Back to Home escrita por Ana


Capítulo 13
Centro do Universo


Notas iniciais do capítulo

Vamos a mais um capítulo de Back to Home.
Tenham uma boa leitura.
Perdoem os erros que passam despercebidos.



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Desde o momento em que seus olhos se abriram para aquele novo dia, Regina não parou de pensar em como seria a tarde de Luíza e Luna com Emma, esperava que ela não estragasse o que ainda estava tão frágil. Tinha procurado não pensar sobre o relicário ou a aliança, o que foi difícil, principalmente quando ainda tinha a sua guardada em um compartimento secreto da sua caixa de joias.

Depois de dar carona a Zelena e deixar Luíza no colégio, quando chegou no hospital foi direto checar o quadro cirúrgico, tinha que se ocupar, mas todas as cirurgias da sua área já estavam em execução, e então viu que Bauer, a substituta da pediatra, faria a sua primeira cirurgia no hospital, então uniu o útil ao agradável, iria assistir do púlpito. Iria fazer aquilo não por que não confiava em seu trabalho ou em suas habilidades cirúrgicas, afinal, ela tinha sido bastante recomendada e elogiada, mas já que era chefe do departamento cirúrgico, aquele não era um cavalo dado, então iria sim olhar os seus dentes, a técnica usada por um profissional da saúde poderia dizer muito sobre quem a usava.

Quando chegou a salinha do púlpito, percebeu que não tinha sido a única a ter aquela ideia, o local estava cheio de internos e residentes. Quando viram que a chefe da cirurgia tinha entrado, todos se ajeitaram em suas cadeiras e encolheram suas pernas para que Regina passasse, já que a única cadeira livre estava do outro lado da sala, no lado oposto a porta.

— Não precisa. — disse séria, fazendo com o que burburinho sessasse e se aproximando da janela de vidro que dava visão para o centro cirúrgico e para o monitor que também transmitia tudo que acontecia ali, não se incomodava em ficar de pé, queria captar todos os detalhes que pudesse.

Kristin, em outro hospital, já tinha trabalhado com a instrumentista que estava de serviço naquele dia, o que a ajudou. Estava ali para operar uma hérnia inguinal que roubava a infância de uma criança, impedindo-a de brincar como qualquer outra da sua idade, porém tudo fluía melhor quando a equipe estava em sintonia.

Ela tinha um corte limpo e mãos firmes, Regina estava a tenta a todos os seus movimentos, o corte da lâmina e ao subir e descer da agulha suturando.

“Quando eu crescer quero ser igual a ela”, Regina ouviu uma interna dizer, “Dizem que ela é umas das poucas que se arrisca em fazer cirurgias fetais, será que vamos conseguir ver ela fazendo alguma aqui? ”, ouviu outro sussurrar.

— Estava me vigiando? — Kristin perguntou ao alcançar Regina em um corredor depois da sua cirurgia.

— Vigiando não é a palavra certa. — disse ao continuar caminhando. — Estava conferindo a potência da minha mais nova aquisição.

— É... Não sei se assim soa melhor, não. — disse fazendo com que Regina desse um sorriso praticamente imperceptível, mas ele estava lá.

— O púlpito estava cheio, não sabia que tinha tantos fãs assim.

— A minha fama me precede, só não é maior do que a da Swan no grupo dos novatos aqui, no final quase tudo está ligado ao DNA.

— Mas não se engane, ninguém quer ficar trancado em um laboratório quando se pode conseguir uma cirurgia solo. — tentou falar como se assunto Emma não lhe incomodasse.

— Nunca me senti tão privilegiada, acho que cheguei com uma vantagem.

— Parece que sim, alguém já mostrou interesse por a pediatria?

— Alguns.

— Alguns é mais do que antes.

 — Você tem alguma cirurgia agora, podemos almoçar? — Kristin perguntou a Regina.

— Não tenho, mas vou almoçar aqui por o hospital mesmo.

— Então posso almoçar com você no refeitório? Bom, a menos que a chefia não almoce com os mortais.

— As vezes dou a vocês o ar da minha presença. — disse ironicamente, brincando com o que a maioria do internos pensavam. — Você tem uma técnica bem diferente.

— Ela é resultante de todos os lugares por onde eu já passei, então eu juntei tudo e montei a minha própria técnica.

Elas conversavam à mesa do refeitório enquanto comiam, quando Ruby surgiu com a sua bandeja e se juntou a elas.

— Os internos não falam em outra coisa que não seja a sua cirurgia, acho que muitos estão considerando a pediatria por sua causa. — Ruby disse entrando na conversa.

— É o que tenho dito a Bauer, o Boston Hospital Center formará uma dezena de pediatras.

— Isso é pura curiosidade, já vi antes, depois que aprendem, fogem todos para o trauma ou geral, eles se alimentam de sangue, essa é a verdade.

 

Emma deixou para buscar Luíza após o horário do almoço, e desse modo, iria buscá-la na casa de Cora, como Regina já havia dito, pois era lá que a menina costumava ficar após a escola, enquanto a mãe estava no hospital.

— Mamãe, para onde nós vamos? — Luna perguntou no carro.

— Vamos pegar a Luíza.

— Disso eu sei, mas para onde vamos depois?

— Vai ser uma surpresa.

Quando chegaram na casa dos Mills, quem atendeu a porta foi Cora.

— Boa tarde, Cora. — Emma disse para ex-sogra, sabia que também não podia esperar muita amistosidade dela, já que Regina tinha a quem puxar

— Boa tarde, Swan. — falou, mas seus olhos estavam voltados para outra coisa, ou melhor dizendo, pessoa. — Oi Luna

— Oi. — a garota respondeu — Ela que é a minha outra avó? — perguntou a Emma achando que falava baixo, quando mais uma vez não falava.

— É sim.

— Eu posso te dar um abraço, Luna? — Cora perguntou. — Faz tanto tempo que não vejo você.

— Pode. — a menina respondeu tímida.

Dentro daquele abraço, os anos para Cora pareceram terem sido multiplicados por cinco. Viu as netas nascer, ajudou Regina e Emma nos primeiros meses, afinal, ambas eram mães de primeira viagem, e logo de duas.

— Nós viemos buscar a Luíza  — Emma disse

— A Regina me avisou, ela está lá dentro com o Henry, vou chamá-la.

Quando Cora voltou com Luíza, Henry veio junto, quando seus olhos pousaram sobre a garotinha que estava parada na sua sala, brilharam ao recordar de todos os seus momentos com as suas netas antes da separação.

— Luna, esse o Henry, ele também é o seu avô. — Emma falou

— Você é o papai da Regina?

— Eu sou sim. — Henry disse se ajoelhando e ficando da mesma estatura de Luna. — Meu Deus, como você cresceu, está tão linda, você parece muito com a sua mãe. — disse tocando na ponta do nariz da garota.

— Oi Luíza, nós viemos te pegar para fazermos um passeio.

— Eu sei, a minha mãe falou. — a menina disse sem muita animação.

— Bom... Vamos então?

Quando saíram da casa, Emma prendeu as meninas nas cadeirinhas e antes que pudesse entrar no carro, Cora que estava na calçada falou: — Seja cuidadosa.

— Serei. — Respondeu.

Durante o caminho, Luíza falou apenas o que era necessário, em suma, o que Emma perguntava, ela também não interagiu muito com Luna, a loira era sua mãe, a outra garota a sua irmã, mas ainda não era isso que sentia, não era assim que as via, ainda não via ali uma família.

— Chegamos, meninas. — Emma disse estacionando o carro.

— O que é aqui, mamãe? — Luna perguntou.

— É um shopping mall, é um dos da cidade, bom, desde que chegamos eu ainda não tinha tido tempo de trazer você aqui, e acho que a Luíza pode mostrar para gente as coisas divertidas que tem se para se fazer aqui, não é Luíza? — ela que sim com a cabeça.

Logo quando entraram no prédio, Emma recebeu um panfleto no qual dizia que o Museu de Ciências de Boston estava com uma exposição do planetário montada no shopping com direito a show de luzes e tudo, então decidiram que aquela seria a atividade do dia. A fila estava razoavelmente grande, muitos pais haviam levados seus filhos, mas a bilheteria trabalhava rápido, e logo Emma conseguiu comprar os seus ingressos e entrar.

O ambiente estava escuro, fazendo analogia ao espaço, o que fez que por instinto Emma segurasse na mão das garotas, tendo uma de cada lado seu. Era possível ver corpos, pessoas a sua frente, mas não era possível enxergar quem eram ou que cor de roupas de vestiam, mas todos seguiam na mesma direção, percorrendo um caminho iluminado por lâmpadas de LED azuis, algumas brancas e outras com tonalidades que variavam do vermelho-claro ao amarelo-claro, que estavam a meio corpo nas paredes e no piso. Era como ter as estrelas sob os seus pés, não era sobre estar no topo do mundo, mas no centro do Universo.

A medida em que caminhavam uma luz amarelada foi se fazendo presente na escuridão.

— Vocês sabem de quem nós estamos nos aproximando? — se agachou um pouco e perguntou às meninas, precisou falar alto, já que além de todas as vozes, o espaço também possuía um só de fundo.

— Do Sol. — Luíza respondeu antes de se dar conta de que as palavras tinham saído, estava hipnotizada, o som, as luzes es suas oscilações prendiam a sua atenção.

O sol é uma estrela, e é a mais próxima da Terra e a que assegurou as condições necessárias de vida deste planeta...

Ouviram quando chegaram a gigantesca esfera amarela, na exposição, mesmo com toda a luz emitida daquele “Sol”, a sala permanecia na penumbra, o que surpreendeu até Emma, e ela também se perguntou como tudo aquilo podia caber dentro de um shopping. Continuando, passaram por Mercúrio, Vênus e quando chegaram finalmente a Terra, Emma pode perceber que não era só as luzes que mudavam, mas a temperatura também, que ia diminuindo gradativamente.

Antes que a narração sobre o planeta começasse, Emma teve um dos seus braços puxados bruscamente.

— Eu sei qual é esse, é a Terra, mãe!

— Muito bem, você acertou.

A Terra é o único planeta que possui água na forma líquida e tem o ar rico em nitrogênio e oxigênio, a combinação desses três elementos gerou vida no planeta...

Então passaram por Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e por uma sessão especial para Plutão, até ver toda a exposição.

Quando saíram, seus olhos demoraram um pouco para ser acostumarem com a diferença de luz, principalmente as meninas que tinham olhos mais sensíveis. Emma ainda segurava em suas mãos. Para qualquer um que visse, ali era o retrato de uma mãe comum com as suas duas filhas, talvez nem que pensassem que se tratavam de gêmeas, mas para Emma... Para Emma era muito mais, era finalmente estar com Luíza e ter as suas duas filhas juntas, era ter a sua família próxima de si.

Separar as garotas nunca fora um plano seu para punir Regina, em sua cabeça soava mais como não deixar que nenhuma das duas ficassem sozinhas, não suportaria ficar longe das duas filhas, assim como Regina também não conseguiria. Na época havia ficado tão entusiasmada com a possibilidade de alçar novos voos, que a sua mente se fechou para o absurdo que quilo era. Foi tão evasiva que nem dera a Regina a chance de reagir, e hoje pagava por isso, pagava caro por isso.

— Vocês estão com fome? Querem comer algo? — Emma perguntou quando chegaram perto da praça de alimentação.

— Quero um hambúrguer bem grande com um copão de milk-shake de chocolate, mamãe. — Luna falou prontamente.

— Meu Deus, e você consegue comer isso tudo?

— Com certeza, aqui tem muito espaço. — disse se referindo a sua barriga.

— Você Luíza, o que vai querer?

— Posso comer um Mc Lanche?

— Claro que pode, hoje você pode comer o que quiser.

Emma deixou as garotas sentadas em uma mesa próxima e foi para a fila do caixa fazer os seus pedidos.

— Você tem muitas amigas na sua sala? — Luna perguntou quando ficaram sozinhas.

—Tenho, eu conheço todas as meninas.

— A professora é boa ou é chata?

— A Srt. Jamine é legal. Você vai mesmo estudar na minha sala?

— Uhum, a minha mãe até já comprou a farda, mas eu não queria não.

— Não?

— Não, não gosto de acordar cedo, é tão ruim. — Luna disse escorregando dramaticamente por a cadeira.

— Luna, senta direito. — Emma disse chagando com os seus lanches. — Um Mc Lanche para você, um hambúrguer sem picles e um milk-shake de chocolate para você.

— Vocês gostaram do planetário?

— Eu amei! — Luna disse de boca cheia.

— Mastiga primeiro. — Emma a repreendeu. — E você Luíza, gostou?

— Uhum, tinham tantas luzinhas que pareciam estrelas, e os planetas eram tão grandes... Pareciam de verdade.

Quando terminaram de comer, caminharam um pouco por o shopping, e antes que pudessem entrar em alguma loja, uma outra chamou a atenção de Luíza, que não passou despercebido por Emma.      

Quando entraram na livraria Luna foi para sessão que tinha alguns brinquedos, e Luíza ficou caminhando por a loja olhando os títulos e as capas de livros infantis

— Gostou de algum, Luíza? — Emma perguntou se aproximado da menina que olhava as prateleiras com atenção.

— A minha mãe já leu a maioria desses aqui para mim.

— Ela sempre lê para você antes de dormir?

— Só as vezes, mas as vezes a vovó ou a tia Zelena leem para mim quando a mamãe tá no hospital, e outras vezes eu leio sozinha, mas como que você sabia que ela lia para mim?

— Ela lia para você e para Luna quando vocês iam dormir.

— Eu quero ver esse aqui — ela disse puxando um livro com a lombada azul-claro da prateleira.

— Vamos para aquela mesinha ali no fundo.

—Você também lia para mim... E para a Luna? — perguntou quando sentaram.

— Eu lia alguma vezes, mas vocês preferiam quando a Regina lia, ela fazia caras e bocas imitando os animais e vocês adoravam, nem piscavam quando ela estava lendo.

Emma estava sentada a uma mezinha que mal devia alcançar a altura do seu joelho, suas pernas ficavam para fora, e o assento da cadeira então nem se falava, mal cabiam suas nádegas, estava toda encolhida e possivelmente sentiria alguma dor depois, suas articulações já não eram como antes, mas nada daquilo nem sequer passava por cabeça, estar com a sua filha ali como jamais conseguira estar, independente do motivo, lhe envolvia por inteira.

— É... Luíza, Eu sei que Luna riscou sem querer um livro seu, e eu posso te dar outro do mesmo se você quiser. — Luíza fez que não com a cabeça. — Você quer levar esse?

— Eu posso?

— Pode sim, e pode pegar até outros se quiser.

— Eu só quero esse, obrigado.

— Não precisa me agradecer, não. Vamos pegar a Luna e passar no caixa, ainda temos bastante coisas para ver.

Enquanto passavam por as prateleiras em direção ao caixa, Emma viu um livro que chamou sua atenção e pegou dois exemplares.

Continuaram caminhando por o shopping, e ao contrário de Luíza, quase tudo que Luna via queria levar para casa, Emma não sabia se Luíza realmente não queria nada ou se estava com vergonha e ainda não se sentia à vontade para pedir, mas achava que fosse a segunda opção.

Era final de tarde quando Emma estacionou o carro na frente da casa dos Mills.

— Vovó, eu vi Saturno, e ele era tão grande que nem cabia nessa sala. — Luíza disse assim que Cora abrir a porta.

— Nossa, e ele era grande assim?

— Era! Cadê o vovô?

— Está na cozinha preparando o jantar.

— Vovô! — Luíza gritou correndo por a sala.

— Você gostou do passeio? — Cora perguntou a Luna.

— Uhum, a gente foi no shopping e viu um monte de planetas.

— Planetas no shopping?

— O Museu de Ciências montou uma exposição do planetário lá, fomos ver — Emma respondeu. — Ah, isso é para a Luíza — disse estendendo uma sacola a Cora — No carro também tem um para você. — falou afagando a cabeça de Luna. — Bom, vamos indo, Luna? Você precisa comer alguma coisa que não seja feita em fast-food. Tchau Cora.

— Tchau. Tchau Luna.

— Tchau.


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Notas finais do capítulo

Bjus e até o próximo capítulo