela e puxou a nós duas para um abraço. — Obrigada por se tornarem tão especiais na minha vida. — E ela apertou o abraço triplo.

— Quem é você e o que fez com a Stelfs?

— Acho que ela foi abduzida por um ET do The Sims — Bia respondeu e nós três rimos.

Stelfs soltou o abraço e parou de frente pra Bia, colocando as mãos nos ombros dela.

— Bia, muito obrigada por ter me acolhido na sua casa e ter me dado moradia. — Parou um pouco e riu, enquanto a Bia a encarava com uma expressão confusa. — Nada disso teria acontecido se você não tivesse aceitado a gente no seu apê. Meu Deus... Foram tantas coisas... — Ela parou, visivelmente emocionada. Bia também parecia assim.

Stelfs a soltou e se virou pra mim.

— Ester, minha meia cunhada. — Riu baixo e eu sorri brevemente. Eu ia acabar chorando com isso tudo, quer ver só? — O meu shipp foi real. — Ri alto e ia fazer uma piada, quando ela continuou. — Tá, parei. — Sorriu, emocionada. — Obrigada por aturar minhas palhaçadas, minha intromissão e as minhas pra frentisse. — Ela riu baixo, enquanto eu balancei a cabeça, achando graça. — Eu sei que sou uma pessoa chata, mas a gente conseguiu tornar tudo legal. Valeu por esse ano. Foi divertido.

Breve silêncio. Stelfs parecia um pouco acanhada depois de todo os agradecimentos.

— Feliz natal de novo, meninas — desejou novamente, sorrindo com os olhos marejados.

— É tradição fazer esses discursos no natal por aqui? — Inventei qualquer coisa, ainda sem saber o que dizer a todas as belas palavras da Stelfs. Não nego, fiquei surpresa. Não por ser ela falando, mas por ter sido repentino. É, altas emoções nessa noite.

— Sim, tá lá nas regras, você que não viu — Bia brincou e eu balancei a cabeça.

— Devo ter esquecido. Andar muito com o Lysandre dá nisso.  

Bia riu alto e Stelfs murmurou um “coitado”.

Ficamos mais um pouco em silêncio, enquanto só se ouvia um pouco das conversas da festa e a voz de Frank Sinatra cantando My Way. Pelo visto a tia Simone cansou um pouco.

“ And now, the end is near

And so I face the final curtain

My friend, I’ll say it clear...”

— Eu que agradeço — Bia foi a primeira a quebrar o silêncio, já com lágrimas no canto dos olhos. — Por vocês terem aparecido na minha vida e dividir as contas. — Ela riu baixo. — Mas sério, obrigada por todos os momentos que tivemos.

E ela nos puxou pra outro abraço de novo. Mais silêncio. Porém ele era um pouco necessário nesses momentos. A união de gestos e palavras fazia tudo ficar mais emocionante.

Eu já tentava não chorar. Mas por que segurar?

“I’ve loved, I’ve laughed and cried

I’ve had my fill, my share of losing

And now, as tears subside

I find it all so amusing”

— Acho que vou parafrasear o Frank Sinatra, porque não sei o que falar. — É, tinha chegado a minha vez de falar.

 Soltei o abraço e olhei para as duas. Queria fazer meus agradecimentos enquanto olhava para elas. Palavras são apenas palavras. Mas, com sinceridade, elas ganham vida.

— O que eu posso falar pra vocês depois de tudo isso? — As duas riram. Stelfs limpou as lágrimas dos olhos e Bia sorriu. — Obrigada. Pelo apoio, pela amizade, por terem me acolhido, me ajudado quando eu precisava, por... — Parei e balancei a cabeça. Eu acho que vou chorar... — Por serem vocês, pela sinceridade... Obrigada. — Olhei para elas e sorri. É, eu já estava começando a chorar. — Eu ri, chorei, passei por tudo e mais um pouco, mas, durante todo esse tempo, eu sempre pude contar com vocês. Obrigada. — Abri os braços. — Agora falta eu abraçar vocês.

E voltamos de novo a um abraço triplo. Fechei os olhos, feliz e emocionada com o momento.

— Vai, gente, chega de chororô, hoje é festa. — Bia tentou animar, disfarçando que ainda estava emocionada.

— Mas nem pra deixar a gente chorar um pouco, Bia. — Fui a primeira a soltar o abraço e passar a mão pelo rosto, secando as lágrimas. É, adeus maquiagem também.

— Vamos guardar o chororô pra um dia que seja realmente triste. Bora encher a cara de refri! — E puxou a mim e a Stelfs de volta pra festa.

É, aqui era bem assim. Estava triste? Não por muito tempo. Estava feliz? Então vamos ficar mais feliz ainda! Estava chorando? Vamos secar as lágrimas. Estava chorando de alegria? Então vamos chorar também.

União. Amizade. Amor.

Não havia melhores palavras para descrever essa amizade. Como descrever esses laços? Como descrever tudo o que aconteceu?

Mesmo depois de vários meses, eu não sabia. E talvez nunca soubesse.

A única coisa que eu sei é que isso não acabaria tão fácil. E também sei que eu sempre me lembraria disso.

“For what is a man, what has he got

If not himself, then he has naught

To say the things he truly feels

The record shows I took the blows

And did it my way”

Ao som da voz de Frank Sinatra, entramos de volta pra festa. E comemoramos do nosso jeito.

FIM


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Notas finais do capítulo

Ester:

E aqui acaba a Laços, minha gente. Agradeço a cada um de vocês, que leu, comentou (eu queria agradecer a cada uma de vocês, mas vai ficar muito extenso se eu for ficar citando nomes kkk), favoritou e esteve esse tempo todo com a gente. Obrigada por terem dado uma chance a nossa fic, que fizemos de coração.
Então, como vínhamos falando, a fic não acaba aqui. Algumas suporam que viria uma segunda temporada, mas... Não é bem isso. Descompromissadamente, começamos a escrever algumas ones, no período depois que a fic acaba e acabou crescendo e crescendo, até que... Montamos uma coletânea. Isso mesmo, uma coletânea com ones em vários períodos da vida das meninas. Caso queiram continuar acompanhando a gente, é só ir aqui: https://fanfiction.com.br/historia/752611/Entre-Lacos/, porque temos muita coisa pela frente ainda!
Até mais, povo o/

Bia:

Ai gente :'))
Sequem as lágrimas, se animem! Pode ter sido o último capítulo, mas ainda não acabou ~yay
Apenas aguardem :3
Até mais ❤

Stelfs:

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH :')
Que capítulo mais amor foi esse, minha gente? Então... como a Ester, quero também dizer meu muito obrigada a vocês que estiveram com a gente nessa aventura! Agradeço por cada favorito, cada comentário, cada risada, choro, surto! Gente, vocês são de mais! Sério mesmo! A-M-E-I ganhar novas coleguinhas aqui, novas experiências, novas conversas! Foi muito bom poder partilhar com vocês :3 O que dizer, né? A não ser... GRAZIIEEEE DONNE ♥
E... antes que vocês me perguntem: "Mas e a Laços Awardssss?", não se afobem! ~tcham tcham tcham tchaaaammm.
Deixamos aqui os resultados do nosso quis lindo: https://weheartit.com/entry/305414056
https://weheartit.com/entry/group/124171725
https://weheartit.com/entry/305414138

Obrigada a você que votooooou :D
E espero nos encontrarmos mais nas Ones, menines :3
Bacione



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