Back to Home escrita por Ana


Capítulo 16
Aula de Culinária


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado por todos os comentários, fico muito feliz que vocês estejam gostando da minha fic ♥
Música do capítulo: The Cinematic Orchestra - To Build A Home ft. Patrick Watson
Tenham uma boa leitura e espero que gostem.
Perdoem os erros que passam despercebidos.



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Emma esperava as meninas no pátio do colégio, tinha chegado alguns minutos mais cedo e estava sentada em um banco quando elas surgiram em uma onda de crianças, elas vinham conversando com um menino e mais uma menina, pareciam serem colegas de sala. Emma ficou feliz ao ver a cena, ela indicava que Luna estava se enturmando na escola nova, e que ela e a irmã estava se relacionando mais, não pôde deixar de ser grata a Regina por ter providenciado logo uma escola para Luna, mas não se permitiu pensar muito nela.

— Grace, essa é a minha mãe. — Luna falou assim que chegaram perto de Emma.

— Ela também é sua mãe? — a menina chamada Grace perguntou a Luíza

Luíza pareceu titubear um pouco até responder.

— É, ela é sim. — respondeu acenando positivamente com a cabeça também.

Um sorriso tímido brotou nos lábios de Emma, e ficou ainda mais contente por Luíza não ter dado uma resposta monossilábica, como “uhum” ou “aham”.

— É claro que ela também é a mãe dela. — o menino que as acompanhava falou. — Se não, como elas seriam irmãs, dãm! Deve se mó maneiro ter suas mães.

— Você acha mesmo? — Emma perguntou ao garoto.

Para Regina ter matriculado Luíza naquela escola, ela por certo deveria uma escola que não estimulava o preconceito, mas sim o respeito.

— Vocês devem ganhar mais presentes ainda. — o garoto falou fazendo com que todas rissem.

— Mas você só pensa nisso, Henry! — Grace falou.

— Vamos meninas? — Emma as chamou. — E se vocês quiserem ir qualquer dia lá em casa para brincar com as meninas, é só pedirem aos seus pais e mandarem a Luíza e Luna me avisarem, tá? Tchau meninos.

Quando chegaram em casa, as garotas subiram correndo as escadas para se trocarem, e Emma subiu atrás com as mochilas.

— Então meninas, seremos só nós três hoje, a vovó Mary e o vô David estão viajando e o Killian está trabalhando, então o almoço está por minha conta.

— Ai não. — Luna choramingou.

— Para com isso Luna.

— O que foi? — Luíza perguntou.

— Ela está querendo dizer que não cozinho bem, o que obvio não é verdade.

— É verdade sim, Luíza, a mamãe só sabe fazer ovo frito e gelo! — Luna respondeu prontamente, o que fez Luíza rir.

— A gente não pode ir comer na casa da vó Cora não?

— Eu acho que já aprendi o caminho para lá, a gente pode fugir.

— Luna Swan Mills, ponha o nariz para fora de casa que eu te arrasto para dentro por o pé. Tá bom, talvez eu não cozinhe tão bem quanto as avós de vocês ou como a Regina, mas hoje o nosso almoço vai ser delicioso, sabe porquê? Porque vocês vão cozinhar comigo hoje.

— Eu? — Luíza perguntou franzindo o cenho.

 — Isso mesmo, você e a sua irmã. Vamos começar lavando as mãos.

— Mas a gente já lavou. — Luna protestou.

— Mas vão lavar a mão de novo sim, não quero germes dessas mãozinhas na minha comida.

Por a pia da cozinha ser mais alta, Emma levantou nos braços cada uma das meninas e as ajudou a lavar as mãos com sabão e muita água.

Emma deixou na mesa só os ingredientes que iriam ser usados, já imaginava a bagunça iria ser feita, mais ia tentar minimizar como podia.

— Vamos começar por a salada, quero uma bem bonita e colorida, vamos fazer uma salada fresquinha. Você gosta de salada, Luíza?

— Eu gosto da salada da minha mãe, eu não sei se a sua vai ser tão boa assim. — falou em um tom duvidoso típico de criança.

— Ah, mas dessa você vai gostar sim, porque você que vai ajudar a fazer.

— Mas eu não gosto de salada. — Luna falou.

— Mas você vai comer, se não vai ficar sem sobremesa.

Emma pôs duas cadeiras de frente a pia para que as meninas pudessem alcança-la, e então começaram a lavar as verduras e hortaliças.

— Vocês têm que lavar bem, como se estivesse lavando bonecas.

— Mas eu nem gosto de bonecas. — Luíza falou.

— E nem eu.

— Tudo bem, vocês têm que deixar elas limpinhas para poder tirar todos os bichos, porque eles podem causa mal a nossa saúde e deixar a gente doente.

— E que tipo de doença a gente pode pegar se comer com esses bichinhos? — Luíza perguntou

— Você pode ter uma dor de barriga muito séria.

— Mas se eu ficar, a minha mãe vai cuidar de mim, porque a minha mãe é médica.

— Mas mamãe também é! — Luna disse enfática. — Não é mãe?

— Sou sim.

— Então eu vou ficar boa ainda mais rápido, porque aí eu vou ter duas médicas cuidando de mim.

— Mas é melhor prevenir, não é?! Porque para prevenir você só precisa lavar bem os legumes, e se você ficar doente, vai ter que tomar remédio e levar injeções. Pronto meninas, eu acho que agora está bom, vamos montar a nossa salada.

Emma colocou os legumes em cima da mesa e as meninas trouxeram as cadeiras para perto dela, subiram nelas e ficaram de joelhos para poderem ficar mais altas. Com o prato para pôr a salada no meio das garotas, Emma começou a cortar as verduras.

— Lembrem que quero ela bem colorida.

— A gente pode fazer uma caminha com esse verde aqui.

— Esse é a alface. — Luíza disse a irmã.

— Então a gente faz a caminha com a alface.

E começaram a organizar ela no prato.

— Corta o tomate. — Luíza pediu a Emma.

— Claro... Aqui. — disse entregando as rodelinhas a filha.

— Eu vou por esse no meio, fazendo um círculo, assim — Luíza disse explicando a Luna o que pretendia fazer.

Emma tinha que prestar atenção ao cortar os legumes e verduras, mas não conseguia tirar os olhos das meninas, uma emoção sem precedentes se alastrava dentro dela, sentia tanta coisa, tantos sentimentos prontos para saírem e terem vazão, que um nó se formou em sua garganta. Luna e Luíza conversavam, discutiam e combinavam o que iam fazer, ouviam uma a outra, como as irmãs que eram, naquele momento, seis anos não separavam o antes e o depois, porque parecia não haver antes e depois.

Ela continuou cortando as verduras e as meninas montando a salada, usaram cebola, pepino e pimentões coloridos.

— Vocês capricharam no colorido, muito bem. Vou por na geladeira para ela não murchar.

Depois de limpar a mesa e tirar tudo que não iam mais usar, Emma trouxe outros ingredientes.

— O que nós vamos fazer agora? — Luíza perguntou curiosa.

— Vamos fazer um molho para a nossa salada, que vai fazer ela ficar ainda mais gostosa, e que eu aposto que a dona Luna vai comer tudinho, e ainda vai querer repetir. Qual das duas tem mais força?

— Eu! — Luna gritou.

— Vamos ver se tem mesmo, você deve espremer a metade desse limão no boll, mas tem que tirar todo o suco. — Luna fazia mais caretas do que realmente a atividade proposta. — Força Luna, tá muito fraquinha.

— E o que tem para eu fazer? — Luíza perguntou.

— Você vai pegar essa colher de chá e por ela cheia desse pó aqui dentro do boll.

— Mostarda em pó. — Luíza leu no rótulo.

— Pronto. Agora vocês vão bater tudo isso com o garfo. — Emma disse depois de colocar o azeite no boll.

Luíza que já estava com o recipiente, começou a bater, mas como os ingredientes pareciam não misturar, ela começou a bater com ainda mais força, o que fez com que o molho respingasse e sujasse Luna que estava bem ao seu lado.

— Ai, você me melou.

— Eu... — Luíza começava a dizer, mas Luna foi mais rápida, ela meteu o dedo dentro do boll e depois passou no rosto de Luíza. — Você me melou!

— Você também me melou.

— Calma, calma, a gente limpa isso rapidinho.

— Mas... — mais uma vez Luíza não completou a frase, quando começou a falar, levantou o garfo de uma vez fazendo com que Emma também fosse atingida. — Foi sem querer. — falou boquiaberta.

Luna não aguentou, riu horrores da expressão de incredulidade da mãe, e quase se desiquilibrou da cadeira durante a crise de risos, Emma também não se controlou, mesmo toda suja, também riu, e Luíza que achava que iria receber uma bronca, riu até a barriga doer.

— Ok meninas vou guardar o molho também, porque se não, não vai ter para mais molho para a nossa salada, tá bom.

— Ele ficou gostoso. — Luna disse lambendo os dedos.

— Só vai comer ele se for com a salada. — Luíza falou pirraçando com a irmã.

Se com o molho elas já tinha feito a festa, Emma sabia que o próximo prato que iriam fazer seria o apogeu da bagunça e da sujeira.

— Agora a gente vai empanar essas tirinhas de frango, vai ter farinha no meio, então mais atenção meninas. Vou mostrar como vocês devem fazer, primeiro vocês pegam o frango, molha ele nos ovos batidos e depois passa ele na farinha de rosca, tem que cobrir ele todinho, não pode deixar nada de fora.

Luíza foi a primeira a tentar, e fez tudo de acordo com o que Emma tinha ensinado. Já na vez de Luna, a menina teve problemas em passar o frango nos ovos.

— Isso é nojento, mãe.

— Lu, você está segurando um paço de carne crua, e tá reclamando do ovo!

— Tá crua? Eca! — disse soltando a tirinha de frango em cima da mesa.

— Não é nojento, não. — Luíza falou e continuou empanando o frango.

— Ele parece que ele tá enrolando na areia. — Luna disse arrancando sorrisos da irmã.

— É mesmo.

— Mãe, olha para cá. — Luna chamou.

— Oi... Luna, não! — Em uma das mãos a menina segurava um punhado de farinha.

— Eu vou jogar.

— Devolve a farinha para o saco.

Luna não tinha intuito de jogar, mas antes que pudesse devolver para o pacote, Luíza bateu na mão dela espalhando farinha por todos os lugares, principalmente os que antes tinham sido melados pelo molho, como por exemplo, os cabelos das meninas, menos em Emma.

— Eu acho que não deu muito certo, Luíza. — e antes que Luíza pudesse enfiar a mão no saco de farinha para tentar jogar na mãe, Emma foi mais rápida e tirou o saco de cima da mesa — Não, você não vai fazer isso — disse rindo —Vocês estão parecendo duas velhinhas, o tanto de farinhas que vocês tem no cabelo... Vão ter que lavar antes do almoço.

— Ai não. — Luna reclamou. — Eu não posso comer assim, não?

— Suja? — Luíza perguntou.

— Isso, mesmo Luíza, a Luna não gosta de banho, e se ela pudesse, vivia como uma porquinha. — e completou fazendo barulho de porco. — Agora vocês vão me ajudar a limpar tudo isso aqui, porque se não a avó de vocês vai e matar por eu ter deixado vocês fazerem essa bagunça.

As meninas ajudaram como podiam, mas o trabalho pesado foi todo de Emma. Depois de limparem a cozinha, as meninas subiram para o banho e Emma aproveitou para fritar os empanados, quando subiu, Luna já tinha terminado o banho e Luíza estava no banheiro.

— Lavou o cabelo?

— Lavei.

— Deixa eu ver... Deu para o gasto. Luíza, você quer ajuda para lavar o cabelo?

— É... Eu acho que sim.

— Com licença — Emma disse ao entrar no banheiro — Já passou o shampoo?

— Já sim.

— Então deixa eu te ajudar com o condicionador. — Emma o pegou, colocou bastante na mão e começou a massagear o cabelo de Luíza — O seu cabelo é lindo, e bem comprido também.

— Ele parece com o seu, não é?

— Parece sim, quando eu tinha a sua idade, o meu também era grande, mas um dia eu me irritei com ele, era muito trabalho para pentear, e disse para a minha mãe que ou ela me levava para cortar, ou eu mesma cortava.

— E o que a vovó fez?

— Ela me levou para cortar, ficou mais ou menos do tamanho do da Luna.

— Mas agora você usa ele grande.

— Eu deixo ele crescer, crescer, depois corto e dou para quem precisa. — disse ao começar a enxaguar o cabelo de Luíza.

To Build a Home ♪

Depois do banho, Emma e as meninas desceram para almoçar e aprovaram cada prato feito por elas mesmas, superando as suas expectativas, elas adoraram o que tinha feito, principalmente Luna que limpou o prato, tinha comido tudo, inclusive a salada. Depois de comerem, as garotas ajudaram Emma com a louça, secando e guardando, aquela era uma atividade que Luna não era muito adepta, mas ao ver Luíza ajudando, decidiu ajudar também.

À tarde, depois de jogarem banco imobiliário, as duas adormeceram, Luna dormiu por cima do tabuleiro, e Luíza quase caindo da cama. Depois de tirar o tabuleiro debaixo de Luna e de ajeitar Luíza na cama, Emma deitou ao lado delas. Pensou o sobre o dia que estavam tendo, sobre cada pequena conquista... Luíza parecia baixar os seus muros, pelo menos era isso que Emma sentia, sentia ela mais próxima, tanto dela quanto da irmã. Sabia que em relações fraternais nem tudo era flores, ela e Killian estavam aí para provar, mas estava otimista. Foi desperta dos seus pensamentos quando o seu celular começou a vibrar em cima do tampo de madeira do criado mudo, Luíza que parecia ter o sono mais leve que Luna, começou a se mexer, Emma olhou no visor de quem era a chamada e logo atendeu.

— Emma?

— Oi... Regina. — Emma falou baixo para não atrapalhar o sono das garotas.

— Você está podendo falar?

Conhecia Regina o suficiente para sentir através até mesmo de uma ligação, que aquela chamada era um estorvo para ela.

— Estou sim, o que aconteceu? — foi direta.

— Não vou conseguir pegar as meninas agora a tarde, chegou uma paciente com inúmeros traumas aqui no hospital, a outra cirurgiã geral está em cirurgia e eu vou ter que assumir a paciente. Não vou conseguir sair daqui antes das 10 p.m., você pode ficar com as meninas? Porque se não puder — se apressou em dizer. — você pode deixar a Luíza na casa dos meus pais que não tem problema.

— É claro que eu fico com elas, Regina. — chegou a achar insensata a pergunta, era óbvio que podia ficar com as suas filhas. — Elas dormem aqui e amanhã depois do colégio você pega elas.

— Ok. Eu... eu preciso ir.

E logo a linha ficou muda, ela havia desligado.

Apesar de a ligação ter sido rápida, foi o suficiente para deixar Emma inquieta, desde o dia em que operaram juntas, tentou não pensar muito nela ou no que tinha visto, ia ficar com as meninas, e era para elas que deveria focar a sua energia, mas aquele dia insistia em vir em sua mente. Tinham realizado uma grande cirurgia juntas, não sabia como tinha sido para Regina, mas Emma havia ficado imersa em uma saudosa atmosfera, tralhavam como máquina bem lubrificava, e se perguntava quando na vida de casal tinham deixado de agirem assim, em parceria e sincronia, culminando nos seis anos que as separavam agora.

Sem conseguir permanecer deitada, levantou e desceu para a lavanderia, pôs os uniformes das meninas em uma máquina e os seus jalecos em outra, talvez além das roupas, aquilo clareasse e limpasse os seus pensamentos.

À noite, depois que Killian chegou, jantaram todos juntos, as meninas fizeram questão de contar detalhadamente tudo que tinham feito ao tio, incluindo a bagunça na cozinha.

Na hora de dormir, Luna foi a primeira a apagar, a facilidade que tinha para dormir, era proporcional a dificuldade em acordar. Emma ficou na com elas, e quando finalmente pareceu que as duas tinham dormido, se levantou da cama tentando não fazer muito barulho, ia entrar no banho para tomar um banho quando uma vozinha grogue de sono a chamou: — Para onde você vai? — Luíza perguntou.

— Ia só tomar um banho, achei que você estivesse dormindo. — Emma falou voltando para cama e sentando ao lado da filha.

— Eu tava.

— E o que fez você acordar?

— Eu só abri o olho.

— Muito boa a resposta. — Emma ainda se surpreendia com as respostas dessas meninas.

— Você pode ler para mim?

— É... Eu acho que a Luna não tem livrinhos aqui.

— Mas eu tenho um.

— Tem?

— Uhum. — e então Luíza desceu da cama e foi até a sua mochila, pegou o livro e voltou para cama. — Você pode ler?

— Claro que posso. Uma Viagem Pelo Espaço — Emma leu o título, era o livro que tinha comprado para ela no dia do passeio no shopping.

Antes que Emma chegasse a metade do livro, Luíza já tinha adormecido novamente, mas ainda assim continuou lendo, seu consciente dizia que havia continuado a leitura porque Luíza poderia acordar novamente se ela parasse, mas em seu subconsciente, continuar lendo era um conforto para a sua alma, depois de anos, era a primeira vez em que lia para sua filha, e para Luíza era como se fosse a primeira vez na vida. Muitos pais não ligavam para esses momentos, eles se tornam tão corriqueiros e cotidianos que passam despercebidos, mas para Emma... Para Emma era sublime, era tão cheio de significado que era impossível descrever em palavras.

Quando terminou a leitura, baixou a luz do abajur e deu um beijo de boa noite em cada uma das filhas enquanto uma lágrima solitária rolava por o seu rosto, independente dos anos, das ações mal pensadas e superestimadas, era grata por agora estar ali.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam desse momento, dessa interação entre elas?
Só faltou a Regina participando para a família dos sonhos, vocês não acham não?

Muito obrigado por terem chegado até aqui comigo, até o próximo capítulo.



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