It’s Time. escrita por Liids River


Capítulo 1
.


Notas iniciais do capítulo

Fiz uma nota inicial no inicio da história.

Esse espacinho vai ser um desabafo meu,por seja lá quantos capitulos.
Tudo bem se você,que não tem nada a ver com isso,não quiser ler. Vou postar algumas ones durante a semana também pra você que tem me apoiado.

amo vocês.
(não revisei).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736223/chapter/1

 

 

Essa história ia ter uma temática completamente diferente.

Pra começo de conversa,ela ia ser uma Oneshot.

Hoje,eu fui para a segunda etapa de um processo seletivo de emprego na minha área,numa empresa multinacional. Eu tive um insight no trem de volta pra casa : eu sou boa.

Eu pensei. Eu sou boa. Olha até onde eu cheguei. Eu passei por um ensino fundamental de puxão de cabelo e pontapés constantemente.

Passei por um ensino fundamental turbulento,sim?

Eu entrei no Nyah

em 31/08/12. Um dia depois do aniversário mais turbulento do meu pai. Um dia depois de eu pensar que talvez,eu tivesse que ir morar com ele pra cuidar dele e tudo. Meu pai tem uma doença - que ele se recusa a tratar. Mas você aí,não sabia disso.

Ai eu entrei no meu ensino médio-técnico integrado em Administração. Como se o ensino médio já não nos desse vontade de largar tudo de mão,não é? 21 matérias,3 anos de escola + TCC. Com os meus pais querendo se separar. Foi quando eu decidi entrar na terapia e fazer acompanhamento psicológico.

Eu ia de ônibus pra terapia. Fazia uma vez na semana,as 11h. Quinta-feira as 11h. Saia correndo pra pegar o ônibus e ir pra escola direto de lá. As vezes,dava pra passar em casa e comer uma banana.

Eu descobri o TOC lá. E outras coisas.

Eu tratei do TOC apesar de ainda ter os resquicios do 1,2,3...1,2,3.

Fiz meu TCC Minha família estava se reestruturando. Foi um sucesso.

Sucesso era tudo.

Final de 2015.

Faculdade. O que diabos eu ia fazer agora?? No que que eu era boa?

Eu não tinha idéia do que eu ia fazer da minha vida.

17 anos nas costas,eu achava muito.

2016.

Cursinho pré-vestibular. A situação financeira se apertou em casa e eu precisava trabalhar.

Não consegui dar o melhor de mim pra conseguir a faculdade que eu queria...

2017

...mas eu consegui uma faculdade.

Eu consegui!!!

Eu tô estudando uma das minhas opções de curso.

Hoje,27 de Junho de 2017,fiz a segunda etapa de um processo seletivo numa empresa MULTINACIONAL. Conhecida por todo mundo.

Estava orgulhosa dentro do trem agradecimento há seja-lá-em-quem-você-acredita pela oportunidade. Que por mais que eu não consiga essa vaga,eu sou boa!! Eu sou vencedora.

Cheguei em casa,abri meu notebook. Vim logo para onde eu sempre comemoro as minhas vitórias : Nyah.

Abri minha DM.

E li todo o contrário do que eu acabei de escrever aí em cima.

Então essa história ia ter uma temática completamente diferente.

Ia.

No passado.

Porque você não pode vir até mim e dizer todo o contrário.

2 de Janeiro de 2017 – Queens/NY.

Não sei se farei isso certo,mas só irei saber se eu fizer.

Então..é,olá. Você aí, como andam as coisas?’

Esse relato será um tanto diferente do que você está acostumado, então sente-se ( ou deite-se dependendo do horário que você está lendo.). Eu espero que você tenha tomado um xícara de leite e comido alguns biscoitos antes de abrir isso aqui.

Talvez seja um pouco longo. Mas não durma.

Essa história,é o conto de um garoto extremamente peculiar e alguns dizem,um tanto maluco. Talvez você se identifique,então isso fará de você...um tanto peculiar e maluco.

Percy Jackson morava na maior ilha de NY. Era um garoto extremamente quieto e tímido e apesar de alguns boatos que diziam que ele era mal-encarado,Percy não era nada disso. Bastava se sentar com Percy Sem-Nome-Do-Meio Jackson e você descobriria que tudo aquilo não passavam de boatos.

Ele morava com Sally e Poseidon Jackson. Poseidon que para alguns – e algumas – era um homem muito misterioso por conta de sua aparência. Era um cara alto e de cabelos negros e olhos tão verdes que era capaz de você se esquecer o que iria dizer. Não que já tenha acontecido comigo...

Sally era uma mulher doce e cheia de carisma. Se a vida fosse uma jogo de RPG,Sally Jackson tinha tirado 19 de carisma no D20. E era uma mulher atenciosa que já fora vista diversas vezes ajudando alguns necessitados nas ruas de NY. Principalmente no inverno.

Percy Jackson tinha um irmão mais novo. Tyson.

E é só isso.

Não há muito o que dizer sobre Tyson Jackson. Apenas que “Tyson” e o nome “Jackson” não combinam. É estranho de dizer... Soa engraçado se vocês disser quatro vezes repetidas.

Tyson Jackson. Tyson Jackson. Tyson Jackson. Tyson Jackson.

Na quarta,você já estava dizendo Taisu Jécso.

Você deve se perguntar : Ora,se essa história não é narrada por Percy Jackson,quem diabos está narrando aí?

Vamos me chamar de...Aquela que tudo vê.

Ou de... Observadora Meticulosa.

Ou de Bode Espiatório. Você escolhe.

O que torna Percy Jackson interessante? Afinal,é para isso que vocês estão aqui,certo? Uma história interessante.

Percy Jackson ficou completamente maluco no verão de 2016. Talvez o calor tenha afetado seus neurônios.

Era quarta-feira quando Percy Jackson deu com a cadeira de sua sala de aula nas costas de um colega de classe.

Que rapaz violento!

Ahn,eu não culparia Percy Jackson por isso.

Na tentativa de apartar as coisas,dois professores foram para cima de Percy Jackson na confusão. E Percy Jackson socou a cara dos dois.

Ok,por isso eu o culpo.

Certamente que ele não saira dessa impune. Poucas coisas irritavam Percy Jackson e ele manteve em segredo suas razões no dia da confusão. E isso,bem....isso lhe deu consequências.

Atenção,você aí : toda ação gera uma reação.

E isso,nos traz para o hoje. Dia 2 de Janeiro de 2017.

Hospital Psiquiátrico do Queens.

Quarto 119,ala 12.

Ei,sem surpresas. Eu nunca disse que seria um relato leve.

Percy jogava seu iô-iô para cima e para baixo,sem realmente brincar com o iô-iô. Os cabelos negros bagunçados e grandes demais,caindo pelo pescoço. Percy tinha os olhos de Poseidon,porém as olheiras profundas o deixavam com uma aparência ainda mais cansada. Percy Jackson estava mais pálido que o normal também. Não que ele estivesse doente,ele só...não queria sair nas horas propiciais para isso. Ele se vestia como todos os outros pacientes : calça de moletom preta e camiseta branca.

Era política do hospital : fazer com que os pacientes combinassem com as paredes.

Percy era totalmente contra esse tipo de coisa. Ele não gostava do hospital e não gostava da agenda que preparavam todos os dias para ele às 8h da manhã.

Mas ele também não gostava de sair socando caras e jogando cadeira nas costas de ninguém.

E ele não achava que estava melhorando quando saía as 8h30 para o café. Comia três pedaços de manga e um copo de suco de melancia e subia de volta para o quarto. Não achava que estava melhorando quando saía às 10h para dar uma volta com os outros dois pacientes com o mesmo quadro que ele.

Thalia e Nico.

Eram as duas únicas pessoas com quem Percy conseguia esboçar um sorriso. Diferente dele,Nico não tinha uma data para sair do hospital. O que ele havia feito fora bem pior do que Percy. Mas não cabe aqui,contar a história de Nico Di Angelo.

Talvez outra hora.

Não achava que estava melhor quando saía as 11h para jogar ping pong e contar histórias para os pacientes mais novos. Ele,na verdade,nem abria a boca. Só observava e se perguntava o que uma garota de 8 anos poderia ter feito para estar no hospital. Não lhe parecia fazer muito sentindo.

Percy se perguntava porque tinham 1h30 de almoço. Ninguém levava tanto tempo para almoçar e os caras da ala 15 sempre arrumavam confusão com os caras da ala 11.

A ala 12 era,bem...a ala 12.

A hora do almoço era o pior momento para Percy Jackson. Ele tinha que se controlar muito para não se meter nas pequenas confusões entre as alas.

As 2pm,eles eram convocados para o grupo de apoio. O Dr.Joseph se dava o trabalho de ir até as alas e chamar cada um por quarto.

Eram um grupo de 39 pessoas.

As 4pm,o grupo se dividia,eram por alas. O grupo caía para 15 pessoas. Não que fizesse diferença para Percy Jackson : ele não se sentia confortável em “abrir o seu coração e compartilhar suas angustias”,como o próprio Dr. Joseph dizia.

As 5:45pm,eles tinham que repetir o lema do hospital : Prosperar até tudo acabar.

Percy Jackson achava tudo aquilo uma grande bobeira. Prosperar para onde? Para as paredes brancas e pretas? Prosperar para o bolo de carne em todo o almoço? Prosperaa para que ele começasse a comer mais de uma fruta no café da manhã?

Ele só revirava os olhos fixamente para o Dr.Joseph e voltava para o quarto.

As vezes,Percy Jackson pulava o jantar e ia fazer o que ele mais gostava em sua agenda : subia até o terraço do prédio – junto com dois ou sete enfermeiros – e via o sol se pôr atrás dos prédios altos. Ele se lembrava como era antes de entrar no hospital. Lembrava como gostava de ser quem era e como gostava de passar tempo com a família. Gostava de lembrar das aulas de biologia e como ele mestre em diferenciar lipídios e carboidratos. Gostava de lembrar de como se sentava no chão aos pés da televisão junto com Tyson Jackson e assistiam desenhos até o final da tarde.

Lembrava com carinho de sentar na calçada de casa e ficar observando o sol se pôr,como estava fazendo ali no hospital. E de como era grato por algumas coisas.

Até algum dos enfermeiros baterem com o indicador no relógio e ele ter que voltar para dentro. Para as paredes brancas e pretas.

— ...mais cinco minutos? – ele sussurrava baixinho quando era Jordan um dos enfermeiros. Jordan só balançava a cabeça em negação e fazia cara de poucos amigos.

Percy recolhia sua vontade de ver as estrelas e a vontade de socar a cara de Jordan e descia de volta para o quarto.

Isso,até aquele dia.

Era tarde,as pessoas das outras alas desciam e subiam de volta para que a reunião de grupo fosse apenas deles agora. O assunto da salinha do Dr.Joseph fora a saída de Kevin – que após longos 3 meses – havia recebido alta. Todos aplaudiram e lhe parabenizavam.

Percy Jackson invejava-o. Queria ser consertado também.

Naquela tarde,Percy puxou sua cadeira acolchoada para trás,sentando-se ao lado de Nico. Colocou os cabelos para trás – os cabelos maiores do que nunca! – e passou a fazer um dos seus exercícios pessoais favoritos : observar aquelas pessoas engraçadas.

A esquerda,uma garota de cabelos negros e as pontas rosas. Percy se perguntava se ela fazia aquilo lá dentro sozinha ou se alguém ia até lá só para pintar-lhe os cabelos. Ao lado dela,uma garota de pele escura e cabelos no mesmo tom. Ela era quieta e cruzava os dedos como se estivesse rezando. Dois meninos,gêmeos. Percy não tinha ideia do que era ter um gêmeo,mas achava engraçado o jeito como eles se comunicavam sem nem ao menos falarem.

Ao lado dos gêmeos,uma garota loira. Percy não deu importancia,mas não achou que já a conhecia. Talvez já estivessem preenchendo a vaga de Kevin.

Ele suspirou pesadamente só esperando que aquilo acabasse logo e pudesse subir ao terraço e observar o pôr do sol.

Nico ao seu lado balançava a perna como se ela tivesse vida própria. Ele suspirava quase tão entediado quanto Percy. O contrário dos outros,Nico se vestia totalmente de preto. A camiseta que fora branca algum dia,tinha marca de dedos por conta da tinta guache a qual ele havia usado para pintá-la. Na cabeça,um gorro do mesmo tom e nos pés,meias na mesma cor.

Em uma dessas terapias grupais,Percy ouviu do Dr.Joseph que as coras as quais as pessoas se vestem,refletem o seu humor. O que aquilo queria dizer então? O hospital os obrigavam a se padronizar para que não houvesse nenhum tipo de confusão por conta de cores.

Acreditem,as pessoas arrumam confusão por bem menos.

Mas preto e branco refletiam bem o humor de Percy.

O look de hoje é “não queria estar aqui”,acompanhado de um par de “me deixa em paz” e finalizado com um grande e glamuroso “fica longe”. – Percy pensava.

Nico era um grande “fuja,corra,dê no pé”.

Percy cutucou seu joelho com o indicador e Nico desvirou os olhos para ele.

— Quê? – Nico não era um rapaz dotado de paciência.

— Sua perna vai acabar criando vida,desse jeito – Percy murmurou,prendendo um sorriso.

— É mesmo? – Nico ironizou – Tenho certeza que se ela criasse vida própria, a primeira coisa que ela faria seria lhe dar um chute no traseiro.

Nico tinha um mecanismo de defesa : manter todos longe. Mas Percy não se sentia intimidado por isso.

—Não,você sabe que não – ele suspirou,estrelando os dedos das mãos. – A primeira coisa que ela faria,seria dar no pé.

—Não sem antes de te dar um chute nessa bunda.

Percy riu baixinho,sendo acompanhado por Nico logo depois.

As oscilações de humor de Nico,faziam com que Percy se sentisse confuso as vezes,mas se Nico precisasse de alguém para chutar e se sentir melhor depois,ele se disponibilizava para isso. Porque por mais que Nico dissesse que não,ele faria o mesmo.

— Eu odeio esse lugar – Nico murmurou por baixo da respiração,encarando todos ao redor. Alguns sorriam tão tranquilamente que para eles dois,nem deveriam estar ali. – Odeio todo mundo aqui.

—Sou Nico e odeio todos – Percy sussurrou – Novidade!

Nico olhou para ele com a testa franzida.

— Cala essa boca.

— Quando a sua nave voltar para o seu resgate,vou querer uma carona de volta pro meu planeta também – Percy revirou os olhso,voltabdo a recostar as costas na cadeira. Cruzou os braços e balançou a cabeça,começando a ficar impaciente – Dr.Joseph e seus atrasos.

Nico concordou e também voltou a se recostar na cadeira.

A porta principal se abriu,revelando o Dr.Joseph em seu jaleco branco e suas roupas pretas. Ele tinha os cabelos loiros e os olhos azuis e Percy tinha certeza que seu hobby favorito,era o surf por conta da sua pele bronzeada.

—- Olá meninos e meninas! – ele dizia em sua habitual animação – Peço desculpas pelo meu atrasado de... –ele puxou o pulso para cima,fingindo olhar as horas – Três minutos e meio!

Algumas meninas davam seus risinhos e suspiros ao Joseph. Percy coçou a nuca impaciente querendo sair da salinha o quanto antes possível.

Joseph se sentou em sua cadeira no inicio da roda ao lado da garota loira que encarava o chão.Joseph puxou suas fichas na pastinha canaleta em seu colo. Ele passava seus olhos ao redor da roda enquanto as pessoas se silenciavam e esperavam que ele dissesse um nome para que a conversação começasse.

Percy sentia falta de seu smarthphone. Não que ele fosse viciado nessas tecnologias,mas pelo menos ele poderia ficar encarando a tela e sentindo pena de si mesmo e da sua aparência. Observou enquanto Joseph mexia em suas folhas esperando que seu nome fosse o priemiro logo e que ele fosse expulso para subir e ver o pôr do sol.

— Vamos lá – o doutor arrumou as folhas e tirou uma sem olhar para eles – Olha só,Rachel você começa hoje.

A garota ruiva que se sentava na outra extremidade da roda revirou os olhos e suspirou.

—Eu passo? – ela perguntou sem certeza.

— Você sabe que não pode usar dois passos seguidos,Rach – o doutor explicou cruzando as mãos – Vamos lá,conte-nos como foi o seu dia.

—Eu... – ela suspirou. Rachel era ansiosa. Tinha problemas para falar em público por mais que considerasse o pessoal da terapia em conjunto como amigos. Mas ela se forçava pelo bem da própria saúde – Hoje eu tomei sol até mais tarde.

—Vitamina D,oba! – Nico reclamou.

Joseph o encarou por um instante e voltou-se a Rachel.

—Liberaram a salinha de cinema para nós e.. –ela suspirou controlando a tremedeira na voz -  Assistimos filmes,todos da ala 12.

Mentira.

Nico e Percy estavam de fora dessa.

— E o que assistiram? – Joseph perguntou,encarando-a de cima a baixo e fazendo suas anotações discretamente. – Quanto tempo durou e o que comeram?

— Assistimos um musical e comemos pudim! – ela se animou a falar e todos sorriram concordando sobre a animadora tarde que tiveram.

Percy não acreditava que estava vendo aquilo.

—Não acredito que perdemos um grande musical com pudim – ele murmurou para Nico.

— Ainda bem que perdemos um grande musical com pudim – Nico sorriu cúmplice.

Ouviram sobre a animadora tarde de Rachel e da metade dos colegas. Ouviram sobre como o cabelo de Nathan estava crescendo rápido – e todos sabiam que Nathan queria ser como Percy,mas todos ignoravam. Ouviram sobre como Frank e Rosie estavam cada vez mais próximos. Ouviram sobre o dia animador de visitas da garota Virginia.

— E agora – Joseph mexeu em suas folhas fazendo uma careta discreta – As pessoas que mais colaboram com a terapia – ele murmurou sarcástico. – Jackson e Di Angelo.

Ele levantou as mãos em rendição enquanto ambos os meninos continuavam com suas conversinhas paralelas.

—Ahn sem pressa,por favor. – ele murmurou – Temos muito tempo.

Percy suspirou,levantou a cabeça para Joseph e os colegas e murmurou :

—Eu passo.

— Você está passando desde que entrou Perseu. – ele repreendeu. – O que está acontecendo aí? – Percy levantou a cabeça e viu o doutor com os dedos batucando sua própria cabeça – Você pode compartilhar qualquer tipo de pensamento conosco.

— Eu passo –ele murmurou de novo. Percy não gostava de ser pressionado. Não gostava de compartilhar nada tanto porquê não tinha nada para compartilhar. Eram dias monótonos e exercícios monótonos.

— Percy – Joseph suspirou – Talvez devemos mudar você de ala se não se abrir conosco.

—Eu passo – murmurou novamente.

Joseph sabia que estava errado. Não deveria pressionar seus pacientes. Mas para ele,Percy Jackson era brilhante. Um garoto e uma mente brilhante. Acreditava no progresso de Perseu mais do acreditava que o homem já fora a lua. Sabia exatamente o que Percy sentia quando o levaram até o hospital. Simpatizou com o garoto de olhos verdes no primeiro contato porque já estivera em seu lugar.

Percy era incompreendido assim como ele já fora.

—  Você não quer nos contar como foi o seu dia? – ele perguntou delicadamente. Ao contraio de Percy,Nico prestava bastante atenção em Joseph. Gostava de compartilhar seus pensamentos para o doutor por mais que a maioria de seus colegas o olhassem com receio depois. Gostava de afastá-los. Para ele.... contanto que Percy e Thalia estivessem por ele,de resto ele conseguia lidar.

— Eu passo – Percy murmurou de novo.

— Recebeu visitas hoje? – Joseph perguntou. A ficha em branco de Perseu Jackson lhe irritava. Percy não colaborava e ele não conseguia fazer anotações sobre ele. Não conseguia entender seu comportamento passivo depois de tudo que ele já havia feito para estrar ali.

Percy Jackson deve estar explodindo por dentro – ele pensava – Assim como eu já explodira.

Percy suspirou contendo a vontade de revirar os olhos. Os olhos de todos estavam voltados para ele. Cruzou os braços em frente ao peito e encarou o doutor.

— Você não poderá passar para sempre Percy – Joseph pontuou,trocando a folha para a de Nico – Lembre-se disso.

— Eu passo,Joseph.

—Nico – ele se voltou para o Di Angelo. Nico conseguiu ouvir o suspiro aliviado de Percy e ficou contente por terem desviado a atenção dele. Não gostava de ver Percy sendo pressionado – Mostre-nos o que é uma boa descrição do seu dia.

Percy invejava Nico. Queria não sentir vergonha de suas ações e pensamentos como ele ,e se desembestar a falar o que quisesse quando quisesse e com quem quisesse.Queria pedir desculpas por todos os desequilíbrios que tivera mas que iriam continuar acontecendo.  Queria dizer que não precisava estar ali e que não precisava de ajuda...

...mas se estava tão bem assim,porquê ele estava ali?

5h45 chegou e Percy ouviu-os declarar o lema das terapias.

Por mais que adorasse a companhia de Nico,naquela tarde ele saiu se esgueirando sozinho em direção as escadas do terraço. Não viu nenhum dos seus enfermeiros acompanhantes  então subiu sozinho e abriu a porta com a chave que ficava embaixo do extintor de incêndio.

Percy se deparou com o sol refletindo uma cabeleira loira.

Ele sentiu muitas coisas.

Uma das delas,foi raiva.Quem era o intruso que se convidou participar do seu momento? Ele se sentiu um tanto egoísta por pensar desta forma,mas todos tinham seus momentos de descanso. Ele não ia até o quarto de Thalia interromper sua leitura. Não ia até Rachel interromper suas pinturas. Ou não ia até Nico vê-lo pintar suas camisetas brancas de preto.

Sentiu pena. Era um tanto melancólico ver a figura pequena parada de frente para o sol.

Perguntou-se se também parecia melancólico quando era ele ali.

E sentiu calor. O jeito como o sol refletia ao redor do cabelo loiro,fazia parecer que a pessoa estava com a cabeça em chamas.

Um segredo que eu – Aquela que tudo vê— pode compartilhar com vocês é que na maioria das vezes,Percy Jackson se sentia em chamas. Como se pudesse explodir, seus pensamentos desorganizados não tinha como Percy se sentir mais aflito e consternado. As vezes, ele pensava que talvez pudesse se comportar direito. E ao mesmo tempo, ele só queria...gritar e se sentir bem.

Fechou a porta com força, chamando a atenção da garota parada de frente para a silhueta da cidade. Ela deu um pulinho por conta do susto e respirava com rapidez.

— Você me assustou – ela pontuou redundante. Era claro que ela estava assustada,mas Percy preferiu ser agradável e só ignorou-a.

Ele se dirigiu para o lado da garota,postando-se ali silencioso.

Olhou pelo canto do olho para a garota. Ela tinha o nariz arrebitado e as bochechas coradas – por conta do sol,ele supôs.  A boca estava entreaberta como se ela estivesse tomando os raios. Os olhos dela se desviaram para ele,porém com a rapidez que nem ele sabia que tinha,desviou os olhos rapidamente dela.

Não achou já tê-la visto no hospital.

Continuou em silêncio. E como há muito Percy não se sentia,ele se sentiu confortável.

...

..

.

Deitado com os olhos bem atentos observando o teto de seu quarto,Percy começou a se odiar por não conseguir dormir aquela noite. Suspirava e se virava diversas vezes em sua cama,odiando não ter uma televisão ou seu celular por perto.

Percy,na verdade,odiava muitas coisas naquela instituição.

Inclinou-se o suficiente só para pegar seu iô-iô na mesinha de cabeceira e poder não-brincar-corretamente com ele.

Quando se levantou de manhã,Percy sentia-se como se um caminhão tivesse passado por cima dele. Suspirou cansado pela mísera meia-hora de sono que tivera e jogou seu brinquedo no final da cama. O sinal apitava no corredor e ele sabia que só pararia se todos da ala descessem.

Tomou seu banho correndo e vestiu a sua roupa. Passou a mão pelos cabelos molhados e calçou suas meias,colocando a sandália em seguida.

Talvez essa fosse a coisa que Percy gostava daquele lugar. Ninguém lhe julgaria por suas roupas e calçados.

8h27am.

Algum idiota ainda não havia descido e Percy estava começando a ficar impaciente. A falta de sono e o alarme que simplesmente não parava de tocar lhe davam dor de cabeça. Olhou ao redor identificando os rostos e não viu Nico.

Colocou suas mãos dentro dos bolsos do moletom e esperou.

8h29am.

Nada.

8h30am.

O café começou a ser posto sobre as mesas mas nada de Nico.

E o alarme continuava a soar.

Ele sentia num zoológico. Que tipo de imbecil coloca um alarme para tocar sem previsão de parar no meio de um pátio de hospital com um monte de adolescentes psicologicamente não estáveis?

Sem perceber,Percy sentiu uma dor nas mãos. Olhou rapidamente e surpreso por estar com elas fechadas em punho,as veias saltadas. Abriu-as delicadamente,vendo a marca das suas próprias unhas nas palmas.

Mas que diabos?

Olhou para as escadas dos quartos vendo Nico di Angelo descer com os cabelos bagunçados e um rastro de baba na boca.

Sem pensar,Percy se moveu até ele. O alarme ainda soava de forma constante em seus ouvidos e ele ouvia os outros sussurrarem sobre o quão famintas estavam.

Nico desceu o ultimo degrau e Percy o alconçou.

— ...cara, nunca dormi tão bem – ele murmurou.

Percy jogou-o contra as escadas. Nico era alguns centímetros mais baixo que Percy e reclamou um pouco quando caiu de costas no chão. Sabia que havia dormido demais  e tinha a vantagem de ter pego o ultimo quarto na sua ala,onde o alarme era mais baixo.

8h35am.

Percy observou seu amigo apoiar-se com as mãos no degrau de cima e levantar-se apenas para empurrá-lo novamente contra as escadas.

Todos ficaram em silêncio de repente chamando a atenção dos enfermeiros e ajudantes de cozinha que colocavam as mesas.

— Mas que diabos? – Nico levantou-se novamente,mais rápido. Empurrou Percy com raiva – mas não o suficiente para derrubá-lo e machuca-lo. Sabia que Percy tinha os seus momentos e talvez,ele estivesse em um deles.

Percy empurrou-o novamente,porém Nico foi mais rápido e prendeu seus punhos com as mãos.

— Ei cara – ele murmurou – Respira fundo.

Percy se sentiu ainda mais irado por ter as mãos de Nico,segundo seus punhos. A parte consciente dele sabia que estava exagerando,mas se sentia traído pelos cinco minutos de atraso em seu café ( e culpava Nico por isso).

Puxou os punhos com força,conseguindo soltar apenas um deles. Apesar de mais baixo,Nico tinha uma força surpreendente.

— Solta – murmurou baixo,puxando o outro punho. – Agora.

Nico observou como eram o centro das atenções naquela manhã e riu de lado. Percy odiava ser o centro das atenções mas quando estava em crise,ele se tornava facilmente sem nem perceber.

— Tudo bem,vou soltar – Nico murmurou calmamente – Só não enconte em mim.

Nico soltou.

Percy o empurrou novamente.

— Perseu! – ambos ouviram Joseph na entrada do refeitória. Nico encarou o doutor e Percy continuava encarando o perfil de Nico. – Venha até aqui.

Nico revirou os olhos. Os médicos achavam que eles eram animais que obedeciam a qualquer comando?

—Ei cara – ele passou a mão na frente do rosto de Percy. – Tá te chamando lá.

— Perseu! – Joseph gritou novamente,desta vez chamando a atenção dele. Percy encarou-o as sobrancdlhas franzidas – Agora.

Mas quem diabos esse cara pensa que é? Talvez você não consiga gritar meu nome na frente de todo mundo se não tiver mais os dentes.

Mais uma vez,Percy começou a se direcionar – com muita raiva – em direção a alguém. Dr. Joseph tinha uma postura confiante e autoritária,não parecia se abater pela expressão raivosa do Jackson e isso,isso apenas deixava-o com ainda mais raiva.

No meio de sua caminhada,Percy sentiu a necessidade de correr em direção ao médico. Não só correr...começou a correr com o punho levantando e pronto para soca-lo no meio do seu rosto.

Talvez Percy tiesse esquecido que estava no hospital. Não sabia porquê estava com tanta raiava,só estava.

No meio de sua caminhada,alguns enfermeiros pularam em direção ao Jackson,impedidno de prosseguir com seus planos. Imobilizaram-o e afastaram Nico que tantava pedir para que não fizessem aquilo com seu amigo.

No final,Percy fora levado de volta ao seu quarto onde passaria o seu dia inteiro em observação.

8h45am..

Nas escadas,a garota do terraço descia atrasada para o café da manhã.

8h46am

O alarme parou de tocar.

...

..

.

O iô iô caiu em seu rosto e Percy jogou-o com raiva contra a parede. O brinquedo se espatifou e caiu no chão aos pedaços. Ele apoiou as costas na cabeceira da cama,levantando os joelhos e apoiando os cotovelos neles. Passou as mãos nos cabelos e suspirou. Aos pés da cama,tinham dois livros que o Dr.Joseph havia deixado para que ele desse uma olhada. Ao lado,o café da manhã que ele ainda não havia tomado em cima de uma bandeija.

Estava se sentindo quieto e sozinho.

Houve três batidas,duas e mais duas e ele reconhecer Smoke on the Water.

— Entra Nico. – sussurrou.

Os cabelos negros e bagunçados de Nico preencheram a visão de Percy. A pele pálida de Nico e ao lado dele,Thalia. Ela sorria,apesar de parecer preocupada.

— E aí cara – Nico sorriu. Roubou um dos pedaços de manga dde Percy da tigela e comeu. –Qual a razão de você querer me dar um soco na cara hoje?

—Não que ele não mereça – Thalia murmurou,pegando dos livros nos pés da cama – Mas hoje,em especial,você parecia bem convicto de que ele merecia.

Percy – como de costume – sentiu-se envergonhado. Nem ele sabia o porquê de querer matar Nico Di Angelo hoje.

— Eu... – ele pigarreou. – Eu estava com fome e ele não tinha chegado ainda.

— Eu não estou com a sua boca – ele respondeu à Percy.

— Não gosto de comer sozinho – ele replicou.

— Não tenho obrigação de estar com você o tempo todo – Nico respondeu novamente.

Nico entendia que Percy tinha seus momentos....mas nem por isso ele concordava em fazer parte deles.

— O alarme estava tocando e deixando minha cabeça tonta. – Percy tentou se explicar.

— Mias tonta? – Nico ironizou. – Vê se cresce Percy.

— Tudo bem,vocês dois – Thalia jogou o livro de volta ao lugar – Já foi. Já estamos todos ou quase todos bem alimentados e que tal irmos jogar um pouco de dominó lá na sala? – ela sugeriu animada. – Talvez isso anime vocês dois.

Percy negou com a cabeça e suspirou.

— Não posso sair – ele murmurou.

— Isso é o que as regras dizem – ela pontuou.

— Algumas regras não devem ser quebradas – ele murmurou escondendo os olhos nas mãos. Sentia-se tão cansado.mas tão cansado que não conseguia nem dormir.

Percy sentiu uma mão em seus cabelos,mas não levantou a cabeça.

—Vai ficar bem aqui? – Nico perguntou.

Percy balançou a cabeça.

Nico puxou seu cabelo fazendo-o levantar a cabeça.

— É sério,vai ficar bem?

— Vou, cara – ele sorriu. – Vou tentar dormir,não consegui essa noite.

— É por isso que você queria acabar com a minha cara hoje? – ele brincou – Vai precisar fazer um pouco mais de esforço.

Percy revirou os olhos e os dois fizeram um toquezinho com as mãos,desmonstrando um para o outro que estava tudo bem.Thalia puxou Nico pela mão,jogando um beijo para Percy e ambos saíram do quarto.

Antes da porta se fechar,Percy viu uma mão segurando-a. Os cabelos loiros apareceram em seu campo de visão,seguidos da mesma voz doce do terraço.

— Posso entrar?

Percy se sentiu surpreso.

E...contente.

Sem saber porquê,ele só...:

— Pode.

Percy Jackson não tinha ideia de como iria se arrepender de tê-la deixado entrar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música tema dessa é Its Time do Imagine Dragons. Todo mundo que gosta dessa música,gosta porquê dizem ser uma música alegre. Eu tenho uma interpretação diferente dela ( não estou dizendo que é a certa).
Eu acho que é uma música triste e que vai encaixar aqui.
Como eu falei,essa história ia ser uma oneshot. Mas eu tô cansada de me preocupar se vou magoar alguém se eu disser as coisas que eu quero dizer. Tô cansada de me preocupar sozinha.
E tô ocupada demais gastando o meu tempo sendo eu mesma (por mais que eu me envergonhe as vezes de quem eu sou) pra descobrir que uma pessoa que eu amo muito,não é.
Até o próximo.