Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 42
Hora da verdade


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Hello hello peps! Como vão? Preparados pra tiro, porrada e bomba? -nn De qualquer forma, preparem os hearts, porque esse cap tá que um up, altas emoções kkkk
Boa leitura ;)
Ps: Vamos continuar postando os doodles das meninas, hoje soy yo :)
Bia:
Oooee gente! Preparados para pegar os feels e segurá-los um tempo? Se preparem :B
Boa leitura!
Stelfs:
Bom dia, meninas! E hoje é um dia mais que especial porque é dia de... Laços! Segurem os cintos que o capítulo hoje tá de perder o fôlego, então, DIVIRTAM-SE! Ou não :B
Boa leitura.



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Eu e Bia nos ajeitamos nos nossos lugares, enroladas nas cobertas, esperando a Stelfs voltar:

— O que será que aconteceu com o Castiel? — perguntei, enquanto encostava a cabeça no travesseiro e encarava a porta.

— Sei lá, nem sabia que ele tinha sumido esses dias — ela respondeu, apoiando o braço no colchão e escorando o rosto, olhando pra mim.

— Ué, era de se imaginar, com o silêncio que tá — comentei divertida e caímos na risada as duas, brincando mais um pouco.

Minutos depois, Stelfs voltou e fechou a porta.

— E aí? No que que o Castiel se meteu dessa vez? — Bia perguntou direto e eu abri espaço pra Stelfs se sentar ao meu lado.

— Ele foi passar uns dias na casa dos pais dele. Aquele ridículo viaja e não avisa ninguém — disse isso como se fosse simples, mas dava pra perceber pela cara dela que tava um pouco aliviada.

Enfim, começamos a “conjecturar teorias” (na verdade, zoando o “querido da Stelfs”) e ela cortou, dando play de volta no filme. Terminamos de assistir, rindo mais um pouco. Na verdade, acho que a gente mais zoava do que via, mas isso é um caso à parte.

Depois, o filme acabou e fomos jogar as coisas fora. Não gosto de bagunça no meu quarto, obrigada, de nada (que?). As meninas voltaram com colchonetes, dizendo que iam fazer uma “noite do pijama”. Ofereci apertar todo mundo na mesma cama, pra elas não terem que dormir no chão, mas Stelfs disse que não queria cair da cama (ué, eu não sou espaçosa, mas fazer o que, né?).

Nos arrumamos pra dormir e apagamos a luz, indo cada uma pro seu colchonete e eu pra minha cama. Conversamos até sabe se lá quando, mas eu ouvi algum relógio bater uma hora completa, talvez fosse meia noite.

As meninas ficaram quietas, provavelmente já dormindo e eu virei pro lado, encarando o quarto escuro (na verdade eu deixei o abajur ligado, por causa da Bia, mas relevemos, relevemos). Eu amava essas meninas assim como amava meus amigos mais próximos. Amava Lysandre, mesmo que estivéssemos havia tão pouco tempo junto. Amava meu curso, amava até mesmo a cidade, que eu não conhecia muito, e talvez nem chegasse a conhecer...

Enfiei o rosto no travesseiro. Sentia o sono chegando, mas meu cérebro parecia não querer parar de funcionar, pra que eu pudesse descansar um pouco. Apesar de que mesmo nos meus sonhos eu tinha cobranças. Cobranças de conversas que eu adiei. E continuava adiando. Mas não tinha mais jeito, o tempo estava correndo e eu tinha que arranjar uma solução logo. Isso é, se é que tinha.

Suspirei, repassando mais uma vez as falas que eu deveria dizer. Milésima vez, desde terça. E então, dormi.

Acordamos de manhã, com meu celular tocando Epica, porque sempre escolhia uma música pra acordar no susto. As meninas quase morreram do coração na hora e reclamaram, tentando dormir mais um pouco. Eu parei a música e pulei por cima delas, indo pro banheiro me arrumar.

Quando voltei, as duas estavam finalmente levantando e recolhendo os colchonetes. Cada uma foi pro seu quarto se arrumar e eu peguei meu material, indo pra cozinha e começando a fazer café.

Me sentei à mesa e comi a broa que tinha e bolo, porque ninguém tem ânimo pra levantar tão cedo e sair pra comprar pão.  As meninas apareceram por lá com o frescor matinal (hã?) e começaram a comer, quando eu já estava levantando e indo lavar as coisas.

Disse pra elas que ia um pouco mais cedo pra faculdade. Na verdade, eu queria evitar qualquer conversa, me refugiando em mim. E também ponderar ainda mais o que eu ia falar mais tarde. Daquele dia, não passava.

Sai no corredor e lembrei que tinha que esperar o Lys pra irmos juntos. O que será que ele tava fazendo? Mandei uma mensagem perguntando, mas, em vez da resposta, a porta foi aberta. Parei de digitar no celular e encarei ele, que tava parado e me observando. Lysandre sendo lindo em plena manhã de sexta-feira!

— Bom dia, Ester — cumprimentou, com um sorriso de garoto Colgate e eu retribui fracamente. Nos beijamos de leve, e eu engoli em seco, por causa de um contato físico tão cedo com meu humor sombrio. Ele fez um gesto para que eu entrasse.

Acabei aceitando, mudando de ideia sobre ir sozinha.

Vi uma mesa posta, não muito cheia, já que o Castiel não estava ali.

— Aproveitando a bad no café? — perguntei e fomos nos sentar à mesa. Ele ofereceu puxar a cadeira pra mim, no maior amor e cavalheirismo, mas eu fui mais rápida. Coloquei a mochila na cadeira ao lado.

— Não sei o que você entende por “bad” — comentou engraçado e me ofereceu comida. Recusei, dizendo que já tinha tomado café. Pegou uma torrada e começou a comer.

— Eu disse bad porque você tá tomando café sozinho. Maior bad ter uma mesa farta e comer sozinho. — Estiquei as pernas embaixo da mesa e o observei tomar café. — Apesar de que assim sobra mais pra gente. — Sorri de leve com isso. Não é nem novidade que eu amo comida, né não? Só não sou o Castiel que tem solitária nas tripas e come feito uma draga ambulante, como diz minha mãe. Comentei isso com ele.

O coitado quase se engasgou com o café e eu ri da cara dele, pedindo desculpas depois.

— Vou dizer para o Castiel que você está preocupada com a saúde dele. — Entrou na minha e brincou também, me fazendo gargalhar. Obrigada, Lys, por levantar meu humor tão cedo.

Fiquei quieta por algum tempo, balançando o pé e o observando.

— Resolveu acordar um pouco mais cedo hoje? — A voz dele me trouxe de volta pra realidade. Eu o encarei, vendo que ele tava falando comigo (com quem mais ele ia tá falando, criatura?).

Meu cérebro saiu do momento tela azul e eu respondi:

— Éééé... — Muito esclarecedor. Ele estava me encarando, talvez preocupado com o meu bug momentâneo. — Na verdade, eu acordei no horário de sempre, você que tá atrasado. — Peguei meu celular do bolso e olhei as horas. Mostrei pra ele. — Olha só, vamos andar rápido, my dear. — E bati umas palmas, pra fazer ele acelerar.

Não vou negar, fiquei com dó do rapaz, mas foi a resposta mais rápida que veio na minha mente.

Lysandre me olhou com uma cara ao mesmo tempo estranha e divertida.

— O que você tomou no café? Parece animada.

— Sabe o que eu tomei? — Dei uma pausa e ele negou com a cabeça. — Um choque! — exclamei e comecei a rir, deixando-o completamente perdido. — Falando sério, é melhor andar rápido pra gente não se atrasar. — E dei um dos meus sorrisos de canto, em meio a tanta brincadeira.

Ele terminou de comer rapidamente e eu me ofereci pra lavar a louça (prometendo não quebrar nada dessa vez), enquanto ele ia escovar os dentes.

Lavava as coisas na maior calma, pensando na vida e em como contaria o que estava acontecendo pra ele, mais tarde, conforme minhas mãos eram congeladas com aquela água fria. De repente, senti seus braços na minha cintura e um beijo na bochecha. Minha respiração falhou por um segundo.

— Vamos andar rápido, my dear, ou vamos nos atrasar — Lys sussurrou no meu ouvido e eu abri a boca e me virei.

— Então é assim, é? Virando minhas frases contra mim? — Fingia uma cara de indignada. — Pois então tome. — E joguei água nele, mas a brincadeira não durou muito, senão íamos nos atrasar de verdade.

Pegamos nossas coisas e saímos. As meninas talvez já tinham ido. Entramos no elevador silencioso e passamos pela portaria. Dessa vez não tinha o John pra eu incomodar cantando Beatles.

Íamos andando um pouquinho rápido e eu tentava puxar assunto, pra não ficar calada e transparecer meu nervosismo.

A verdade é que dentro de mim estava uma bagunça. Era medo, nervosismo, desespero e incertezas. Mas eu tentava disfarçar tudo isso, não deixando que ninguém visse. Porém não tinha como não sentir uma certa azia no estômago.

Eu e Lysandre nos despedimos e cada um foi pro seu prédio.

Não preciso nem dizer que a manhã passou lentaaaameeeenteeeeee. Parecia que uma tartaruga tinha tomado o lugar do cuco e fazia os ponteiros correrem devagar.

Na aula de literatura estrangeira eu estava quase morrendo de tédio, com a voz arrastada do professor. Parecia até que ia dar sono.

Depois de quase dormir sentada lá, a aula acabou e eu fui pra casa. Por incrível que pareça, era a primeira a chegar e comecei a adiantar o almoço. Coloquei o CD novo do Lacrimosa pra tocar e mexia a cabeça com aquela melodia dançante e que eu não entedia lhufas, já que era em alemão.

Porém, a música parou e Thin Air começou a ressoar. Apaguei o fogo e olhei o nome no visor. Ai, meu... Pra piorar, não era nem meu pai, mas minha mãe dessa vez. Tava ferrada!

...

Depois de quinze minutos de conversa e uma bronca, sai do meu quarto. Tinha ido até lá caso as meninas chegassem. Passei pelo corredor e forcei um sorriso quando encontrei com a Bia lá, mexendo no fogão.

— Muito bonito, não é? Tomando meu lugar na cozinha. — Parei com as mãos na cintura e ela olhou pra mim.

— Bobeou, perdeu o lugar — disse rindo e eu abri a boca, como se tivesse indignada. Bia riu mais ainda e voltou-se pro fogão.

— Tá bom então. — Me sentei no banco da bancada. ­— Mas hoje já é seu dia de lavar a louça — eu disse despreocupadamente, enquanto cutucava as cutículas da unha.

— Nossa, Ester, que ruim. — Virou pra mim com um bico e eu abri um sorriso.

Ela voltou de novo a olhar a panela e começou a puxar conversa. Porém, eu acabei não respondendo como gostaria, já que minha mente retornou pro assunto que eu tinha que conversar com ela e a Stelfs. A azia parecia ter piorado e eu nem sentia vontade de almoçar.

Minutos depois, Stelfs chegou na maior animação, como sempre. Bia terminou o almoço e cada uma pegou seu prato e foi colocar comida. Não peguei muita, já que meu humor foi ladeira abaixo e eu estava mal.

Começamos a comer e Bia e Stelfs dominavam a conversa. Enrolava um pouco pra comer, admirando os grãos de arroz junto da carne.

— Ester? — Stelfs chamou minha atenção e eu olhei pra ela. — Você tá bem? — perguntou, pela terceira vez naquela semana, e tanto ela como Bia me olhavam preocupadas.

Okay, já chega de palhaçada. Já chega de enrolar. Larguei o garfo no prato e respirei fundo, escolhendo uma das frases que eu tinha separado. Vai dar errado, vai dar errado, vai dar errado... Fala logo!

— Eu tenho que contar uma coisa pra vocês — disse séria. Elas não brincaram, percebendo minha expressão tensa.

— Que que aconteceu, Ester? — Bia questionou, deixando a comida de lado também. Stelfs apoiou o rosto na mão e também passou a me encarar.

Suspirei e encarei a toalha da mesa.

— Há um mês atrás, meu pai perdeu o emprego. — As duas se espantaram nessa hora. Respirei fundo e soltei, tentando manter a mente em ordem e não desviar do foco.  — Tenho tentando procurar um emprego desde então. — Coloquei as mãos sob o queixo, ainda evitando encará-las.

— Por que você não disse nada pra gente? — Stelfs perguntou, com certa preocupação. Olhei pra ela e fiz um sinal com a cabeça, pra eu poder continuar.

— Eu fui levando, levando, levando... — Encarava um ponto fixo atrás delas. — Até que não deu mais. — Fechei os olhos, suspirando. — Segunda, perto das onze da noite, meu pai me ligou e disse que não tem mais como eu ficar na cidade. Tenho que ir embora até o fim do mês.

Terminei de contar, esperando que elas absorvessem a notícia. Baixei o olhar de novo pra mesa. Silêncio. As duas provavelmente estavam lidando com a notícia. Ouvi Stelfs murmurar um “meu Deus” e então ela soltou:

— Mas não tem outro jeito? Tem que ter alguma coisa que você possa fazer. — Stelfs soltou, com a preocupação palpável na voz.

Tirei a mão do queixo e apoiei na mesa.

— Você acha que eu não tô tentando pensar em alguma coisa? — Acabei sendo ríspida na resposta e aumentei a voz.

Por algum tempo, só se ouvia o silêncio. Respirei fundo mais uma vez, tentando me acalmar e controlar minhas mãos que tremiam de nervoso. Segurei a toalha da mesa com força.

— Ester, você não precisa pensar nisso tudo sozinha. — A voz da Bia cortou o silêncio. Ela colocou a mão sobre a minha, em um gesto de amizade. — Somos amigas, nosso dever é te ajudar. — Olhei pra ela, que tinha um olhar acolhedor. Dei um sorriso triste, tentando passar um “obrigada” apenas com o olhar

— É isso mesmo que a Bia disse. — Stelfs entrou na conversa e se aproximou, colocando a mão no meu ombro. — A gente vai pensar em alguma coisa, você vai ver. — E me deu uma piscadinha.

Senti meus olhos encherem de lágrimas:

— O que eu fiz pra merecer vocês, meu Deus? — soltei quase em um desabafo, com a voz já tremendo.

Em seguida, as duas me abraçaram e ficamos ali por algum tempo.

— Bem... ­— Bia foi a primeira a se separar e falar alguma coisa. — Você pode vender bolinhos comigo.

E eu sorri pra ela. Mas aquela não era uma solução...

A conversa não foi nem como eu imaginava. Teve olhares de choque, sim, porém tive um apoio que eu não esperava receber. Um ponto final pra aquilo ainda estava bem longe, só que.... Agora eu não estava mais sozinha. Não precisava aguentar mais sozinha.

O meu problema era guardar tudo isso pra mim. Por mais que eu soubesse que ia receber amor e apoio, não tinha coragem pra falar o que sentia. Minha garganta parecia se fechar e as palavras não saiam. Isso tinha que mudar....

O pior de tudo, é que eu ainda tinha que passar por isso de novo e contar pro Lysandre. Hora de me preparar de novo pra uma conversa.

...

À tarde, Stelfs me chamou pra conversar no quarto dela. Queria saber se eu já tinha contado pro Lys e, se não, como faria isso. Acabei falando pra ela que as duas eram as primeiras a saber. Stelfs me aconselhou a contar logo, pois tinha certeza que ele iria me apoiar também. Resolvi falar com Lysandre na sexta mesmo. Chega de adiar o assunto.

Stelfs foi trabalhar e Bia ofereceu a companhia dela, mas eu acabei preferindo ir pro quarto, pra pensar na conversa que eu teria com o Lys. E também era melhor ficar um pouco sozinha.

Suspirei, jogada na cama. E se eu fosse embora mesmo? O que seria do nosso relacionamento? Se eu fosse, será que ia voltar? Era tanta coisa pra se considerar.... Será que eu devia terminar?

Não, não, eu não devia estar pensando nisso. Eu não podia tomar essa decisão sozinha. Nosso namoro era composto por nós dois, eu não poderia decidir uma coisa dessas sem consultá-lo, não era certo. Afinal, o que ele pensaria disso tudo?

Pensei, pensei e pensei sobre o que eu ia falar pra ele. Mas, no fim, tudo o que consegui foi uma dor de cabeça. Encostei a cabeça no travesseiro e dormi. Tudo isso me deixava esgotada...

Acordei com a Bia me chamando pra jantar. Continuávamos naquele clima de sisteragem e a conversa acabou sendo leve. Não comi muito e disse que ia lavar os pratos, enquanto ela foi pro quarto dela, dormir. Me deu um boa noite e fechou a porta.

Terminei com a louça e sentei no sofá. Decidi assistir alguma série, pra distrair a mente. Olhava as horas no celular, parecendo que não passavam, de novo. Ia esperar o Lys voltar do café, pra então ir até o apê dele e conversar. Mesmo que isso fosse perto da meia noite.

E eu acertei. Perto desse horário, quando eu estava quase cochilando no sofá, ouvi um barulho na porta e Stelfs chegou. Me levantei e olhei pra ela, tentando aliviar minha expressão.

­— Vai mesmo falar com ele? — perguntou, tirando a bolsa do ombro.

— Se eu não faço isso hoje, vou enrolar e não posso perder mais tempo. — Tentei passar uma confiança, que eu não tinha, pela voz.

Stelfs sorriu e afagou meu ombro, desejando boa sorte.

Sai do nosso apartamento e bati na porta do vizinho. Calma, respira, não vai dar errado, não vai dar errado... Agora não dá pra você voltar atrás.

Lysandre atendeu pouco depois, com uma cara de cansado. Lógico, claro que ele ia estar cansado, criatura! Já era quase meia noite.

Mas resolvi não voltar atrás.

— Oi — cumprimentei-o um pouco baixo e ele estranhou minha presença lá àquela hora. Porém deixou que eu entrasse.

— Algum problema, Ester? — Com certeza minha cara não era das melhores. — Achei que já estivesse dormindo. — Fechou a porta e me convidou pra sentar no sofá, ainda com a mesma expressão no rosto.

Sentamos um do lado do outro e eu me virei de perfil, ficando de frente pra ele, que acabou me encarando nos olhos, claramente preocupado. Desviei do olhar dele, encarando o estofado do sofá.

Respirei fundo e continuamos mais um pouco em silêncio.

De repente, senti-o pegar minha mão, fazendo carinho nela. Acariciava-a com seus dedos, quase como uma massagem, calmante.

Tomei fôlego mais uma vez. Para de ficar pensando e solta isso de uma vez, menina!

— Lys, eu, eu preciso contar uma coisa pra você. — Continuava encarando o estofado, porque não conseguiria falar olhando para o rosto dele. Decidi emendar uma frase, pra não perder a coragem. Acabei repetindo a mesma coisa que disse pras meninas mais cedo. — Tenho que ir embora até o fim do mês — finalizei, depois de toda a explicação.

E olhei pra ele rapidamente, esperando uma reação. Só enxergava choque em seus olhos. Fixei o olhar na parede ao fundo e segurava a mão dele com firmeza, buscando algum apoio.

— Por esse motivo você estava estranha ultimamente? — Eu balancei a cabeça, confirmando. Senti sua mão segurar a minha de volta. Acabei olhando pra ele. ­— Por que não me contou isso antes? — questionou, não em tom de cobrança, mas com todo um cuidado na voz. Preocupação, era isso.

Eu abri a boca e ponderei um pouco as palavras.

— Eu não queria.... Eu não queria te preocupar com os meus problemas. — E deixei de olhar pra ele de novo, encarando a parede novamente e colocando um pouco do que sentia pra fora. — Eu escondi isso todo esse tempo não foi porque não confiava em você. Eu confio. ­— E voltei a olhar o rosto dele, evitando fitá-lo nos olhos. — Mas eu.... Eu não consigo! — Minha voz quase quebrou nessa hora. — Eu não consigo falar do que eu tô sentido. Não sei. — E acabei gesticulando com a mão livre. — Mas, quando eu tento conversar, parece que as palavras ficam presas na minha garganta e não saem...

Terminei a frase engolindo em seco, pra não chorar. Para minha surpresa, fui puxada para um abraço. Ele me levou para seu peito e me segurou com força, como se quisesse me proteger do mundo.

— Eu estou aqui para te apoiar — sussurrou pra mim, enquanto corria os dedos pelo meu cabelo. — Você sabe que pode confiar em mim... — dizia com toda a gentileza e carinho possível na voz.

Como no almoço, não pude conter as lágrimas. Funguei e tentei engolir o choro.

— Eu sei... — murmurei e segurei nele com mais força, que foi retribuída no abraço.

E ficamos ali, naquele momento bonito e que transmitia tanto. A presença dele, suas palavras... Tudo nele não queria me deixar desistir.

Eu não queria desistir. Eu ia tentar. Por mim. Por ele. Pela Bia e pela Stelfs. Pelo meu sonho. Pela minha família. Por tudo que aquele lugar, aquelas pessoas significavam pra mim.

Mesmo que a solução parecesse distante ou quase impossível, iria tentar. Iria tentar até meu último dia ali.

E permanecemos ali, abraçados, com ele me apoiando. A cada dia, sentia que eu passava a amá-lo mais.

Não queria sair daquele momento, mas comecei a me afastar e ele soltou o abraço. Passei a mão no rosto, limpando algumas lágrimas que escorreram. Ainda sentia minha cabeça pesar. A dor que eu sentia mais cedo, só piorou.

— Como se sente? — Lys perguntou com uma certa preocupação e colocou a mão no meu ombro.

— Minha cabeça tá latejando. — E passei a mão na testa, fechando os olhos.

— Vou pegar um analgésico — ele afirmou e se levantou.

Eu abri os olhos e olhei pra ele, que já estava na cozinha.

— Não precisa, Lys. Eu vou pra casa e tomo um. — E vi que ele já estava voltando, com um copo numa mão e um comprimido na outra.

Estendeu-os pra mim. Olhei pra ele, tentando fazer uma cara de “sério, mesmo? ” e ele assentiu com a cabeça. Peguei e tomei.

Devolvi o copo pra ele, que foi pra cozinha, lavá-lo. Sentei direito no sofá e coloquei o rosto entre as mãos, fechando os olhos.  Soltei um suspiro longo.

Lysandre voltou a se sentar do meu lado e me abraçou pelo ombro. Acabei aproveitando aquele momento e voltei a abraçá-lo.

Ele se ajeitou no sofá, encostando as costas em uma almofada e me puxou junto. Apoiei o rosto no peito dele, de novo, ainda com os olhos fechados.

— Vou acordar cedo amanhã — comecei, tentando pontuar o que eu estava pensando. — E procurar alguma coisa de útil pra fazer. — Fiquei calada por uns instantes. — Ainda tenho três semanas... — soltei com certo pesar. Era pouco tempo. Senti-o dar um beijo nos meus cabelos.

E ficamos mais tempo ali.

Senti minha cabeça ficar mais leve, por causa do remédio fazendo efeito, e o sono começar a chegar.

Devo ter cochilado rápido por alguns minutos e acordei, quando senti uma certa movimentação.

Lysandre estava me carregando no colo pelo corredor. Não consegui dizer nada, tentando entender o que tava acontecendo e ainda perdida depois daquele cochilo.

Ele me deitou sobre a cama dele, com cuidado e começou a retirar meus sapatos.

— Lys, o que você... — Levantei devagar, ainda meio perdida, e ele parou, olhando pra mim.

— Pensei que estivesse adormecida — comentou, claramente sem jeito. — Eu não quis acordá-la, já que parecia exausta.

Abri e fechei a boca, pensando no que ia falar pra ele. Dei um bug momentâneo. Acabei deitando de novo a cabeça no travesseiro.

— Não me deixa sozinha? — pedi desconcertada e senti meu rosto esquentar. Mesmo na pouca luz, que só vinha do corredor, vi que ele sorriu de leve.

— Vou apagar a luz — disse e pegou uma coberta, me cobrindo com ela e dando um beijo carinhoso na testa.

Sorri e ele foi apagar a luz do corredor. Me cobri até o pescoço e virei de lado, absorvendo aquele perfume dele que estava no travesseiro.

A casa ficou escura e ouvi seus passos voltando. Lysandre deve ter retirado os sapatos e se deitou ao meu lado. Procurei a mão dele e a segurei. Ele retribuiu o meu aperto, demonstrando que estava ali. E não sairia dali.

— Boa noite — me desejou e eu me ergui para um beijo leve.

Ficamos em silêncio e eu estava quase caindo no sono de novo. Me mexi um pouco e me aproximei dele, me encostando em seu ombro. Senti-o levar a outra mão até meus cabelos e acariciá-los. Junto da sua presença e de seu carinho, adormeci.


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Notas finais do capítulo

Ester:
Eu estou no chão após esse cap :p Dedico esse final pra Mih, que pediu algumas vezes pros dois dormirem juntos ♥ Pelo menos algo bom nesse cap não?
Espero que tenham sobrevivido a essa notícia, porque ainda vem mais emoções por aí. É, agora as coisas vão esquentar kkkk
E o que vocês acham que Castiel foi fazer na casa dos pais? Pelo menos não aconteceu que nem na minha suposição, de que ele embora numa caravana de ciganos :p
Até sexta, meu povo o/
Bia:
Ai, gente, olha esses dois! Esse capítulo foi ou não foi cheio de 'brotheragem"? Claro que as duas iam ficar do lado da Ester, e principalmente o Lysandre, que é um amorzinho ❤
Aproveitaram os feels? Haha
Até sexta o/
Stelfs:
Eita nós! Finalmente descobrimos o que está acontecendo com a Ester D:
E nada como esse final gracinha entre os dois pra consolar nosso coração. Dedico essa cena pra Mih que tá sempre por aí pedindo pros dois dormirem juntos :B
Sonho realizado, moça? ♥

Bem, é isso. Que vocês que vai acontecer com a Ester, hein? Será que ela vai voltar pra casa?



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