FEITOS UM PARA O OUTRO: Para Sempre escrita por Denise Reis


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou grande, mas eu preferi não dividi-lo, no entanto gostaria muito que vocês lessem tudo, não só os diálogos, ok?
Não é SPOILER. É apenas um desabafo de uma autora: Se você já leu as minhas outras fics, sabe que eu não ponho somente diálogos... Pois é, eu não deixo o leitor ficar tentando adivinhar “o local onde a cena acontece” ou ficar supondo “o que se passa na cabeça e ao redor dos personagens”, muito menos interpretar “o que eles estão pensando”. Eu entendo que é dever do autor explicar tudo para que a história fique fácil de ler e de entender. Por isso, além dos diálogos, eu coloco as reflexões e os anseios dos personagens e se você pular a leitura de tais partes, a história fica sem sentido. Por mais que eu tenha calculado o enredo, com todo tipo de emoções intercaladas, a história não é matemática, onde 2+2=4. O bom da história não é somente saber ou ver o que acontece, mas correr atrás para descobrir “porque” e “por onde” estas coisas acontecem e todo o mistério que envolve a trama.
O escritor Augusto Cury nos ensina que “Não devemos enxergar apenas com os olhos da face, que só captam a luz exterior, as ondas eletromagnéticas. Precisamos também enxergar com os olhos do coração que captam os pensamentos e as emoções das pessoas”.
Vamos fazer juntos esta viagem CASKETT. Conto com vocês.
Boa leitura.



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Rick e Kate se levantaram indignados ao ouvir aquela afirmação que, para eles, era um completo absurdo.

Mesmo se sentindo muito ultrajada com a afirmação da sogra, Kate se dirigiu a Marta com muita polidez— Veja bem, Marta. Você não me conhece e eu não te conheço. Esta é a primeira vez que nos vemos e com todo respeito eu te digo que este é o maior absurdo que já ouvi na vida. Desculpa a minha sinceridade, mas esta sua afirmação é completamente sem sentido e... – ela respirou fundo para tentar se acalmar e para não falar palavras que ferissem sua sogra preferiu ser o mais afável possível— Isso é um absurdo, Martha!

— Mamãe, eu nunca vi a Kate antes de entrevistá-la no meu programa.

— E eu também, Martha. Nunca havia visto o Rick pessoalmente.

— Mamãe, nem foto dela eu tinha porque as que eu e a minha equipe conseguimos a Kate estava sempre de lado e com uniforme de gala da polícia, com quepe, dificultando a visibilidade.

Sem se perturbar com a negativa de ambos, Martha insistia — Crianças, podem parar de fingir.

— Mamãe!

— Martha!

Ambos estavam indignados e isso fez Martha acreditar neles, então foi por outro caminho— Será que mesmo sem se conhecerem vocês dois não frequentaram a mesma festinha “diferente” – ela arqueou as sobrancelhas fez as aspas com os dedos— e aí se excederam no álcool, passaram a noite juntos e não se lembram de nada?

Kate não escondia que estava perplexa e tentava ao máximo se conter, visto que além de achar errado responder de forma rude qualquer pessoa, aquela, em específico, era mãe do seu namorado, o homem que ela amava. Entretanto, ela estava muito chateada não só com a afirmação, mas agora com a sugestão da sogra. Olhou para o namorado e, baixinho, comunicou — Castle, pra mim já chega. Eu agora vou embora mesmo. Depois a gente se fala. Vá chamar o Gustavo, por favor.

Rick a segurou pelo baço – Mamãe, agora você extrapolou. – Rick estava visivelmente irritado e tentou se desculpar com a namorada. – Desculpe o que minha mãe acabou de dizer, Kate. Venha, eu vou te levar pra casa... Vou pegar o Gustavo... Outro dia você vem aqui.

— Vocês não vão a lugar nenhum.— Martha falou séria, com tom amável. — Meus queridos, eu não quis ofendê-los. – ela estava sendo sincera— Longe disto. É mais comum do que vocês pensam, as pessoas frequentarem festas alegres, descontraídas, sem barreiras, sem tabus e acontecer isso que eu falei. Isso não faria de vocês pessoas imprestáveis. Que horror! Vocês são tão jovens e tão preconceituosos! – ela ralhou.

— Não é isso, mamãe. Não é questão de ter ou não ter preconceitos com relação a este tipo de festa. Eu estou falando sério e não tenho porque mentir ou fantasiar, aliás, já sou bastante grandinho pra isso... Eu vou repetir: Infelizmente, eu nunca tinha visto a Kate em toda a minha vida. Ah, mamãe, eu já te disse tudo isso no dia em que eu cheguei aqui em casa após o programa e se eu a tivesse visto antes de eu entrevistá-la, com certeza eu a reconheceria, mesmo se eu estivesse completamente embriagado ou drogado. Uma mulher assim não se esquece. Nós nos conhecemos somente no dia em que ela foi à emissora de TV e fiquei apaixonado assim que a vi entrar no estúdio. Eu já viajei pelo mundo todo e nunca tinha visto nenhuma mulher assim... Linda e maravilhosa e a cada palavra que ela falava eu ficava impressionado pela inteligência e... E não estou falando isso para seduzi-la, pois eu já falei tudo e muito mais para ela durante este final de semana. – Castle estava sento sincero e procurou ao máximo ser claro — Nada mais é novidade, entende?

— Eu digo a mesma coisa, Martha. Eu nunca tinha visto o Rick pessoalmente. Nunca! Eu só o conhecia por meio dos documentários e dos livros do seu filho que, por sinal, eu sou fã número um. A primeira vez que eu o vi pessoalmente foi no talk-show e confesso que meu sangue gelou ao olhar para ele, não porque eu já o conhecesse, mas sim porque eu o achei um escândalo de lindo. As qualidades intelectuais dele eu já sabia por conta dos livros e documentários, então, a surpresa foi somente conhecê-lo frente à frente. Eu já tinha visto milhões de fotos dele nas revistas e nas contracapas dos seus livros e também, claro, nos documentários, mas conhecê-lo pessoalmente foi impactante, pois ele tem um olhar quente. Fiquei louca, mas acreditava que ele estava inteiramente fora do meu alcance porque somos de mundos completamente diferentes... Ele do mundo das celebridades e eu no mundo real, na luta diária do combate ao crime. Mas aí você já deve saber, ele deu um jeito de ir conhecer e pertencer ao meu mundo e hoje, graças a Deus, estamos juntos e totalmente apaixonados, sem choques entre os mundos. Ou seja, antes deste encontro, nunca nos encontramos nem mesmo na fila da padaria, quanto mais para fazer um filho. Ah, Martha! – Kate ainda estava perplexa.

— É! Uma linda história de amor! – Martha sorria encantada com os depoimentos. – Ok! Os argumentos de vocês me convenceram, meus queridos. Desculpem esta velha romântica incurável que vê fantasia e romance em tudo. Mesmo já tendo vivido muito, eu ainda acredito em uma velha e boa história de amor, cheias de detalhes, com tramas incríveis, entrelaçados, surpreendentes e quase inverossímeis.

O clima da conversa estava ficando leve novamente.

— Meus filhos, vocês me dão licença? Eu vou ao meu quarto, mas volto antes que vocês sintam saudade. – a simpática senhora sorriu e deixou a sala.

Assim que Kate e Ricy se viram sozinhos, os dois se entreolharam, torceram a boca de modo divertido e começaram a rir do susto que levaram.

— Deus! Fiquei assustada com sua mãe, viu? – pega aqui na minha mão — Eu estou gelada! Estou assustada. Eu estava quase sugerindo que ela fizesse o exame de DNA no Gustavo somente para tirar esta ideia bizarra da cabeça dela. Eu sei que ela é saudável e só quer o nosso bem, inclusive o do Gustavo, mesmo ela tendo acabado de nos conhecer, mas eu fiquei perturbada e se ela continuasse falando, eu acho que eu acabaria hipnotizada pelo olhar e pelas palavras dela e diria tudo que ela quisesse... Tipo, “Sim, Martha, o Gustavo é filho do Richard... O Gustavo é seu neto”. – Kate falou imitando a voz metalizada de um robô de filmes ou de séries de TV.

Eles riram do comentário divertido de Katherine.

— E eu? – Richard indagou— Nossa Senhora! Pensei em mil coisas, mas em nenhuma delas eu via você na cama comigo há cinco anos...

— Ops! Você tem coragem de pensar em outra mulher quando está comigo, é, moço?— ela o repreendeu sorridente. — E o pior, na cama??

Ele a abraçou e a beijou — Adoro esse seu ciúme retroativo. Acho divertido... Mas fique tranquila, amor, que todas as mulheres que passaram pela minha vida nem chegam aos seus pés. Você reina sozinha. Você reina soberana. Acredite.

Eles se beijavam quando foram interrompidos por Martha— Olha que lindo! Nem mesmo aquela conversa desagradável tirou a paz e o romance de vocês. Isso que é amor.

Martha sentou-se no mesmo local de antes e se dirigiu ao filho e à nora – Crianças, sem querer alongar o assunto anterior, eu quero apenas mostrar uma foto deste rapaz aqui quando ele tinha a idade do Gustavo. – olhando nos olhos da nora que voltaram a ficar alarmados, ela pediu – Filha, tenha paciência, por favor... Eu só te peço que olhe a foto. Seja sincera e diga o que você acha.

Martha entregou um encorpado álbum de retratos aberto ao meio, onde se via uma antiga fotografia do Richard aos quatro anos de idade.

— Pode tirá-la do álbum, querida.

Katherine retirou cuidadosamente a fotografia e depositou o álbum na mesa lateral.

Assim que teve a foto nas mãos, Katherine ficou tão pálida quanto Martha ficara no momento em que encontrou Gustavo. Richard percebeu e a segurou. Neste momento ele também olhou para a foto dele em criança e ainda assim, mesmo sabendo da sua aparência infantil, ele não tinha lembrança de como realmente eram idênticos.       

Percebendo o estado emocional dos jovens, Martha deu um tempo para eles assimilarem a imagem da foto do seu filho.

A fotografia, apesar de ter quase trinta e sete anos, estava muito bem conservada e as cores, o foco e o brilho estavam perfeitos, parecendo que era uma foto revelada no dia anterior.

Katherine foi a primeira a falar— Martha! Estou impressionada! Não é à toa que você foi persistente em acreditar que o Gustavo era, realmente, filho do Rick. Deus do céu! Se não fosse o tipo de roupa daquela época e alguns detalhes do local eu seria capaz de apostar que se tratava de meu filho. Com certeza eu diria que esta foto foi tirada ontem.

— Eu te disse, não foi? – Matha perguntou com doçura.

— Mamãe! Óbvio que eu sei como é minha aparência atualmente e como eu era quando criança e adolescente, mas olhando agora esta fotografia, eu estou impressionado. E digo a mesma coisa que a Kate disse. Se não fossem detalhes da moda e do ambiente onde a fotografia foi tirada... Deus! – ele lembrou de algo e falou logo— Kate! Veja como são as coisas. Não sei se você se lembra... Mais cedo lá na casa dos seus pais eu até comentei que ao olhar para o Gustavo eu me recordei de alguém e logo depois eu falei que ele parece comigo nesta idade em que ele está.

— Ah, foi mesmo! – Katherine estava pasma.

— Entendem agora o que eu senti ao olhar o Gustavo? – Martha declarou— Foi a mesma coisa que eu ver o Richard criança. Idêntico. Eu o ouvi conversando com a Alexis... Até a sonoridade da risada e o timbre de voz dele são idênticos ao seu, Richard. Eu estou impressionada! Filho, acho que se você tivesse um filho não seria assim tão parecido... Aparência, voz, atitudes, risada... Aliás, nem a Alexis parece tanto assim com você.

— Agora eu entendo perfeitamente, Martha e até te peço desculpas se disse ou se fiz algo inconveniente... Se me comportei mal ou se me excedi nos meus comentários. Realmente o Gustavo é a cópia fiel do Castle e eu estou impressionada. – a moça voltou a olhar a fotografia e estava perplexa.

— Ah, filha! Tudo bem! Eu compreendo que você ficou um tanto quanto chateada por eu ter insistido.

— Eu quero um exame de DNA do Gustavo para comprovar que eu sou o pai dele! – Richard comunicou sério.

— Eu estou quase fazendo mesmo, viu? – Katherine brincou.— Se você pedir de novo eu pego você e o Gustavo pelo braço e vou agora. – Malu sorriu.

— Estou brincando, meu amor. Claro que não vou impor ao Gustavo um exame sem motivo.

— Eu sei. – Katherine estava tranquila.

Ainda mais que, infelizmente, nós não nos conhecíamos antes do talk-show.

— Ah, Rick, tudo bem, óbvio que eu sei.

— Bem, agora chega desse assunto, ok? Ninguém aqui vai precisar fazer exame de DNA. Coincidências existem. Aliás, muitas coincidências, na verdade. – Martha deu o assunto por encerrado.

O final da tarde estava uma maravilha na casa da família Castle e tanto as crianças quanto os adultos se divertiam, cada grupo a seu modo.

Os adultos estavam conversando e degustando vinho quando as crianças chegaram correndo e rindo muito. Gustavo se jogou sobre a perna esquerda da mãe e Alexis sobre a perna direita, acomodando-se como se aquele colo fosse dela a vida toda.

Richard e Martha se entreolharam diante da atitude espontânea da menina.

Alexis estava com o rosto vermelho de tanto rir. A franjinha da garota estava suada e colada à testa igual aos fios que grudavam no pescoço. E Gustavo do mesmo modo. Os cabelos grudados e suados e tudo isso era sinônimo de felicidade e de alegria.

— Mãe, eu estou com sede. Você pode me dar água, por favor?

— Eu também, mãe. – Alexis anunciou - Você também pode me dar água, por favor. logo depois a garotinha se corrigiu, mas não demonstrou um pingo de constrangimento — Ih, eu falei “mãe”, né... – sem malícia, as duas crianças sorriram com o equívoco da menina.

A menina olhou para Katherine e comentou — Você é tão linda, Kate. Eu gostei muito de você, viu? E também gostei muito do Gustavo. Ele é muito divertido.

Richard sentiu algo estranho, pois Alexis nunca se dirigiu a nenhuma de suas ex-namoradas por livre e espontânea vontade, muito menos para pedir alguma coisa. E o pior, ou melhor, ela nunca nem mesmo se sentou ao lado, muito menos no colo de nenhuma delas, quanto mais se jogar e ainda se declarar apaixonada pela moça.

— É, o dia hoje está diferente... Será que está havendo choques de planetas ou de estrelas? – Os adultos riram diante do comentário de Richard.

Vendo que as crianças estavam tão bem acomodadas sobre Katherine e esta se mostrava satisfeitas em tê-las ali, Martha se levantou e se ofereceu para trazer água para as crianças e assim que as duas saciaram a sede, devolveram o copo e agradeceram.

— Obrigada, vovó. – Alexis sorriu para a avó.

— Obrigado... – o garotinho olhou para a mãe e sussurrou algo no ouvido dela, sendo de pronto repreendido suavemente pela mãe.

— Meu amorzinho, é feio cochichar, principalmente quando tem pessoas em volta.

— Tá certo, mamãe. Desculpa, gente, não fiz por mal... – ele se desculpou para todos — Mas mamãe, você não me respondeu. – ele perguntou para a mãe, desta vez sem cochichar.

— Queridinho, pergunte a ela se você pode. – Kate explicou.

— Pergunte você, mãe... – ele estava visivelmente tímido.

— Você agora virou tímido, filho? – Katherine brincou na tentativa de descontrair o garoto, mas viu que não teve êxito, então deu uma forcinha para facilitar — Martha, o Gustavo quer te perguntar uma coisa.

— Eu ouvi o que ele perguntou. – Alexis anunciou, pois estava junto dele e realmente ouvira.

— Princesinha, deixa que o Gustavo falar, ok, meu amor? – Richard a repreendeu em tom amoroso.

— Não, Rick! – Gustavo se sentiu salvo pela amiguinha — Pode perguntar a ela, Alexis. – Gustavo autorizou.

Uma vez autorizada, Alexis não contou dois tempos e perguntou — Vovó, o Gustavo disse que gostou muito de você e ele quer saber se pode te chamar de “vovó”?

Aquela pergunta inesperada e ao mesmo tempo tão dentro do assunto anterior, deixou Martha boquiaberta e Richard também não ficou indiferente ao questionamento do garoto. Olhou para a namorada e esta demonstrou que também estava admirada com aquela novidade.

— Realmente, os planetas se chocaram hoje. – Katherine confirmou a suspeita anterior do namorado, diante de tantas situações incomuns.

Katherine e Richard acharam lindo quando Martha chegou perto do garotinho e o puxou delicadamente para seu colo — Pois fique você sabendo, meu lindo, que eu também gostei muito de você e vou ficar muito feliz se você me chamar de “vovó”. a encantadora senhora abraçou o menino e percebia-se que estava emocionada e embargou a voz ao olhar para a nora e para o filho e comentar— Até o cheirinho do suor dele é igual ao seu quando você era criança, Richard. – ela aspirou o suave cheiro do suor infantil e era visível sua felicidade— Deus do céu! Que maravilha! – ela apertou ainda mais o novo netinho e o beijou no rosto e nos cabelos várias vezes.

Alheio ao comentário da idosa, Gustavo se acomodou melhor nos braços da “avó”, passando os braços pelo pescoço e deu um beijo bem estalado no rosto dela. – Eu gostei muito da senhora, “vovó”.

Inocente como a maioria das crianças, e sem perceber como aquela cena estava emocionante, ele logo se desvencilhou dos braços da avó, pegou na mão de Alexis e a convidou — Já bebemos água, Alexis, então vamos voltar para brincar.

Só que antes de sair dali, ele viu sobre a mesinha de centro a fotografia de Rick aos quatro anos de idade, e perguntou à mãe — Mamãe, que dia eu tirei esta foto? Onde foi que eu tirei esta foto que eu não lembro? E esta roupa? Eu não lembro de ter esta roupa. – recolocando a fotografia de onde havia tirado, ele comentou todo divertido — Eu, eihm! Vamos, Alexis!

O comentário do garoto sobre a tal fotografia não passou batido. Os três adultos se entreolharam, mas permaneceram calados. Rick quebrou o silêncio e chamou as crianças— Hey vocês dois, que tal comer uma pizza, eihm?

— Eu adoro pizza! – Gustavo se adiantou e declarou.

— Eu também!— falou Alexis.

Pediram duas pizzas por telefone e muito rapidamente chegaram e a turma se alimentou.

Já passava um pouco das vinte horas quando Katherine anunciou que já estava tarde, pois as crianças tinham aula no dia seguinte e ela tinha que estar cedo na delegacia.

Rick levantou e anunciou— Nem vou insistir para ficarem porque eu sei o trabalho que esta mocinha dá para acordar e tomar banho para ir à escola. E segunda-feira parece que é o dia mais difícil.

— Então...

— Eu vou levar vocês – Rick continuou.

— Não precisa, amor. Eu peço um taxi pelo telefone. É fácil e seguro. – ela estava sendo sincera.

— Sem querer me intrometer, mas já me intrometendo – Martha brincou —, Katherine, deixe seu namorado te levar, boba, assim, vocês ficam mais tempo juntinhos. Vá por mim e aceite. Aceite o conselho de quem já viveu muito.

Ao ouvir o comentário da avó, Gustavo fica indeciso— Mamãe, o Rick é seu namorado, é? – Gustavo mostrava uma fisionomia de curiosidade.

— É, meu amor. – Kate afirmou — Tudo bem para você?

— Por mim tá tudo ótimo porque eu gostei muito da Kate. – Alexis disse logo a opinião dela.

— Tudo bem pra mim também, mãe. Eu gostei dele. O Rick é meu amigo, lembra? – o garotinho estava tranquilo — Mas ele vai ficar com você igual como o vovô fica com a vovó, é?

Demonstrando curiosidade, Katherine quis saber — E como é que seus avós ficam, eihm, Gustavo?

Muito sorridente, ele respondeu fazendo trejeitos divertidos no rosto, nos braços e fazia uma voz engraçada— Eles ficam assim: “Meu amorzinho”, “Minha linda!”, “Eu te amo” e eu também já vi o vovô e a vovó se beijando na boca. – ao dizer isso o garoto torceu a boca, franziu a testa e o nariz numa careta de nojo, fazendo os adultos sorrirem.

— Eca! – Alexis também fez uma careta de nojo.

— Pois eu e Kate vamos sim, falar isso tudo e vamos nos beijar assim, olha – Rick deu um selinho nela, pegando-a de surpresa.

Ao verem aquela cena as duas crianças disseram em coro — Eca!

— Hum! – Katherine entrou na brincadeira — Quer dizer, então, que eu posso namorar o Rick? – ela perguntou para as duas crianças.

— Pode!

— Pode! – as duas responderam em coro novamente.

— Ah, tá, crianças. Só rindo com vocês dois. – Richard declarou e todos os adultos riram.

Castle pegou a chave do carro e se dirigiu à porta da rua. – E aí, vamos?

Enquanto isso, Kate foi até Martha para se despedir e ambas disseram que gostaram muito de terem se conhecido e mais palavras de afeto foram trocadas com sinceridade.

Gustavo foi até a Martha — Vovó! – e esticou os bracinhos pedindo um abraço. Martha carregou o lindo garotinho de quatro anos e trocaram abraços apertados e um monte de beijo. — Boa noite vovó. Depois eu volto, viu? – aquilo foi tão natural, fofo e sincero que emocionou a todos os adultos.

— Com certeza, meu amorzinho, a vovó vai te esperar cheia de saudades.

Quando Katherine foi se despedir de Alexis a garota reagiu com muita fofura e muita naturalidade— Eu também vou com vocês.

— Filha! – Rick a olhou em tom de censura velada.

— Pai, por favor! – e por mímica ela implorou e logo depois chegou ao lado dele e falou baixinho — Eu quero ficar mais só um pouquinho perto da Kate e do Gustavo.

 A bela menina fez uma carinha tão linda que desarmou o pai, mas antes mesmo dele dar a decisão final, Katherine tomou à frente, esticou sua mão para pegar a mão da menina  — Então vamos, minha princesa. Venha.

Ao ouvir aquele convite, Alexis olhou para o pai como para pedir realmente o consentimento.

— Se a Kate falou, filha, tá falado. Você pode ir com a gente.

— Oba! – a menina correu e deu a mão a Katherine. — Tchau, vovó.

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No trajeto de ida para a casa de Katherine Beckett, todos foram conversando sobre assuntos triviais para que as crianças participassem.

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Rick parou o carro na porta do prédio onde Kate morava e estavam para se despedir quando ele confessou bem baixinho — Eu quero tanto te beijar... E não é só um selinho que eu quero.

— Eu também quero muito – ela sussurrou.

— E aí? – Rick indagou, fazendo carinhos no rosto e nos cabelos de Kate, mas mantinha no rosto uma expressão de saudades.

De rabo de olho eles olharam para os filhos que estavam numa conversa animada, pois não tinham se apercebido que já tinham chegado.

— Vamos subir – ela propôs, decidida. – Entre na garagem e coloque o carro na vaga destinada ao meu apartamento. Eu não tenho carro e a vaga está vazia.

Ela orientou como ele devia fazer.

Feito isso, pegaram o elevador e subiram.

Assim que entraram na sala do apartamento, Katherine sugeriu ao filho que ele fosse gentil e mostrasse seu quarto e seus brinquedos para Alexis.

As crianças passaram correndo por eles como um furacão e assim que desapareceram, Richard puxou Katherine para um canto da sala, próximo ao balcão da cozinha e a imprensou na parede, beijando-a com paixão, sendo correspondido à altura.

Ambos estavam com a respiração acelerada, excitados e arrepiados até a ponta do cabelo. Acariciavam-se e beijavam-se como se o mundo fosse acabar no próximo segundo.

Quando o beijo terminou os lábios se recusavam a se separar e vários selinhos mágicos foram trocados até que Rick sussurrou ainda quase colado a ela— Eu te amo tanto, Kate, que nem consigo mais pensar na minha vida sem você. E olha que estamos juntos há somente dois dias. – ele consultou o relógio de pulso— Sim, são quase nove horas da noite do domingo e não nos largamos mais desde o início da noite da sexta-feira. – ele respirou fundo para controlar a paixão.

— Eu estou igual a você, amor. Na atmosfera de delegacia onde eu vivo, Rick, eu não posso vacilar e tenho que tomar decisões rápidas e para isso é essencial fazer análises coerentes e corretas. A minha vida e a dos outros muitas vezes depende de mim, então eu me acostumei a isso. Muitos não entendem, mas isso não me faz mal. Eu gosto disso. Muita adrenalina e gosto mesmo desta sensação, tanto que desde criança sou assim. Esta é a minha vida e esta sou eu. Sempre tão decidida... – ela o olhava nos olhos e tinha emoção na voz— E aí aparece você. Minha vida que parecia estar tão arrumada, neste exato momento eu não sei o que vem a seguir... Eu me sinto meio assustada... Ah, eu sempre fui tão objetiva e tão independente, agora nem sei o que pensar, muito menos o que fazer ou mesmo falar. Isso tudo é muito estranho. Nunca passei por nada disso. Nunca! Tudo para mim agora é novidade. Esse amor, essa paixão, esse tesão, essa vontade de não querer sair dos seus braços, do seu abraço e de não querer que você vá embora. – ela fez uma pausa — Não consigo. – ela o abraçou pelo pescoço e o apertou bem forte colando seu rosto no pescoço dele.

Entendendo perfeitamente o que ela disse, pois também se sentia assim, Rick correspondia ao abraço, apertando-a nos seus braços — Eu também me sinto assim mesmo, Kate. A vontade que dá é não deixar você sair nunca de perto de mim.

Eles se entreolharam e riram felizes e recomeçaram um beijo que, como o primeiro, estava cheio de paixão e desejo.

Neste momento ouvem um barulho forte vindo do quarto do Gustavo e, imediatamente, ambos saem correndo para ver o que é que tinha acontecido lá.

Beckett ia à frente, seguida por Castle.

Ao entrar no quarto do garoto o casal se deparou com as crianças em pé, pálidas, estáticas e assustadas. Olhos esbugalhados e visivelmente assustadas, mas as duas estavam aparentemente bem.

— Tudo bem com vocês? O que houve, filho? – Katherine perguntou com voz mansa ao chegar perto das crianças, passando a mão pelos cabelos deles na tentativa de acalmá-los e olhando para Alexis demonstrou a mesma preocupação — E você, princesa? Tudo bem com você?

— Puxa vida, mãe! Tomei um susto danado. – Gustavo se sentou na sua cama e explicou, já se refazendo do susto.

— Eu também tomei susto. – Da mesma forma, Alexis já estava menos tensa.

— O que aconteceu, eihm, garotos? – Richard se sentou em uma poltrona próxima à cama, olhava tudo em volta e observava o relato das crianças, tentando entender o que acontecia. — Tá tudo bem mesmo com vocês?

— É que eu dei um chutão na bola e ela bateu no skate que estava apoiado naquela prateleira ali na parede, mamãe. – Gustavo apontou para a prateleira e para o skate grande e colorido que agora estava caído no chão.— Mas foi sem querer, mãe. Desculpa, tá?

Percebendo que as crianças não se machucaram e não houve qualquer tipo de prejuízo, seja material ou emocional, Katherine tentou acalmá-los — Bom! Tá tudo bem! Tirando o susto, vocês estão bem, né? – as duas crianças, ainda sem graça, balançaram a cabeça em sinal afirmativo — Da próxima vez, mocinho, chute mais fraco para não acontecer coisa pior, ok, como, por exemplo, quebrar alguma coisa ou o pior, machucar a Alexis e até você. – ela piscou o olho para o filho e foi até o skate e chamou o garotinho — Vem aqui me ajudar, filho. Pegue o seu skate e me entregue para eu pôr novamente na prateleira.

O menino obedeceu a sua mãe indo até ela. Pegou o skate no chão e o entregou para que fosse recolocado na prateleira de origem. Ele estava meio sem graça por conta do incidente e também por conta da bronca camuflada.

— Bem, já está tarde. – Richard consultou o relógio — Existem duas crianças lindas e traquinas que precisam dormir para acordar cedo amanhã para ir à escola.

— Aaaahhh, papai! – Alexis contestou.

— Filha! – Rick a censurou moderadamente.

— Mas Rick, ainda tá cedo... – Gustavo fez bico de tristeza porque a amiga ia embora. — Estamos brincando aqui, ó! – ele mostrou os brinquedos espalhados no canto do quarto.

— Outro dia vocês continuam.

— Sério? – Alexis ficou curiosa. – Eu venho outro dia aqui?— a garota arqueou a sobrancelha feliz e olhou com cumplicidade para o amiguinho.

— Sim. Seríssimo! – Rick confirmou— Nós quatro vamos nos ver sempre... – Rick respondeu e logo olhou para a namorada — Acho que todos os dias. O que é que vocês acham disso, eihm?

As duas crianças fizeram caras e bocas divertidas. Ambos apertaram a boca e mais uma vez arregalaram os olhos, trocaram olhares de alegria bem como de cumplicidade e esticaram os bracinhos para cima como se estivessem comemorando um gol.

— Êba! Êba! Tá vendo, Gustavo. Que beleza! – Alexis era a personificação da alegria.

— Yuuupiii!!! – Gustavo deu um grito comemorativo, esticando o braço direito para cima em sinal de alegria máxima.

A reação dos filhos deixou o casal muito contente.

Gustavo e Katherine despediram-se de Alexis e Richard.

Pai e filha estavam já entrando no elevador, sendo observado por Gustavo e Katherine à porta quando o garotinho, por livre e espontânea vontade, falou algo que encantou a Richard e a sua própria mãe — Alexis, me desculpe pelo susto que eu te fiz passar quando eu joguei a bola e derrubou o meu skate, viu?

A menininha deu um sorriso tímido, levantou a cabeça e olhou para o pai depois para Katherine e por fim para o seu novo amigo — Eu vi que foi sem querer, Guga. Tá tudo bem, viu.

A resposta doce da garotinha trouxe um sorriso de alívio no garotinho e os dois torceram a boca demonstrando felicidade.

— Tá! Beleza!

— A gente se vê amanhã na escola.

A porta do elevador se fechou levando pai e filha de mãos dadas e ambos com sorrisos nos rostos.

— Hora de dormir. – Katherine avisou ao filho assim que entraram em casa.

Após uma arrumação rápida e básica no quarto do garoto, os dois foram para suas respectivas camas, não sem antes Gustavo tomar um banho, sob protesto.

 

 

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

IMAGEM DO CAPÍTULO:
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