Back to Home escrita por Ana


Capítulo 11
À Passos de Formiga


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: The Cinematic Orchestra - To Build A Home ft. Patrick Watson ( https://www.youtube.com/watch?v=cG2bTlOcLnE )
Tenham uma boa leitura.
Perdoem os erros que passam despercebidos.



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Depois do primeiro encontro Emma e Regina combinaram de que se alternariam com as garotas, nada muito invasivo, pois todas ainda estavam se conhecendo. Na tarde daquele dia Regina aproveitou a sua folga semanal e foi a primeira a ficar com as meninas.

Pela manhã deu carona a Zelena e ao deixar Luíza na escola, conversou com a diretora do colégio sobre a matrícula de Luna na escola e sobre a possibilidade dela e Luíza ficarem na mesma sala, acreditava que esse contato e a proximidade seria bom para as filhas. A princípio a diretora se fez resistente por se tratar de uma turma que já estava completa, mas ao Regina explicar sucintamente a situação, ela compreendeu e disse que as meninas receberiam o acompanhamento que fosse necessário.

Quando voltou, Regina deu uma organizada na casa, não tinha empregada, afinal eram apenas ela, Luíza e Zelena, e não era sempre que estavam em casa, e começou a fazer o almoço. Preparava tudo com tamanho zelo, queria fazer algo gostoso, algo que Luna gostasse, queria agradar a filha, e mesmo se ocupando, não parou de pensar um só minuto que depois de anos, aquela seria a primeira vez em que estaria com as filhas juntas e agindo verdadeiramente como a mãe que era. Só de pensar nisso seu coração batia acelerado.

Não desculpava Emma, a final, tudo aquilo era culpa dela e resultado do seu egoísmo, mas achava que talvez agora, com as suas filhas por perto, seu coração pudesse ter um pouco mais de sossego.

Quando deu a hora de Luíza ser liberada da escola, foi buscar a menina e passou na casa de Mary para pegar Luna.

— Vovó! — Luíza disse se jogando nos braços de Mary, que foi quem abriu a porta.

— Oi meu amor.

— O meu tio já chegou de viajem?

— Já sim.

— Cadê ele?

— Está lá em cima, no quarto.

Luíza subiu feito uma bala pelas escadas para ir ver o tio. Luna que antes estava na cozinha, foi até a porta olhar quem era quando a campainha tocou, quando a avó abriu a porta viu Luíza abraçando ela e saindo correndo escada acima, também não passou despercebido por Luna que Luíza sequer tinha falado com ela, ou ao menos tinha a visto.

— Eu estou tão feliz por vocês terem dado esse passo. — Mary falou ainda a porta com Regina.

— Não mais que eu. A falta que eu sentia da Luna chegava a não caber mais no meu peito.

— E você e a Emma... Vocês já...

— Oi. — Luna falou fazendo com que Mary se calasse.

— Olá Luna! — Regina falou se abaixando e ficando na mesma altura da menina, segurando o ímpeto de abraça-la.

— A minha mãe falou que você vinha me pegar hoje.

— Isso mesmo, vamos passar a tarde juntas, eu, você e a Luíza.

— Vou pegar a sua mochila, querida. — Mary disse subindo as escadas.

— Para onde nós vamos? — Luna perguntou.

— Vamos para a minha casa.

— Mamãe, eu não posso ficar aqui? — Luíza perguntou descendo as escadas nas costas do tio e com Mary descendo atrás.

— Hoje não, Luíza. — disse pegando a mochila de Luna com Mary. — Mas quem sabe amanhã. Meninas, deem tchau para o Killian e para a Mary.

Luna e Luíza se despediram do tio e da avó e foram para o carro.

— Boa sorte. — Killian desejou ao se despedir de Regina. Ele realmente desejava aquilo, sabia o quão tinha sido difícil todos aqueles anos para ela.

— Essa é a sua casa? — Luna perguntou quando Regina parou o carro — Ela é linda.

— É sim Luna. Há muito tempo você morou aqui comigo.

— E a minha mãe também?

— É, e a Emma também. — disse perdendo um pouco a animação.

Quando entraram, Regina pediu que Luíza levasse Luna até o seu quarto para que pudesse guardar a sua mochila.

— O seu quarto é muito bonito. Você ainda brinca de bonecas? — Luna perguntou enquanto olhava as bonecas nas prateleiras do quarto de Luíza.

— Não! — respondeu prontamente — A minha mãe que guarda. Você pode colocar a sua mochila aqui. — disse abrindo o armário e saiu correndo do quarto.

— Cadê a Luna? — Regina perguntou quando Luíza chegou a cozinha.

— Lá em cima. — disse sentando a mesa.

— Lu... — começou a dizer passando a mão na cabeça da filha, mas Luna tinha chegado na cozinha.

— Essa casa é muito grande, só moram vocês duas?

— Senta aqui Luna — Regina disse puxando a cadeira para que a menina se sentasse a frente de Luíza, e Regina se sentou na cabeceira da mesa — A minha irmã também mora aqui.

— A tia Zelena. — Luíza falou.

— Ela também é minha tia?

— Claro que sim. — falou servindo as meninas — Se ela chegar mais cedo hoje, talvez você possa conhecer ela.

 Luíza olhava com atenção a conversa da mãe com Luna.

— A propósito, os seus avós... Meus pais, estão loucos para te ver de novo, ou melhor, te conhecer, todos nós sentimos muita saudade.

— Vou conhecer eles também?

— Com certeza.

— Aqui tem tanta gente, quando eu morava em Washington éramos só eu e a mamãe. É.. Eu não gosto muito disso aqui, não. — Luna falou se referindo aos legumes no prato. — Eu gosto só dos da minha avó. Posso jogar fora?

— Porque você não prova um pouco? Pode acabar gostando, e acho que eu cozinho tão bem quanto ela.

— Não, eu não quero isso. — a menina disse empurrando o prato para longe.

— Então você come só o que gostar, tudo bem?

Luna amarrou a cara e mexeu vagamente no prato.

Regina se repreendeu, queria que a sua relação com Luna avançasse, que ela a visse como mãe, estava a um passo de levantar e preparar algo que Luna quisesse quando Luíza falou chamando a sua atenção.

— Hoje a gente teve teste na escola, mamãe.

— Mesmo? De que?

— De inglês.

— Você já sabe quanto tirou?

— A professora disse que tirei dez e que eu estava de parabéns.

— Que bom meu amor.  Ah, hoje eu conversei com a diretora da sua escola, Luíza, ela falou que vocês duas vão poder estudar na mesma sala.

— Vamos? — Luíza perguntou sem muita animação.

— E como a Emma e a Luna chegaram a pouco tempo, acho que a Emma ainda não teve tempo de procurar uma escola para você não é Luna?

— Aham, aí eu vou estudar de manhã?

— Isso, com a Luíza. A escola é muito boa, tem parquinhos e a professora é um amor, não é Luíza?

— Uhum.

— Porque vocês não sobem para brincar um pouco enquanto eu arrumo a cozinha. — Regina falou quando terminaram de comer.

Ela queria que alguém lhe ensinasse como fazer aquilo, não sabia se estava indo bem com Luna, estava perdida, e ainda se preocupava com Luíza, não queria que ela se sentisse deixada de lado e esperava que Emma pudesse lidar com isso também.

— Você não tem vídeo game ou xbox aqui? — Luna perguntou enquanto olhava novamente o quarto de Luíza.

— Não, eu não tenho, mas na casa da vó Mary e do vô David tem, e eu jogo lá.

— É, eu sei, agora tá no meu quarto.

Luíza não entendia, o vídeo game estava lá para ela para ela jogar, jogar com o tio dela.

— Você também não tem televisão aqui.

— Aqui no quarto não, mas tem na sala e no quarto da minha mãe, e da minha tia também.

— Mas não tem aqui, no seu quarto.

— Mas se eu quiser, eu posso ver na sala.

— Tá. — Luna disse rolando de olhos. — O que mais você tem aqui?

— Tenho livros.

— De que tipo?

— Livros de história, de colorir e pop up, o 3D. — Luíza falou apontando para as prateleiras.

— Que luminária maneira.

— Ela fica ligada quando eu vou dormir.      

— Espera aí, você ainda dorme com a luz acesa!?

— Não! Quer dizer, só de vez em quando — mentiu. — Vem ver os meus livros.

Regina guardava a os pratos quando ouviu gritos : "— Não! Sai!" , o que foi suficiente para subir as escadas correndo até o quarto de Luíza.

— O que foi? O que tá acontecendo aqui?

— Ela riscou os meus livros, mamãe. — Luíza falou correndo para perto de Regina.

— Eu não sabia, achei que eu podia. — Luna disse se justificando. — Ela falou que era para colorir...

— Mas não esses. — Luíza gritou.

— Calma Luíza, a Luna não sabia.

— Mas ela riscou o meu livro!

— Desculpa, não foi porque eu quis.

— Foi sim, você fez de propósito!

— Não foi não! — foi a vez de Luna gritar.

— Calma, as duas, Luíza eu posso comprar outro para você.

— Mas eu não quero outro, que o meu livro. — dito isso saiu correndo do quarto.

Luíza não sabia de onde aquela menina tinha vindo, mas parecia que viera para lhe roubar a sua mãe, as suas coisas e em breve os seus amigos também.

— Eu não sabia, não foi de propósito. — Luna falou com um tom choroso para Regina.

— Está tudo bem, eu sei que não foi — disse se agachando na altura de Luna e colocando atrás da orelha da menina a mecha de cabelo negro que caía sobre seu rosto — Vamos lá para baixo, ainda podemos ver um filme e comer pipoca. Você gosta de pipoca? — Luna fez que sim com a cabeça.

Na sala, Luíza estava sentada no canto do sofá e emburrada.

— O que vocês querem ver, meninas?

— Vamos ver Frozen. — Luíza sugeriu.

— Vamos assistir A Hora da Aventura. — Luna pediu.

— Ok, então eu vou ser o órgão desempatador, hum... Vamos assistir O Rei Leão.

— Esse filme é velho. — Luna reclamou.

— Você não gosta? Todo mundo gosta.

—É... Eu gosto.

 To Build A Home ♪

Mas isso Regina já sabia, enquanto ainda moravam todas juntas, Emma sempre colocava o filme e assistia com as meninas, duvidava que ela não tivesse colocado aquele filme vezes após vezes para a Luna, afinal, aquela era a sua animação favorita, então deu play no filme e foi preparar o lanche para as meninas. Quando voltou, cada uma estava sentada em uma extremidade do sofá, suficientemente longe uma da outra, o que fez com que o coração de Regina se encolhesse. Ela se sentou no meio com a pipoca e entregou as bebidas as meninas.

Quando a mãe se sentou, Luíza se aproximou dela e se encostou em Regina, que passou o braço em torno de Luíza.

— Você quer pipoca? — ofereceu a Luna, vendo que a menina continuava distante.

— Uhum. — respondeu chegando mais perto e se sentando ao lado de Regina, que também passou o passou o braço em volta dela.

Antes que o filme terminasse as meninas adormeceram, ambas pegaram no sono encostadas a mãe.

Regina sempre fora conhecida por ter as palavras na ponta da língua, por sempre ter o que o dizer, por saber o que dizer e quando dizer, e por ter a última palavra, mas se naquele momento alguém pedisse que descrevesse o que sentia, nenhuma palavra seria o suficiente, nada teria tamanho significado ou complexidade. Tinha fresco em sua memória o dia em que teve pela última vez as suas bebês em seus braços, e a noite antes de dormir sempre revivia aquele momento, era capaz de sentir em suas mãos a textura da pele de Luna e o cheirinho da colônia que usava nas meninas, sabia em detalhes como elas estavam vestidas.

Quando as garotas discutiram mais cedo, achou que tudo tivesse ido por água abaixo, que Luna fosse pedir para ir para casa ou que Luíza se trancaria em algum cômodo, mas não fizeram isso, Regina pensou que talvez elas estivessem começando a dar uma chance para aquela irmandade, talvez aquele fosse um pensamento bastante audacioso levando em consideração todas as circunstâncias, mas quem culparia uma mãe de ter esperança?

Regina não sabia bem como se sentir, nos últimos dias tudo estava emaranhado, mas ela finalmente voltava a respirar, finalmente aquele buraco estava se fechando, ela sabia que não era mais possível viver sem um daqueles dois pedaços seu, e estava disposta a dar quantos passos de forminhas fossem necessários para que Luna tornasse a vê-la como mãe e que as garotas se vissem como irmãs, porque amor não é algo que se toma, é algo que lhe é dado, que é conquistado.

Não acordou as meninas, deixou que acordassem sozinhas, a primeira foi Luna que acordou, mas se manteve aconchegada ali, até que Luíza acordou e Regina subiu com elas para ajudar no banho. Depois do jantar levaram Luna de volta à casa dos avós.

— Como assim duas? — David falou quando Regina entrou na sua casa com as meninas — Porque vocês não vêm aqui dar um abraço bem apertado no vovô, hein? — disse se agachando.

As meninas correram para os braços dele.

— Nós acabamos de jantar, mas não quer tomar um café conosco, Regina? — Mary convidou.

— Eu... A Emma já chegou? — perguntou entregando a mochila de Luna.

— Ainda não.

Regina ponderou, mas ainda sim negou: — Acho melhor não, vou voltar para casa com a Luíza, Zelena vai chegar em casa daqui a pouco e não sei se ela está com a chave de lá.

— Tudo bem, mas como foi hoje?

— Acho que... Acho que fomos bem, não sei.

— As coisas irão melhorar, vocês vão ver, esse é só o primeiro passo.

— Espero que seja.

— Vovó, vovó, o tio Killian está lá em cima? — Luíza perguntou quando soltou o avô.

— Não Luíza, ele saiu um pouco antes de vocês chegarem.

— Olá Regina. — David falou chegando a porta abraçado com Luna.

— Oi David, como vai?

— Vou bem, e você?

— Também vou bem. Luíza, se despesa dos seus avós.

— Tchau vovó. Tchau vovô. — a menina disse abraçando os seus avós.

— Tchau meu bem. — disseram.

— Tchau Luna. — disse acenando timidamente.

— Tchau.

— Tchau Mary e David. Tchau Luna. — Regina se despediu.

A menina olhou para o avô que lhe deu um sorriso cumplice.

— Tchau. — Luna falou soltando do avô e dando um abraço em Regina, e mais pedaços do seu coração foram colados.


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Notas finais do capítulo

Vamos, me contem o que vocês acharam e sobre suas expectativas para o desenrolar dessa relação.
Bjus e até a próxima.
IG: nicolau_ana



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