...

Eu tava cortando com o garfo e a faca, mas não resisti e só peguei com a mão e coloquei na boca. Muito mais prático.

- Viu, não é assim lá tão ruim. - ele disse me olhando, acho que eu estava sorrindo, já que ele sorriu pra mim também. Eu estava mais preocupada em comer do que prestar a atenção nas minhas expressões faciais.

- É, acho que você estava certo, eu posso conviver com isso. - disse olhando dentro dos seus olhos e durante um segundo eu fiquei feliz, mas tudo voltou ao normal quando ele desviou.

Me lembrou o Edward. Ele fazia sempre isso, sempre cuidando para que eu não me machucasse, que ele não me machucasse melhor dizendo. Enquanto eu queria avançar no nosso relacionamento ele me afastava. Maldita humanidade frágil. Acho que ele estaria comigo agora caso eu não fosse assim, tão quebrável. Ou, talvez não, ele mesmo disse que eu não era boa o suficiente pra ele, acho que se pudessemos ter relações não mudaria o fato.

Só percebi mesmo que estava chorando quando o Lucas limpou uma lágrima minha. Eu não acredito que estou chorando por aquele imbecil de novo. Mas, parece inevitável.

- Quer conversar sobre isso? - o Lucas disse me dando um apoio enorme, ele sem perceber já me ajudava só por estar aqui comigo.

- Acho que preciso desabafar, contar pra alguém o que eu estou sentindo, porque parece que ninguém me entende. - disse com agora mais algumas lágrimas caindo. Odeio chorar, as pessoas acham que eu sou fraca e sentem pena de mim.

Detesto que sintam pena de mim, eu não preciso.

- Talvez precise colocar pra fora, acho que assim você se liberta. - disse afagando o meu rosto.

Não aguentei e pulei no colo dele, eu precisava ser amparada agora.

Não ter quem eu mais amei e ainda amo dói tanto quanto o fato de queimar no fogo. Dói por dentro, me corrói por dentro, me mata por dentro.

O ruim, é que não foi só ele...

Alice.. Confiei os meus segredos, os meus medos, as minhas angústias, as minhas alegrias, as minhas tristezas, o meu amor... E ela simplesmente vai embora e nem se despede de mim.

É ou não é pra estar chorando?

- O Edward, foi o grande amor da minha vida. - disse entre soluços. - Eu fui pra Forks porque a minha mãe se casou de novo e o Phil joga num time de segunda divisão, ele viaja muito e ela ficava em casa comigo, mas isso a deixava infeliz. - disse tentando não chorar agora, precisava falar, expor pra ele, e não seriam lágrimas que não permitiriam. - Então eu fui morar com o meu pai. Conheci o Edward e seus "irmãos" na escola, eles não queimam no sol, eles brilham, então não tem muito perigo de sair quando está chovendo ou nublado, coisa que acontecia sempre em Forks. - o Lucas ficou impressionado nesse momento, arregalando muito os olhos. Continuei. - Depois, eu me apaixonei, mas não por causa da sua grandiosa beleza, mas porque eu consegui descobrir um Edward a qual ninguém conhece. Ele é uma pessoa incrível, mas não porque é vampiro, é porque ele me fez parecer ser a melhor pessoa do mundo e eu achei realmente que ele me amasse. Doce, açúcarado engano. Perfeito engano. Fiquei sendo a melhor amiga da irmã dele a Alice Cullen e também do irmão Emmett Cullen. A Rosalie que é casada com o Emm e o Jasper que é casada com a Allie não gostavam muito de mim, mas conseguiamos conviver. Os pais dele Esme e Carlisle Cullen eram perfeitos comigo, como se eu fosse uma jóia rara, uma bênção na vida deles, apesar de que sou apenas uma mortal. - o Lucas me olhou de um jeito estranho. Não acredito. - EU SOU IMORTAL? - perguntei gritando e caindo do colo dele. Ele assentiu e me ajudou a levantar. - Nossa, eu estou impressionada. - disse me sentando. Fiz menção de continuar a história e ele se sentou também. -  Mais ou menos um ano depois no meu aniversário de 18 anos eu me cortei com papel e e o Jasper quase me atacou. - o Lucas ficou com uma expressão sombria no rosto, como se fosse matar alguém e eu não tenho dúvidas que ele tem poder pra isso. - Depois o Edward me deixou e agora eu estou aqui, porque o meu pai achou que eu estava em depressão, o que não talvez não deixe de ser verdade. - disse sorrindo ironicamente. Apesar de que acho que vou ser feliz aqui.

- Nossa! Esse Edward é muito idiota. - eu acenei com a cabeça concordando. - Mas, enfim, posso ser sincero com você? - perguntou, acho que ele não ia me dizer alguma coisa que eu fosse gostar, mas mesmo assim assenti. - Você precisa de um novo começo na sua vida. Deixar o Edward, esquecê-lo. - fiz menção de interrompê-lo, ele estava me pedindo uma coisa impossível a qual eu nunca vou conseguir cumprir, eu AMO o Edward. - Bella, você é a única que está sofrendo. Ele não disse que você não é boa pra ele? Ele talvez esteja com outra pessoa (N.A: Não matem o Lucas, mas a Bella tem que ver que não adianta ficar esperando o Edward, ela tem que acabar com essa história, apesar de que nunca vai deixar de amá-lo, mas talvez não viver 100% e 24horas Edward). E você?

Fiquei refletindo tudo o que ele falou por alguns minutos, eu precisava pensar em tudo o que aconteceu e está acontecendo na minha vida.

Isso de esquecer o Edward não daria certo, mas eu posso amá-lo um pouco menos? Talvez.

- Eu estou sozinha chorando por ele. - disse não o encarando, era difícil admitir que ele tinha razão.

- Bom, nós temos uma reunião hoje com todo o bando, acho melhor você se arrumar, pegar uma bolsa, deixar um bilhete pra sua mãe, não se preocupe, ela sabe que você vai hoje. - ele disse, mas eu não conseguia pensar em muitas coisas agora, no que de fato eu precisava fazer.

- Claro. - e me levantei indo pras escadas pra ir pro meu quarto.

Peguei tudo o que eu precisava e coloquei numa bolsa.

- Vamos? - disse arrumando o meu cabelo em um rabo de cavalo. Estava no meio da escada ainda, quando de repente tropecei no cadarço do meu tênis.

Fiquei esperando a dor vir, estava de olhos fechados. Quando vi que alguma coisa estava errada, eu estava flutuando.

O Lucas me encarava atônito, parecia que ele tinha visto um fantasmas, mas talvez eu não esteja tão longe de um.

- Eu não sei o que dizer agora. (N.A: Eu não sei o que colocar, qualquer outra coisa ia parecer muito idiota)

- Não precisa dizer nada, vamos lá antes que a gente se atrase. - disse e ele concordou comigo, apesar de que ele ainda estava um pouco desnorteado.

Abri a porta e parece que alguma coisa no meu cérebro também se ligou.

- Como nós vamos?

- Vamos correndo, você tem que se acostumar e é muito mais rápido do que um carro.

- Mas, como eu me transformo?

- Simples, em qualquer momento que você quiser. - o olhei incrédula, isso seria demais. - É apenas um controle, você só precisa pensar que é um tigre que você se transforma. - o encarei um pouco confusa, quando eu me transformei eu não queria ser um tigre. Ele me olhou como se soubesse o que eu estava pensando.

- Bella, você é uma pessoa previsível, nem precisa eu estar como tigre pra saber o que você esta pensando. - ele riu. Isso foi quase uma ofensa pra mim, eu sou sempre a pessoa a qual as outras não sabem nem o que se passam na minha cabeça. Magoou.

Dei um soco nele, só pra aliviar a tensão.