Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 19
Emergência!


Notas iniciais do capítulo

Bia:
Ei pessoas! Tudo certo?
Hoje temos um capítulo triplo! -qq
Fazia tempo que não fazíamos um capitulo com a perspectiva das três, né? Então, taí. Esperamos que vocês gostem!
Boa leitura!
Stelfs:
Bom dia, gente! Antes de mais nada, queria dizer que tô a-man-do esse surto coletivo das leitoras (Spirit) e dos comentários da nossa guerreira que não desiste nunca de comentar [ainda bem kkk] (no Nyah). Obrigada pelo carinho de vocês!
Bem, hoje temos mais um Castiel/Stelfs! ♥
Espero que se divirtam :}
Buona lettura.
Ester:
"I think we have an emergency, I think we have an emergenceeeee" já dizia menina Hayley Willians do Paramore kkkk Curiosos pra saber o que/quem é essa emergência? Então vamos lá, pro biggest cap (até o momento :p) da fic :D
Boa leitura ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736807/chapter/19

Stelfs:

— Anda, Stelfs, é a sua vez agora! ­­— escutei Dinnie inclinar o microfone pro meu lado e me chamar com o dedo.

Olhei pra ela assustada.

— É o quê?

Certo. Vamos abrir parêntese?

Tudo isso começou numa tarde de quinta-feira quando eu estava deitada na minha cama, simplesmente fazendo nada, e recebi a visita de ninguém mais, ninguém menos que... Castiel!

Pois é, vai vendo.

Ele tinha ido me chamar pra vir com ele pra casa da Dinnie. Parecia que o pessoal da banda queria se reunir (menos o Lysandre que foi pro Canadá. Mentira. Ele tinha marcado com a Ester de assistir série e não quis remarcar. Disse que era “deselegante”. TÁ BOM.) para poder jogar “Guitar Hero” e conversa fora. E como Castiel não era muito a fim de jogos, segundo ele, quis me chamar pra não ficar meio “sobrando” ali. Eu achei essa explicação meio furada, mas tudo bem... Tava fazendo nada mesmo, resolvi vir.

Fecha o parêntese.

Os garotos, a Dinnie e até mesmo Castiel estavam lá se deliciando com o Guitar Hero que o Carlos (baterista da banda) havia acabado de comprar. Daqueles com direito a guitarra, bateria e até mesmo microfone, simulando uma banda mesmo. E cá estava eu, sentada no sofá com meu copo de Sprite na mão, observando eles se divertirem, enquanto divagava sobre a vida, o mundo e tudo o mais que você quiser pensar. Até que a Dinnie me chamou.  

— Vem, garota, sua vez de ficar aqui no vocal — ela balançou o microfone de novo, fazendo um aceno pra mim.

— É claro que não! — disse, balançando a cabeça com pressa — Vocês vão querer sair correndo quando escutar como eu canto — comentei com uma risada e ela riu, largando o microfone e indo até mim no sofá.

— Para com isso — falou, chegando perto — A gente tá se divertindo, ninguém tá reparando nisso, vai - insistiu, me puxando pelo braço — Andaaaaaaa — foi divertida, tentando me tirar de lá.

— Deixa ela, Dinnie — escutei a voz de Castiel ao meu lado, enquanto ele voltava da cozinha — Não passa de uma menininha assustada — ele soltou, com seu riso habitual e eu estreitei os olhos, como sempre.

Ele abriu ainda mais aquele riso e eu me levantei, nervosa. Se tem uma coisa que eu odeio nessa vida é que falem de coisas que eu não sou. E me desafiem.

— Por desaforo, — falei meio nervosa, meio divertida, tomando um gole do meu Sprite — Agora eu vou cantar nesse troço e você — apontei pro Castiel, enquanto passava por ele —Vai tocar — comentei e me aproximei da televisão, colocando meu copo na mesa de centro e pegando o microfone dela.

Castiel soltou uma risada escandalosa.

— E você acha que eu ia perder essa? — riu ainda mais — Nem matando — veio e ficou ao meu lado, colocando a guitarra de brinquedo no pescoço do lado do braço bom.

— Vai conseguir tocar com esse braço, Castiel? — Felipe (o outro guitarrista da banda) perguntou, chegando perto dele e olhando a situação com um riso engraçado.

— São só uns botõezinhos — escutei o ruivo responder na maior vaidade — Nada que eu não resolva.

Ri e revirei os olhos. Oh céus!

— E quem vai tocar isso aqui? — Felipe perguntou engraçado, mostrando a chave no meio da guitarra.

Castiel o olhou assustado, se dando conta de que não tinha pensado nisso. E Felipe riu ainda mais, me fazendo rir também.

— Eu quebro esse galho — comentou divertido, ficando do lado do ruivo.

— Será que as mocinhas aí já terminaram essa discussão pra gente poder começar? — Carlos, que estava sentado na bateriazinha desde que chegamos, resolveu se manifestar.

Felipe riu e Castiel fechou a cara ficando em silêncio. E eu? Bem, eu só ria daquele negócio todo. Gente, nunca imaginei que me divertiria tanto.

— As damas escolhem a música — Carlos disse pro meu lado e abri um sorriso como resposta, pegando o controle e voltando minha atenção pra tela da televisão.

Vasculhei, vasculhei, não encontrando nada de interessante e que, claro, eu soubesse cantar, quando...

— Ah, meu Deus, essa música! — exclamei no meio da sala e os três olharam pra mim ao mesmo tempo.

Escandalosa? Nem um pouco.

Retribui aos olhares deles com um sorriso grande e dei play nela.

...

Ester

Ouvi uma batida na porta e fui atender. Só que antes, entrei no banheiro e dei uma olhada no espelho, pra ver se tava tudo em ordem. Coloquei uns cabelinhos no lugar e fui até a porta.

— Lys, que pontual você — comentei ao ver ele na porta. Estava com uma tigela na mão e um sorriso de garoto simpatia.

— Boa tarde, Ester. — E dei espaço pra ele entrar. Lysandre me entregou a travessa. — Fiz sanduíches para nós.

Fechei a porta e coloquei o pote na mesa de centro. Depois fui até a cozinha.

—Vou preparar um suco pra gente. Mas pode já ir dando play. — Abri a geladeira e peguei a garrafa de Fanta, enchendo dois copos. Será que só se toma refrigerante nessa casa? 

— Já colocou? — perguntei, oferecendo o copo pra ele, que recusou. Então os coloquei do lado dos sanduíches.

Peguei o controle, selecionei o episódio e dei play. Nós dois avançamos tanto em uma semana e meia, que já estávamos no final da terceira temporada.

— Esse é a segunda parte daquele Utopia, vai ter mais uma ainda. — Disse e peguei um dos travesseiros, abraçando-o.

— Já está no final da temporada? — Lysandre perguntou, colocando uma perna sobre a outra. Esse rapaz era chique até pra sentar no sofá dos outros.

— Tá sim. Depois vem a quarta. Muito boa ela.

E ficamos lá por meia hora, assistindo o episódio. Teve um momento que estava tão entretida com a tela, que acabei me encostando no braço do Lysandre e... Fiquei. Ele não chegou a comentar nada, então não mudei de posição.

— Nossa, eu detesto esse Mestre! Ele não tem aquela psicopatia da clássica. Por isso que prefiro a Missy — terminei com essa, comentando sobre a série, pra tentar falar alguma coisa.

— A série tem muitos episódios? — Desviou os olhos da tela para mim.

— Ih, menino! Ano que vem a gente termina de ver tudo. — E ri.

Então ouvimos uma batida na porta.

— Vou atender. Não precisa dar pausa, não.

Me levantei e atendi-a. Fui surpreendida pela tia Simone agarrando meu pescoço.

— Ester, querida, há quanto tempo! — Ih.... — Por que vocês não me ligaram? — Eu só conseguia ficar abrindo e fechando a boca, sem saber o que falar. Por que a Stelfs tem que me meter nessas furadas?

Ela foi entrando e eu fiquei lá, com cara de tacho.

— Menina, tava com saudades de vocês... — Então o Lysandre se virou e ela o viu. Ai, caramboles! E agora e agora e agora e agora....

— Boa tarde, senhora. — Lysandre cumprimentou num pulo. Tia Simone estava com uma sobrancelha erguida. Isso não ia terminar bem...

Fechei a porta e fui pra perto deles. Tia Simone me olhou com uma cara estranha. Acho que nem minha mãe ficaria assim!

— Tia, esse é o Lysandre, meu... Amigo. — Ela ficou olhando de um pro outro.

— Prazer... — E, pra minha surpresa, ela sorriu.

— O prazer é meu. — Ele deu aquele sorriso de “gentleman” dele e olhou pra mim. Eu sussurrei sem som pra ele “distrai ela”. — A senhora gostaria de se juntar a nós? — Ele convidou educadamente.

— Claro. O que vocês tão vendo? — Então ela se aproximou do meu ouvido e sussurrou. — Seu namorado é bonitão. — Resolvi fazer meu cosplay de pimentão na hora. — Ops! “Amigo”. — E deu uma piscadinha pra mim, só piorando a situação.

Ela se aproximou do sofá e eu pensei rápido.

— Eu vou chamar a Bia. Já volto.

E fui indo rapidinho pro corredor. Só que ela perguntou em voz alta.

— Cadê a Stefany? — Claro que ela ia perguntar pela sobrinha dela. Virei lentamente, pensando no que falar. O que ela pensaria se eu dissesse que a Stelfs saiu com o Castiel?

— Ela...

— Ela está na casa da minha colega, jogando um vídeo game novo. — Dei meu sorriso de gratidão ao Lys. Esse sabe sair de uma saia justa mesmo.

Me virei e fui bater na porta do quarto da Bia, só que ainda ouvi mais essa:

— Faz tempo que você e a Ester estão juntos? — Gente, era pior que as minhas tias!  Esperava que o Lys conseguisse sair dessa.

Bia abriu a porta, com a maior cara de sono.

— Bia, chama a Stelfs. Temos uma emergência.

...

Stelfs

Nós quatro encaramos a tela da televisão, focados no jogo. Escutei o barulho da guitarra soar junto com o da bateria, dando entrada na música e confesso que fiquei muito nervosa com aquilo. Castiel dedilhava os botões, enquanto Felipe tentava acompanhá-lo com a chave e Carlos batia em um ritmo contínuo e lento, alternando entre os tambores e o prato. Então, a letra apareceu na televisão, me fazendo perceber que estava na minha hora. Abri a boca e tomei toda a coragem pra soltar:

— Well you're the real tough cookie with the long history — cantei, me deixando envolver pela melodia que era dançante — Of breaking little hearts, like the one in me — dei uma risada quando pensei que essa música poderia muito bem ser uma música de alguma garota pro Castiel — That's O. K., lets see how you do it — e olhei pra ele com um sorriso engraçado, fazendo um gesto de “chega” com a mão, dramatizando a música — Put up your dukes, lets get down to it! — e apontei pra ele, entrando no “espírito” da música, fazendo os meninos riram — Hit Me With Your Best Shot! — continuei a cantar, olhando pra ele — Why Don't You Hit Me With Your Best Shot! — dei de ombros, erguendo as sobrancelhas, enquanto o encarava com um rosto debochado — Hit Me With Your Best Shot! — vi Castiel rindo com a minha representação — Fire Away! — fiz uma “arminha” com a minha mãe livre e apontei na direção dele, mexendo meu polegar com um riso divertido — You come on with a "come on", you don't fight fair... — recomecei a cantar.

Então, Felipe errou o tempo da música, dando uma falha imensa na melodia e Castiel xingou, fazendo o outro tentar voltar pra acompanhar, mas já era tarde. A música começou a desandar e comecei a rir tanto que não consegui cantar de novo. Carlos olhou pra mim, se divertindo e desistiu da música, parando de tocar também. Castiel e Felipe começaram uma discussão por causa daquilo e só então reparei que meu celular estava vibrando. Tirei ele do bolso do jeans e me afastei daquela discussão cheia de colelagem pra atender.

— Alô? — sai na varanda do apartamento, fechando a porta atrás de mim — Ei, Bia — completei ao escutá-la — Que foi? — perguntei ao sentir que a voz dela parecia ansiosa.

— Stelfs — falou com preocupação — Vem logo pra cá, pelo amor de Deus — escutei aquela frase desesperadora.

Que que aconteceu agora, meu Senhor?

...

Bia

— Emergência? Como assim? Incêncio de novo?! — Comecei a sair do quarto, ficando nervosa.

— Não — Ester segurou meu braço —, a tia Simone tá aí.

— Ué, e o que ela tá fazendo aqui se a Stelfs saiu?

— Sei lá — Deu de ombros. — Ela veio de surpresa.

— Mas qual a emergência?

— Liga pra Stelfs, fala pra ela voltar agora. Eu não tenho muitos assuntos pra conversar com ela e duvido um pouco que o Lys tenha também.

Eu também não era do tipo que tinha assunto com parente de amigos, então entendi a cara dela.

— Tá, vou ligar.

Corri de volta pro quarto e cacei meu celular debaixo do travesseiro. O achei e já procurei o telefone da Stelfs. Coloquei pra discar e esperei.

Alô?

— Stelfs, sou eu.

Ei, Bia. O que foi?

— Stelfs, vem logo pra cá pelo amor de Deus.

O que aconteceu? — Ela pareceu preocupada.

— Sua tia tá aqui.

Mas o que diabos ela tá fazendo aí? — perguntou estranhando.

— Eu não sei, ela só apareceu. Você tem que voltar logo.

Ela suspirou. — Tá, eu já vou sair daqui... — Ouvi uma voz diferente no fundo. —  Nada, eu preciso voltar... — falou com outra pessoa. — Bia, eu já vou, tá? Aguenta firme aí. Ah!  — acrescentou, falando alto de repente. — Não falem do acidente pelo amor de nosso senhor Jesus Cristo!

— Ah... — Estranhei um pouco a súbita mudança de tom dela — tá, mas não demora — Nos despedimos e desliguei.

Dei uma passada no banheiro, pra tirar os vestígios de uma soneca da tarde e fui para a sala.

Vi tia Simone conversando com Lysandre e Ester sentada do lado da tia, olhando a TV.

Então a tia me viu.

— Bia! Querida, quanto tempo! — Levantou e veio me abraçar. Olhou para minha cara. — Estava tirando um cochilo, não estava? — Deu risada.

Gente, essa mulher é médium ou algo do tipo? — Sim, eu estava — Dei um riso, sem jeito.

— E onde está a Stefany? — Olhou nos meus olhos.

Percebi Ester a olhando como se ela fosse doida. Então ela começou a fazer gestos, balançando a cabeça, negando alguma coisa.

— ... ela saiu — falei.

— Pra onde? — perguntou gentilmente, mas eu sabia que ela estava querendo extrair mais coisa dali.

— ... não sei, eu fui pro quarto depois do almoço.

Ela pareceu considerar, e balançou a cabeça, sorrindo pra mim. Então voltou ao sofá.

— Oi, Lysandre — falei, acenando e passando para a cozinha e parando do lado da ilha.

— Olá, Bianca.

— Então, Bia, como estão as coisas por aqui? — Ela se virou e me olhou.

— Ah... então ótimas, obrigada.

— Vocês ainda não tiveram trabalho com algum vizinho?

Olhei rapidamente para o Lysandre e voltei pra ela. — Como assim?

— Ah, sempre tem algum vizinho que faz barulho. Ou tá pregando um prego na parede, ligando uma furadeira... Isso quando não é barulho pior! — Balançou a cabeça.

Mordi a parte interna da bochecha pra não rir. — Não, tia. Nenhum problema.

Vi Ester e Lysandre se olhando e segurando o riso.

— Nossa, que maravilha. É realmente raro, vocês têm sorte então.

— Eu também acho — falei, sorrindo. Olhei para o relógio da cozinha e vi que já eram quatro horas. — Olha, está na hora do café...

— Vamos toma café — Ester levantou rapidamente do sofá e ficou ao meu lado, como se quisesse fugir. — Mas acho que acabou o pão — falou para mim.

— Eu vou lá comprar... — Ester me olhou com um bico. — Fala pra tia fazer algo... — disse baixinho. — Sei lá, pede pra ela fazer café.

O rosto dela se iluminou, e ela se virou para a tia. — Tia, você pode fazer café?

— Claro! — Levantou, animada.

— Eu vou comprar pão, já venho.

Peguei o dinheiro e minhas chaves e sai. Tomei o elevador e sai do prédio.

Não posso demorar, é mancada deixar a Ester “sozinha”.

Andei rápido e fui para a padaria.

Havia um pouco de fila lá, devido o horário. Todo mundo queria comer pães quentinhos de café da tarde.

Quando chegou minha vez, peguei 15 pães, já que contei dois para cada. Os cinco restantes seriam de “emergência”. Peguei um pouco de queijo e presunto também.

E mais uma pequena fila para pagar.

Então, paguei e sai de lá. Voltei e peguei o elevador. Eu devo ter demorado uns vinte minutos, pelo menos.

Abri a porta do apartamento e vi a seguinte cena: a tia, próxima ao fogão, conversando com o Nathaniel (?), que estava perto da ilha e Ester olhando os dois com uma cara engraçada de quem estava perdida.

Os três olharam quando entrei.

Nathaniel estava meio corado, o que poderia significar que a tia encheu ele de perguntas.

— Bia, querida. Demorou — A tia disse, com uma mão na chaleira, que estava no fogo.

— É... tinha fila lá na padaria — falei enquanto deixava as compras na mesa, já posta.

— Bia, acabou o açúcar — Ester disse se aproximando. — Vou lá comprar.

Olhei perdida pra ela. Mas ainda tínhamos açúcar. — Tá...

Ela olhou para o Lysandre e, sem precisar falar, ele levantou do sofá e a acompanhou para fora do apê.

Ok, então.

Fiquei ao lado do Nathaniel. — Oi, Nath.

Ele sorriu. — Oi.

Então vi a tia nos olhando com um sorrisinho, e automaticamente corei.

— O Nathaniel estava me contando que ele mora no apartamento de cima — Ela disse, agora colocando a água quente dentro do filtro do café. — E ele também nunca teve problemas com vizinhos barulhentos.

— Ah é? — Olhei para ele.

— Sim, e também nunca vi ninguém reclamando.

Sorte a sua então.

— Eu disse que ele tem cara de ser um vizinho perfeito — Ela continuou. — Daqueles que se você pede açúcar, ele te dá com o maior prazer. Que nunca faz barulho...

— Bom, eu nunca pedi açúcar pra ele, então não sei — Segurei o riso, olhando pra ele.

Ele sorriu. — Azar o seu.

— Então vocês foram no cinema ontem? Foi legal o filme? — Ela perguntou.

Eita preula, que é isso? Olhei para o Nathaniel, estranhando.

— Eu falei que fomos... Porque eu vim te trazer isso — Caçou algo no bolso da calça e tirou um papel. Me deu e eu vi que era o ticket do cinema. — Você tinha comentado que colecionava, e eu esqueci de te dar ontem.

— Ah... obrigada — O peguei. — Foi bem legal, tia, você devia ir ver esse filme.

— Talvez eu chame a Stefany para ir comigo — Ela sorriu.

Opa, desculpa, Stelfs.

— Bom, é melhor eu ir — Nathaniel falou.

— Não, Nathaniel — Tia disse. — Toma café com a gente!

Ele me olhou e eu sorri. — Eu comprei pão a mais, pode ficar — Dei uma cotovelada de leve no braço dele.

Ele sorriu e balançou a cabeça.

Assim que a tia terminou o café, Ester e Lysandre chegaram.

Terminamos de arrumar a mesa e comemos, com a tia tirando assunto até dos sapatos.

Estávamos quase terminando, quando ouvi vozes, sem ser as nossas. Parecia que vinha da porta.

— Acho que a Stelfs chegou — comentei.

Todos ficaram quietos, e então deu pra ouvir que ela estava discutindo com alguém.

Vi a tia erguendo uma sobrancelha e rapidamente levantou, indo até a porta.

A abriu e olhou para fora. — ... Stefany...? O que é isso?

Eita lasqueira.

...

Stelfs

Eu não conseguia parar de balançar o meu pé de tão nervosa que eu tava. Castiel lançou um olhar meio de lado, percebendo meu movimento acelerado. Droga. Eu disse que ele não precisava voltar comigo, mas ele me escutou? Não.

Suspirei, percebendo que tava mais ansiosa que o normal e me deparei com ele me encarando.

— Que é? – perguntei de cara.

Então percebi que havia sido sem educação com ele por conta do nervosismo. Desde quando eu havia parado de ser tão cordial com Castiel? Nem havia percebido que me sentia livre pra ser assim tão “sem educação” com ele.

— Desculpa, eu, ah... Tô muito nervosa – disse, cruzando os braços e soltando um suspiro, enquanto encarava a porta do elevador.

— E você vai me dizer o que é ou vai ficar aí sapateando? – perguntou, fechando as expressões e colocando o braço dentro da tipoia.

Arregalei os olhos em uma surpresa. E olhei pra baixo, repensando naquele momento. Agora que havia me dado conta de que fizemos todo o trajeto em silêncio. Eu, com meus pensamentos e medos e ele ali, né, sem entender nada. Eu só disse por alto que precisava voltar porque minha tia estava em casa, nada mais que isso. Realmente, ele deve tá confuso.

— Bem, levando em conta de que Tia Simone não sabe que eu me acidentei e que fui assediada pelo Marcelo – comecei a falar, enquanto ele me olhava – Acho que já são motivos suficientes pra eu ficar nervosa – disse, suspirando – E é melhor que ela não saiba, senão vai me fazer sair do trabalho – falei ressentida e Castiel franziu as sobrancelhas com as expressões debochadas.

— A garotinha assustada tem medo da tia? – tirou sarro de mim na cara dura.

Por que eu ainda tento dialogar com ele, né? Bufei, virando meu rosto e fazendo um bico.

— Convive com ela pra você vê – joguei essa pra cima dele, sentindo que conversar “sério” com Castiel sempre me rendia mais irritação que qualquer outra coisa.

Ele riu descaradamente de uma forma que me fez revirar os olhos.

— Você tá muito arrisca – rebateu e eu tentei ignorar aquilo – Toma – lançou a jaqueta pra cima de mim, que me virei ainda mais assustada.

— Que isso? – perguntei, pegando a jaqueta dele e olhando pra ela, achando aquilo muito esquisito.

No que uma jaqueta vai me ajudar?

— Sua tia vai achar muito simpático esses arranhões no seu braço – disse com o riso sarcástico dele.

É mesmo! Olhei rápido pro meu braço, percebendo que o troço tava feio. A cara deu pra disfarçar um pouco com a maquiagem, mas isso aqui? Olhei pro Castiel, fazendo uma expressão engraçada. Era engano meu ou ele tava me ajudando? Me senti confusa de repente.

— Valeu – rebati tímida, sentindo o elevador parar, enquanto eu vestia a jaqueta.

A primeira coisa que aconteceu depois disso, foi eu sentir o perfume do Castiel naquela peça de roupa. Caramba, mas que.... perfume bom. Fiquei alguns segundos sentindo aquele cheiro, enquanto apreciava mentalmente aquilo. E tentava fingir que tava tudo bem. Ele empurrou a porta de emergência com a mão livre e eu passei, ainda me deliciando com esse perfume. Mas que diabos de perfume é esse? Droga, Castiel. Pode ser um mala, mas pelo menos sabe ser cheiroso.

Parei em frente à minha porta, me virando para me despedir de Castiel, quando dei de cara com ele atrás de mim.

— Onde você vai? – perguntei de maneira irônica.

— Conhecer sua tia, ué – ele me respondeu de maneira ainda mais irônica, junto com aquele sorriso que a gente já conhece.

— NEM PENSAR! – disse, dando ênfase nas palavras, enquanto pensava como seria minha tia conhecendo o Castiel.

— Tá com medo, é? – me provocou, rindo igual um condenado.

— Você quer parar com isso? – rebati, já nervosa com aquilo – Eu não tô com medo, tá bom? Agora, sai fora – simplesmente disse, não medindo minhas palavras.

Então a porta abriu de repente, fazendo eu e Castiel olhar ao mesmo tempo pra ela.

— Stefany? O que é isso?

Ah, não...

Ninguém mais e ninguém menos que a própria tia Simone estava ali.

— Que tá acontecendo aqui? – ela insistiu em perguntar, cruzando os braços com pose de “mãe”, enquanto olhava pra mim e pro Castiel com uma cara desconfiadíssima.

Pensa, Stefany, pensa. Mas pensa rápido!

— Hã... – eu comecei, fazendo ela direcionar o olhar pra mim – Eu queria devolver a jaqueta do Castiel e ele estava dizendo que não precisava fazer isso agora – menti. Droga, eu O-D-E-I-O fazer isso – Que eu podia devolvê-la mais tarde – continuei e o senti olhar pra mim com as sobrancelhas levantadas, enquanto minha tia considerava aquela desculpa.

Ela ergueu uma das sobrancelhas.

— E por que você tá com a jaqueta dele? – perguntou, me analisando de cima a baixo.

Ah, meu bom Pastor.

— Sua sobrinha esqueceu de se agasalhar direito quando saiu de casa – escutei Castiel se manifestar e o encarei quase em um impulso – Então fiz o favor de emprestar minha jaqueta – respondeu na maior cara de pau, rindo para minha tia.

Ela o encarou, ainda suspeitando da gente, quando pareceu se dar conta de uma coisa.

— Espera, você que é o Castiel? – ela lançou essa pergunta pra cima do garoto, que só soube arregalar os olhos.

— Okay, tia – cortei, antes que qualquer coisa de ruim saísse dali – Será que a gente pode entrar? – falei e ela me olhou de repente e fiz sinal através do meu rosto, mostrando pra ela que estava na hora de parar.

Ela não gostou muito, mas acatou, deixando com que eu e Castiel entrássemos. Levei um susto quando me deparei com aquele galerão no meu apartamento. Afinal, o que foi que eu perdi aqui?

— Oi, gente – cumprimentei, entrando no apê junto com minha tia.   

— Estávamos tomando café – ela continuou, ainda olhando pro Castiel de forma suspeita, enquanto o pobre coitado tirava os sapatos na porta de casa – Falando nisso, Stefany, você não tava na casa de uma amiga? – retomou o interrogatório.

Eu olhei pra ela com uma cara estranha, até que vi as meninas acenando atrás da minha tia na mesa. Ester balançava a cabeça, enquanto dizia sem voz: “Fala que tava”. Nathaniel e Lysandre olharam pra elas com a cara mais confusa que eu, enquanto Castiel olhava todo mundo na mesa e abria um riso debochado. Tive vontade de rir, mas só pude engoli meu riso.

— Tava, ué – respondi como se nada tivesse acontecido – Aí encontrei o Castiel lá e acabamos voltando juntos – completei, antes que ela me perguntasse – Já que ele mora aqui do lado – expliquei antes que desse mau entendido.

— Hummm – escutei Tia Simone fazer e olhar pro ruivo, que já tinha ido se sentar ao lado de Lysandre na mesa – Então você é o Castiel... – falou com aquela voz cheia de más intenções.

Ai, meu Deus, o troço vai ficar feio. Vou é fugir disso.

— Vou buscar uma blusa de frio pra devolver sua jaqueta, viu, Castiel? – comentei, olhando pra ele e já correndo pro meu quarto.

Agora ele vai ver o que é bom pra tosse.

Tirei a jaqueta do Castiel e já ia jogar ela em cima da cama, quando senti de novo aquele perfume. Segurei ela entre os dedos, olhando pra ela, enquanto considerava se fazia mesmo o que eu estava pensando ou se resistia àquela tentação. Ah, quer saber? Trouxe a peça até meu nariz, respirando aquele cheiro e deixando meus sentidos relaxarem com ele. Meu Deus... isso é muito bom. Okay, chega. Que ninguém saiba disso. Que o Castiel não saiba disso.

Coloquei a jaqueta na minha escrivaninha, indo até o guarda roupa e tirando de lá um moletom, enquanto olhava meu braço arranhado. Gente, eu realmente odeio ter que esconder as coisas da minha família, mas, não vejo outra escolha. Vesti o moletom, me lembrando que tinha deixado Castiel lá com minha tia.

Coitado, é melhor eu ir lá salvá-lo.

Comecei a rir de mim mesma, pegando a jaqueta dele e saindo do quarto. Já me preparava pra tentar consertar alguma conversa torta da minha tia, quando a escutei:

— Mas essa cor é maravilhosa! – exclamou, pegando algumas mechas do cabelo de Castiel – Que cor é?

QUÊ?

Fiquei parada na entrada do corredor, encarando aquela cena com cara de tacho, provavelmente. Mas que tá acontecendo com as coisas hoje? Olhei pras meninas, indicando os dois com a cabeça e elas deram de ombro. Eu, hein? Me aproximei dos dois, interrompendo aquela conversa sobre cabelos e tintas. Eles me olharam satisfeitos. Tia Simone com um sorrisão e Castiel com seu ar sarcástico/vitorioso.

— Obrigada pela jaqueta – respondi lentamente, olhando pros dois de forma suspeita, enquanto entregava a jaqueta pra Castiel.

— Está vendo, Stefany, você deveria namorar pessoas como o Castiel – ela soltou de repente, me fazendo corar imediatamente. É O QUÊ?

Ele riu descaradamente com aquilo e o restante do pessoal só soube se juntar a mim na cara de susto. Que que minha tia tá dizendo?

— Tá amarrado no nome de Jesus – falei com rapidez, fazendo o restante da turma começar a rir, enquanto tentava me recompor com essa declaração.

Repito: Que que tá acontecenu aqui?

...

O restante da tarde passou entre minha tia conversando com Castiel, com Lysandre, com Nathaniel e eu e as meninas ali, tentando desviar as situações vergonhosas que ela ia criando. Pelo menos ela parou com esse negócio de namorar o Castiel. Ó as ideia?

Bem... os garotos foram embora logo depois do café e minha tia só mais à noite quando meu tio ligou pra ela perguntando onde ela tava. Ainda falei um pouco com ele no telefone antes dele desligar. E assim, tudo voltou na mais serena paz.

Eu e as meninas resolvemos ver um filme pra poder “descansar” daquele momento tensão que vivemos nessa tarde, mas acabamos mesmo é comentando sobre a tia Simone. Aproveitei pra poder saber direitinho como foi que de “Então você é o Castiel...” passamos pra “Que cor maravilhosa”. Deixamos o filme pra lá e ficamos conversando e rindo, até que uma batida na porta nos interrompeu.

Nós três ficamos nos olhando pra ver quem iria atender a porta, já que as três estavam desanimadas e com preguiça. Tiramos no “zerinho ou um” e acabei perdendo. Que meleca, hein?

Me levantei do tapete em um impulso e fiquei de pé, me apoiando no rack, indo até a porta e a abri.

— Castiel? – estranhei, franzindo as sobrancelhas e percebi que as meninas se moveram no sofá pra ver quando eu exclamei.

Sou só eu ou ele tem vindo aqui com mais frequência?

— Que foi? – perguntei, olhando pra ele.

— Você deixou isso aqui no bolso da minha jaqueta – comentou, estendendo a mão com a chave do apê dentro dela.

— Ah, meu Deus! – me assustei por ter me lembrado que estava com ela na mão quando comecei a discutir com ele na porta do apartamento – Devo ter enfiado a mão no bolso e deixado ela aí sem querer – falei, pegando a chave – Valeu – agradeci, abrindo um sorriso e olhando pra ele.

Ele parecia mais silencioso que o normal e aquilo me deixou preocupada. Olhei pro sofá e as meninas se assustaram por saber que eu sabia delas e se sentaram direito nele, me fazendo rir. Passei pelo umbral da porta, fazendo Castiel se assustar e afastar, enquanto vinha pra fora e encostava a porta atrás de mim. Ele me olhou, ainda em silêncio e eu devolvi o olhar, com um sorriso.

— Tá acontecendo alguma coisa? – perguntei preocupada, tentando olhar seu rosto.

Ele se desconcertou de repente, corando e desviando seu olhar do meu. Meu Deus, como ele fica uma gracinha desse jeito. Nem dá pra acreditar que esse é o mesmo Castiel que me tira do sério. Encarei aquele rosto rosado e sorri de forma boba, sentindo meu coração alegrar. Espera, por que eu estou assim?

— Eu queria saber se... – ele começou, ainda olhando algum ponto mais interessante que eu – Você quer ir comigo num show nesse feriado? – convidou, me deixando paralisada.

NUM SHOW?!

Fiquei alguns segundos em silêncio, tentando pensar no que seria tudo isso, quando me dei conta de que ele ainda estava ali, esperando minha resposta.

— Ah, Castiel... – comecei a falar, mas ele me interrompeu.

— Tudo bem, já entendi – disse, já se retirando, quando eu o segurei pela manga da jaqueta.

Ele se virou, me olhando entre surpreso e envergonhado. E juro que minha respiração quase parou. Senti meu rosto esquentar também e olhei meus pés, ainda segurando a jaqueta dele. E, droga, me lembrei do seu perfume. Agora não, memória, me deixa racionar.

— Eu quero – respondi de repente, ainda olhando o chão.

E soltei a jaqueta dele, sem coragem de encará-lo.

Mas que clima esquisito é esse?

Escutei um barulho de respiração junto com um riso.

— Okay, mocinha – escutei a voz dele, mas não tive coragem de olhar - A gente se vê – completou, me dando as costas e voltando pro apartamento dele.

Ergui o rosto, vendo as costas dele indo ao longe. Meu. Jesus. Cristo. Que momento foi esse? Pensava no que havia acabado de acontecer e já abria novamente a porta pra voltar pra casa, quando duas carinhas ansiosas me esperavam no sofá.

Ah, caramba... Vai ser difícil contar isso tudo pra elas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bia:
Aaaa esses dois, hein? E esse momento fofura? Castiel corando? Isso realmente aconteceu? HAHAH
Só sei que esse cap foi divertido! Espero que tenham gostado.
Até sexta o/
Stelfs:
PA-RA TU-DO!.jpg. Castiel e Stelfs vão sair? É isso mesmo, produção? D: Só espero que não dê muito ruim... É isso aí, pessoas! Até sexxxta!
Ester:
Castiel convidando a Stelfs pra sair? Oi? Não é primeiro de abril, não? Bem, vejamos o que vai sair disso aí, não? kkkk
Espero vocês na sexta, pois já estou tentando conter minha ansiedade pro próximo cap ~pega o travesseiro e grita, aaaaaaaa.
Até mais, gente o/
Música que a Stelfs canta: https://www.youtube.com/watch?v=zRbXMWYMNno



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.