It’s Time. escrita por Liids River


Capítulo 2
..


Notas iniciais do capítulo

olha quem voltei
seus lindezos
trouxe mais um capitulo dessa história - que esta sendo dificilima de escrever. Eu revisei esse capitulo umas 800 vezes,tirei umas coisas que eu achei que ficaria muita informação porque eu me esqueci que é só o segundo capitulo HSUHSAUASHUASHAS
então talvez tenha ficado meio arrastado,não sei.
quem viu o Ed Sheeran em GOT ontem heinnn? Lindo né
galera,minhas aulas voltam dia 01/08 e eu espero terminar esta fic até lá
então a qualquer momento eu posto aqui,não tem programação
.
quero agradecer todas as mensagens e carinho que tenho recebido aqui e nos comentários das outras histórias que postei até então
vocês são demais pra mim,eu amo cada um e vou respindê-los com calma
(por mais que o Nyah fique barrando minhas respostas nas DMS)

mais uma nota inicial no começo da história - não vou tornais isso um hábito,é só que eu acho que devo explicar alguns personagens.
amo vcs
todos
cada um
de um jeitinho diferente


Demi obrigada mais uma vez pela recomendação
Kakau obrigada por ser esse docinho,socorro vou apertar
Temperana EU NÃO LHE AGRDECI PELA RECOMENDAÇÃO EM F.A ENTÃO ESSE É PRA VCCCC



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Todas as decepções do Percy nessa história,são minhas. Eu sei que vocês vão ficar entediados em algumas delas e vai parecer coisa pouca - mas eu sinto com muita intensidades as coisas. E eu não acho que seja um defeito,na verdade. E postar isso em um site de entretenimento,faz sim com que eu me sinta mais leve. Como eu respondi pra alguém,eu não me sinto esmagando ninguém em especifico.

Quando eu fazia terapia,inicialmente era só eu e a Dra.Mirian. Vou falar dela como Dra.M ( porque eu chamava ela assim). Eu fiquei dois meses,só chorando no divã dela sem conseguir falar nada - eu não sei,  tô sentindo vergonha de dizer isso,mas ok. Eu literalmente ficava 1h30 sem dizer nada,gastando os lenços dela.

Quando a gente percebeu que não tava rendendo e que tava gastando os lenços dela,resolvemos fazer em dupla. Eu e uma garota que tinha o mesmo problema que eu - obviamente por razões diferentes. Ela tinha TOC e inicio de depressão,mas ela se marcava por conta disso - coisa que eu nunca fiz. Nós tinhamos personalidades muuuuito diferentes,além de que ela era $$ alguém $$$ com mais $$$ poder $$$ aquisitivo $$ que eu ( e na época,com a cabeça que eu tinha eu achava que aquilo ia interferir em alguma coisa) por que eu não pagava mais a terapia. Eu fiz 2 meses por convênio e aí meu pai foi dispensado e não tinha como a gente arcar com o custo da terapia.

A Dra.M me atendeu pelo resto dos 1 ano e 4 meses de terapia que eu fiz,totalmente de graça.Sim,eu chorei quando ela encostou no meu ombro – depois de eu dizer que eu teria que sair – me deu mais um lenço e disse que eu não deveria me preocupar cm aquilo. Ela ia conversar com a parceira de escritório dela e ia me dizer o que faríamos quanto a isso. Na semana seguinte,um dia antes do dia da terapia,ela me mandou uma mensagem dizendo que ia me esperar na quinta,horário normal.

E ela me atendeu normal. Não teve um olhar diferente,ou um tratamento diferente – eu esperava isso,alo??? Eu não tava >> p pagando

Eu tenho vontade de chorar sempre que eu penso na mulher maravilhosa que eu conheci - e que se tornou uma amiga.

Muitas das vezes eu chorava na volta.É OK,EU ERA UMA CHORONA,VOCÊS VENCERAM,EU ADMITO.

 Eu chegava na escola com a cara inchada e as minhas colegas não perguntavam nada a respeito – porque era quinta-feira e elas já sabiam.

Mas eu me surpreendi com ela ( a minha parceira de divã). Saudades até.

A personalidade do doutor aqui vai mostrar muito como eu sou grata a Dra.M. E a visão do Percy sobre o Dr.Joseph,vai mostrar como eu via a Dra.M no inicio,meio e final do meu tempo na terapia.

A personalidade do Percy aqui,entretanto,é uma mistura da minha e de um rapaz que eu conheci quando a terapia se tornou grupa (éramos em 7 pessoas). E eu observei muitas das coisas que ele fazia - e infelizmente - a gente era muito parecido um com o outro. Vocês tinham que ver a vez que a gente discutiu - e que vai virar capitulo,eu acho.

Eu só não queria que vocês associassem toda e completa personalidade do Percy à mim. Tem eu ai,mas tem o garoto da terapia grupal também,viu?

Eu sou uma pessoa boa.

Vocês me convencem disso,sempre.É isso.

Ele achava o cabelo loiro uma coisa engraçada. Uma vez,um colega de classe de Percy Jackson havia pintado o cabelo de loiro. Por dois dias ficou incrível. E no resto do mês,as camisetas dele eram de uma mistura única de amarelo e branco. O mesmo acontecera com um outro colega que havia pintado o cabelo de preto.

Não sabia porquê mas achava aquele cabelo,muito bonito.

Ela tinha o semblante alegre. As bochechas coradas e o nariz um tanto empinado.

O que mais lhe surpreendeu fora seus olhos : cinzas.

Por alguns instantes,ele pensou que poderia ser lente. Afinal,se tem gente que pinta o cabelo de diversas cores aqui dentro,deve ter alguém que usa lentes só para....parecer legal?

Mas não. Ela não tinha a cara de quem faria isso.

A cara de quem iria fingir ser alguma coisa que não é só para agradar.

Então,por hora ele deixou que ela entrasse.

Parada ali em frente a cama de Percy,ela se sentiu estranha. Nem conheci o rapaz a não ser por aquele vez no telhado,mas se sentiu culpada por seu surto,afinal...ela havia se atrasado para o café.

—...

Annabeth Chase estava no hospital há mais ou menos duas semana. Não sabia bem o porquê,só havia concordado com os pais e ali se encontrava desde então. Bom,dizer que um paciente não sabe o porque de estar internado é brincadeira.

Eles sabem muito,muito bem porque estão ali.

Mas não vem ao caso agora.

Não estava raciocinando direito quando segurou a porta da mão do Di Angelo.  Sabia que aquele era o quarto do garoto explosivo porque havia escutado de Thalia que iria vê-lo. Não que estivesse naquela fase de : “Deus! Eu preciso fazer amigos!”,mas estava cansada de se sentir sozinha desde que dera entrada no hospital.

O rosto do rapaz deitado na cama havia lhe chamado atenção. Ela havia visto-o vagando sozinho pelo corredor da recepção enquanto os pais dela assinavam alguns papéis. Ele tinha a feição vazia,as bochechas pálidas e o io-io de um lado para o outro nas mãos. O cabelo estava bagunçado e ele os olhos frios. Não parecia alguém com quem ela se sentaria e comeria enquanto conversavam sobre seus problemas.

Até porque,Percy Jackson não parecia querer conversar sobre nada na maior parte de seu tempo.

Sentiu os olhos verdes passeando pelo seu rosto. Ela tinha vergonha de ser observada, mas não disse nada. Estava em seu espaço afinal,não ia pedir para que ele fechasse seus olhos enquanto ela estava ali.

—...

Ela olhou o quarto.

Bem,era parecido com o seu,visto que não havia a menor variação de cor ou móveis. Viu a bandeja de frutas em cima da cama,aos pés do garoto e lembrou-se do porque estar ali.

No chão,espatifado,estava o io-io que havia visto com ele.

Sem pensar muito bem,ela se dirigiu até o io-io,pegando as peças e montando-o de novo.

—Ei.

A voz dele era grave mas não um grave de assustar. Era calma,até.

Ela levantou a cabeça,observando-o. As sobrancelhas erguidas e a boca entreaberta.

Não sabia se podia,ou se deveria...mas achou Percy Jackson muito muito bonito.

— Annabeth Chase – ela murmurou. Sentiu as bochechas pegarem fogo e voltou seu olhar para o io-io nas mãos. Por sorte,achou que poderia montá-lo...

...se suas mãos parassem de tremer tanto.

— Saúde – ele murmurou.

Ela exibiu um sorrisinho de canto.

— Eu já ouvi essa. – ela respondeu.

Percy Jackson deu de ombros,mostrando desinteresse.

— O que está fazendo com isso? – ele perguntou retoricamente. – Quebrou...caiu da minha mão.

— Nessa distancia,eu diria que ele foi arremessado. – ela respondeu sem prestar muita atenção nele.

— E eu diria que isso não é da sua conta – ele respondeu ríspido.

Ao  contrário do que eu reagiria – no caso eu,Aquela que tudo vê,teria lhe mostrado o dedo do meio e lhe respondido de forma ainda mais ríspida. – ela só deu de ombros e sorriu ainda mais.

— Dá pra montar – disse simplesmente.

Percy Jackson quis expulsá-la de seus aposentos. Ora,você não entra em quartos alheios e sai mexendo nos pertences alheios...mesmo que seja para ajudar. As mãos ágeis da garota loira foram montando seu brinquedo e por mais que não quisesse admitir,ele foi ficando cada vez mais grato por não ter que ir pedir outro ao Dr.Joseph.

Seria o quinto,caso ele tivesse.

Annabeth deixou o io-io em cima do móvel de cabeceira de Percy e se sentou ao lado de suas pernas,na cama.

Observou o rosto grato do menino e se sentiu corar ainda mais.

—Obrigado – ele murmurou um tanto envergonhado – Mas não tenho como pagar por isso.

—Não precisa – ela murmurou – Acho que lhe devia essa.

— Eu nem conheço você. – ele murmurou,revirando os olhos.- Não quero dever nada a ninguém.

—Você é bem teimoso – ela suspirou.

—E você não deveria meter esse seu nariz nos meus assuntos – ele pigarreou. Sentiu-se ficar tenso por alguns instantes. Não tinha nem quinze minutos com a garota e já estava sendo extremamente inconveniente. E mais inconveniente que isso,era o sorriso que ela lhe direcionava todas as vezes em que ele era rude com ela. Ao contrário do que ele esperava,ela não se deixava ofender. – Quem te mandou aqui?

—Os Aliens!

Percy fez careta para o rosto alegre. Tiveram os três segundos de digerir o que ela havia dito e de repente....estavam rindo. Juntos.

Percy mal conseguia rir.

Quanto mais,com uma completa desconhecida.

Annabeth viu-o limpar o canto dos olhos enquanto se recuperavam nas risadas.

— Você deveria sorrir mais,Percy Jackson – ela murmurou.

— Não tenho tido muitos motivos para isso – ele murmurou tanto,entrelaçando as mãos em frente ao corpo. Ele se pegou comendo alguns pedaços de manga sem nem perceber. – O que eu fiz agora?

— O que quer dizer?

—Bem – ele pontuou um tanto confuso – Eu só recebo visitas de duas pessoas aqui e as duas acabaram de sair.

—E por que você acha que fez alguma coisa agora?

—Porque eu sempre faço – ele murmurou. Não parecia envergonhado de dizer ou algo assim...só parecia querer dizer mesmo. – E então?

— Eu achei que talvez você quisesse conversar.

Mentira.

Como dito antes,ele nunca parecia querer convers-

— Vamos conversar então. – ele concordou.

O que?

Não me perguntem,eu estou tão surpresa quanto vocês.

Uma vez, Percy ouviu uma música muito bonita. Nela, o compositor colocou muita emoção e dizia que se fossemos morrer queimados em um incêndio...deveríamos ir todos juntos. Na maioria das vezes, como eu já havia mencionado, Percy Jackson estava em chamas.

Não apenas no sentido de querer explodir de raiva.

As vezes,até mesmo com sua família,Percy tinha vontade de apertar os ombros de cada um deles,olhar no fundo dos olhos e gritar que – caramba! – eles eram importantes demais para ele.

Que não suportaria viver em um mundo onde eles não existissem. Um mundo sem o colo de sua mãe? Isso era inimaginável para Percy. Um mundo sem as conversas bobas e besteiras que falavam um para o outro. Um mundo onde ele não poderia ter aqueles 3 segundos de digestão das palavras da mãe,olharem um para o outro por mais 3 segundos e darem risadas juntos de alguma piadinha interna? Não.

Um das coisas que ele mais sentia falta era sua mãe.

E seu irmão mais novo.

Um mundo onde Percy Jackson não poderia brincar de lutinha e dar uma surra de verdade em Street Fighter em Tyson? Não.

Ele sentia até arrepios ao pensar nisso.

E seu pai... Ele teve alguns momentos com o pai. Sua mãe costumava dizer que eles eram tão parecidos que não conseguiam ficar por mais de uma hora juntos sem saírem em discussão e briga. E era verdade.

 Algumas atitudes de seu pai faziam Percy colocar as duas mãos na cabeça e puxar os cabelos sem dó de si mesmo. As vezes,de orgulho. E as vezes – a maioria delas – de raiva.

Por que você está fazendo isso,pai??         

Mas se sentia um grande hipócrita por julgar o pai silenciosamente. Ele sabia que faria a mesma coisa em algumas situações;

E não conseguia pensar em viver sem isso,sem ter vontade de subir pelas paredas,quebrar tudo e depois chorar.

E por favor,se você tem o pensamento de : Humpf Que garoto mimado.

Retire-se.

Se Percy Jackson fosse apenas um garoto com excesso de mimo,ele não estaria internado.

Ele sabia o que era reprimir um sentimento tão bem quanto sabia que o céu era azul. Sabia demonstrar também, mas nesse quesito ele sempre deixava a desejar.

No tempo em que Percy Jackson esteve sozinho,ele aprendeu a expressão de tranquilidade e de não demonstrar o que se passava em sua cabeça e corpo. Ele sabia,claro que sabia, que aquilo não era bom. Pessoas costumam dizer “Venha,desabafe.” “Vamos,não guarde tudo pra si mesmo”,quando na verdade a grande maioria nem sequer liga para o que você realmente está sentindo.

Há exceções,mas vocês sabem como são as exceções.

São como cometas e estrelas cadentes : raros.

É como quando dizem para que você seja você mesmo,mas se você age de um jeito que só você costuma ser,você é o estranho. Se você tenta se diferenciar,é julgado por não estar no padrão exigido.

Já percebeu?

É o que Frankfurt diz : “Se você não é como nós,você não é bem-vindo!”.

E Percy Jackson estava cansado de tentar se encaixar.

Ele encarou o rosto bonito em sua frente. O nariz empinado mas a expressão tão humilde. Ele reparou nos olhos cinzentos da garota enquanto conversavam há mais de duas horas.

Sim,duas horas.

Ele parou por alguns minutos enquanto conversavam,surpreso. Não lembrava de já ter ficado por mais de quarenta minutos conversando com alguém sem entediar-se ou pedir repentinamente para que a pessoa se retirasse e deixasse-o sozinho.

Nem com Nico. Ou Thalia. Ninguém.

E pior de tudo : conversavam sobre tudo.

Absolutamente tudo.

Annabeth Chase estava no hospital há mais ou menos duas semanas- como eu mencionei. Contrariando os pensamentos de Percy de que talvez já haviam preenchido a vaga do colega que havia saído. Ela dormia bem,visto que se atrasava constantemente para o café da manhã.

Ela pediu desculpas por hoje,mas Percy só ignorou.

Não se sentia mais irritado como de manhã.

Ele reparou em suas unhas roídas, assim como as suas. Viu que suas mãos tremiam constantemente e que ela ficava vermelha com facilidade.

— Pudim.

Ela ficou vermelha enquanto sorria.

Ele achava engraçado. Fazia horas que soltava uma palavra no meio da conversa só para vê-la sorrir.

— Catacrese.

De novo.

— Lhama.

Essas eram as palavras favoritas de Percy. E sendo honesta,as minhas também.

Não sabia porque estava compartilhando suas palavras favoritas só para arrancar o sorriso da garota na sua frente,mas se sentiu terrivelmente bem em dizê-las.

Ela sorria com facilidade,ele pensava. Dificilmente, Percy exibia seus dentes. Antigamente,ele achava que era por tê-los meio tortos e um pouco lascados. Depois percebeu que eram pouquíssimos os motivos para sorrir com os dentes.

Diferente dele,Annabeth parecia ver graça em praticamente qualquer coisa.

— ... e depois eu vi a ala 11 e achei melhor vir pra cá. – ela explicava.

Annabeth explicou para ele que não se sentia bem em lugar algum. Fez acompanhamento médico em algumas clínicas – e ela pontuou bem o plural de clínica – e que no final,por decisão própria e com o apoio dos pais, veio parar no hospital psiquiátrico do Queens.

O do Brooklyn estava sem vagas,ela havia dito.

Enquanto conversavam,Percy reparou em suas investidas. Ela sempre lhe dava uma ponta para começar a falar de si mesmo e porquê estava ali dentro.

Em nenhum desses momentos ele havia dito. Percy não se achava tão interessante e não achava que tinha uma história toda por trás de estar ali hoje. Ele só havia socado a cara de alguns caras e seus pais acharam que ele estava precisando de um descanso.

E ir descansar na França não era uma opção,então...

E o que mais lhe encantava era que não se sentia pressionado por ter que falar. Na maior parte do tempo,Percy tinha uma visão muito negativa de si mesmo.

Não se sentia bem em compartilhar a sua visão de si mesmo por medo de achar que com quem seja lá ele compartilhasse,a pessoa também só acabaria vendo o que há de ruim nele.

Ou pior : acabar lhe colocando num pedestal,fazendo-o ver o melhor de si para depois assoprar-lhe e fazê-lo cair.

E de visão ruim sobre algo em si,ele já se bastava.

E ela não parecia se importar se ele não queria falar. Só sorria compreensível e dava continuidade a sua própria fala,comendo suas mangas e tomando seu suco.

—... eu posso te perguntar uma coisa,Perseu? – ela sussurrou com a boca cheia de uva,se levantou depressa pegando o io-io do móvel de cabeceira e voltou,setando-se ao seu lado de novo. Ele prendeu um sorriso ao vê-la tão engraçada em sua frente e só balançou a cabeça. – Você está aqui há quanto tempo?

Ele tomou um gole do suco que estavam compartilhando no copo de vidro.

— Há mais tempo do que pretendia – ele sussurrou arrumando os cabelos atrás da orelha.

— E isso seria...? – ela pressionou.

— Eu pretendia ficar dois dias – ele murmurou. – E estou há 6 meses.

Ela pigarreou olhando-o curiosa.

 - É..bastante tempo – sussurrou.

— É mais tempo do que o que o Titanic levou para afundar,admito – ele brincou,pegando o io-io de suas mãos e prendendo a cordinha no dedo.

Ela riu,colocando a mão direita sobre os lábios. Ela era como ele,sabia que não deveria rir da sua própria desgraça,mas ria mesmo assim. Era isso,ou chorar. Então...

— E o que aconteceu? – ela murmurou baixinho,sentando com as pernas cruzadas ao seu lado na cama. Jogou os cabelos para o lado oposto de Percy e ele conseguia sentir plenamente o cheiro de limão deles.

— Eu... – ele pigarreou. Percy tinha problemas em confiar em qualquer pessoa que não fosse da sua família. Alguma coisa em sua cabeça dizia que ele deveria se manter assim,mas uma pequena parte.... se colocava a falar sem nem ao menos perceber – Eu soquei a cara de um rapaz na escola.

— Não parece muito - ela disse curiosa.

— E a de dois professores logo em seguida – ele murmurou coçando a nuca. Como se costume,Percy se envergonhava de ter feito o que havia eito. Ao seu ver,pode parecer coisa pouca. Adolescentes sofrem bullying o empo todo e há algumas causas e ONGs protetoras desses adolescentes....mas Percy não queria ser visto dessa forma.

Havia muitas formas as quais Percy gostaria de não ser visto. Muitas delas,meu caro leitor e...para falar a verdade,assim como eu...em alguns momentos Percy não queria ser visto de forma alguma.

Então sim,ele se envergonhava de tê-lo feito.

Bem,antes disso ele já tivera vários episódios que o fizeram parar ali,mas não acho que seja algo para se tratar no segundo capitulo. Talvez mais adiante.

Seja paciente,meu caro leitor.

— Eu imagino que o problema tenha ficado maior aí – ela brincou,sorridente.

Percy encarou aqueles dentes a mostra.

Queria sorrir assim,mas só balançou a cabeça e revirou os olhos.

— Maior tipo...6 meses. – ele resmungou.

Ela acenou e suspirou em seguida. Virou seus olhos para Percy Jackson e suas olheiras. Ele parecia pensar muito,muito mesmo antes de falar seja lá o que ele fosse falar,e então ela entendia que ele disse sem pensar quando explodia. Entendia que pessoas como Percy Jackson,podiam agir de um jeito completamente diferente do que ele estava agora.

Um jeito...não-pacifico.

Ele percebeu que estava sendo observado,e desviou os olhos para ela também. As bochechas pálidas ganharam um tom rosado e ele pigarreou,voltando seus olhos para as próprias mãos.

— Não fica me olhando assim – ele resmungou.

—Não tô olhando.

—Claro que tá – ele pontuou. Ficou encarando seu perfil até que ela lhe olhasse. Agora foi a vez das bochechas dela ganharam cor – Olha aí!

Revirou os olhos e sorriu de novo,batendo os dedos no io-io dele.

— Você pode me agradecer pelo io io depois – ela se espreguiçou,levantando-se. Percy não queria admitir mas não queria que ela fosse embora ainda. Era quase a hora do almoço e não queriam se atrasar.

— Vou pensar em um bom agradecimento – ele se levantou também,arrumando os cabelos e puxando a bandeja nas mãos.

Ela assentiu,abrindo a porta para os dois.

Ele não deveria sair do quarto...mas também não queria passar o resto do dia ali,sozinho.

No cruzamento do corredor C e do corredor D,eles se viraram um para o outro. Percy pensou que deveria ter mais manhãs como essa. Não,não a parte de querer matar Nico Di Angelo...mas ter alguém com quem conversar horas sem nem perceber, lhe parecia bom.

— Eu vou por aqui –ela apontou com o polegar para trás. As feições sorridentes sempre ali. – E eu vejo você depois?

— Eu acho que sim? – respondeu um tanto constrangido. – Quer dizer,com certeza que sim! – respondeu desesperado. Deu-se conta de que ela prendia o riso e fez pose de  desinteresse – Na verdade,sei lá...tanto faz – ele pigarreou,olhando para trás e escondendo as bochechas coradas.

— Tanto faz – ela concordou,mordendo o lábio.

Ficaram ali,sem se olhar por alguns minutos.

—...

—...

— Você não ia embora? – ele perguntou,olhando-a.

—Eu vou,não me apresse! – ela bateu em seu ombro descontraída.

—...

—...

— É sério,vai embora –ele riu e revirou os olhos. Não queria admitir,mas achava Annabeth uma graça.

Ela piscou algumas vezes e o rosto ficou corado de novo.

—....

Percy havia rido para ela ou...?

Ficaram se encarando por alguns minutos.

Alguma coisa crescia em Annabeth. Ela queria que fosse uma espinha que ela poderia tirar quando estivesse madura...mas ela sabia que era algo bem mais complexo que isso.

E Percy...bem...

Percy já tivera muitas espinhas.

.

Começou a comer seu almoço quase se esquecendo da manhã adorável que havia tido.

 Dr. Joseph havia chamado-lhe até a sua sala para que almoçassem juntos. No fundo,Percy sabia que o doutor só queria que ele conversasse. E ele estava disposto a fazer que aquilo fosse bem difícil para o doutor, já que não abriu a boca para nada além de colocar os pedaços de strogonoff na boca.

A sala dele era grande e um tanto brega. A grande parede espelhada lhes davam a vista do bairro e alguns cactos no rodapé da janela,passava um certo conforto para Percy. Nas paredes verdes,alguns quadros e certificados de Joseph estavam pendurados. No sofá da esquerda –onde os atendimentos individuais com os pais eram feitos – havia um pacote de lenços.

No divã – afinal,é a sala de um psiquiatra ali,hun? – tinha uma pilha de litros e peças de Lego.

— Sabe... – Joseph começou enquanto colocava ketshup em seu prato,chamando a atenção de Percy. – Você me lembra alguém,Perseu.

Ele concordou com a cabeça. Só queria terminar e ir embora.

Claro,estava grato por almoçar algo diferente de bolo de carne,mas não iria vender suas palavras por um prato de strogonoff.

Se fosse macarronada, talvez..

— Você e a sua pose de “não estou interessado.” – ele continuou,colocando um guardanapo ao lado do prato de Percy – Eu costumava ser assim,sabe? Você não pode se esconder atrás da pilastra para sempre.

Percy não era bom com metáforas,então :

—Quê? – perguntou genuinamente confuso.

— Vamos lá – Joseph ajeitou-se na cadeira,observando seu paciente favorito fazer uma pausa em sua comilança. Encarou os olhos verdes do Jackson em sua frente e suspirou. Entrelaçou as mãos no colo e continuou : - É como um baile. Um baile de princesas. Vamos fingir que existem três princesas diferentes e cada uma delas tem a sua importância,certo?

—É mesmo? – Percy contribuiu. Não queria deixar o doutor no vácuo e...bem,estava interessado na sua historinha.

— Sim – ele sorriu. Que homem corajoso,Percy pensava. Nunca em sua vida ele ameaçava sorrir enquanto comia. – Existe a princesa G,a princesa Y e a princesa P. Cada uma delas precisa se encontrar com seu destino,porém uma delas vive se escondendo atrás da pilastra. É como se a princesa P – a que se esconde – Não estivesse interessada em se encontrar com seu destino.

—Não sei se estou entendendo. – Percy suspirou – Eu sou a pilastra?

—Não,tenho certeza que você consegue uma interpretação melhor que essa,Percy – Joseph voltou a comer.

— Se eu não sou a pilastra,isso faz de mim... o destino? – ele suspirou confuso. Estava começando a ficar irritado com o Dr.Joseph e desejando bolo de carne- Porque,honestamente,se eu sou o destino...estamos todos ferrados.

— Estou dizendo que você não parece determinado a sair daqui,Percy – Joseph disse direto e objetivo. Percy deixou seu garfo cair de seus dedos,um tanto chocado. – Você não tem colaborado para sair. Não tem tomado seus remédios e nem parece disposto a conversar sobre o que se passa nessa cabeça. Eu tenho certeza de que você é um jovem brilh-

—Então eu sou uma princesa? –ele perguntou.

Joseph revirou os olhos e suspirou.

Não é que parecia que Percy não estava disposto a sair dali. Ele claramente não estava se esforçando nem um pouco.

Enquanto se encaravam,Percy começou a fazer a ligação do que havia escutado. Seu médico,aquele que tinha um ficha – que na cabeça de Percy era bem completa quanto ao seu quadro mental –sobre ele,estava lhe dizendo que ele não estava disposto a sair daquele cativeiro.

As mãos de Percy se fecharam instintivamente em punho.

Seu médico estava apontado para si que o conforto do hospital era melhor do que a de sua casa? Era isso que ele estava dizendo que Percy sentia?

O que ele sabe sobre sentimentos? O que ele sabe sobre os sentimentos de Percy?  

Percy começou a se sentir enjoado e a ponto de vomitar sua comida na cara de Joseph.

— É o meu trabalho,Percy...

— Seu trabalho é um saco – ele murmurou. De repente,começou a comer mais rápido com medo de que o doutor mandasse-o de volta ao quarto e comesse bolo de carne.

Porém,ele sorriu.

— Talvez,para você que é paciente,ele seja mesmo. – Joseph concordou. – Mas alguma coisa em ajudar os outros sempre me chamou atenção,Percy.

— Eu não preciso de ajuda.

— É nesse pensamento que você se prende? – ele perguntou. Percy comia um pedaço de alface enquanto encarava o médico. – De que não precisa de ajuda? Você não acha que se não precisasse,talvez já estivesse fora daqui Perseu?

— Eu não preciso de um veridito seu,Joseph – ele sussurrou. – Eu sei quem eu sou,como sou e não pretendo mudar nada disso.

— Não é esse o objetivo do hospital,Perseu – ele sorriu. Viu o garoto revirar os olhos rebelde. Sabia que qualquer outro terapeuta teria se irritado com as atitudes do adolescente,mas ele ignorou sua rebeldia e continuou : - Ninguém está aqui para mudar você. Talvez...umas melhorias sejam feitas em suas atitudes,mas muda-lo? Não.

Percy pensou em ser petulante e dizer que não precisava daquilo também, mas algo em Joseph naquela tarde – ou no strogonoff – calou sua boca.

.                                                                                    

Jogou-se ao lado de Nico na roda do terror. Sabia que tinha que estar ali,mas isso não se tornava menos pior que qualquer ouro momento do dia.

Poucas das cadeiras estavam vazias. Os pacientes começavam a chegar,cada um com seu docinho de final de tarde. O hospital entregava os docinhos pós-amoço para todos,como se fosse um agrado.

Não “como se fosse”. Era um agrado.

Um docinho de amendoim.

Percy era alérgico a amendoim.

Talvez isso explique seu mau-humor sempre no inicio da roda do terror.

—Tá melhor? – Nico cutucou sua barriga,comendo seu docinho cuidadosamente e devagar para que não acabasse logo,desviando os olhos para ele.

— Sim.

—Tem certeza?

—A menos que você queira um soco na cara – Percy respondeu sorrindo para ele.  Parecia brincar – mas estava falando sério. O mau humor do inciio da manhã de volta. Suspirou observando o resto do grupo chegar e se sentar. – É sério,tô bem.

Nico assentiu,pouco convencido disso,mas não apertou o calcanhar de seu parceiro para saber mais.

— Eu vi você e a loirinha – Nico começou. – A Chase.

— E?

—Bem..ela é bonitinha – ele murmurou,sugestivamente levantando as sobrancelhas para cima e para baixo.

—E doidinha da cabeça. – Percy completou

 - E não somos todos? – Nico pigarreou – Falando nela....

Annabeth adentrou o pátio,os olhos baixos nas mãos. Os cabelos presos numa trança de lado enquanto ela andava distraidamente em direção as cadeiras. Percy observou quando ela levantou a cabeça e encarou diretamente Nico Di Angelo.

Ela sorriu um bocado para Nico,fazendo Percy se sentir só um pouco esquecido. Só o bastante para vê-la desviar os olhos para ele e se iluminar um pouco mais.

Ali,Percy teve certeza de que estava completamente ferrado.

.

— O que você mais gosta aqui dentro? – ela perguntou.  Estavam um do lado do outro,juntos observando o pôr do sol no terraço do prédio.  Novamente,os cabelos dela pareciam pegar fogo e isso fez o coração de Percy palpitar de uma forma diferente.

Talvez tivesse comido muito ketshup no strogonoff. Talvez o ketshup tenha ido parar na corrente sanguínea e ele estava tendo uma parada cardíaca. Uma palpitação diferente – ao lado de uma garota –... com certeza fora o ketshup.

— Eu gosto de Nico e Thalia – murmurou. Não tinha mais nada que fizesse Percy se levantar de manhã e sorrir contente por estar ali. Na verdade,o termo “sorrir contente” também era um exagero,porque não era bem assim que se sentia. – E você?

Annabeth arrumou uma mexa do cabelo atrás da orelha e suspirou.

—Eu gosto de acordar.

Como ela não disse mais nada,Percy também não exigiu mais nada.

Percy era do tipo que se contentava com pouco e que via através dos outros.

Ele começou a pensar que talvez...Annabeth precisava de alguém que visse através dela. Alguém que visse atrás de todos os seus sorrisos fáceis e suas risadinhas.

Percy estava disposto a isso.

Mesmo que se perdesse mais ainda.

Ele se aproximou um pouco mais dela,deslizando sua mão até a sua. A mãozinha de Annabeth tremia,mas estava quentinha. Como se ela estivesse aquecendo as mãos nos raios solares.

Ele entrelaçou seus dedos nos dela e não disse nada – agradecendo que ela também não havia dito. Pensou que seria bacana e diferente se tivesse uma outra pessoa com quem pudesse compartilhar alguns momentos – além de Nico e Thalia.

E por alguns instantes se deixou levar pelo pensamento de que Annabeth se sentia como ele.

De que ela era real.

Só que uma coisa que vocês aí – e até mesmo eu – não sabem : Percy consegue ser facilmente engando pelas suas emoções.

E essa,é mais uma coisa que eu e Percy Jackson temos em comum.

Para ele,quem vem,vem pra ficar para sempre.

Mas antes mesmo de se instalar direito...Annabeth já estava partindo.

 


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Notas finais do capítulo

Eu espero de verdade que vocês gostem
eu escrevi ouvindo minha bandona da pourra the script
é uma banda linda e se vcs quiserem indicação de música,só vemmm
até mais



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