Just like a Dream escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 1
Único




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— Vamos Hinaa, por favor.

    Sabe, eu admiro a determinação da Sakura. Somos amigas desde que começamos a mesma faculdade e dividimos um quarto. Ela é forte, descontraída, alegre. Totalmente o meu oposto e acho que por isso que eu gosto tanto dela. Menos quando se fala em ‘festa’. Sempre que uma surge ela quer ir, não importa onde seja ou de quem seja, ela vai. E me arrasta.

    Mas, hoje não.

— Sakura, eu não vou... eu estou cansada de tantas provas, de tantos trabalhos. Eu tenho um fim de semana inteiro livre e vou descansar.

— Se descansa das provas aproveitando as festas, sabia?

— Não, você descansa assim. Eu fico no quarto e leio, ou vejo um filme atrás do outro. Assim que eu descanso.

— Vai descansar das provas lendo?

— Lendo algo que eu escolhi, não por obrigação.

— Tanto faz. Por favor Hina, veeem. Até agora você foi em todas as festas comigo, não pode me deixar sozinha hoje.

— Exatamente isso. Eu fui em todas as festas com você, não posso escolher ficar em casa hoje? E você só vai estar sozinha até sair desse andar Sakura.

    Ela bufa. Sinal de que finalmente desistiu.

    Ela bem que tentou, mas hoje eu quero ficar em casa.

— Hina, Hina. – ela diz e se volta para o espelho, terminando de ajeitar – Dessa vez eu vou deixar passar, mas não se acostume não.

    Sorriu e piscou para mim, do espelho.

   Retocou o batom, pegou a bolsa e me mandou um beijo enquanto desaparecia pela porta.

    Silencio.

    Sabe como é difícil desfrutar de bons momentos de silencio em uma faculdade?

    Meu pai gosta de silencio, puxei isso dele. E apesar de minha irmã apreciar o barulho muito mais do que eu, eu ainda conseguia momentos de tranqüilidade em minha casa. Sinto falta disso aqui.

    Enfim, depois de bons quinze minutos apenas desfrutando a paz do ambiente, pensando em tudo e em nada, ao mesmo tempo, abri um pacote de balas que estava em minha gaveta, no criado mudo ao lado da cama e peguei meu notebook.

    Vou fazer uma sessão ‘Duro de Matar’ e assistir todos os filmes em seqüência. Ou até onde eu agüentar.

    Ou ate onde a Sakura deixar, dependendo da hora em que ela chegar. O que vier primeiro.

    Ainda estava no primeiro filme, naquela parte em que a policia finalmente descobre que o prédio havia sido invadido e dominado, quando ouvi três batidas na minha porta.

 — Oi. Então... é... Acho que este não é o quarto do Shikamaru né? – ele diz, com uma das mãos na nuca e um sorriso no rosto.

    Oh Céus! Não acredito.

    Naruto está na minha porta.

    Ele é do terceiro ano, um dos jogadores principais de futebol do time da faculdade. Além de ser muito engraçado e extrovertido, o que o torna popular entre os meninos e as meninas. E, claro, é um loiro de olhos azuis lindo de morrer, por quem eu tenho suspirado nos últimos meses.

— Hum, não – consigo dizer sem gaguejar.

— Ahh. Ele falou duzentos e vinte.

— B-bom, um de vocês se confundiu. Não tem nenhum Shikamaru neste andar. Ele é do primeiro ano?

— Terceiro.

— Ah. Bom, então ele não mora neste prédio. Aqui só tem calouros – digo, desviando um pouco o olhar. Brinco com umas mechas do meu cabelo, tentando ignorar o nervosismo que ele me dá.

— Hmm... provavelmente eu que entendi errado mesmo.

— Por que não liga para ele? – digo, ainda sem olhá-lo diretamente.

— Esqueci o telefone em casa. Posso usar o seu?

— Hum... pode – digo e abro mais a porta para que ele entre. Assim que ele passa por mim, meu coração acelera um pouco.

    Ele olha em volta, analisando o quarto e isso me deixa um pouco mais nervosa. Ele está todo produzido, usando um jeans preto, camiseta branca e a tradicional jaqueta laranja do time. E eu de moletom lilás. Fecho a porta, e vou até o criado mudo, pegar o meu celular que estava carregando.

 — Pode usar.

     Entrego o telefone nas mãos dele e volto para minha posição, perto da porta. Ele me olha de canto de olho e sorri, se voltando para o celular.

— Não precisa ficar assim tão longe. Não vim matar você.

— Ah, e-eu sei. Ou pelo menos a-acho – digo e sei que estou corando, porque acontece sempre – Q-quer dizer, você parece n-normal, mas, até aí, muitos assassinos em série também p-parecem... estudei um q-que também era muito bonito e...  

— Calma – ele me interrompe – Por que está gaguejando tanto?

— Desculpa. Acontece q-quando estou nervosa.

    Ele para de olhar para o celular e me fita, abrindo outro sorriso em seguida.

— Eu deixo você nervosa?

— N-não... quero dizer, bom, talvez um pouco – suspiro – Não conheço você e... alias, eu conheço, t-todo mundo conhece, mas não... pessoalmente. Tenho certeza de que você...não é perigoso, mas s-sabe...

— Sei, assassinos em série bonitos... – ele me corta, rindo.

   Eu deixo escapar um riso baixo e decido ficar quieta. Só falei asneira até agora. Mexo em meu cabelo, ainda nervosa.

—Você vai ligar? – digo, quando percebo que ele ainda não fez nada – É só apertar os números com os dedos e depois apertar o botão verde – sorrio, para que ele saiba que estou tentando ser engraçada, e ele sorri também.

— Ahh, muito obrigado. Mas, a verdade é que acabei de me dar conta de que não sei o número dele. Está gravado no meu celular, sabe? Deixa pra lá. Vou só chamar um táxi.

   Ele diz e disca os números e espera. Mas, sua expressão se amarra e ele bufa.

— Colocaram você... na espera?

— É – ele me fita e então, é como se subitamente se lembrasse – E meu nome é Naruto. Obrigado por me deixar usar o telefone.

— De nada. Meu nome é Hinata.

    Mesmo sem que eu tenha oferecido, Naruto apenas se deixa cair na beirada da minha cama. Ainda esperando ser atendido.

    Eu apenas o observo, grata pela chance. Ele é mesmo lindo demais.

    Nem acredito que conversei frases inteiras com ele.

    Ele se vira e vê meu note aberto, pausado na cena do filme que eu estava vendo e parece surpreso.

— Você está vendo Duro de matar?

— Sim... – confirmo baixo – Estou fazendo uma maratona. Estou no primeiro.

—Você tem uma queda pelo Bruce Willis ou algo assim?

  O comentário me faz rir.

— Não... Só gosto de filmes de ação.

  Ele sorri e puxa o telefone de volta.

— Me esqueceram na espera. Se importa se eu usar o computador para procurar o telefone de outro serviço de táxi? Talvez tenha mais sorte.

— Sem problema – Depois de um instante de hesitação, caminho até ele e me sento ao seu lado, pegando o laptop – V-vou abrir o navegador.

   Só que quando vou minimizar o programa, acabo tirando o filme do pause e o som explode nos alto-falantes. A cena onde o carro do policial é metralhado preenche toda a tela do computador, e ele se aproxima imediatamente para ver melhor.

— Cara, isso é cena de ação.

— Não é?! Amo essa cena. Na verdade, amo esse filme todo – digo, pausando a cena para abrir o navegador, mas ele protesta.

— Ahh, a gente pode terminar de ver a cena primeiro?

— Hum... tá, tudo bem – digo, criando coragem para continuar – Se quiser... pode ficar e assistir ao filme inteiro... só se... quiser.

    Ele me olha um tanto surpreso e pensa por um instante.

— Na verdade não tenho mais nada para fazer. Posso ficar um tempo.

— Ah. Tudo bem – digo cautelosa – Hum... legal.

— Estava achando que eu ia dizer não, né? – ele ri.

— Mais ou menos – admito

— E por que eu faria isso? Sério, quem recusa ‘Duro de matar’? O único jeito de melhorar seria você me oferecer comida.

— Não tenho nada. Só um saco de balas, serve?

— Com certeza.

    Pego as balas e ofereço, enquanto me acomodo na cabeceira da cama contra uma pilha de travesseiros e ele faz o mesmo ao meu lado. Posiciono o laptop no colchão entre nós.

    Não era como tinha imaginado que a noite seria, mas posso muito bem me virar com isso. Eu acho...

    Se eu não surtar a qualquer momento.

    Afinal de contas, Naruto Uzumaki está no meu quarto. Alias, ele está na minha cama.

    Pensando bem, não estou nem um pouco preparada para isso. Na verdade, estou tentada a mandar uma mensagem de socorro para Sakura, porque não tenho ideia do que fazer ou dizer. Ainda bem que estamos vendo um filme, o que significa que não tenho que fazer nem dizer nada, exceto olhar para o computador, rir nas falas certas e fingir que o cara mais maravilhoso da faculdade não está sentado, bem do meu lado, na minha cama.

   Minha pele chega a formigar só com a presença dele.

   Começo a me incomodar com a blusa que eu estou usando então, tentando ser discreta, tiro o moletom com cuidado, o dobro e coloco ao meu lado, mas o movimento faz com que Naruto vire a cabeça. Aqueles olhos azuis profundos se concentram nos meus movimentos, em mim e demoram-se um pouco no meu rosto.

   Céus, vou morrer. Quando percebe que eu também estou olhando, ele me lança uma piscadinha e volta à atenção para a tela.

   Agora é impossível prestar atenção no filme. Meus olhos estão na tela, mas minha cabeça está em outro lugar. Concentração total no cara ao meu lado. Ele é grande, ombros largos, com músculos suficientes, pernas compridas esticadas diante de si. 

   Hinata, o filme!

   Levo mais uma bala à boca, na esperança de que mastigar umedeça minha garganta seca.

— Não acho que eu seria capaz de fazer o que ele fez – ele diz.

— Talvez, no desespero. Quero dizer, ele parece querer desistir de tudo e simplesmente esperar, algumas vezes... eu tenho essa impressão – faço uma pequena pausa – Se você estivesse lá e fosse o único que pudesse enfrentar os terroristas... você nem pensaria.

— Boa observação, mas tenho quase certeza de que não seria capaz – ele dá risada.

— Bem, eu sei que eu não seria. No mínimo, ia piorar as coisas. Na verdade, eu seria uma das reféns e provavelmente cairia dura, no momento em ouvisse os primeiros tiros.

    Ele ri, e o som rouco desencadeia uma onda de arrepios em mim. Nós dois voltamos à atenção para o filme, enquanto me parabenizo mentalmente. Acabei de ter uma conversa coerente, inteira e sem gaguejar com um cara bonito. Mereço uma estrela dourada por isso.

    Ainda estou nervosa, óbvio. Mas bem mais a vontade. Naruto é tão descontraído que é difícil me sentir intimidada, mesmo ele sendo... bom, ele.

    Ao longo do filme, meu olhar se volta na direção dele quase todos os segundos, para admirar seu perfil, já que eu tenho a chance.

    Seus lábios são... tão atrativos. Quero tanto beijá-lo que nem consigo pensar direito.

    O pensamento ridículo me deixa alerta e eu volto para o filme. Me beijar é provavelmente a última coisa que passa pela cabeça dele.

    Ele ficou para assistir a um filme que ele gosta, e não para ficar com uma aluna do primeiro ano que, há uma hora, o comparou a um psicopata.

    Eu me forço a me concentrar no filme, mas já estou temendo o final porque sei que ele vai ter que ir embora.

    Os créditos começam a subir, mas ele não faz menção de se levantar. Em vez disso, olha para mim e pergunta:

— Então, qual é a sua?

— Como assim?

— É sábado à noite... por que está em casa, vendo filmes de ação?

— Tem... algum problema nisso? – digo na defensiva.

— Claro que não, mas garota bonita, primeiro ano, faculdade... – ele dá de ombros e sorri – Só estou perguntando por que não está numa festa ou algo assim.

    Ele disse “garota bonita”? Ele disse, não disse?

— Fui a mais festas desde que entrei nessa faculdade do que achei possível para uma vida inteira. Minha colega de quarto me arrastou em todas – digo, com um leve sorriso – Vi você em quase todas, aliás.

— Ah, é? Hum. Não me lembro de ter visto você em nenhuma – Ele me lança um olhar tímido.

   Não fico sentida que ele não se lembre de mim. Não me destaco muito e, na verdade, faço muita questão de passar por despercebida.

— Então, gosta de festas ou não?

— Acho que sim. É divertido...

— Jura? Porque não parece que você acha mesmo isso – ele ri.

— Quero dizer... não é ruim. Mas eu sou péssima... em socializar...e tenho o péssimo hábito de gaguejar, então...

—Você não está gaguejando agora – ele ressalta.

— Agora. Lembra do meu discurso sobre assassinos em série, duas horas atrás?

— Jamais vou esquecer – Seu sorriso faz meu coração disparar como um louco – Você não está mais nervosa comigo, está?

 —Não... – Mentira, eu ainda estou muito nervosa.

    Ele é Naruto Uzumaki, um dos caras mais lindos e populares da faculdade.

    E eu? Hinata Hyuuga, uma das milhares de meninas a fim dele.

    Um ano inteiro com ele e eu ainda ficaria nervosa.

    Seu olhar passeia por mim de novo, mas dessa vez, numa avaliação pouco discreta e persistente, que faz minha pele se acender como uma corrente elétrica. Tem interesse em seus olhos.

    O que eu faço?

    Meu cérebro volta para os tempos do colégio, tentando me lembrar de outros beijos que aconteceram. Se foram os caras que deram o primeiro passo, ou se foi uma coisa mútua, do tipo “É, vamos nos beijar agora”. Ou se eu fiz alguma coisa primeiro.

    Definitivamente, não foi essa ultima opção. Não tenho coragem.

    Não sei o que fazer, só sei que nenhum dos meus beijos foi com um garoto nem metade tão bonito quanto esse.

— Quer que eu vá embora?

    Sua voz rouca me assusta, e percebo que passei quase um minuto inteiro olhando para ele sem dizer uma única palavra.

    Minha boca está tão seca que tenho que engolir algumas vezes antes de responder.

— Não. Quer dizer, pode ficar... se quiser – pego o note, pensando em colocar o outro filme – Podemos ver os outros filmes, ou... – Não chego a terminar a frase, porque ele se aproxima e toca meu rosto.

   Minhas cordas vocais congelam e minha frequência cardíaca dispara.

   Naruto está tocando meu rosto. As pontas dos seus dedos são calejadas, e deve ser dos treinos com o futebol, mas ele cheira tão bem que fico meio tonta. São tantas sensações me pressionando internamente que eu tenho que fazer um esforço muito grande para falar.

— O que... está fazendo? – sussurro.

— Você estava me olhando como se quisesse um beijo – Seus olhos azuis ficam semicerrados – Então, estava pensando em fazer isso.

   Meu batimento cardíaco está totalmente fora de controle. Tem um tambor acelerado em meus ouvidos, um martelar frenético contra as costelas. E eu sei que demonstrei muita surpresa.

   Ele quer me beijar?

   Ele quer me beijar... Ele quer me beijar!

— A menos que eu tenha entendido errado – ele diz, tirando o notebook das minhas mãos e colocando no chão, atrás dele.

   Engulo em seco, tentando desesperadamente controlar a pulsação desgovernada. Falar deixou de ser uma opção. Minha garganta está bloqueada. Apesar de minhas habilidades motoras não estarem operando em plena capacidade, consigo negar com a cabeça.

   Sua risada aquece o ar entre nós.

— Isso quer dizer que não entendi errado ou que não devo beijar você?

— Quero que você me beije... – digo tão rápido que me surpreendo comigo mesma. Eu disse isso?

   É oficial, meu cérebro esta em curto.

   Naruto ainda está rindo ao se aproximar.

   Ele sabe que ele pode ter quem ele quiser. E já me tem.

   Sua boca toca a minha demoradamente. Quase na mesma hora, minha mente é inundada por tantos pensamentos que é difícil me concentrar num só. Mas o que predomina é: Você está beijando Naruto Uzumaki! Você está beijando Naruto Uzumaki!

   Quando seus lábios se movem, eu ainda estou tentando entender se isso está mesmo acontecendo, ou se estou sonhando. Enquanto decido, aproveito enquanto posso.

   Sua mão estava firme em minha nuca, e seus lábios são seguros sobre os meus, num beijo calmo. Como se ele estivesse me testando.

   Ele pára, e eu sei que levo tempo demais para abrir os olhos. Quando finalmente meu olhar encontra o seu, sei que vejo a mesma vibração. E a cada sorriso que ele dá, eu me perco um pouco mais. Ele me empurra com delicadeza até me deitar e paira sobre mim. Imediatamente todos os músculos do meu corpo ficam tensos por causa da expectativa.

   Quando ele descansa uma das mãos no meu quadril, tremo o suficiente para que perceba.

   Um sorriso curva seus lábios, que se aproximam novamente.

   Então sua boca roça a minha e é tão quente. Primeiro, ele me beija com delicadeza. Uma provocação suave e sensual que me faz gemer. Naruto lambe meu lábio inferior, então o morde de leve. Seu gosto é doce, e, por alguma razão, isso me faz gemer de novo. Quando sua língua por fim desliza para dentro da minha boca, ele deixa escapar um som baixo que vibra pelo meu corpo e se instala dentro de mim.

   Beijar Naruto é a coisa mais incrível que já experimentei.

   Então, deixo acontecer.

   Jogo minhas mãos por seus ombros e me rendo totalmente ao beijo. Uma de minhas mãos se enrosca em seus fios loiros e sinto sua acaricia em minha cintura.

— Hinaaa, você não... – ouço a voz de uma Sakura muito alegre nos interromper.

    Ela está parada, na porta do alojamento, nos olhando e piscando muito rápido. Depois passa a mãos nos olhos, como se não acreditasse no que está vendo.

    Naruto que já está sentado ao meu lado e me olha com um sorriso torto.

— Sua colega de quarto?

— S-sim... – consigo dizer, meio arfando, enquanto me sento.

— Você por acaso, você não é o Naruto é? – Sakura diz, meio descrente ainda – Aqueeeele lá, do time de futebol.

— Bem, na verdade sou eu sim...

— Minha nossa, e vocês estavam se pegando. Como assim, gente?

— Sakura, por favor – digo baixo

— Nãaaao, Hina. Essas coisas a gente não... – ela se desequilibra – não esconde.

— Não escondi nada... foi, é... – olho para Naruto que parecia se divertir com a situação.

— Eu me perdi por acidente, e acabei vindo parar aqui... – ele diz, como se isso fosse esclarecer muita coisa.

— Não, meu querido... Cristovão Colombo se perdeu por acidente... – ela disse e sorriu sozinha, provocando sorrisos em mim e no loiro ao meu lado. Estava tão bêbada que me admira ela ter acertado o quarto – E ele descobriu um continente, você estava... descobrindo só minha amiga ali.

— Sakura!!

— Acho que ela precisa de você – ele sussurrou para mim – Posso usar seu telefone para tentar um taxi de novo?

— Claro – digo, disfarçando o desapontamento e me levanto, indo até a Sakura.

— Sua cachorra, você não me conta uma coisa dessas? – Sakura me deu um tapa no ombro e parecia ofendida.

— Não tinha nada pra contar, foi como ele disse – falei, enquanto a encaminhava para o lado que pertencia a ela – Ele errou o quarto, pediu pra usar o telefone e quando viu que eu estava vendo um filme acabou ficando pra assistir também.

— Aham, e como ele foi parar em cima de você? Por que vocês não estavam vendo filme nenhum – ela dizia alto, o que me deixava extremamente constrangida.

— Eu explico tudinho depois ta, só me dá um instante – eu disse, me voltando para Naruto que estava apenas nos observando, escorado no batente da porta. Sakura resmungou mais algumas coisas e se deixou cair na cama.

— D-desculpa... ela não bebe tanto. Ela... nem ficou muito tempo fora hoje – digo me aproximando, cautelosa.

— Tudo bem, dessa vez eu consegui rápido um taxi – ele disse e me estendeu o celular. Quando levantei a mão para pegar, ele a segurou e me puxou para mais um beijo, mas dessa vez foi rápido.

— Obrigado por salvar minha noite Hina – ele disse ainda tão próximo de mim, que não pude responder. Ele apenas sorriu – Salvei meu número na sua agenda, caso queira terminar de onde paramos.

   Então ele piscou pra mim e se afastou, saindo pela porta.

   Levei alguns minutos para voltar à realidade do meu quarto. Fechei a porta e vi minha colega de quarto, totalmente derrubada, em sua cama.

   Apesar da ceninha, sei que ela não vai se lembrar de nada disso quando acordar. E eu vou levar uma eternidade para convencê-la de que Naruto Uzumaki esteve neste quarto.

   Que Naruto Uzumaki não só esteve neste quarto, mas esteve na minha cama e viu um filme comigo.

   E depois nos beijamos.

   E foi muito bom.

   É estranho, mas por um momento, penso ter sonhado tudo isso. Posso ter pegado no sono enquanto assistia ao filme e imaginei tudo. Com medo, vou até meu celular e procuro Naruto na agenda e quando encontro, sei que foi real.

   Sorrio bobamente. Se eu estiver sonhando, preciso ter mais sonhos assim...

   Parece que a Sakura não vai ser a única que precisará ser convencida pela manhã.


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