Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 46
Confissões


Notas iniciais do capítulo

Stelfs:

Oi gente lindaaaaaa ♥
Estou ansiosa sim pra esse capítulo e porque ainda tem 2 trabalhos da faculdade e uma prova pra fazer ~suspiro.
Maaaaas, esse capítulo está de matar! [ops :x]
Pra vocês não se sentirem perdidos nos esquemas, itálico = flashback e fonte comum = o que tá acontecendo naquela hora ;)

Se divirtam! :3
E boa leitura

Ester:

Hello hello peps! Preparados pro segundo tempo da treta entre Castiel e Stelfs? 1, 2, 3, FIGHT!

Bia:

Ooeee gente!
Vocês queriam treta? Tiveram treta. Agora vão ter mais um pouco xD
Boa leitura!



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— Será que não dá pra agir feito homem pelo menos dessa vez, não?

Mas Castiel não me escutou por causa da música estrondosa.

Entretanto, quando ele me viu, soltou um acorde alto e vibrante, continuando a tocar com ainda mais violência. Tava muito alto o som. Mais alto do que normalmente ele colocava. Eu não me segurei e fui na direção do amplificador, me preparando pra desligá-lo, quando Castiel avançou quase junto comigo, segurando meu braço com rapidez.

O som parou.

— Você tá louca?! — Perguntou em bom e irritadiço tom.

Senti os dedos dele sobre meu braço, apertando ele com muita força.

Só espero que não fique roxo.

Eu olhei pro seu rosto, enquanto ele arfava, e vi seus olhos cinzas raivosos e, ao mesmo tempo, entristecidos.

— Agora sim dá pra gente conversar como duas pessoas civilizadas — Eu falei também irritada.

— Conversar? — Castiel rebateu e soltou meu braço em uma velocidade inacreditável — Eu não tenho mais nada pra conversar com você — Disse, abaixando o tom de voz e virou o rosto, bufando.

Olhou pra a guitarra, posicionando os dedos no braço dela em um acorde e ia descer a mão, quando eu o impedi, desligando o amplificador. Castiel me olhou de uma forma que eu jurei que fosse me matar.

— Será que você pode me deixar em paz?! — Praticamente gritou.

O encarei assustada e fiquei atordoada alguns segundos com isso. Suas expressões se suavizaram ao perceber a minha cara de medo diante daquela agressividade. Respirei fundo, tentando não rebater com alguma frase ácida ou violenta.

— É sempre assim, né, Castiel? — Senti meus olhos se encherem de lágrimas e balancei a cabeça, dando as costas pra ele.

Eu queria encerrar aquilo. De uma vez por todas. Mas ele me puxou pelo braço. Como sempre. Me virei de uma vez e me bati contra ele sem querer, erguendo meu rosto e encontrando Castiel olhando pra mim de uma maneira séria. Foi a primeira vez que vi esse olhar.

— Me solta — Alertei, falando com pausas e tentando me afastar dele.

— Não — Sua voz era normal — Agora você vai ter que me escutar — Apesar de estar claramente irritado —Você não queria tanto saber o que tá acontecendo? — Lançou essa pergunta com sarcasmo.

Eu o olhei. Castiel tinha no rosto uma confusão de expressões.

 — Eu tô indo embora, Stefany — Foi direto.

 Eu abri a boca, espantada.

Não, isso não era possível...

— Satisfeita agora? — Finalizou, soltando meu braço fracamente.

Me olhou de maneira abatida e zangada.

Então era por isso que ele... era por isso...

Eu fiquei em silêncio, sem saber como proceder depois dessa revelação.

— Castiel, eu... — Tentei dizer alguma coisa, mas parecia impossível. Eu estava muito arrependida. E me sentia uma idiota.

Ele tirou a guitarra do ombro e a colocou no descanso.

— Agora você já pode ir pra casa — Me disse, extremamente chateado com tudo e começou a andar, me dando as costas.

Eu o vi se afastar, sentindo as lágrimas começarem a descer pelo meu rosto. Ele saiu do “estúdio”, entrando no corredor e eu fiquei ali, me sentindo a pior pessoa do mundo.

Espera, agora é a minha vez. Eu sou uma mulher ou o quê?!

Respirei fundo e cessei o choro, caminhando rápido e passando pelo batente da porta. Vi a silhueta de Castiel desaparecer pela porta do seu quarto e praticamente corri, parando em frente a ela quando ele estava prestes a fechá-la. Ele parou e me encarou surpreso. O atropelei com um abraço sofrido e forte e senti o corpo dele vacilar com aquele contato, para depois me atar com os mesmos sentimentos que os meus.

Chega. Eu não queria perdê-lo dessa forma. De novo, não.

Simplesmente chorei. Eu não consegui mais segurar. Encostei a testa no peito dele e as lágrimas me atropelaram de repente, descendo com velocidade e quantidade pelo meu rosto, de uma maneira incontrolável. Estava sendo doloroso. Senti que Castiel não sabia muito como lidar com isso, mas ele continuou ali, abraçado comigo em silêncio.

Eu sabia que eu deveria tentar ser forte. Não era pra eu estar chorando, caramba. Era pra eu tentar ajudá-lo, dar apoio, falar palavras bonitas, sei lá... meu Deus, eu e Castiel somos iguais. Tentando nos fazer de resolvidos e independentes, mas no fundo, estávamos mais fragilizados que tudo.

Eu afastei minha testa e funguei um pouco, passando o braço no rosto. E vi que ele me olhava. Engoli em seco, mas dessa vez, tentei não parar mais o choro. Eu precisava ser fraca. Pelo menos agora. Castiel colocou as duas mãos em meu pescoço, me forçando a levantar o rosto e o encarar. Abri um sorriso fraco e triste. E finalmente tive a coragem de falar:

— Me perdoa... — Disse baixo, percebendo as lágrimas voltarem — Eu agi feito uma idiota, Castiel... — Admiti, passando os dedos pelos olhos — Acabei te cobrando uma coisa que eu não devia e... — Parei, sentindo um nó na garganta — Fiz a gente brigar, estraguei tudo, te deixei nervoso... — Comecei a soltar em um frenesi desesperado pra tentar explicar — Mas eu só tava preocupada com você...

Eu falei assim e Castiel se espantou, me olhando com assombro.

— Eu queria poder ajudar, queria ser seu apoio, eu queria só tá do seu lado, e-

Ele me beijou de repente. E eu não pude terminar meu discurso.

Foi um beijo desesperado. Cheio dos sentimentos que a gente trazia: raiva, arrependimentos, tristeza, saudade. À medida em que nos beijávamos, ia sentindo o ritmo e a velocidade diminuir e aquele turbilhão de emoções se acalmar. Nem faço ideia de quanto tempo gastamos nesse momento único e indescritível. Mas, de todos os beijos dados com Castiel, este, consideravelmente, havia sido o melhor.

Ele me deixou com um beijo discreto e abaixei a cabeça, sentindo meu rosto queimar e corar.

— Você também queria isso? — Castiel me provocou do seu jeito, me fazendo soltar um riso tranquilo. Ele tinha voltado.

Olhei pra ele, deixando que visse minha vergonha estampada na cara e o sorriso.

— Estava com saudade de você — Assumi, nem ligando pro que ele ia dizer depois disso. Eu só queria que ele tivesse certeza de que ele fazia falta na minha vida.

Ele sorriu. Não debochado ou daquele jeito. Ele só sorriu. Alegre.

— Eu também, mocinha — Admitiu baixo.

E ri. Também alegre.

De repente, Castiel me ergueu do chão, me fazendo gritar e colocar a mão na boca, lembrando que Lysandre deveria tá tentando dormir e desatei a rir logo depois, quando ele me colocou no ombro de súbito e saiu comigo pelo corredor. Ele me carregou até a cozinha e me sentou na bancada. Ainda estava rindo daquilo. Olhei Castiel abrir a geladeira e fiquei intrigada, pensando no que ele estava fazendo. Escorei minhas mãos no mármore com um sorriso e ele tirou o rocambole que eu tinha trazido mais cedo.

Ele o colocou em um prato, enquanto eu o acompanhava com o olhar toda besta. Partiu os pedaços e se virou, rindo pra mim e colocando-o do meu lado na bancada. Então se apoiou no escoro do banco e pegou impulso, se sentando do outro lado do prato. Levei um susto, imaginando se aquela bancada era firme o suficiente pra nos aguentar.

Ele gargalhou e pegou um dos pedaços do doce, já comendo. Eu ri e o imitei. Castiel terminou o seu e me olhou.

— Abriu uma vaga no curso que eu tentei vestibular no final do ano passado — Ele começou a falar e eu me surpreendi, prestando toda a atenção que eu podia. Esse era um momento importante — E como eu era o próximo da lista, a faculdade me chamou.

Eu olhei pra ele, ainda comendo e concordei com a cabeça.

— Eu nem esperava ser chamado, na verdade — Vi ele dá uma risadinha debochada e incrédula — Apesar de não ser um curso tão concorrido, também não é algo que se abra vaga sempre — Explicou, inclinando o corpo e escorando ele com as mãos na bancada.

— Entendi — Assenti com o rocambole na mão a caminho da boca — Que curso que é?

— Engenharia de aeronaves.

— Nossa — Soltei, abismada — Não esperava isso de você — Fui sincera e impulsiva e me repreendi por isso — Mas faz sentido, acho — Complementei e Castiel me olhou com uma cara confusa e estranha — Digo, sei lá, combina sim com você, apesar de não parecer — Consertei e ele riu, voltando a encarar o teto.

Mordi mais um pedaço do doce.

— Onde é a faculdade? — Continuei o interrogatório.

Eu estava adorando isso.

Mas Castiel ficou sério de repente. E eu parei de mastigar meu rocambole por uns instantes, olhando pra ele. Senti um baque.

— Los Angeles, na Califórnia — Soltou de uma vez, sem me olhar.

Senti uma facada no peito e coloquei o rocambole de volta no prato. Terminei de comer o que estava na minha boca, enquanto o olhava inquieta.

— Você tá me dizendo que você vai... Pra fora do país?! — Perguntei reticente e temerosa.

— Hum Hum — Murmurou.

— Caramba... — Foi o máximo que eu consegui dizer.

E fiquei em silêncio depois disso. Tudo parecia se encaixar dentro de mim. As coisas fizeram sentido. Por isso o passaporte, os documentos... aquela insegurança... a distância... Meu Deus, como eu sou idiota.

— Você queria terminar comigo, não é? — Eu perguntei de supetão e ele me olhou rápido e em um susto e voltou o rosto pra frente com uma tristeza.

Não precisava mais de palavras. Mas Castiel quis me dar:

— Eu não queria.

Eu o encarei na mesma hora, atordoada com essa resposta imediata.

— Mas eu não via outra saída — Admitiu logo depois.

Abaixei a cabeça e segurei meus próprios joelhos. Meus pensamentos nem sabiam mais como se comportar. Era tanta coisa de uma só vez que processar tudo isso parecia me custar a vida. Permaneci em silêncio, enquanto raciocinava.

— É muita maluquice pedir pra gente continuar com isso com essa distância toda — Castiel me confidenciou e eu só virei meu rosto.

— Mas você ia pedir? — Perguntei com um sorriso mais ou menos na boca, sentindo uma ponta de esperança dentro de mim.

Ele me olhou assustado.

— O quê...?

— Porque se você me pedisse, — Eu comentei, tirando as mãos dos joelhos e ajeitando minha coluna — Eu ia dizer que sim, mesmo achando que é muita maluquice — Fui sincera, soltando um risinho leve.

Castiel franziu as sobrancelhas.

— Você tá me dizendo...? — Ele começou a gargalhar — Isso nunca daria certo — Falou debochado e descrente.

Balancei a cabeça, também rindo com o mesmo deboche.

— Olha só pra gente, Castiel! Eu sou... Assim — Me apresentei — E você é quem você é — Falei engraçada — Nem em circunstâncias normais a gente daria certo — Comentei dando ênfase e ele me olhou sério — Mas estamos aqui, não estamos? — Completei logo depois — Por que não poderíamos dar certo de outra forma? — Sorri pra ele — Temos 50% de chance de dar certo e 50% de dar errado. Eu prefiro arriscar nos 50% do que nunca tentar — Resolvi abrir o jogo e falar tudo que eu tava sentindo, não importando com o resultado disso.

Castiel abriu um sorriso de lado, tirando o prato do nosso meio e o colocando em cima do banco. E me segurou pela cintura, vindo pra mais perto de mim. Eu já ri, sabendo o que viria depois disso. E mexeu nos meus cabelos como sempre, mas dessa vez, mantendo contato visual comigo. Engoli em seco.

— É por isso que eu gosto de você — Falou sussurrado e baixo.

Espera, isso era uma declaração?

Senti seu beijo mais uma vez. E cedi. Por mais que meu cérebro não quisesse me dar descanso, nem mesmo nesse momento, resolvi abstrair qualquer pensamento que fosse, me concentrando naquilo que estávamos fazendo. E foquei em todas as sensações que esse momento trazia.

Era difícil admitir isso pra mim mesma, mas eu gostava demais desse homem.

Saímos daquele beijo, mas continuamos nos olhando. Castiel mexia em meus cabelos deliciosamente. Passei meus dedos pelos seus, levando-os para trás de sua orelha e sorri espontânea, abaixando a cabeça, desconcertada com o seu olhar incisivo sobre mim. Ele riu, achando minha vergonha divertida e me puxou contra ele. Senti seus braços me rodearem e fiquei ali encostada em seu peito, pensando em tudo que tinha acontecido.

Nem parecia real...

Eu estava tentando não pensar nisso, mas... era inevitável. Castiel estava indo embora. E pra outro país. É claro que eu ia apoiá-lo. É claro que eu queria que ele fosse. Mas eu não queria ele longe. Eu sabia que isso era egoísmo meu. E que também era egoísmo tremendo querer que ele ficasse comigo mesmo longe. Mas ele também queria. Então, se estivéssemos sendo egoístas, seríamos juntos.

Castiel abriu um bocejo de repente e sai do seu abraço quentinho, olhando pra ele.

— Acho que tá na hora de eu ir, né? — Falei engraçada, descendo da bancada e abri um sorrisinho, começando a andar na direção da porta.

Ouvi Castiel pular da bancada. E me segurou pelo pulso, mas dessa vez com delicadeza. Virei meu rosto na sua direção, mirando as bochechas avermelhadas. Eu, simplesmente, adorava quando ele se desconcertava assim.

— Fica — Me pediu em um tom baixo.

Olhei seus dedos me segurarem em um gesto tão cheio de amor e seu olhar suplicante e não aguentei.

Esse era o momento de “fraqueza” do Castiel.

Me virei, me aproximando dele, passando os dedos por seus cabelos e depositei um beijo em seus lábios.

— Só um pouquinho, tá bom? — Abri um sorriso idiota, ainda brincando com seus cabelos.

Castiel riu com satisfação e soltou meu pulso, apoiando meu pescoço. E começou a me dar beijos superficiais, segurando minha cintura e caminhando comigo pela casa, me fazendo rir entre seus lábios. Entrelacei em seu pescoço também, me deixando ser guiada por ele, quando senti algo tocar a curva dos meus joelhos.

Caímos no sofá em uma diversão e eu comecei a rir muito, fazendo Castiel tirar seus lábios dos meus. E me olhar com um sorriso alegre. O olhei engraçada e comecei a fazer cócegas nele, provocando umas gargalhadas gostosas. Ri junto com ele, não porque ele ria, mas porque senti que Castiel estava feliz. Ele começou a tentar me impedir, enquanto se remexia e acabamos caindo os dois do sofá, rolando pelo tapete da sala.

Continuamos a rir sem cessar, deitados de barriga pra cima no tapete. Então respirei fundo, tentando segurar o riso e voltar a ser uma pessoa normal. Virei meu rosto pro lado e vi o de Castiel me olhando. Estendi minha mão e acariciei seu rosto. Ele sorriu e mordeu meu dedo, brincando. Eu balancei a cabeça, rindo e arrastei meu corpo pelo tapete, me aproximando dele e o abraçado pela cintura. Ele passou o braço pelo meu pescoço e me juntou contra ele, me fazendo deitar em seu peito.

Me aconcheguei ali e respirei fundo, suspirando logo depois. Ele começou a mexer nos meus cabelos e fechei os olhos, sorrindo.

— Castiel? — O chamei de repente e com a voz baixa, desfrutando daquele carinho.

— Oi — Ele me respondeu e levantei meu rosto, olhando o dele, que mirava o teto.

— Por que Los Angeles?

Ele continuou penteando meus cabelos com os dedos e com o rosto pra cima.

— Eu queria me aventurar — Respondeu parecendo indiferente.

Abri um sorriso e brinquei com a malha da sua camisa, voltando meu olhar pros meus movimentos.

— Não posso dizer que não te entendo — Soltei aérea e Castiel me olhou. Senti o movimento da sua cabeça e levantei a minha, encontrando seus olhos confusos sobre mim — Eu sempre quis sair do país— Confidenciei.

Ele lançou seu riso meia boca. Sim, aquele. Autoconfiante e que me matava do coração.

— Você já pode ir me visitar.

Um sorriso se expandiu em meu rosto.

— Quem sabe qualquer dia desses? — Brinquei, me divertindo imensamente com esse momento.

Ele se virou, ficando de frente pra mim e apoiou a mão na lateral da minha cintura, me olhando. Eu sustentei aquele olhar. Estava se tornando constante isso, não?

— Então vou te esperar — Me respondeu com o mesmo sorriso vaidoso e me beijou de novo.

E assim a noite se estendeu entre conversas, gargalhadas e beijos. Até que caímos no sono sem percebermos.

Acordei, soltando um muxoxo preguiçoso e me remexi devagar, enquanto começava a escutar o som dos carros lá fora. Me virei, afundando a cara no meu travesseiro, começando a tomar consciência do mundo. Prazer, método de acordar da Stelfs. Então senti um cheiro diferente naquele travesseiro e franzi as sobrancelhas, tateando ao meu redor. Encostei a mão na parede ao meu lado e estranhei.

Espera aí, minha cama não é encostada na...

Eita, pleura.

Virei meu rosto pro outro lado, abrindo os olhos e encontrando as costas de Castiel.

Ah, meu Deus.

Senti meu rosto esquentar no mesmo instante. Ele tossiu fraco, se mexendo e eu lhe dei as costas em uma rapidez. Não queria que ele me visse desconcertada desse jeito. Escutei um barulho de celular, fazendo Castiel levar um susto e subi o edredom à altura do meu nariz, fechando os olhos e fingindo que ainda dormia. Ele desligou o telefone. E murmurou desanimado, ficando um tempo em silêncio. Suspirou com um barulho.

Então senti um impacto no colchão e percebi que ele saía da cama. Escutei a porta do quarto ser aberta e me virei de novo, vendo o seu vulto desaparecer. Suspirei aliviada, mas não tive coragem de sair da cama. Aproveitei e vasculhei o ambiente com o olhar. Me sentei devagar, me espreguiçando e fiquei ali, ainda processando tudo.

Prazer, método de acordar da Stelfs.

Escutei barulho de descarga, da pia e fiquei ali, ainda, pensando na vida. Abri um bocejo e passei a mão pelos cabelos, aproveitando pra prendê-los em um coque. A porta do banheiro se abriu e em questão de segundos, Castiel apareceu na porta. Me lançou um olhar engraçado e sorriu com deboche.

— Já ia vim saber se você ainda tava viva — Me zuou, entrando — Porque ontem eu podia jurar que você tava dopada — Comentou com uma gargalhada e eu acompanhei ele andar pelo quarto com o olhar.

Foi aí que minha ficha caiu.

— Espera, foi você que me trouxe pra cá? — Perguntei perplexa, pensando em como ele conseguiu fazer essa proeza.

— O Lysandre que não foi — Respondeu com seu jeito simpático de ser e arrancou a camisa do nada, me fazendo tampar o rosto com o edredom e ficar mais vermelha que tudo.

— Êi, seu sem graça, avisa quando for fazer isso! — Briguei e Castiel deu uma gargalhada gostosa.

— Que que foi, garota? — Me criticou e escutei o barulho do desodorante e o guarda-roupa sendo aberto — Não sabia que você era assim, cheia de pudor — Comentou engraçado, terminando de vestir a camisa limpa.

— Eu sou sim — Falei, destampando meu rosto e preparando pra reclamar com ele, quando Castiel arremessou a camisa usada na minha cara — Êi! — Fiz de novo, com a voz abafada pela peça e a gargalhada dele ressoou pelo quarto.

Tirei ela da minha cara e fiz um bolinho, jogando de volta no Castiel, fazendo ele rir e tentar revidar. Me desviei da roupa voadora, saindo da cama em um galope e corri pelo quarto. Ele veio atrás de mim e sai do quarto, correndo pelo corredor, já rindo feito uma condenada.

— Para, Castiel — Comentei entre as risadas que eu dava, sentindo que eu perdia as forças.

Cheguei na cozinha e parei imediatamente, encarando as duas figuras sentadas na mesa com um rosto assustado. E envergonhado.

— Stelfs?!

 ...

— E foi assim que você me encontrou na cozinha do Lysandre — Brinquei, erguendo a xícara e bebendo o meu café.

Ester ficou um bom tempo me olhando com cara de Nazaré e eu ri. Tudo bem, vai, era muita informação pra ser processada.

— O mundo tá desmoronando — Soltou assim e franzi as sobrancelhas, sem entender o que ela quis dizer.

Lysandre lançou um olhar rápido pra ela da pia e depois pra mim, como se me perguntasse: “Será que ela tá bem?”.

— O Castiel tá indo embora? — Ficou chocada — Nunca ia imaginar ele passando numa faculdade no exterior — Comentou.

Eu comecei a rir.

— É, ninguém imagina mesmo — Respondi engraçada.

— Mas como vocês vão fazer com o relacionamento de vocês? — Me atropelou com essa.

Lysandre terminou de lavar a louça e saiu da cozinha, indo pro quarto.

— Bem, — Respondi com um suspiro — A gente vai tentar manter ele à distância — Falei com um riso — Mas também não garantimos nada — Senti essa frase apertar meu peito e fiquei séria de repente.

Ela pôs a mão no meu ombro.

— Pelo menos vocês vão tentar — Sorriu pra mim — Mesmo que não dê certo, vocês tentaram.

Sorri de volta, morrendo com esse momento de colegagem.

— Mas você tá bem? — Me lançou logo depois e parei o rocambole a caminho da boca. De novo, né?

E sim, estávamos comendo ele no café. Com a Ester [Aeee!].

Assenti com a cabeça.

— Acho que sim — Respondi — Na verdade, não quero pensar nisso agora. Não enquanto Castiel estiver aqui — Abri um sorriso fraco — Vou deixar pra sofrer quando for a hora pra isso — Disse séria — Enquanto isso, vou aproveitar o restante dos dias que eu tenho com ele — Mais um sorriso.

— Você tá aí ainda? — Castiel veio do quarto, me olhando com uma cara séria, enquanto enfiava a carteira no bolso da jaqueta e segurava as chaves da moto — Depois não reclama se chegar atrasada na faculdade — Disse carrancudo, abrindo o armário e tirando uma xícara.

Fiz um bico chateada.

— Depois a gente conversa melhor, Ester — Comentei, me levantando da cadeira e passei por Castiel, que vinha buscar café, dando um beijinho nele — Quinze minutos — Eu falei divertida, indo até a porta e a abrindo — Eu juro — Pisquei pra ele, saindo do apartamento.

Fui pra casa, ainda pensando na noite anterior. Meu Deus, parece que eu tinha vencido o chefão e estava em uma fase nova. Pelo menos era assim que eu me sentia. Sorri igual uma idiota, pensando que Armin ia adorar essa comparação. E vasculhei meu guarda-roupa, procurando algo mais ajeitadinho pra vestir. Afinal, não é todo dia que meu namorado vai me levar na faculdade. Ri e balancei a cabeça.

Ai, que besteira.

Escolhi um vestido que parecia uma blusa, porque era larguinho e batia nos meus joelhos e coloquei uma jaqueta jeans por cima, fechando o look com um tênis mais feminino. Escovei os dentes, arrumei os cachos do meu cabelo e passei uma maquiagem discreta só pra não chegar com os olhos muito inchados na faculdade. Sorri pra mim mesma no espelho e saí catando minhas coisas pela casa e enfiando dentro da bolsa, enquanto voltava pra porta. Abri ela e encontrei Castiel encostado e de braços cruzados na parede de frente.

Passei e a tranquei, percebendo que ele me acompanhava com os olhos. E me aproximei dele.

— Pronto — Falei com um sorriso gostoso na boca e Castiel sorriu de lado, desencostando da parede.

— Nada mal, mocinha — Comentou.

E fomos pro elevador. Saímos no estacionamento, encontramos a moto dele e em questão de segundos, já alcançávamos a rua. Abri um sorriso quando o vento bateu contra meus braços agarrados na cintura dele. E deixei que aquele momento me absorvesse por inteira. Nem demoramos tanto e Castiel encostou na entrada do prédio me fazendo descer e tirar o capacete pra entregá-lo. Ele tirou o dele, apesar de continuar montado na moto e me puxou pra um beijo de despedida, me fazendo ficar roxa de tanta vergonha.

E a Carol viu.

Nem preciso dizer que ninguém mais estudou, né? Ela quis saber todos os detalhes.

O almoço foi legal, comigo falando igual maritaca, recontando todos os detalhes pra Ester, que me fez várias perguntas sobre minha futura vida. Depois tentamos falar com a Bia, que não nos atendeu. A tarde se passou comigo (finalmente) estudando, enquanto Ester arrumava as coisas pra podermos levar pro brechó, como vocês mesmos já sabem. E à noite se resumiu naquela camaradagem entre eu, Ester, Lys e Nathaniel. Foi legal.

Bom... Já estávamos indo embora do café, quando escutei um assovio agudo. Não somente eu, mas todos os outros olharam pra direção do som, nos deparando com um motoqueiro fantasma parado de braços cruzados na sua Harley Davidson. Sorri. E me voltei pro pessoal:

— Gente, eu vou lá falar com ele — Encarei os três, recebendo uns olhares que iam desde: “Você conhece esse ser?” até “Cuidado, menina” — Podem ir embora sem mim — Comentei e fui andando em direção ao Castiel, que tirou o capacete à medida que eu me aproximava dele.

Vi seus cabelos balançarem com aquele movimento.

— Oi, moço — Cumprimentei com um sorriso divertido e engraçadinho, vendo que ele fazia a mesma coisa comigo — Que bons ares te trazem aqui? — Questionei, brincando e ele me enlaçou pela cintura.

— Vim buscar minha garota — Respondeu com seu ar vaidoso e balancei a cabeça de forma hilária.

— Ela deve ser uma garota de sorte por ter um namorado tão bonitão como você — Fiz essa piadinha e Castiel começou a rir, se sentindo, claro.

E assim terminou a noite. Entre risos, motos e Burguer King.


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Notas finais do capítulo

Stelfs:

Oie ♥
que acharam desse capítulo, meninas? Estranho? Exótico? Impossível?
Que acharam do senhor Castiel querer fazer uma faculdade? E morar no exterior? Acham provável, não acham... Conversem comigo sobre suas opiniões! ADORO! :3
Até quarta com a Biazinha ♥


Ester:

Tivemos algumas leitoras que acertaram nossa enquete com: C) Castiel vai se mudar. Vamos dar bala pra cada uma que acertou -n
Até sexta, gente o/

Bia:

Ai esses dois! Como eles ficarão agora? Será que vai dar certo esse namoro a distância? Veremos ~~
Até sexta o/



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