Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 44
Minha vida em pequenas escalas - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim!!!!
Foi uma jornada linda e emocionante para mim escrever essa história, espero que tenham curtido tanto quanto eu.
Boa leitura!



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Meses se passaram desde a festa de arromba que minha mãe preparou para Emma, na qual a pequena anfitriã, chorou, mordeu dois convidados, sujou os três looks já na primeira hora de festa e para desespero da vovó passou a maior parte do tempo de jeans e um moletom velho que eu tinha na sua sacola. Alec não conseguiu uma foto sequer que ela não tivesse brigando ou com cara de tédio. Minha mãe jurou que não faria outro aniversário para ela, mas agora com um ano e oito meses, Susan já havia esquecido do desastre e tentava me convencer em fazer a festa num parque temático este ano.

Victoria e Derek, estavam separados e ao que tudo indicava, mais uma vez a Vick, estava tentando se acertar com o ex professor bonitão. Não preciso nem comentar que Derek, estava em farrapos. Eu queria poder ajudá-lo, levá-lo para sair, espairecer, mas na verdade eu também estava no pó.

Amber teve a bebê antes do tempo, e foram dois meses de UTI neonatal, para saber se ela ia sobreviver e poder ganhar peso em casa para fazer uma cirurgia no coração que poderia matá-la na mesa de cirurgia. Ou seja, eu não tinha capacidade mental de ser o apoio para ninguém naquele momento.

Juliet, como a chamamos em homenagem a itália, já tinha cerca de cinco meses de nascida, mas tinha o tamanho de um bebê de cerca de dois meses, no entanto, já era o suficiente para realizar a cirurgia. E ela estava há dois dias internada fazendo exames e se preparando para o procedimento. E naquele momento eu estava na sala de espera, depois de ligar milhares de vezes para Amber e Sam e não ter nenhuma resposta durante horas.

Amber não conseguiu curtir a gravidez, muito menos a bebê. Quando pode ir para casa achei que finalmente se ligariam uma a outra, mas Sam dizia que Amber só sabia chorar, e embora cuidasse da Juliet, muito bem, fazendo todos os procedimentos que uma bebezinha exigia, ela parecia fazer tudo por obrigação e não por amor. Na minha cabeça isso era por conta da saúde da neném, eu mesmo tive problemas durante anos para me apegar as pessoas, por medo de acabar abandonado e talvez Amber, tivesse tanto medo de perder a nossa pequena, que estivesse tentando manter uma certa distância afetiva dela. Eu por outro lado, descobri que amor não se divide, se multiplica, quando se tem um filho, sei que essa frase é super clichê, mas não seria um clichê se não fosse tão real.

Me apaixonei por aquela chicletinha no momento que a vi, diferente da Emma, Juliet nasceu minúscula, careca e bem branquinha, eu podia ver as suas veias através da pele. Ela tinha olhos grandes e um pouco saltados devido a prematuridade, que só depois de quase um mês, abandonaram o tom cinzento e agora eram azuis. Ela tinha as covinhas no rosto como as da Amber, e os olhos do meu pai.

A enfermeira chegou à sala de espera e chamou pelo familiar de Juliet Johnson, um frio na barriga e um medo tamanho tomou conta de mim, senti minhas pernas bambas e me aproximei dela.

一 A cirurgia foi um sucesso, ela está sendo transferida para neo e logo você e a mãe poderão vê-la 一 falou respirei aliviado.

Voltei ao banco e avistei Samuel de cabelo desgrenhado e roupa amassada, ele caminhou na minha direção com um semblante preocupado.

一 E a neném? 一 Perguntou antes de mais nada.

一 A cirurgia acabou agora pouco, estão transferindo ela para neo, cadê a Amber?

一 A gente pode sair um pouco lá fora? 一 perguntou e percebi que algo muito sério estava acontecendo.

O segui pelos corredores até o jardim do hospital. Samuel parou um pouco, coçou a cabeça e acendeu um cigarro.

一 Desde quando você fuma? 一 perguntei surpreso 一 Não funou perto da minha filha né?

一 Desde que decidi ter uma namorada e não um namorado 一 Fala irritado.

一 Eu não acredito que brigaram, bem no dia da cirurgia da Juliet? Que droga Sam, eu sei que a Amber ta chata pra caralho, mas você podia ser um pouquinho mais compreensivo…一 reclamo.

一 Ela não é sua filha 一 ele fala de um soco e eu o olhei incrédulo 一 Discutimos ontem, ela me disse que ficou com o ex namorado uns dias depois de vocês…  você sabe… ela pensou que não era dele. Achava que era sua ou preferia que fosse sua, eu não sei… Mas aí quando a bebê nasceu, ela disse que teve certeza que é do ex. Ela não queria que eu te contasse mas, você é meu melhor amigo.

一 O que ela… ela ta falando isso só porque a menina é loirinha com olhos claros, o meu pai era loiro quando era criança e o meu irmão é negro … isso não… não quer dizer nada 一 falei gaguejando.

一 Talvez não, ou talvez sim. Não acha melhor saber logo? Você devia fazer um Dna, só assim  vai ter certeza… porque nem a Amber tem...

一 Ter certeza do que? Eu fiquei três dias acordado quando ela nasceu, a olhando pelo vidro, porque que eu queria que ela soubesse que ela tinha porque lutar, porque eu tinha medo de ir para casa e ela não estar mais alí. Eu a segurei no colo e passava seis horas com ela todos os dias por mais de um mês em cima do meu peito porque a Amber estava cansada demais e o médico disse que contato era bom pro prematuro. Não houve dia desde que ela nasceu, que eu não peça para Deus, para santos que eu nunca acreditei, que cuidem dela e deixem ela ficar, e agora você tá me dizendo que um exame vai me dizer se eu sou ou não o pai dela? Eu sou o pai dela! 一 falo sentindo as lágrimas rolarem.

一 Noah, eu só achei que você devia saber, eu sei que a ama, e sei que tem sido difícil, que deixou seu emprego que tá gastando boa parte do dinheiro que seu pai te deixou para abrir a sua oficina com médicos e cirurgias, e eu não acho justo tá bom? Eu só to sendo seu amigo.

一  Ta. 一 falei  enxugando as lágrimas 一 Mas se quer ser meu amigo, esquece o que a Amber falou, nunca mais repete isso para mim, para Amber e muito menos para Juliet, porque ela vai sair dessa e ela vai continuar tendo o pai dela, entendeu?

一 Eu entendi. 一 ele fala atordoando 一Onde você vai?

一 Vou ver a minha filha. 一 retorno para dentro do hospital e lavo o rosto no banheiro e depois vou até a neonatal onde me dão uma roupa verde e eu vejo meia dúzia de bebezinhos pequeninos em incubadoras. Vou até onde está a minha Juliet, e pela primeira vez ela era a maior naquele lugar.

Minha pequena guerreira ainda dormia, tinha um tubo descendo por sua garganta, sonda nasal, eletrodos por todo o peitinho que agora ostenta um curativo bem em frente ao coração. Ela estava pálida com olheiras roxas, mas ainda era uma linda bebezinha a qual a enfermeira tomou o cuidado de colocar uma pequena presilha em forma de laço nos poucos fios louros.

Me sentei ao lado dela e coloquei a mão dentro da incubadora, acariciei levemente sua mãozinha e ela prontamente agarrou meu dedo, como fazia desde que nasceu. Apertou firme e abriu os olhos pesadamente.

一 Oi chicletinha, papai ta aqui. 一 sussurrei pela fenda da incubadora.

Chicletinha, foi o apelido que ganhou de uma enfermeira pois quando eu chegava para sessão kanguru. Um método de contato humano onde o pai ou a mãe fica com o bebê junto ao seu peito, pele com pele durante algumas horas do dia, e ela grudava as mãozinhas nos meus cabelos dos quais seus dedinhos finos eram tão difíceis de desenredar dos fios, quanto um pedaço de chiclete.

Sorrio para ela que adormece novamente e ali permaneço até que a enfermeira me expulse.

Quando saio no corredor, Sam ainda está ali.

一 Como ela está? Eu queria entrar, mas falaram que na UTI é só pai e mãe. 一 Ele fala com certa decepção.

一 Ela tá bem, está estável. O médico disse que a cirurgia foi um sucesso e que agora é só ela se recuperar. 一 Digo ainda mexido com o que Sam me falou mais cedo. 一 Você e a Amber, vão terminar?

一 Não era o que eu queria, mas está complicado Noah, eu juro que eu tenho tentado ajudá-la, mas eu nem sei mais o que fazer ou como agir. Ela não aceita minha ajuda, ela tá triste, não é a vida que ela queria sabe?

一 Me leva para sua casa, eu vou falar com ela.

一 Vai, falar sobre o que eu te disse?

一 Não, aquele assunto morreu ali okay?

一 Noah… Eu te entendo, mas você  não está pensando direito.

一 Eu não tenho o que pensar.

一 Quer dizer que se daqui a vinte anos voce descobrir que ela não é sua, não vai doer muito mais?

一 Sam, eu fui adotado, sabe disso. E eu amo aquela garotinha, ela é minha e acabou. Eu não preciso de um papel para me dizer o que eu sinto. Por favor, esquece isso.

Ele concordou com a cabeça e fomos em silêncio até o apartamento, a minha paciência com Amber estava beirando a nulidade há semanas e o fato dela não aparecer no hospital me deixou muito mais revoltado do que qualquer coisa que o Sam falou.

Quando Samuel abriu a porta um cheiro de fumaça e coisa queimada invadiu nossas narinas, corremos até a cozinha onde Miguel estava usando um avental e uma touca na cabeça e abanava o forno de onde escapava uma fumaça negra.

一 Miguel! 一 Sam saltou a ilha e tirou o garoto que tossia do meio da fumaça, me entregando logo em seguida.

Peguei o moleque e corri até a sacada para ele respirar um pouco de ar fresco. Sam apareceu alguns minutos depois se abanando com um pedaço de papel.

一 Que você estava pensando Miguel, queria por fogo no apartamento. Cadê a Amber?

Miguel deu os ombros e tossiu novamente.

一 Eu só queria assar as croissants de chocolate papai, assim você e a Amber não iam brigar, porque ninguém briga com Croissants de chocolate 一 fala Miguel e Sam beija sua testa.

一 Nunca mais faz isso okay? Mexer no forno é perigoso. Sabe onde a Amber foi?

一 Ela disse que voltava logo, mas já faz algum tempo.

一 Talvez ela tenha ido pro hospital 一 falei arregaçando o vidro da sacada para a fumaça escapar.

一 E deixou o Miguel sozinho? 一 Questiona Sam irritado, já pegando o celular para ligar para ela.

Fiquei na varanda com o Miguel, que me perguntou sobre a Juliet, lhe tranquilizei dizendo que em breve ela estaria em casa e alguns minutos mais tarde Sam me chamou para dentro e eu o segui até o quarto.

一 Eu acho que ela foi embora 一 fala me mostrando o closet vazio. 一 Tinha roupas, sapatos, duas malas aqui.

Passamos o resto do dia tentando encontrar a Amber, tudo que descobrimos foi que ela havia embarcado num avião pro Canadá, com uma passagem que já havia sido comprada com quase um mês de antecedência. Não foi uma decisão de momento, ela tinha tido tempo para pensar, para ponderar e ela escolheu ir embora.

Talvez, ela ter falado aquilo pro Sam, fosse uma maneira, de me mostrar que ela não havia me deixado com uma “obrigação”, se era verdade ou não, eu não queria descobrir.

Voltei pro hospital no início da noite e aguardei o horário o qual me permitiram entrar. Juliet estava um pouco mais corada, de olhos abertos, o tubo de ar já havia sido retirado e agora, ela tinha apenas uma máscara de oxigênio. Coloquei a mão e ela segurou meu dedo e ficou me olhando com ar de riso.

一 Nós vamos ficar bem. Eu vou estar sempre com você, não importa o que aconteça. Você não vai se livrar de mim, eu vou te levar no seu primeiro dia de aula, e vou fazer terrorismo quando você aparecer com um namoradinho, e vou bater palmas para quando se formar na faculdade. Sabe que eu adorei você ser uma menina, porque eu já pensei em tantas formas de tortura, que a Emma teria que ter um namorado a cada dois dias para mim poder realizar. Mas ru prometo que antes dos dezoito, não farei nada que me leve para cadeia, a não ser que seja muito necessário 一 Brinco e apesar de saber que ela não entende uma só palavra das besteiras que eu falo sinto a pressão dos dedinhos dela no meu e outro sorriso cansado em seus lábios 一 Eu prometo.

 


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Notas finais do capítulo

Então pessoas o que acharam?

Pra quem quer continuar acompanhando esse pai nada convencional na criaçao das suas princesinhas! Vem ai minha vida em pequenas Escalas 2 - Já esta disponível no wattpad e em breve estará aqui no Nyah também!
Obrogado a todos que acompanharam