FEITOS UM PARA O OUTRO: Para Sempre escrita por Denise Reis


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Como estou contente porque chegaram leitores novos nos comentários e também mais um favoritou!!!♥ Sim, Litaeml favoritou. Fico muito feliz por você estar de volta e também por ter incluído esta minha nova fic na relação de suas FAVORITAS. Olha, gente, eu estava conversando com uma leitora sobre a infertilidade precoce da Kate. Confesso que não pesquisei sobre isso. Coloquei apenas que quando ela tinha por volta de 24 anos, ela fez um exame e foi detectada uma infertilidade precoce, então ela rapidamente deu um jeito de engravidar e como é uma fic romântica, ela conseguiu, né, porque eu priorizei o romantismo e não o estudo da medicina. E como eu não sou médica nem sei nada sobre isso, Scoorro!!! rsrs eu não dei muitas explicações procedimentais porque senão eu iria me complicar, então preferi falar de forma genérica... kkk Mais adiante eu vou tocar no assunto, mas sempre de forma leve e sem detalhes técnicos para não falar besteira... kkk Quer dizer, espero que eu não fale muuuuita besteira mesmo. E tomara que eu já não tenha falado besteira... Socorro!! Vamos focar no romantismo, ok?? Please!!! Obrigada e não desistam da fic por conta disso, ok???
Boa leitura e mil beijos.♥♥♥
Denise



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Toda a região da praia do resort era iluminada por pequenos postes.

A maré estava vazando, ou seja, a água estava branda. Rick e Kate continuavam andando de mãos dadas sobre a areia fina e alva. Arrastavam os pés entre as marolas que vinham rebentar o restinho das pequenas ondas mansas, espirrando gotículas pra todo canto, chegando a umedecer levemente as calças arregaçadas e isso era refrescante e muito agradável, além de ter um efeito calmante formidável.

Aliado a isso, a brisa soprava no rosto deles, minimizando o calor, no entanto espalhava os fios e mechas de cabelos pelo rosto de Katherine, deixando-os charmosamente bagunçados, pelo que, de forma rápida, fácil e natural, ela os prendeu com um elástico preto que mantinha no pulso.

Depois de aproximadamente dez minutos andando naquele paraíso e conversando a respeito do recente relacionamento e todas as dificuldades que tiveram para finalmente estarem juntos, inclusive acerca da chegada deles ao resort, sobre o jantar, sobre as compras nas boutiques e por último sobre a fantástica ideia de caminharem na areia, Kate sugeriu que se sentassem sobre um conjunto de pedras grandes que ficava mais acima, na parte da areia seca.

Beckett sentiu que chegara o momento certo para conversar mais seriamente sobre sua pessoa. Sim, precisava falar mais sobre si e, principalmente, sobre Gustavo e não queria falar sobre esse assunto tão sério e tão importante sem olhar nos olhos de Rick.

Enquanto se encaminhavam para as pedras, Richard caçoou sobre a intenção dela em irem se sentar — Já cansou de andar, foi? Pensei que você fosse mais resistente.

— Rá-rá-rá – ela reproduziu o som de risadas em resposta à zoação dele, e logo depois sorriu de verdade. Ela tinha um ótimo senso de humor — Não, Sr. Engraçadinho. É que eu estou precisando conversar com você.

Por mais seguro que Richard estivesse naquele romance com a Kate, ele ficou tenso com aquele comentário e deu uma brecada nos seus passos, fazendo-a a parar também. — Ouvindo você falar assim, que está precisando conversar comigo... É para eu ficar preocupado?

Ao ouvir tal indagação ela o puxou pela mão, sorrindo, para retornarem a caminhada até o grupamento de pedras e sorriu — Hey, homem! – ela exclamou de forma branda e divertida — Eu só quero falar sobre mim porque eu acho que você só sabe sobre a Detetive Katherine Beckett... Eu tenho a impressão que você só sabe sobre a minha vida profissional e mais nada. Pelo menos é o que eu acho. Estou certa? – sem interromper os passos ela o olhou nos olhos para conferir a expressão dele.

— Verdade! Eu estou completamente apaixonado por você, pelo seu modo de ser, de agir, seu sorriso, suas birras. – ele riu provocando-a — Com exceção da sua vida acadêmica e na polícia, acho que não sei nada sobre sua vida privada.

Chegando às pedras se dirigiram à mais alta delas. Ele se sentou e a colocou entre suas pernas, encostando as costas dela no seu peitoral e ficaram trocando carinhos.

— Então, mocinha, o que é que tem aí para me contar sobre você. – mas fez uma ressalva — Não que o que você me contar vai mudar o que eu sinto por você, mas... – ele usou uma entonação de curiosidade bem teatral que a fez rir — Se você quer falar, eu amo ouvir, aliás, é o que eu mais gosto de fazer... Adoro bisbilhotar e procurar saber das coisas e dos detalhes... — Rick sorriu e deu uma mordidinha no pescoço dela, fazendo-a sorrir também.

— Você vai me entrevistar novamente, Sr. Richard Castle? – Katherine brincou.

— Pode ser. E o perigo é eu me apaixonar mais ainda.

— Você acha mesmo que isso seria um “perigo” ?

Ele deu um suave beliscão na cintura dela, de brincadeira — Sua danadinha! Claro que não.

Ainda apoiada no peitoral dele, foi dado o start da dita entrevista. Falaram sobre onde ela nascera, sobre a relação dela com os pais, escola, faculdade, cursos de extensão. Na verdade, a entrevista se transformou naturalmente em conversa, como, na realidade, era a intenção dos dois.

A conversa estava muito descontraída e a todo o momento eles sorriam de algo que um ou o outro falava acerca de roupas, brincadeiras e peraltices deles da época de crianças e adolescência.

— Rick, você já me falou, mas eu também li em uma revista que Alexis, sua filha, tem seis anos. Será que ela vai me aceitar? Ou será que ela vai ficar com ciúmes, eihm?

Ele a afastou um pouquinho apenas para olhá-la nos olhos — A Alexis é um amor! Ela é um fofura e é madura para a idade. Pelo que eu já te conheço, Kate, eu sei que ela vai te aceitar tranquilamente. Ela nunca gostou de nenhuma namorada minha, mas sei que ela vai amar você.

— Hummm!!! Já vi que a Alexis é mesmo muito inteligente. – ela fez graça diante do fato de que a menina não gostara de nenhuma namorada do pai, mas que iria gostar dela.

— Ah, é mesmo. Você fez uma zoação, mas você está certa. Além de inteligente, ela tem uma sensibilidade incrível de ver a alma das pessoas. As poucas namoradas que eu apresentei a minha mãe e à Alexis eu via logo os olhares dela e captava que a reação não tinha sido boa. Ela só respondia aos cumprimentos e não dava um sorriso ou trocava uma palavra sequer. E realmente, a coisa não dava certo e não ia pra frente.

— Não seria ciúmes destas mulheres?

— Não! A Alexis é espontânea, sorridente, muito extrovertida e adora conversar... Difícil vê-la calada quando ela gosta da pessoa. Eu e minha mãe achamos que é como se a Alexis fosse sensível o bastante para captar as intenções negativas destas mulheres. Então quando ela ficava séria, não falava nada e apenas ficava observando as mulheres, eu via que a coisa não ia dar certo, como, aliás, eu já achava e sempre me arrependia de não ter terminado antes de expor minha filha a esse tipo de gente. Mas tudo bem, foram poucas.

— Na verdade, moço, eu não estou a fim de saber sobre a lista das suas ex-namoradas... Estou com ciúme retroativo... Não gosto de nenhuma delas, inclusive e principalmente a tal Monika Zutshan que eu conheci.

— Passou!!! Foram tentativas frustradas de namoro, mas nenhum deu certo. Graças a Deus eu te encontrei e agora será só você até o fim da minha vida. Amorzinho, você vai conhecer a Alexis e daí você vai me dizer se estou certo sobre o que eu penso acerca da intuição da minha filha e sobre o jeito dela ser.

— Nossa Senhora! Estou nervosa só de pensar em encontrá-la e passar por este teste! Estou nervosa tanto por encontrar sua mãe quanto sua filha. Já pensou, vou ser submetida a um duplo teste. – Katherine franziu a testa, o nariz e fez uma careta divertida em sinal de que estava tensa diante da avaliação familiar.

Ambos riram e continuaram conversando.

— Kate, você é ciumenta?

— Pra falar a verdade, eu sou um pouco ciumenta, sim, mas até agora você não me deu motivos... Com exceção daquela Monika Zutshan... Por falar nela, ela vai continuar na emissora ou vai sair de lá?

— Boa pergunta, mas não sei te responder. Porque?

— Ah, porque... Quer mesmo que eu diga?

— Meu amor, não acredito que você vai ter ciúmes da Monika Zutshan. Ela que teve ciúmes de você e aceitou fácil quando eu disse que não dava mais para continuarmos namorando, etc, etc, etc. Eu já te contei.

— Sim, eu sei, mas se ela agora quiser uma desforra, eihm? Se ela agora entender que quer você de volta?

— Minha querida, se ela realmente me quisesse, não teria aceitado tão facilmente o final do namoro.

Em um tom de ciúme, ela indagou — Ah, tá!... Pelo que posso perceber, o próximo passo é você sugerir que eu agradeça a ela por ter te liberado... Seria isso?

Com o objetivo de fazer troça, ele respondeu — Hummmm!!! Acho que você devia fazer isso mesmo, afinal de contas ela me liberou para você. Convide-a para um happy-hour...

— Ah, tá. Pode ser... – Kate fez cara de mal — Se quiser, avise a ela que eu ando armada...

Ele a apertou forte e deu um monte de beijo no pescoço dela — Deus do céu! Se isso é ser um “pouquinho ciumenta”...  Tenho até medo...

— Depende de você... Então...

— Estou tranquilo, pois com você eu não preciso olhar e muito menos tocar em outra mulher.

— Acho bom. Mudando um pouco... E você? Você é ciumento?

— Mesmo não tendo ainda motivos para ter ciúmes de você, eu já te digo que sou ciumento.

— Nossa Senhora!! Sério! Agora eu que fiquei com medo!!!

— Medo? Porque ficou com medo? Já está pensando em aprontar, é? Já está pensando em alguém? – ele a provocou deliberadamente e riu da cara que ela fez e a apertou bem forte nos braços, dando muitos beijos no pescoço dela.

— Oh! Não! Acho melhor terminarmos esse assunto de ciúmes, até porque estamos aqui em lua de mel. Não foi isso que você mesmo me disse? E mesmo que apareça um monte de homem me assediando, eu só tenho olhos pra você. Tá bom assim?

— Ótimo! – ele a abraçou e a puxou para um beijo.

Ao final do beijo, ela o afastou um pouco para se sentar de frente a ele e comentou com voz doce. — Amor, eu preciso te falar uma coisa e preciso saber o que você pensa sobre o que eu vou te contar. Preciso que você seja sincero.

Ao ouvir aquilo ele mordeu a parte inferior dos lábios, ficou em silêncio e a observou por alguns segundos tentando captar algo, mas ficou no ar.

 — Você ficou estranho. – ela comentou.

— Talvez... Mas estou bem, amor. – ele se inclinou e deu um selinho indicando que estava realmente tudo bem. — Eu apenas fiquei pensativo...

Fez-se um silêncio que foi quebrado por Rick — Amorzinho, diz aí o que é que você quer me contar. – deu outro selinho nela a fim de estimulá-la a falar.

— Você age assim com suas entrevistadas para elas se soltarem, é? – ela fez bico. — Fica dando beijinhos...

Ele a empurrou delicadamente sobre a pedra e, com cuidado, se deitou sobre ela beijando-a apaixonadamente. O beijo parecia não ter fim e as carícias recíprocas seguiam na mesma sintonia até que Katherine o interrompeu. Ainda deitada sob o namorado, ela dobrou uma perna e a colocou sobre as pernas dele e pôs suas mãos nas faces dele e admitiu — Estou tão apaixonada que estou me desconhecendo. Nunca passei por nada disso... Eu não consigo sair de perto de você, nem mesmo pensar nesta hipótese.

— Sendo bem sincero, Kate, há alguns minutos, quando eu te olhava, calado, eu pensava sobre isso. Quando você ficou séria e me falou que queria me contar algo eu pensei a respeito disso mesmo. Juro! Então eu rapidamente concluí, Kate, que nada do que você me disser vai me fazer me afastar de você. Parece loucura, mas eu também não consigo nem pensar na hipótese de não ter você.

Ainda o segurando nas faces com suas duas mãos, Katherine o beijou. Um beijo leve, porém carregado de amor e logo depois ela se desvencilhou a fim de se sentar. Voltaram a ficar sentados, um de frente ao outro.

Castle teve vontade de dizer que estava ficando assustado com aquela reação dela somente porque ia contar uma coisa, mas ele decidiu não expor suas preocupações, pois poderia ter um efeito que ele não desejava. Tentaria manter-se tranquilo. Aliás, ele era treinado para isso. Só que diferentemente do que estava acostumado, agora a situação não era nem mesmo semelhante, pois se tratava da sua vida pessoal e não profissional.

Ao mesmo tempo em que Rick estava tendo tais preocupações, Kate pensava em um modo como contar sobre Gustavo. Depois que seu filho nascera, ela nunca se apaixonou ou mesmo namorou, portanto, não passara por tal situação, então tudo isso era muito novo para ela.

Castle percebia que ela estava tensa, pois alternava o movimento da cabeça e dos olhos, ora para baixo, ora para os lados e ora para cima, então, a fim de ajuda-la, ele a puxou novamente para si e a abraçou passando confiança. — Hey, amor. Confie em mim e me conte o que tanto te consome que eu juro que vou ouvir, analisar e depois vou te dizer alguma coisa, mas vou logo te adiantando que não quero te perder. Eu me recuso a deixar você partir. – ele respirou fundo e após soltar o ar pela boca declarou — Se o que você quer me contar é que você é casada... – fez uma pequena pausa e com o coração quase saindo pela boca com medo de que aquilo fosse realmente verdade, ele arriscou — Eu tenho certeza que seu casamento é um transtorno na sua vida e por isso eu vou providenciar os melhores advogados do país para fazer seu divórcio, porque eu sinto que comigo você está inteira e feliz, pois do modo como você se entregou quando fizemos amor, não existe nem mesmo sombra de outro homem na sua vida. Eu sinto que você me ama. – ele espalmou sua mão direita no seu próprio peito e bateu forte. — Pode parecer pretensão da minha parte, mas eu sinto que você me ama e me quer da mesma forma que eu te amo e te quero. Se for isso, Kate, fique tranquila. Eu quero e preciso te ver feliz e, obviamente, eu também quero ser feliz e a minha felicidade está ao seu lado.

Aquelas palavras tão espontâneas a emocionaram e seus olhos se encheram de lágrimas que logo foram secas por ele.

— Hey, eu não queria te fazer chorar. Eu só quero que você se sinta segura comigo. Eu quero te ver feliz, rindo pra todo canto. Rindo de felicidade, de alegria. Uma mulher feliz. No entanto, sendo mais uma vez muito presunçoso, eu te digo que não vou deixar ninguém te fazer mal. Eu prometo! Eu te amo tanto que minha prioridade no momento é cuidar de você e da Alexis e fazer vocês felizes.

Continuavam sentados em frente ao outro e ao ouvir aquela declaração, ela rapidamente se ajoelhou e se jogou nos braços dele — Eu também te amo e apesar de ser uma mulher forte, eu vou amar ser cuidada por você do jeito que você falou.

Estavam abraçados e Richard sentia o coração dela bater forte e por isso precisava estimulá-la a falar o que tanto a afetava. — Estou com você para qualquer coisa.

Sentindo-se segura, Katherine decidiu confidenciar o que lhe afligia e falaria sem enrolação. Falaria de vez, pois queria logo que ele soubesse sobre o seu problema de saúde e também sobre a pessoa que mais amava no mundo, Gustavo.

— Bem, primeiramente quero te dizer que eu não sou casada. – ao dizer isso, Richard não conseguiu disfarçar seu alívio ao saber aquilo. — Não sou nem nunca fui casada.

Passando a mão pela testa e pelos cabelos e ainda soltando uma grande quantidade de ar pela boca, ele confessou — Nossa Senhora! Que alívio!! – percebendo que pensara alto, ele se desculpou — Oh, desculpe, amor. Não queria te interromper. Pensei alto. Mas não retiro uma palavra do que falei. Continue amor.

Ela deu um leve sorriso de satisfação e até achou divertido a intervenção dele.

— Pois é, não sou casada. – continuando a olhar firme para ele, prosseguiu no seu relato — Bem, Rick. Pelo pouco que você me conhece, deu para perceber que independentemente da função que eu exerço lá na delegacia, eu sou uma mulher forte, determinada, firme em todos os sentidos e, apesar de neste momento estar parecendo frágil, eu sou realmente muito forte e muito segura do que eu faço e do que eu quero e quando tomo uma decisão é porque eu pensei muito sobre o assunto antes de mergulhar em qualquer coisa. O que eu quero dizer com isso é que eu tenho um filho de quatro anos e quando resolvi ser mãe, eu provoquei conscientemente uma gravidez e cuido sozinha do meu filho e ele é a criança mais feliz e mais linda da face da terra e eu não consigo transformar em palavras o tamanho e a importância do meu amor por ele e só sei que sou capaz de matar a pessoa que pensar em fazer mal a ele.

Assim que ela terminou de expor seus sentimentos e abrir seu coração, ela se sentia mais forte do que nunca, contudo percebeu que os olhos de Richard estavam cheios d’água e isso a assustou um pouco, apesar de não ver no rosto dele nenhuma expressão de dor, raiva, medo ou qualquer sentimento de repulsa pelo que ela tinha acabado de falar.

Apesar de não ter passado sequer cinco segundos, parecia que estavam calados há uma eternidade e isso a deixou tensa, mas não iria apressá-lo. Ele teria o tempo que necessitasse para refletir sobre o que ela acabara de confessar, pois sabia que aquela não era uma informação qualquer. Era uma revelação muito importante para um homem que afirmara querer fazer parte da sua vida até o final dos seus dias.

Katherine decidiu por omitir detalhe sobre o nascimento do seu filho, pois era algo muito mais íntimo do que parecia e somente Lanie sabia disso. Nem para seus pais ela confidenciara, mesmo depois do nascimento do garoto. Um dia, quando se sentisse preparada, ela revelaria para Richard, caso viessem realmente a se casar.

Richard passou as mãos nos olhos, enxugando-os e, com delicadeza a trouxe para seus braços e apenas a abraçou e beijou o topo de sua cabeça, demonstrando carinho e respeito. Não falou nada.

Passados outros cinco segundos, sem mudar ou afrouxar o abraço, ele sussurrou – Moça, eu te amo mais do que há meia hora. Você subiu consideravelmente no meu conceito. Óbvio que eu sei que você não é a única mulher no mundo que é mãe solteira. Óbvio que eu também sei que milhares de mães solteiras passam por todo tipo de problemas, desde fome até agressões morais e físicas e às vezes nem tem onde morar, etc, e outras até têm que abandonar seus bebês por vários motivos, enquanto você tem formação universitária, tem um emprego maravilhoso, tem casa, tem família e amigos, etc, mas o que me chamou a atenção e me comoveu é o modo como você encarou e ainda encara a maternidade. Eu fiquei impressionado com a importância máxima que você dá para seu filho e ao fato de querer e poder ser mãe e ainda a garra e a força que você emprega na voz ao falar do amor que você tem por ele. É uma força que é quase palpável que, se duvidar, pode realmente matar quem ameaça-lo de qualquer modo.

Ele a afastou um pouco e, olhando-a nos olhos, repetiu de forma amorosa, mas com firmeza — Katherine Beckett, eu te amo e te digo que você se equivocou se pensou que eu iria me afastar de você por causa do seu filho. Jamais eu vou sair da sua vida porque você é mãe solteira. Eu te amo ainda mais e estou ansioso para conhecê-lo.

— Você vai conhecê-lo e te garanto que você vai se apaixonar por ele. – ela sorria toda boba e feliz — Ele é uma criança incrível! É tão inteligente e posso te garantir que ele é muito comunicativo igual a Alexis. Adora conversar e saber de tudo, dentro dos limites da idade dele... Sim, porque ele tem apenas quatro anos, mas é ousado que é uma beleza. Ele é danadinho e muito esperto. Ele é muito curioso sobre tudo. Quer saber como os brinquedos funcionam.

Ambos sorriam diante da característica marcante sobre a personalidade do garoto.

— Qual o nome dele?

— Gustavo.

— Bonito nome. Nome forte. – ele elogiou.  Sem querer invadir sua privacidade, mas já invadindo... E o pai do Gustavo? Ele dá assistência ao filho? É um pai presente? É um pai carinhoso? Como é a relação dos dois, pai e filho? E como é a relação dele com você e com o filho de vocês? Como é a guarda da criança? A guarda é sua ou é compartilhada? E as visitas? E as viagens? Este final de semana, por exemplo, Gustavo deve estar com ele para você estar aqui tranquila e despreocupada... – naquele momento ele parou de falar, pois sentiu que fizera muitas perguntas e quis se desculpar — Sinto muito tantas perguntas, mas é porque eu passo por isso ou mais ou menos isso com relação a Alexis.

— Ah, não se desculpe, amor. – Pretendendo dar uma resposta genérica, ela economizou as palavras. — O Gustavo não conhece o pai e não sabe nada a seu respeito e eu não mantenho nenhum tipo de contato com ele. Eu estava ávida para ser mãe... Eu precisava e queria engravidar.

— Ele era casado?

— Amorzinho, sinto muito, mas eu não me sinto à vontade para falar mais do que eu já falei. Saiba apenas que o Gustavo é um filho maravilhoso e eu me esforço o máximo que posso para ser a melhor mãe que ele poderia ter e dou o carinho e amor que ele talvez nem recebesse se tivesse um pai. Não estou pondo em dúvida o amor que o pai dele daria, mas apenas não foi possível. O Gustavo tem quatro anos e desde que eu fiquei grávida eu não sei nem procurei saber mais nada sobre o pai dele. Talvez ele seja um homem maravilhoso, tenha uma família espetacular e seja um excelente pai e marido. Eu rezo todos os dias para que ele tenha saúde e seja um homem muito feliz. Rezo por ele porque ele me deu a oportunidade de realizar o sonho de ser mãe e criar uma família. Não nego que às vezes eu fico triste porque o Gustavo não conheceu o pai e também porque o pai não o conheceu. Tenho certeza que os dois seriam amigos, companheiros e sou capaz de apostar que um teria muito orgulho do outro.

— O pai de Gustavo soube da sua gravidez?

— Não.

— Porque? – Richard mostrou-se surpreso— Como homem e como pai, eu acho que...

— Amorzinho, não me leve a mal, mas, como eu te disse, eu não quero falar mais do que eu já falei. Vou apenas te dizer que eu não pude contar para ele, entende? Então...

— Ok! Mas...Você o amou muito?

Controlando-se ao máximo para não se exaltar, pois aquele assunto já devia ter acabado, Katherine mordeu o conto dos lábios, deu uma respirada profunda e esclareceu — Para encerrar de vez esse assunto, meu bem, com toda sinceridade eu te digo que eu não o amei, mas tenho certeza que eu o teria amado. Sendo mais sincera ainda... O que eu posso te dizer... Bem, o meu filho tem muito de mim, é verdade. Eu sou amorosa, estudiosa e gosto de cumprir com minhas obrigações, não me acho uma pessoa chata ou desagradável. Pelo contrário, apesar de ser reservada e criteriosa, eu sou simpática e procuro sempre dar o melhor de mim para as pessoas, no entanto, quando vejo o Gustavo tão inteligente, tão carinhoso comigo, com meus pais, meus amigos e com os coleguinhas dele, com a professora, tão doce, espirituoso, divertido, comunicativo e maravilhoso em todos os sentidos eu tenho certeza que estas características são do pai dele, pois eu reconheço que sou menos intensa em todas as qualidades que o meu filho tem. Por isso gostaria muito de ter conseguido avisar ao pai dele sobre a minha gravidez. Eu gostaria de ter vivido isso junto com ele, pois tenho certeza que ele é uma pessoa incrível, mas não foi isso que aconteceu. Pois é, e como não foi possível eu não fico imaginando nem fantasiando como poderia ter sido, entende? Não vai dar em nada. Nunca o procurei, pois eu estaria violando a intimidade dele. E talvez se eu o procurasse, talvez nunca o encontrasse. Não saberia por onde começar. Quando meu instinto materno gritou e eu botei na minha cabeça que queria ser mãe mesmo sem estar casada ou mesmo ter um namorado. Bem, eu estava fora do meu país. Eu estava estudando, longe de casa, longe de todos, então resolvi engravidar..., eu não perguntei a ele se ele queria ser pai, mas não quis dar o golpe da barriga. Então o pai do meu filho está por aí pelo mundo e eu estou aqui com o meu filho. Foi uma produção independente. Minha gravidez foi maravilhosa e o parto também. Gustavo nasceu perfeito, foi um bebê que nunca me deu trabalho e está crescendo e me dando alegrias que nem sei se mereço. Como eu já te disse, eu rezo para que este homem seja muito feliz e tenha uma família excelente, uma esposa amorosa e filhos que o façam tão feliz como o Gustavo me faz.

Mas... — Rick pareceu preocupado — Mas se o Gustavo não está com o pai dele e não está aqui com você, onde ele está agora?

— Meus pais. O Gustavo está com meus pais. Meus pais são apaixonados pelo neto e adoram leva-lo para a casa de campo deles. O garoto é louquinho pelos avós e sempre estão juntos e o Gustavo também adora ir para o campo porque meu pai o ensina a pescar, a montar a cavalo, subir em árvore e um monte de atividade próprias do campo. E minha mãe faz todas as guloseimas que o neto ama. Então, por coincidência, meu garotinho está com os avós, por isso eu fiquei até mais tarde na delegacia e pude estar aqui com você.

— No meu caso foi muito diferente. – Richard explicou — Eu tenho a guarda da minha filha, porque a mãe dela é uma pessoa completamente desiquilibrada e desprovida de instinto materno e não tem noção do que seja a palavra família e ficou desesperada quando soube que estava grávida. Ela ficou enfurecida mesmo e só não abortou porque eu não permiti e fiquei de olho nela desde o dia em que eu soube da gravidez, senão ela faria uma besteira e após o parto, ela nem quis ver a filha e, obviamente, eu pedi o divórcio e a guarda. Ela não contou até três e foi embora feliz da vida. Nunca sequer telefonou para saber sobre a filha. Ela não era minha namorada. Eu a conheci em uma festa de lançamento de um filme. Ela era uma jovem atriz não muito conhecida e era muito divertida. Saímos da festa e passamos a noite juntos e nenhum de nós se preveniu... Ela ficou grávida. A minha sorte é que ela me procurou, enfurecida, para contar sobre a gravidez e exigiu que eu pagasse o aborto porque ela não tinha dinheiro. Ao saber que ela não queria o bebê eu a convenci a se casar comigo. Ela negou o quanto pode até que eu a convenci com a ajuda de minha mãe. Daí eu e minha mãe não desgrudávamos o olho dela. O casamento foi só para eu mantê-la por perto.

— Rick, nós dois temos filhos com histórias semelhantes e eles são quase da mesma idade. A Alexis tem seis anos e o Gustavo, quatro. – Katherine concluiu.

— Eu e a Alexis vamos amar conhecer o Gustavo e já vi que vão se dar muito bem, pois ambos são comunicativos, inteligentes e curiosos... Características maravilhosas nas crianças.

— Eu digo a mesma coisa. Eu e o Gustavo vamos amar conhecer a Alexis.

A brisa esfriou e Katherine sentiu a pele arrepiar. Ao perceber isso, ele a apertou nos braços, mordiscando o lóbulo da sua orelha e dando suaves beijinhos no seu pescoço, excitando-a — Que tal nós irmos para a nossa cabana, eihm. A noite esfriou e eu quero esquentar minha namorada – ele a beijou de modo apaixonado — Eu quero fazer amor com você, Kate até não aguentar mais. – ele a acariciava intimamente — E eu te quero agora.

— E eu também quero fazer amor com você, Rick, mas se fizermos amor aqui na praia agora, com essa lua cheia enorme e os postes de iluminação clareando tudo e ainda com aqueles seguranças ali olhando, eu tenho a impressão que seremos expulsos do resort hoje mesmo.

Ao ouvir aquelas afirmações, Rick pareceu um adolescente pego no flagra. Ele a soltou, se levantou e deu a mão à ela para ajuda-la a ficar de pé com mais facilidade e logo em seguida constatou que a lua cheia clareava tudo mesmo e a claridade se tornava mais intensa por conta dos possantes lâmpadas dos postes de iluminação do Resort. Em seguida varreu com as vistas toda a extensão da praia a procura dos Seguranças que ela vira, mas não encontrou nenhum.

— Hey, mocinha, não tem nenhum segurança por aqui. – Rick comentou.

— É, não tem mesmo. Mas a iluminação está tão boa que qualquer hóspede poderia usar um celular para tirar fotografia ou até filmar a gente fazendo amor e postar nas redes sociais e o mundo saberia da pior forma possível que o lindo, charmoso e gostoso jornalista Richard Castle está aos amassos com uma desconhecida sobre as pedras da praia do resort, etc, etc, etc... Escapamos das câmaras da minha sala, mas não escaparíamos das câmaras dos celulares daqui... Nem quero imaginar as manchetes que os diversos sites escreveriam. Acho que você não está precisando deste tipo de divulgação da sua pessoa, estou certa? – ela piscou.

Ele torceu a boca e rapidamente ponderou e, à contragosto, aquiesceu — Você está certa! Isso seria péssimo para mim e para você. Eu até quero gritar para o mundo que estamos namorando, mas quero dizer isso de uma forma nada danosa para nós dois, nossos filhos e nossos pais. Quero que o mundo saiba que nossa relação é baseada no amor e não apenas na paixão e no sexo.

Richard deu um rápido beijo nos lábios de Katherine, pulou da pedra sobre a areia e, segurando-a pela cintura, ajudou-a a descer com facilidade e, de mãos dadas, seguiram em direção à cabana.


 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, vou correr para organizar o próximo capítulo, pois quero postar logo, ok???
Mas gostaria muito de receber comentários, favoritos, recomendações... Estou carente, né??? kkk

IMAGEM DO CAPÍTULO:
https://n1.picjoke.org/useroutputs/3324/2019-08-26/1-pt-f4508a342b8406910001a3439d3362bc.jpg



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