O Segundo Antes do Sol Voltar escrita por Eponine


Capítulo 3
Capítulo 03




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— Ei, Fantasminha Camarada. — Remus olhou para o garoto deitado na cama de frente para a dele. Sentiu-se intimidado, mas ele estava confortável. — Qual seu nome mesmo?

Aquele era Sirius Black e Remus não gostava nem um pouco dele. Na verdade, há duas semanas ele pensava francamente em conversar com a professora McGonagall e perguntar se não pode ser transferido de dormitório, pois ele tinha pavor em dormir perto dele... James Potter.

— Quem inventou esse nome? Por que isso se chama assim?

O professor ficou em silêncio, não acreditando ter sido interrompido. A sala inteira olhava o garoto de óculos.

Accio. Accio. Accio. — repetiu James. — É estranho, por que não: aqui? Aqui! E boom!, aqui está o que eu chamei. Faz mais sentido, certo?

A sala de aula manteve-se em um transe de silêncio quase espacial ao tentar, por um segundo, seguir o fluxo de raciocínio que o garoto tinha. Remus notou a existência de James já no primeiro jantar da noite, após a Seleção, pois ele se sentara muito longe e ainda assim a mesa inteira conseguia ouvi-lo. Marlene, que felizmente fora selecionada para a Grifinória, desenvolveu uma espécie de enxaqueca que só aparece quando James começa a desenvolver um monólogo.

Já no dormitório, ele descobrira que ia dormir com o escandaloso, e pior, ele já tinha um fiel companheiro. Remus olhava para Sirius apenas por cima de sua revista de quadrinhos, quando o mesmo estava distraído: Tudo nele esbanjava riqueza. Suas roupas, seu cabelo, sua pele, suas mãos, sua voz, absolutamente tudo nele gritava que ele tivera do bom e do melhor, assim como James, que passou uma noite inteira comentando sobre seu aniversário na Caccia coi Ciccioli e Remus não faz a menor ideia que diacho de lugar é esse.

Desconfiava dos dois, e o fato de ambos serem tão auto centrados o tranquilizava, havia a possibilidade deles não notarem a existência de Remus por sete anos.

Entretanto, nem tudo era ruim no dormitório: Remus gostara muito de Elliott e Peter, principalmente do segundo. Pete sabia absolutamente tudo sobre histórias em quadrinhos, todas as sagas. E melhor, ele tinha teorias e conhecias jogos de RPG divertidíssimos sobre algumas histórias. Durante o café Peter sempre comentava que sua avó o forçava a comer bolo de milho de manhã, dizendo que ele precisava repor proteínas todas as manhãs.

Eram histórias engraçadas, Peter era engraçado e não se importou em emprestar suas penas à Remus quando as dele quebraram.

— Remus. — respondeu ele, temendo ter sido grosso. Voltou lentamente para sua revistinha, ainda com o coração pulando para fora da boca com o olhar penetrante do Black, esparramado em sua cama, com as mãos na nuca.

James continuou concentrado em sua leitura, deitado em sua cama.

— Foi legal aquele feitiço na aula de hoje, parabéns. — Remus pareceu parar no tempo, sentindo-se repentinamente mal ao receber o elogio de alguém que ele julgou sem ter trocado nem um bom dia. Logo ele, que tanto temia ser julgado.

— Obrigada. — respondeu.

— É, como você fez aquilo? — James fechou o livro, colocando seus olhos intensos em Remus. — O professor disse que os alunos normalmente só conseguem na segunda aula.

Engoliu seco, desconfortável com o olhar de ambos. Peter abaixou sua revistinha na cama ao lado da de James, mas Elliott deu um sonoro ronco.

— Eu... Eu tinha lido e praticado um pouco na biblioteca. — confessou, nervoso.

James continuou sério, mas Sirius deu de ombros.

— Esperto. — comentou o Black.

Remus desviou o olhar do Potter, que parecia decidido em não piscar para ele.

— Então é lá que você fica esse tempo todo?

— Tempo todo? — repetiu Remus, extremamente nervoso. Sentiu vontade de jogar a revista na cara de James e sair correndo até chegar em sua casa.

— É, você some depois das aulas... Semana passada você ficou doente, certo? Sumiu por uns cinco dias, o que você tinha? — ele sentou-se na cama e colocou o livro na cabeceira, analisando Remus. Sirius apenas observou, curioso, mas Remus sentia aquilo como um interrogatório. Ele tem me observado, pensou, mais nervoso ainda. Será que ele é daqueles ricos sangue puristas? Deus, com toda certeza... Digo, Merlin... Será que ele pode ler minha mente? — Você me ouviu?

— Eu... — Remus limpou o suor da testa. — Eu... Eu tenho um sistema imunológico fraco... Qualquer coisinha, eu...

— Minha prima tem isso. — a voz estrangulada de Pete atravessou a gaguejante de Remus. James virou o rosto lentamente para o Pettigrew, mas diferente de Remus, ele não se intimidou com o olhar analítico e arrogante. — Ela fica doente até com a mudança de lugar. O ar aqui em Hogwarts é mais rarefeito, você deve estar se acostumando.

O Potter continuou fitando Peter por alguns segundos antes de voltar a olhar Remus, ainda impassível.

— De qualquer jeito, parabéns pelo feitiço. — ele tirou os óculos e olhou para Sirius, lhe dando uma piscadela. — Preciso me preparar para rir de alguns Sonserinos amanhã durante a apresentação.

Ele sorriu para o amigo e disse boa noite para o quarto, se fechando entre as cortinas. Remus sentiu o olhar penetrante de Sirius ainda sob ele e só respirou quando o mesmo murmurou um boa noite para todos e copiou o Potter, se fechando em cortinas. Remus fechou a revista e respirou aliviado, olhando Peter, do outro lado do dormitório. O amigo notou o olhar e sorriu levemente, voltando para a sua história.

...

— Esse lugar é simplesmente uma loucura. — a garota riu ao assistir a escada se mover mais uma vez. — Eu já me atrasei umas três vezes assistindo os quadros!

— Eu também. — riu Remus, descendo as escadas. Olhou para a garota, sabendo que ela era de sua Casa e de sua turma, mas infelizmente não se lembrava de seu nome. — Me desculpe, mas seu no...?

— Lily. — sorriu ela. — E você é Remus, certo? O garoto que fez o feitiço na primeira aula!

Ele abaixou a cabeça, envergonhado. Adentraram no corredor que dava na sala de História da Magia, desviando alguns veteranos, conversando sobre possibilidades de feitiços.  Já ia completar-se um mês de aulas e tantas coisas aconteceram que ele sente que esteve morto por onze anos. Sentia-se um bobo nascido trouxa, fascinado com tudo, sempre parando para ver as coisas, sempre admirado. Ele queria tocar e aprender tudo, determinado a não decepcionar Dumbledore por ter lhe dado a oportunidade de aprender.

Sua primeira noite de Lua Cheia foi tensa e mais assustadora. Ele ficou muito mais agitado e temeroso do que ficava em sua casa, sentiu falta de seus pais, mesmo tendo a atenção aplicada de Madame Pomfrey, Remus tinha muito medo de tudo dar errado e ser mandado para casa no dia seguinte. Sentiu-se pior ainda quando Dumbledore fora visita-lo na enfermaria para conferir se estava tudo dentro dos conformes. Ficou agitado o suficiente para Madame Pomfrey lhe dar calmantes durante a véspera, para que ele ficasse menos ansioso. Quando finalmente foi deixado no local onde iria se transformar, sentiu como se fosse a primeira vez em uma nova casa.

O local que Dumbledore escolhera trazia consigo um presente para Hogwarts: O Salgueiro Lutador.

Era por lá que Madame Pomfrey o levava todas as noites de Lua Cheia, através da passagem secreta em forma de túnel, que percorria de Hogwarts à Hogsmeade, dando em uma casa abandonada, fortemente enfeitiçada para que Remus fosse incapaz de sair.

Na manhã seguinte, antes de todos acordarem, revestido de dor e culpa, ele se arrastava de volta para a saída do esconderijo.

Infelizmente haviam cicatrizes que ele não podia esconder, então inventou de que seu gato, Tobias, era muito violento. Sempre que dizia isso o pobre lhe dava um olhar aprofundado e tudo que Remus podia fazer era desviar o olhar, com mais culpa para carregar.

— Na-não posso comer isso, não posso comer isso, não posso, eu tenho colite, eu tenho crises com nervosismo, só como mingau de abóbora, sapo de chocolate e gelatinas.

— Tudo bem, vai ser providenciado. — professora McGonagall apertou o ombro de Dorcas e ela continuou fitando seu prato vazio, séria.

— Você sabe qual o problema dela? — perguntou Lily, se sentando.

— Não... Ela parece normal, só um pouco...

— Essa menina é retardada? — perguntou James, sentado ao lado de Lílian. A garoto o olhou, enojada e Remus reprimiu sua vontade de trocar de lugar, não acreditando que não o notara sentado ali. — Qual o problema dela, alguém sabe?

— Ela pode te ouvir. — sibilou Lily, o olhando com desprezo. James notou Lily sentada ao seu lado e pareceu não achá-la importante o suficiente para lhe dar atenção, ainda olhando para Remus.

— Para ter caído na Corvinal ela deve ser no mínimo inteligente. — ele colocou os cotovelos na mesa, sorrindo. — Aliás, quer sentar conosco na aula de Poções?

Lílian continuou olhando James, mais irritada ainda por ter sido ignorada.

— Pode ser. — respondeu Remus, nervoso.

— Legal, nós precisávamos de mais alguém no nosso grupo já que Gudgeon é burro. Você viu que ele estragou nossa brincadeira?

— Dave Gudgeon quase ficou cego. — cortou Lílian, chocada. — Sua brincadeira não tem a menor graça. Já foi dito mil vezes que o Salgueiro Lutador é peri...

Quem é você? — cortou James, finalmente a olhando, um pouco irritado pela interrupção.

Lily continuou pasma e então levantou-se violentamente, mudando de lugar na mesa, irritada. O Potter deu de ombros e sentou-se onde ela estava, cotovelando Sirius, mostrando que tinha mais espaço. Remus começou a suar frio, vendo que ambos estavam falando demais com ele sem nenhum motivo aparente.

— Como eu estava dizendo, agora graças à Dave foi proibido chegar perto da árvore. Se não é pra entreter então pra que diabos ela está ali, certo? — perguntou ele, servindo-se de mingau. — Essa escola não faz o menor sentido às vezes!

— James, na verdade você não faz sentido. E é na maioria das vezes. — respondeu Sirius. Remus segurou o riso, mas James sorriu para ele de forma confidente. Ele gosta de mim? Por que?, questionou-se Remus, assustado. Tomou seu café, ouvindo os dois falarem, assistindo cada camada de proteção que criara sobre ambos cair, uma de cada vez. Achava engraçado como Sirius também achava James um pouco... Importuno, mas Remus surpreendeu-se ao ver que apesar das aparências, o Potter era extremamente amigável e até um pouco divertido.

Ele era muito aplicado, então nada de brincadeiras durante as aulas, e também muito curioso, já que não tinha uma aula sequer que o professor escapava de alguma dúvida de James, seja ela com cabimento ou completamente desconexa.

— Agora você anda com eles? — perguntou Lílian no almoço, quando Remus se separou deles e sentou-se mais perto do pudim de cenoura. O garoto franziu o cenho, confuso. — Black e Potter.

— Ah... Eles meio que são legais. E são do meu dormitório, então...

— Eles não são legais. — corrigiu Lily, inclinando-se na mesa. — Eles não param de encher a paciência do meu amigo!

— Ah, sim... — Remus voltou lentamente para seu almoço, sabendo muito bem de quem Lílian estava falando. A índole de James era no mínimo um pouco duvidosa: ele não tinha muito pudor em rir de alguém que tivesse dificuldade na matéria, ou qualquer um que ele julgasse ser inferior. Entretanto, havia um garoto em especifico que cuja existência parecia incomodar James. Ele era estranho, curvado e parecia estar sempre muito desconfortável com tudo. Aquilo parecia deixar James fascinado, era como um bichinho que ele estava vendo pela primeira vez.

Olha, olha! — riu James.

— Bom dia Ranhoso, ansioso para o sebo no almoço? — debochou Sirius. — Já torceu seu cabelo lá na cozinha para fritarem o frango de hoje?

James gargalhou e as pessoas que estavam ao redor riram de Sirius, que apenas mordeu sua alcaçuz, inclinando-se na cadeira, divertido. Remus achou engraçado, mas sentiu-se terrivelmente mal. Não ia gostar de ser o garoto nem em mil anos. Fingiu que nada estava acontecendo, assim como o garoto.

O tal Ranhoso virou-se lentamente para olhar o novo amigo da dupla e deu um olhar tão odioso à Remus que tudo que ele pôde fazer foi corar e abaixar a cabeça, apenas ouvindo e anotando o que o professor falava. Assistir Sirius e James debochando dos outros trazia à tona a questão: Por que eles não riem de Remus também? Ele também tem roupas de segunda mão, como McKinnon, ou é estranho como Ranhoso (droga, ele precisa descobrir o nome do pobre garoto em vez de chama-lo de Ranhoso... Ou óleo de girassol!). O dia parecia ser feito de altos e baixos perto dos dois.

Na aula de Poções, conheceu o resto do grupo.

— Eu não acredito que só vou poder sair desse Castelo cheirando a mofo nos fins de semana do TERCEIRO ano. — exclamou o garoto assim que os três se sentaram ao redor de seu caldeirão. — Que tipo de lugar é esse? Os primeiranistas não merecem ter uma vida?

— Esse é Charlie, Charlie, Remus, nosso novo companheiro. Onde está...?

— Sinceramente não me importo com Robert. — retrucou o garoto de nariz empinado, apertando a mão de Remus, brevemente. — Eu só quero ir à Vila!

— Charlie, eu não quero saber da Vila, quero saber de Poções, onde está Richard? — disse James, pegando seus livros.

— Aqui! — respondeu um garoto louro sentado em outro grupo. James abriu os braços, não entendendo o porque dele estar em outro círculo. — Não quero mais trabalhar com vocês.

— Por que? — perguntou Sirius, levantando-se da cadeira. O garoto louro olhou para seu grupo feminino e olhou para os garotos, irritado.

— Porque Smith insiste em me chamar de Robert, Potter me chamou de burro sete vezes em menos de vinte minutos e Black roubou meu chocolate! — disse o mesmo, vermelho.

Sirius bateu em sua mesa.

— Você me ofereceu o chocolate!

— Não a barra inteira! — esganiçou Richard.

— Tanto faz, você é burro mesmo. — retrucou James, dando as costas para o garoto, pegando os ingredientes em sua bolsa. — Ótimo, agora precisamos de mais um integrante. Você também vai querer sair do melhor grupo da sala, Smith?

O garoto ergueu a sobrancelha para James.

— Até parece, Potter. É a minha presença que faz esse grupo ser o melhor. — respondeu.

Remus olhou para a porta no momento certo, vendo Pete entrar na sala envergonhado e atrasado, segurando pergaminhos e livros, olhando para as mesas, confuso. Ele e Remus passaram o mês inteiro passeando de grupo em grupo por não participarem de nenhum círculo de amigos. Ergueu o braço e acenou, esperando que ele olhasse. James notou e olhou para onde Remus olhava.

Virou-se lentamente para o Lupin.

— Não acho Pettigrew uma boa. — disse ele. Remus abaixou o braço, confuso.

— Por que não? Ele é muito bom em cortar ingredientes vivos.

Potter molhou os lábios brevemente e Peter chegou ao grupo, com as bochechas coradas de tanto andar. Sorriu para todos, colocando suas coisas na mesa, sentando entre Charlie e Sirius.

— Oi. — disse, ainda ofegante. — Qual a poção de hoje?

James olhou para Sirius brevemente e limpou a garganta, ignorando Peter.

A aula de Poções foi excelente, mas James insistiu em continuar fingindo que a presença de Peter não era relevante o suficiente para olhá-lo ou dirigir a palavra a ele. Remus admirou-se no talento do garoto em ignorar quem ele não achava importante mesmo que a pessoa estivesse quase na cara dele. Achou divertida a dinâmica do grupo e o principal: Todos eram aplicados e inteligentes, principalmente James. Quando o tal Ranhoso ameaçou terminar a poção antes dele, ele pareceu estar tendo um ataque cardíaco longo. Ele era muito competitivo.

Charlie era extremamente engraçado e passou a aula inteira comentando sobre o susto que levou de um elfo no meio da noite, quando ele desceu para a sala comunal da Corvinal por insônia. Sirius pareceu estar magoado com a acusação do chocolate então não falou muito durante a aula.

Remus estava começando a gostar mais e mais dos dois, e mesmo que aquela fosse a primeira vez que trocava mais que duas palavras com ambos, sentia que finalmente fazia parte de um grupo, assim como quando via os outros estudantes andando em bandos. Os quatro passaram por uma loura ajudando uma garota de cabelos castanhos bem presos em um coque recolhendo os materiais no chão.

— Ei, Remus, Remus! — chamou uma delas, o fazendo se virar na hora. Sorriu eu notar que era Marlene. — Ajude aqui!

Ele pediu para Peter segurar seus materiais e correu até Marlene e Emmeline, ajudando a recolher as folhas do livro que se despedaçara.

— Quantos anos tem esse livro? — riu James, aproximando-se. Remus fechou os olhos lentamente, não vendo coisas boas saindo daquilo. McKinnon olhou para cima, medindo James lentamente.

— Tem a idade da sua mãe. Agora sai daqui. — retrucou, fazendo Sirius gargalhar. Charlie bateu nas costas de James, rindo, mas o mesmo manteve-se sério.

— Seu sotaque... Você fala igualzinho os mendigos de Londres. — Marlene largou as folhas e levantou-se, aproveitando-se do fato de ser do tamanho de James. O Potter sorriu lentamente para os olhos azuis de Marlene. — Sem ofensa.

— Por que você ofenderia uma McKinnon? — ela sorriu rapidamente, cruzando os braços. James pareceu surpreso e ela deu de ombros. — O que? Pensou que eu fosse uma nascida trouxa qualquer pra você poder rir?

Ele vai rir de mim? — esganiçou Emmeline, desesperada, ainda pegando as folhas.

— Não, eu não rio de nascidos trouxas, não tem nada para rir de nascidos trouxas! — retrucou James, ofendido.

— Não parece, sabe como é, me diga com quem tu andas que direi quem és. — ela olhou para Sirius, séria, e o garoto soltou um muxoxo de descaso, desviando o olhar e afastando-se.

— Olha, ele só riu do seu livro ter se despedaçado, ok? Por que essa escola se ofende tão fácil com tudo? — reclamou Charlie.

— Eu posso te dar um livro desses se você quiser. — disse James, olhando Emmeline. — Eu gosto da cópia com anotações do meu pai, mas ele comprou um novo para mim. Posso te dar se você quiser.

— Ninguém aqui quer suas doações, Potter. — cortou Marlene, mais irritada. — Não estamos no centro de voluntários pra você fazer sua caridade!

— O que está acontecendo? — perguntou Amos, aparecendo do nada. Remus levantou-se com Emmeline, com o livro já refeito. — De novo? — perguntou ele, pegando o livro da mão de Emmeline e batendo a varinha sobre. — Reparo!

— Eu não quis dizer isso. — corrigiu-se James, parecendo magoado.

Tanto faz. — retrucou McKinnon, ainda intimidante. James deu de ombros e voltou a fazer seu caminho, com Sirius, Charlie e Peter o seguindo. Remus engoliu seco com o olhar de Marlene e assustou-se com o chamado de James, parado no meio do corredor. Ele olhou os olhos secos de reprovação em Marlene e rastejou-se em direção de James, passando a mão nos cabelos antes de pegar os materiais com Peter. Continuaram a caminhada em silêncio, mesmo com seu peito ameaçando explodir. Começou a desconfiar que estava fazendo a escolha errada. Olhou para trás uma última vez e Marlene continuava os olhando.

— O que me diz de um bom chocolate quente? — sorriu James, colocando um dos braços no ombro de Remus.

— A essa hora? Mas falta algumas horas para o jantar. — disse Remus, confuso. Ele olhou para o garoto de óculos, olhando para todos de cima, não se preocupando em dizer com licença ao andar pelo corredor ligeiramente cheio.

Ele colocou seus olhos castanhos sob Remus e pela primeira vez no dia ele conseguiu sustentar. O sorriso deslizou por seu rosto seguro:

Confie em mim.

 

Yusuf – Don’t Let Me Be Misunderstood

Well I'm just a soul whose intentions are good

Oh Lord, please don't let me be misunderstood

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu reformulei totalmente minha imagem do James, eu estava precisando.

Claro que é dificil desvincular aquela imagem autosuficiente que é dada ele (e é óbvio que eu não vou tirar isso hahahaha), mas eu senti a necessidade de dar um tom mais, como posso dizer, mais maturo talvez, mais concreto. Ele não é apenas muito inteligente, ele se esforça e estuda pra ser inteligente... Ele é arrogante porque ele sabe que é bom, e pelo ambiente em que ele viveu, em que o ego dele sempre foi muito bem estimulado, etc... Então eu estou gostando muito de escrever sobre o James nessa ótica menos caricata que eu mesma tenho dele, sei lá. O Sirius eu só dei algumas amostras, enfim, vamos devagarinho hahahaha

Agora sobre a Lily e o James KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Essa coisa de "quem é você" acabou se estendendo espontaneamente pelos capítulos seguintes e o James vai ficar um bom tempo sem a menor ideia de quem é Lily Evans.

Espero que gostem.



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