Você Me Completa escrita por Little Flower


Capítulo 7
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a quem comentou e perdão pela demora, queridas ♥
Espero que gostem .-.



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[Hanna]

Ah se todas as escolhas que nós fazemos pudessem de alguma fora serem desfeitas eu teria dito a qualquer pessoa, não necessariamente meu pai, a pessoa que eu mais amava no mundo, como até para a orientadora da Rosewood High e evitado tudo isso. Essa situação.  

Mas não, eu estava tentando provar para todo mundo que podia ser forte e eu realmente podia mesmo ser, mas a situação havia saído do ‘controle’. Ou eu nunca tivera poder sobre essas coisas? Pelo o que parecia não muito. Parecia uma terrível má ideia ter me calado por todo esse tempo. Me remexi no sofá da sala de estar um tanto desconfortável.

— Sinto muito, sinto muito... — entoei para Caleb depois de assistirmos o tal vídeo que viralizava cada vez mais através do seu celular, que sempre travava por alguma notificação quer por mensagem ou de chamadas com o nome Victor na tela.

— Isso não é culpa sua, Hanna... Mas eu vou descobrir quem fez isso e essa pessoa vai se ver comigo, ou com meu advogado.

Esbugalhei os olhos diante do comentário.

— Você está chateado comigo? — perguntei baixinho, ainda insistindo ser a causadora de toda essa bagunça. Sua imagem estava em jogo e tudo porque? Ele resolveu entrar numa luta que não era sua para me defender. Eu estava muito grata, mas não podia ignorar o resto. Apertei as mãos uma na outra enquanto ele desviava a atenção do aparelho e me encarava.

— Hanna, não! Para com isso, garota. O único que devemos culpar é aquele mer... — ele parou de falar no meio da frase pensando e continuando depois — idiota. Vou entrar em contato com Victor quando voltar para o loft e isso tudo vai desaparecer.

Deu de ombros.

— E se continuar a dizer isso eu vou ter que...

— Que o que? — levantei as sobrancelhas.

— Isso! — eu jamais iria esperar aquilo, um ataque inesperado de cocegas, o que fazia com que eu me contorcesse toda, caindo do sofá e Caleb ao meu lado, ambos rindo como dois loucos.

— Isso não se faz! — falei entre gargalhadas.

Recuperamos o folego.

— Bom e eu preciso ir nessa! — falou sem emoção, como se não quisesse ir, o que me fez abrir um sorriso grande.

— Vamos, eu te acompanho. — eu disse, por mais que eu quisesse pedir para que ele ficasse mais um pouco. Levantamos ao mesmo tempo arrumei a roupa um pouco amassada por ter ficado sentada.  

— Eu espero que você tenha gostado de ouvir mais sobre minha mãe... — eu disse a Caleb enquanto o mesmo caminhava na minha frente em direção à porta depois de se despedir de meu pai como se fossem bons amigos. E acho que eram mais do que nunca agora.

— Ela parecia ser algo como uma supermãe! — ele apontou o punho para o alto como se fosse um herói, o que não deixava de ser naquele dia. Ele ficou uma graça. Se não fosse por ele sabe se lá o que teria acontecido comigo. 

Sorri com carinho tanto pelo o que ele falou quanto com seu gesto. 

— E era de verdade, ela foi muito valente. É sempre bom falar dela, apesar de você sabe, doer muito ainda, ela não iria gostar nenhum pouco me ver chorando pelos cantos por aí. Ela me faz ser forte todos os dias... — senti um ardor de leve no peito, o que me fez respirar um pouco mais profundo espantando aquela sensação já conhecida.

Ao mesmo tempo em que me fitava com um olhar parecendo, encantado talvez, esboçou um sorriso diferente, pequeno. Algo perto de tristeza.

— Eu teria gostado de conhece-la.

— E ela você... — ele deu uma piscadela, um tanto convencido, afastando a expressão estranha de antes. — você se sente bem?

— O que? — ele que havia se virado para abrir a porta, voltou seu olhar para mim.

— Você me parece um pouco, hum, não sei. Mas levando em conta o estado em que está...

O riso que ele deu soou tão estranho, não muito alegre.

Mas não parecia realmente ter algo relacionado a sua ‘revolta’, por alguma razão eu sentia que não.

— Nunca estive melhor em toda minha vida... — não era o que estava parecendo — E você vai ficar bem? — mudou tão rápido de assunto que aí mesmo que aumentou minhas suspeitas.

Ainda assim achei adorável sua preocupação comigo e uma sensação maravilhosa se estendeu por mim por inteiro. Sorri mais uma vez.

— Vou e você?

— Vou... — assentiu — mas se acontecer alguma coisa, promete que me liga?

— Claro, não se preocupe, Caleb. — eu disse a ele que estava prestes a ir embora, apesar de saber que éramos amigos, eu sentia um temor estranho todas as vezes em que nos despedíamos, como se não voltássemos a nos ver mais, o que é bem obvio não acontecia.

Sem calcular meus atos, ergui minha mão com cuidado e lentidão, para afagar seu rosto com arroxeados aleatórios, na intenção de me certificar que ele não era mesmo um sonho. Seus olhos estavam surpresos. Toquei sua pele macia e quente gostando até demais para o meu gosto. Como se eu mesma estivesse recebendo aquele “carinho”.

— É claro que eu irei falar tudo. — sorri levemente sem mostrar os dentes, com nossos olhares conectados e minha mão ainda lá. O que era aquilo queimando em meu peito? — e você me promete que irá voltar? — sussurrei me sentindo uma boba por falar aquilo.

— É claro que eu irei voltar, sempre, Han. Sinto em dizer garota, mas vai ter que aguentar minha presença por muito tempo ainda. — assegurou firme e vi também espantada ele acariciar minha mão por baixo da sua suavemente, para então puxá-la de sua face delicadamente e apertar gentilmente. Sorrindo amarelo.

— Obrigada, Caleb mais uma vez. Você é um anjo.

— Eu sei!

Eu ri um pouco tremula.

— Bobo!

— Isso vale a pena para mim, ver você bem. E você também é uma boba!

Dei um tapinha de leve em seu ombro, o que arrancou uma risada abafada.

— Boa noite, Han.

— Boa noite.  

Ele deu um pequeno passo me envolvendo num abraço apertado, deixou um beijo em meus cabelos, e ao se separar de mim sorriu de lado, o que quase fez com que eu parasse de respirar com tamanho charme e marchou porta a fora em direção de Joy. Eu sentia meu coração saltitar como um maluco em meu peito, como se quisesse me colocar numa situação ruim, como um infarto. Com os acontecimentos de minutos atrás.

.

— Aquele filho da... — relatou Mona consternada, andando de um lado para o outro, me deixando um pouco tonta. Mais que o normal. Ri um pouco com esse pensamento.

— Mona! — a repreendi no meio da frase com os olhos um pouco dilatados evitando que ela falasse besteira.

— Desculpe, Han, mas eu quero esmurrar a cara dele, ele vai se ver comigo quando eu for fazer uma visitinha a Rosewood! — ela sempre voltava para cá todos os anos nas férias para ver a sua mãe. Eram os melhores dias.

Ri um pouco enquanto a ouvia recitar as inúmeras formas de torturar Noel. Apesar de ter começado a ficar um pouco assustada com o sorriso maléfico dela e voz natural a cada palavra. Foi quando ela mudou um pouco o rumo da conversa, talvez porque não suportava a ‘raiva’ que sentia.

— Eu queria tanto estar aí com você, Han. Me desculpe, mesmo. — ela disse espalmando a mão na tela do meu laptop, eu fiz o mesmo, sentindo a saudade apertar em meu coração. Mona não presenciou as ridicularizações que eu era exposta todo santo dia, pois quando o sr. e a sra. Wanderwaal se divorciaram há três anos, ela teve que se mudar para o Texas com seu pai que era quem havia ganhado a sua guarda na justiça. Injusto. No mesmo tempo que minhas amigas se formaram no segundo grau e foram em busca de seus sonhos.

— Tudo bem, Mona. Eu entendo. — suspirei tristemente, mas não deixando demonstrar tanto assim.

— Mas se você quer saber, eu fico muito feliz com o fato de Caleb ter dado uma surra nele. — ela disse aquilo com um brilho esquisito nos olhos, tanto por falar no Caleb, o maravilhoso cantor que era meu amigo e que conhecíamos, quanto por Noel ter tido aquele “fim”.

Sacudi a cabeça esboçando uma leve careta.

— Que é? Fico feliz sim!

— Você sabe que eu não gosto de violência, mas — mordi o lábio inferior com as palavras na ponta da língua alternando meus olhos entre ela, que esperava a continuação em expectativa, e o vazio por me sentir uma péssima pessoa — eu acho que ele teve o que plantou.

Mona sorriu. 

— Oh, doce Hanna. Até mesmo admitindo ter aprovado a corça do Noel você é uma fofa. Ai que vontade de te apertar! — ela fechou as mãos próximas ao rosto e fez uma expressão como se estivesse ‘reinando’ com os olhos fechados. O gesto que fazemos quando encontramos com um bebê adorável e queremos a todo custo lhe apertar.

Eu ri com vontade.

— E cadê o nosso herói? — mexeu as sobrancelhas.

— Ele foi para casa há um tempinho, coitado estava todo machucado também, mas o meu pai ajudou ele com isso. Eu estou me sentindo muito culpada... — respirei a encarei chateada.

— Ah, não, Hanna Olivia! Não ouse ficar assim. Você sabe que não é sua culpa.

— Falo a respeito do vídeo que está rondando pela internet por aí. Muito me surpreende que você não saiba...

— O vídeo? — me interrompeu soltando uma bufada irônica — Mas é claro que eu já vi, tirando as partes que o Noel golpeia Caleb, é muito bom, eu amei vê-lo cuspindo sangue.

Sacudi a cabeça.

Embora eu conhecesse Mona o bastante, ela sempre me surpreendia por ter aquelas reações, e isso não tem nada a ver com o fato de que ela e Noel tiveram um romance que não acabou nada, nada bem. Ela só detestava o fato de sua melhor amiga, no caso eu, passasse por aquilo e ela sem poder fazer muita coisa.

Eu sabia que estar comigo traria milhares de confusões para a vida de Caleb, mas não tinha consciência de que fosse acontecer tão logo. Ainda que fosse um sonho tê-lo por perto, sentir seus abraços, sua preocupação comigo além de relação entre uma fã e eu popstar, mas sim de amigos, eu começava a ver que aquilo não podia ser uma boa ideia, o que eu mais temia estava de fato acontecendo, não da maneira que eu imaginei, mas de forma muito, muito pior.

A sua imagem estava em jogo.

— Terra chamando Hanna! — o grito chateado de Mona me despertou.

Eu meneei a cabeça e a fitei sorrindo amarelo.

— O que? Você disse alguma coisa, Mona?

— Sim, mas esquece, não vou repetir! 

 Eu ri da sua careta.

— Eu acho que... — fui interrompida por uma cabeleira grisalha colocada para dentro do meu quarto que me deu um baita susto, fazendo o mesmo rir — aí, pai, pelo amorde!

— Trouxe leite quentinho e biscoitos para minha princesa... — ele dizia conforme ia adentrando o quarto com uma bandeja prateada e estampando um sorriso terno e olhou para a tela com minha amiga ali — ah, oi Mona.

— Oi sr. Wilson! — acenou animadamente.  

— Como está querida, teremos sua presença em breve aqui? — disse ele ao mesmo tempo em que eu me endireitava na cama e aceitava de bom grado o mimo.

— Pode apostar que sim, estou louca para acabar com alguém — ela sorriu naturalmente deixando seus olhos ainda menores, balancei a cabeça enquanto meu pai trocava um olhar com ela meio que concordando com os seus atos. Ele ainda estava muito chateado para aceitar assim as palavras de Mona. — então, acho que essa é minha deixa. Boa noite, sr. Wilson, Han, conversamos mais amanhã. Beijinho! — ela soprou para mim. 

— Está bem. Beijinho.

— Até mais, Mona. — deu um último aceno e a janela de conversa do Skype se fechou.

Meu pai deu um longo suspiro ao sentar na beira da cama me olhando pegar o biscoito para então degusta-lo.

— Você está realmente bem, filha? — começou num tom sério, mas não deixou de soar doce.

— Estou sim. — beberiquei o leite delicioso, sentindo o gosto descer por minha garganta. 

Ele me esperou terminar tudo em silêncio apenas me encarando com carinho, o que não demorou mais que dez minutos e restara somente o prato azul e o copo vazios. Meu estomago realmente não conhecia a palavra limites, embora eu tampouco ensinasse isso para ele. Não o culpava. Comer era uma das melhores coisas.

— Não faça isso, pai, por favor! — pedi suplicante. — não se sinta assim.

— Você realmente me conhece hein, querida.

— É claro que conheço. É meu pai! — minha voz soou como se fosse algo obvio.

— Uma menina doce como você não merecia passar por isso... Eu falhei... Se Ashley estivesse aqui...

— Tudo bem, pai. Isso não é culpa sua, eu não queria que ninguém soubesse disso, muito menos o senhor. Queria evitar que se sentisse assim, impotente, você faz tudo o que pode por mim e eu sempre seria grata.

Eu apenas tinha tido a infeliz má sorte de me encontrar na mesma cidade, escola e no caminho de Noel. E além do mais não deveria ter permitido que as coisas tivessem chegado aquele ponto, eu devia ter falado sobre isso o mais cedo possível com ele, a pessoa que mais amava no mundo. 

— Oh, Hanna... — ele segurou minha mão livre a apertando com cuidado, as bochechas banhadas em lágrimas, limpei com meus polegares cada uma das gotas incolores que caiam livres, ele juntou ambas minhas mãos e depositou beijos em cada.

Eu sorri com o afeto. Mas detestei vê-lo daquele jeito. Meus olhos queimaram, mas eu não podia chorar, meu coração se apertava em cada batida.

— Não chore, por favor. Eu estou bem. É o melhor pai do mundo!

— Obrigado, querida... — respirou fundo para continuar — Mas eu garanto uma coisa para você, isso não ficará assim.

Ele não deixou mais espaço nenhum entre nós e me envolveu em seus braços quentes e aconchegantes, tive a sensação que aquele acalento sempre me trazia, de estar segura quando tinha pesadelos, ou quando estava com medo sobre tudo em geral, e ele sempre esteve lá para mim. Amava-o demais com todo meu coração e era muito agradecida pela reciprocidade.

— Eu te amo, pai. — sussurrei com a voz embargada. Sempre fui aquela criança que dizia ‘eu te amo’ no menor gesto dos meus pais até o maior e não tinha perdido isso até hoje.

— Eu também amo você, filha, muito.

Sorri com suas palavras e vendo por cima de seus ombros uma imagem da minha mãe numa foto que ficava no meu criado mudo, risonha assim como queria que lembrássemos dela, e estava certa de que ela aonde estivesse, mais precisamente no céu, sorria completamente contente por estarmos sempre juntos, meu pai e eu. E se dependesse de mim isso jamais mudaria.

Ele se despediu de mim com um singelo beijo em minha testa e um boa noite.

Eu definitivamente era a garota mais sortuda por ter pais maravilhosos. Minha mãe não estava mais presente, mas ela tinha sua parcela de influência sobre o que eu me tornei. Eu sabia desde o momento que o vira que seriamos grandes amigos... Foi com todo amor do mundo que meu pai e eu contamos as diversas histórias sobre Ashley Wilson para um Caleb muito interessado e atento depois do jantar.

Cada palavra que saia da minha ou da boca do meu pai era tão cheia de carinho e empolgação que dava a impressão de que ela ainda estava ali, que a qualquer momento poderíamos vê-la em seu terninho de trabalho preparando o café da manhã todos os dias, ou com roupas comuns de verão para mais um passeio em família.

Me arrumei na cama estranhando meu corpo pedir por mais descanso, além de comilão era preguiçoso.

Eu gostaria muito que a culpa me deixasse em paz, queria colocar na cabeça de uma vez por todas que eu não fizera nada de errado. Mas era impossível.

Fechei os olhos com força, desejando dormir logo e me livrar daqueles pensamentos, quando meu celular vibrou escandalosamente, assim como eu em momentos em que não conseguia controlar a risada, estiquei o braço preguiçosamente até alcançar o aparelho rosa. Foi impossível não sorrir com o remetente.

Tenha uma boa noite, Han. Eu sempre estarei aqui para socar quem quer que seja. XOXO — Caleb

 Eu ri com vontade com a última parte. E com o XOXO. Tapei a boca com a mão e dei uma breve olhada para a porta para ter certeza que meu pai me surpreendesse de novo.

Obrigada, Caleb, você é incrível. Boa noite. XOXO — Hanna.

Como achei que a conversa tinha dado como encerrada, devolvi meu celular ao seu lugar, desliguei a luz do abajur rosa e fechei os olhos, sendo levada para o mundo dos sonhos, onde Caleb parecia manipular cada um deles por sempre estar presente.


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Notas finais do capítulo

Então? Digam o que acharam, amo sugestões e palpites haha
Kissinhos e até mais
OBS: Irei postar o mais rápido possível. Até suas lindas ♥



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