O Segundo Antes do Sol Voltar escrita por Eponine


Capítulo 5
Capítulo 05




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A felicidade agora se resumia a poder juntar-se com as crianças de sua Vila.

Remus passou dias inteiros com os dedos enrugados por conta do riacho, com as bochechas doendo de tanto rir das piadas de Miranda e exausto o suficiente para olhar o livro que se comprometera em ler com culpa ao cair na cama no fim do dia, completamente exausto. Quando a Lua Cheia de aproximava, ele dizia que ia visitar a avó, e desaparecia por uns dias, voltando renovado, inventando algumas coisas sobre uma idosa que sequer existia.

Era mais fácil mentir para eles por conta das circunstâncias, mas o inferno recomeçaria quando ele colocasse seus pés em Hogwarts novamente. Remus só notou o quão terrível estava sendo guardar aquele segredo quando suas olheiras diminuíram gradativamente durante as férias e ele acordava leve em vez de exausto e de respiração pesada. Podia conversar sobre com sua mãe, podia estar em um ambiente onde realmente o conheciam, e não apenas uma parcela dele.

Ele olhava para Hogwarts inteira num medo constante de alguém simplesmente conseguir ler os pensamentos dele e descobrir, assim, só de olhá-lo enquanto passa. O pavor de não conseguir ser convicente o suficiente em alguma mentira. O suor que lhe brota na testa quando James continua o fitando, mesmo depois de Remus ter lhe respondido alguma questão sobre seu fraquíssimo sistema imunológico...

— Você podia convidá-los... — Remus arregalou os olhos para mãe e ela deu de ombros, ainda tomando seu chá, sentada no sofá, com seus pés grudados no do filho, que lia a vigésima carta de Peter naquele verão. — Qual o problema?

— Mãe... — Remus suspirou, temendo magoá-la. — Eles... Eles são... Como posso dizer...

— Ricos? — sorriu ela. — Eu notei, mas eles gostam de você, não?

O garoto sorriu delicadamente, sentindo o sol da janela iluminar seu rosto enquanto ele dobrava a carta da Peter, pensando como embrulharia a última edição da Saga do Rei Arthur para ele. Olhou sua casa humilde e pequena, tentando imaginar James ou Sirius naquele lugar. Chegava a ser risível. Procurou dar algumas desculpas ou fingir que não leu as partes das cartas que indicavam um convite para visitar Godric Hollow’s, ou as tentativas furadas de Sirius em “por favor, venha, meus pais ficariam tão loucos se te vissem que enfartariam na hora” e terminava a carta “repensando eu não acho engraçado meus pais enfartarem, mas eles ficariam muito bravos mesmo”. O convite de Peter fora o único que ele ponderou e por fim acabou aceitando, saindo de Oxford direto para Portishead.

Peter morava em um local extremamente comum e tranquilo, perto do porto, onde ele contou várias histórias de sua família por parte de mãe, grande maioria composta por marinheiros. E foi por aquele motivo que Remus não conheceu seus pais, na verdade, já fazia alguns anos que o próprio Peter não via seus pais.

— Eles gostam de navegar... E meio que não dá para eu acompanha-los, digo... Hogwarts e tal... — desculpou-se ele, sentado na janela de seu quarto, olhando o mar rapidamente. — Ei, quer ver minha coleção de bonecos do Rei Arthur?

Eles ficaram os últimos dias das férias deitados nos bancos do porto de Portishead lendo quadrinhos e tomando sorvete, com o sol queimando a cara de ambos.

A avó de Peter era uma senhorinha muito séria, mas ao mesmo tempo amorosa, preparando um lanche para Remus comer durante a ida no dia do embarque. Seus pais acabaram indo para estação para lhe dar um último abraço e sua mãe aparentemente adorara a senhora Pettigrew, perguntando como ela fizera aquela torta de legumes. Ele despediu-se de seus pais e entrou no trem com Peter, ansioso para rever James e Sirius. Entretanto, antes, acabou avistando Marlene McKinnon rindo de algo em uma das cabines e pediu para Peter ir indo na frente, entrando na cabine para cumprimenta-la.

— Ah, o amiguinho do Potter. — debochou ela, cruzando os braços. Remus girou os olhos e abraçou Emmeline, suja de doces.

— Como foram as férias? — perguntou ele após abraçar Marlene e sentar-se ao lado de Amos, que apenas de lhe deu a mão para ser apertada. Emmeline gemeu quando chocolate acabou caindo em seu uniforme da Corvinal.

— Insuportável seria a definição adequada. — retrucou ele, cruzando os braços. — Olhem, ridículos...

Remus olhou pela janela um grupo de louros e riu, não acreditando que Marlene tinha tantos irmãos. Eles conversavam com um monte de pessoas, parecendo ex colegas de Hogwarts. Um alto e de rosto extremamente sardento mostrou a língua para a irmã, que mostrou o dedo do meio, séria, fechando a cortina em seguida.

— Sua família parece ser divertida. — comentou Remus.

— Divertida? Eu quero morrer por ter que conviver com tanto homem. — ela roubou o alcaçuz que estava na mão de Amos, extremamente mal humorada. — Estou cansada de ser o único ser que precisa sentar no sanitário.

— Mas e sua mãe? — questionou Remus.

— Minha mãe faleceu. — Remus sentiu-se terrivelmente mal, mas ela lhe deu um sorrisinho rápido após morder o alcaçuz. — Tudo bem, já faz muito tempo.

— Aproveitem o segundo ano com sabedoria, crianças. — Marlene franziu o cenho quando Amos deu ênfase no crianças, sendo ele apenas um ano mais velho que os três.  — A responsabilidade que o terceiro ano trás é dolorosa.

— Que matérias você vai fazer? — perguntou Emmeline.

— Estou indeciso entre Runas Antigas e...

— Você está preocupado com matérias? Você finalmente vai poder entrar para o time, seu idiota! É bom se preparar para o teste, eu não perdi meu tempo te ensinando a fazer manobras em um sol escaldante por nada! — cortou Marlene, arrancando o saco de doces da mão de Amos, que abriu a boca em choque.

— Por que você está aqui? — perguntou James, abrindo a porta da cabine, parecendo magoado com Remus. — Ah, olá Vance, Diggory, McKinnon. Como foram as férias?

Sai fora. — retrucou Marlene, acenando a mão. Sirius esboçou um sorrisinho debochado, aparecendo ao lado de James, Peter ficou na ponta dos pés, tentando ver algo que os dois bloqueavam. Remus surpreendeu-se em como James esticara em apenas alguns meses e sua voz também parecia diferente. Até o cabelo de Sirius parecia melhor.

— Por que você é tão mal-educada? — questionou James, entrando de vez na cabine com os dois, sendo que Peter fechou a porta em seguida. Estava tão cheio que Emmeline abriu a cortina e a janela, fazendo Remus assustar-se em perceber que já estavam em movimento. — Diggory, vai fazer o teste para entrar no time? A Lufa Lufa está precisando...

— Eu contei os anos para isso, acredite. — sorriu ele, quase que lustrando o texugo em seu uniforme. — Toda a minha família participou do time, seria uma vergonha eu não entrar.

— Por que você está interessado nisso, Potter? — sorriu Marlene. — Já está analisando seus adversários?

James virou lentamente seu rosto para Marlene e sorriu:

— Você está apaixonada por mim, por acaso? — A garota enrubesceu violentamente em segundos. — Porque você realmente se esforça para chamar minha atenção.

O silêncio foi tão constrangedor que o sapo de chocolate que Emmeline acabara de desembrulhar pulou de sua mão direto para a janela, fugindo. Amos olhou para Marlene de canto de olho, com vontade de rir, mas o olho esquerdo da menina estava tendo um tremelique.

— Eu nunca gostaria de alguém como você! — retrucou ela, finalmente, ainda vermelha.

— Como eu...? O melhor estudante da Grifinória? — ele sorriu mais ainda e levantou-se revigorado. — Tente me encher a paciência melhor alguma outra vez. Vamos, rapazes, eu ganhei um presente fenomenal essas férias, preciso mostrar.

Seu palhaço! — gritou Marlene enquanto Sirius, Peter e Remus se levantavam. O Black parou e inclinou-se lentamente para pegar uma bala que estava no colo de Marlene. Ele sorriu docilmente para Marlene e piscou, seguindo Peter. Remus parou na porta da cabine, ainda com vontade de rir. — Pode ir com sua corja, seu falso!

Lene... — sorriu Remus, notando o quão gostava da garota rabugenta. Fechou a porta antes que o alcaçuz que ela jogara o atingisse.

 

...

 

Capa da Invisibilidade? — perguntou Peter novamente. — Tem certeza que não é aquelas fajutas?

— Eu acabei de dizer que está na minha família há anos, Peter. — ele cobriu-se novamente com o pano, deixando apenas sua cabeça amostra. Remus riu, completamente maravilhado. — Com isso nós podemos fazer tudo costuma nos render detenções.

Sirius deu um sorrisinho, não muito animado, voltando a observar a paisagem, ignorando as histórias de James de seu pai quando era mais jovem. Após um ano ao lado de Sirius, Remus notara coisas peculiares sobre o garoto: Primeiro que ele oscilava de humor muito rápido, hoje ele estava bem, empolgado, falante e no outro dia ele conseguia ficar mudo de manhã até a noite. Demorou muito tempo para James entender o mecanismo do amigo e principalmente saber lidar com aquilo sem se ofender ou pensar que Sirius se cansara dele.

Normalmente aquilo acontecia quando ele recebia uma carta de sua casa, ou voltava de algum recesso ou férias. Os três sabiam que a família de Sirius era um pouco complicada, mas ainda assim era sempre um pouco impressionante como ele, que era tão aparentemente desapegado, conseguia ficar afetado com a mesma.

— Pensa rápido, Ranhoso! — avisou James já apontando a varinha para Snape, que virara-se bem na hora que o jato de luz o atingiu, deixando uma ameba verde escorrendo por seu rosto. Os estudantes ao redor gargalharam assim como James e Remus realmente se segurou para não rir, mas o desespero de Severus era inevitavelmente engraçado.

Pensa rápido, idiota! — e um livro voou pelo pouco espaço da sala de Poções, amassando a cara de James em um susto. Sirius gargalhou tão alto que Remus demorou um pouco para entender que Lílian Evans tinha jogado um livro bem no nariz de James, que ficou completamente vermelho, segurando o nariz sangrando entre gemidos.

O garoto fechou os olhos enquanto Charlie, ainda chorando de rir, arrumava seu nariz em um feitiço rápido e Peter lhe cedia um lenço para que limpasse o nariz.

— Qual o nome dela mesmo? — gemeu ele, ainda nervoso com o acontecido. Levantou-se do círculo e atravessou a sala com o livro que Lílian jogara em sua cara. Remus observou de longe, achando engraçado como James conseguia ser um completo imbecil educado, ao simplesmente deixar o livro na mesa, sem tentar causar mais confusão. Lupin tinha que confessar que preferia quando Lílian defendia Severus, assim James não se empolgava e levava adiante a confusão, ela era quase como uma tempestade quando ele estava muito próximo de pegar o pomo.

Já Severus não parecia gostar muito quando a amiga se intromete entre os dois, pelo que Remus notava, ele ficava mais constrangido ainda. Pensando bem, Remus também ficaria constrangido se alguém não parasse de encher sua paciência e uma garota ficasse o defendendo, ainda mais uma que ele gostasse.

Remus notou que Snape gostava de Lily porque ele deixava aquilo muito óbvio da forma que ele olhava para ela, e também ela parecia ser sua única companhia fora os Sonserinos. O garoto estava contando os dias para James perceber o mesmo, mas se era difícil para ele lembrar o nome de Lílian, notar algo que estivesse ao redor dela provavelmente seria mais ainda. Após aquela fatídica aula de Poções, Severus e James pareciam ter entrado em uma guerra fria em que todos notaram que estava acontecendo, mas ninguém falava sobre: era completamente silenciosa.

O problema era que tudo que Snape fazia para prejudicar James, acabava o ajudando:

Uma primeiranista ficou duas semanas se coçando por um pó especial que Snape colocara na capa de James, só que o mesmo doou sua capa para a pobrezinha não tomar chuva em um dia em que todos estavam no Jardim em uma tarde de domingo. Teve também a vez que ele enfeitiçou uma parede invisível em um corredor que James passava sempre que se atrasava para alguma aula, e essa parede o empurraria brutalmente para trás quando ele tentasse passar, resultado: Não era James quem passou correndo, e sim Sirius, e ele acabou quebrando a perna quando foi arremessado para o outro lado do corredor.

As artimanhas cessaram por algumas semanas (provavelmente remorso), mas voltaram após James aterrorizar Snape o fazendo pairar no ar bem no meio do Lago, com Sirius jurando que estava convocando a Lula Gigante.

De alguma forma, Snape enfeitiçou as calças de James na semana dos seminários de História da Magia e o Potter não notou quando estava na frente da classe do segundo ano da Sonserina e Grifinória, com a cueca azul com veados, falando seriamente sobre Morgana Le Fay.

— Oh... Bem, isso é inusitado. — sorriu ele ao notar que estava apenas de cueca. Para a infelicidade de Snape, a sala riu com James, e não dele.

Quanto mais Severus tentava desgraçar James, mais popular ele ficava, era impressionante. Até mesmo o creme de pentear que depois descobriram ter sido misturado com uma poção para detonar o cabelo, fizera o cabelo de James ficar macio, brilhoso e arrumado, algo que parecia impossível já que seu cabelo está em constante bagunça.

Remus conseguia sentir a fúria de Severus enquanto James tomava seu café da manhã sendo cumprimentado até pelos veteranos, de cabelo sedoso e pernas funcionantes, já que Sirius ainda estava de muletas.

— Que ano letivo, hein?! — sorriu James, deliciando-se com seus cereais. Lílian o olhou de longe, com os olhos semicerrados, também, provavelmente, irritada.

Só começou há dois meses. — disse Charlie Smith, olhando James como se ele fosse idiota.

— Moony, tudo bem? — perguntou Peter quando notou Remus afastando seu prato de cereais quase intocado.

— Eu... — ele engoliu seco, não conseguindo olhar ninguém. Mais uma desculpa esfarrapada enquanto passava a mão na testa, fechando os olhos. — Eu acho que estou um pouco mal...

De novo? — indagou Charlie. — Fala sério, parece que você tem hora marcada pra ficar doente... AI!

James olhou Charlie irritado após lhe tocar o braço. Sirius continuou comendo seus sucrilhos como se Remus não estivesse morrendo ao seu lado, e ele realmente estava. A tontura o dominava, enjoo, sua respiração ficava fraca e ofegante, sua boca seca e tremia tanto que parecia estar morrendo de fome. Passou a mão no rosto, não acreditando que ia perder o teste de Astrologia. Normalmente ele aguentava cinco, seis dias antes da Lua Cheia, mas o destino parecia estar trabalhando contra ele.

Sentiu o olhar de Sirius cair sobre ele lentamente e temeu que o mesmo lesse sua mente.

Infecção? — indagou ele, e sua voz não tinha um tom de deboche, mas também não era de dúvida. Remus não o olhou quando levantou-se, pronto para ir até a Ala Hospitalar e só voltar no fim da outra semana.

Entretanto, aquele foi só o início do inferno que a vida de Remus se tornou nos meses seguintes.

Ao contrário de James, que apenas oferecia cuidados e tinha muitas dúvidas sobre o problema de Remus, apesar de sempre respeitá-lo, Sirius começou a ficar “entediado” da gama de problemas de saúde que Remus conseguia ter durante o ano e começou a olhá-lo com desconfiança. A mudança foi tão brusca que até mesmo Charlie, que não andava muito com eles, notou:

— É estranho você ter uma anemia tão longa. — comentou Sirius pouco antes do Natal. — Andei pesquisando sobre, que eu saiba uma simples poção cura.

— Pois é. — Remus lhe dar respostas curtas e secas lhe irritava mais ainda.

— E você tem isso desde sempre? — James balançou a pena, lentamente tirando seus olhos do livro e focando em Remus, assumindo sua curiosidade. Remus focou-se nos olhos venenosos de Sirius e sentiu-se profundamente magoado. Ele esperava que James tivesse aquela atitude, não Sirius que nunca se importara, nunca perguntara. Sentia que ia perdê-los muito em breve.

— Por que você quer tanto saber sobre minha saúde? — questionou Remus, escondendo as mãos trêmulas debaixo da mesa, respirando profundamente, buscando a calma. Peter não conseguia parar de olhar de Sirius para Remus, esperando uma explosão. O Black apenas deu de ombros.

— Acho curiosa sua doença sem nome, só isso. — Remus sabia que era mentira. Sirius viu alguma coisa e apenas meses mais tarde descobriu que ele começou a seguir Remus sem os garotos, sem avisar nem mesmo James, e houve a vez que o viu conversando com Dumbledore. Após o recesso, Remus não conseguia acreditar que Sirius já havia conseguido envenenar a mente de James e Peter, pois os dois também estavam estranhos e desconfiados de Remus.

Começou a dormir contando os dias para afastar-se do grupo, reunindo coragem para ir até McGonagall, contar que as coisas estavam ficando estranhas e que seria melhor ela mudá-lo de dormitório.

Em fevereiro, após a Lua Cheia, assim que retornara ao dormitório os três cochichavam algo, parando assim que Remus entrara no local. Eles o olharam, ainda desconfiados e o garoto suspirou, decidindo que falaria com McGonagall ainda naquele dia. Foi até sua cama e fingiu mexer em sua bolsa, respirou fundo de olhos fechados e engoliu o choro, limpando a garganta. Ergueu a cabeça para a cama de Peter, ainda com vontade de chorar:

— Pode me passar as anotações de DCAT, Peter? — pediu com a voz trêmula.

— Por que não vai pedir as minhas que são mais completas? — perguntou James. Remus acha que James será o primeiro a se afastar dele após Sirius, já que ambos eram tão próximos, só lhe restava Peter, que já estava pegando o caderno em sua bolsa.

— Você perdeu uma matéria muito boa. — a voz de Sirius era controlada, e chamou atenção de James e Peter ao mesmo tempo. — Criaturas mágicas...

Remus começou a suar tanto que cada passo que dava em direção do caderno de Peter o deixava mais tonto e desorientado. Seu coração palpitava, suas mãos tremiam, ele ia vomitar a qualquer segundo...

— Vampiros... Sereias...

Ele ofegou ao tocar o caderno, apoiando-se no mastro da cama. James largou seu livro lentamente, unindo as sobrancelhas para Remus. O garoto ia desmaiar... Era certeza...

Lobisomens. — terminou Sirius.

Remus virou-se para Sirius, controlando-se, ainda trêmulo.

— O professor deu essas criaturas para fazermos um trabalho em grupo. Tiramos lobisomem. Já demos início. — disse James, mais amigável que Sirius. Remus assentiu novamente, tentando molhar os lábios, mas sua língua estava dura de tão seca. Seu coração estava batendo tão rápido que ele sentia dor. — Remus...

— Para... Para quando é o trabalho? — gaguejou ele, tocando o colarinho.

— Você quer nos dizer algo, Moony? — questionou Sirius e ele soube. Remus afundou nos olhos acinzentados de Sirius, que não eram frios. Havia mágoa. Respirou fundo e largou o caderno de Peter, quase correndo para fora do dormitório. Desceu as escadas para a Sala Comunal quase voando e não se importou em empurrar todos para fora do caminho. Tinha que chegar na sala de Dumbledore o mais rápido possível. Seus pés sequer tocavam o chão, suas pernas estavam tensas, trêmulas, estava tendo um claro ataque de pânico. Tocou o rosto, não tinha notado que estava chorando. Passou a mão nos cabelos, tão desesperado que se perdera rumo o Escritório. Ofegou, tentando engolir o choro naquele mar de estudantes, tentando achar um professor, qualquer um que pudesse ajuda-lo.

Retardada! — ofegou mais uma vez, engolindo seco, tentando se acalmar. Olhou ao longe  um garoto alto rir de uma garota agachada, aparentemente falando com a parede. — Olha aqui, sua mongoloide.

Remus notou como Dorcas ignorava o garoto, mas estava nervosa, batendo na parede, falando cada vez mais alto enquanto o garoto e seus amigos riam. Olhou Snape e sua gargalhada alta e gostosa.

Até seu sapo tem medo de você. — riu a garota de madeixas negras, fazendo Dorcas falar mais alto ainda.

Ele não conseguia para de olhar a forma como ela se movia para frente e para trás. Os joelhos no chão, a palma da mão batendo na parede, o rosto em desespero. O riso... O escárnio... Respirou fundo, ainda ofegante, e avistou um monitor da Lufa Lufa próximo a um armário de vassouras conversando com um grupo.

Foi até ele.

Apontou e falou.

 

Townes Van Zandt – Waitin’ Round to Die

 

Limpou o suor em sua testa, observando o monitor dispersar o grupo, retirando pontos da Sonserina. Enxugou suas lágrimas, o vendo levantar Dorcas, que contava desesperada que seu sapo entrara no buraco e não queria sair. Ela começou a chorar, mas não era pelo sapo. As pessoas olhavam e riam, comentavam. Acalmou sua respiração aos poucos enquanto assistia Dorcas chorar, incapaz, enquanto o monitor tentava ajuda-la.

Ela não pode esconder sua identidade.

Refez o caminho que correra, sentindo a mão fria de sua sina apertar seu ombro. Antes de começar a subir a escadaria, Peter, James e Sirius já estavam descendo, provavelmente tentando alcança-lo.

Remus passou a mão em seu rosto e respirou fundo, indo na direção deles.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, cadê vocês? hahahahaha
Apareçam nem que seja pra criticar.



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