Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 43
Minha vida em pequenas escalas - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... queria agradecer imensamente o cometario da Lupa (que me deu muita ideia pros proximos stand up do Noah), Myh Senna, Cajuella, a Isabela, a Rosário, a Maria Aparecida, que durante as postgens sempre estiveram presentes me apoiando e é claro a Vick Winchester com qual conpartilhei muitos dos acontecimentos da trama.
Queria agradecer a todo o mundo que acompanhou e chegou até aqui, mas não dá, entao recebam meu carinho! E boa leitura!



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Na sexta, antes da festa fui buscar Alec e Thomas no aeroporto. O velho Tom nem se quer me cumprimentou e já foi pegando a Emma no colo e enredando num abraço apertado.  Alec e eu trocamos um aperto de mão e eu pergunto como foi a viagem, antes dele voltar toda a atenção para Emma.

一 Ela é igualzinha a Carolina 一 fala Tom com certo exagero.

一 Todo mundo diz que ela é a minha cara 一 digo com orgulho e Tom me olha com aquele ar de reprovação.

一 Não, ela é bonita 一 responde secamente 一 Igualzinha a minha Carolina, não acha Alec?

一 É, ela lembra a Carol 一 concorda Alec 一 Mas também tem muito do Noah 一 fala, sendo diplomático.

Os levei pro meu apartamento, e fiquei feliz por minha mãe estar tão enrolada com os preparativos da festa que mal parava em casa.

一 Minha mãe vai dormir no hotel o qual ela alugou o salão para festa, eu arrumei uma colchão a mais no quartinho da Emma além da cama, se quiserem passar a noite aqui.

一 É claro que vamos passar a noite aqui, quero ficar pertinho da minha neta 一 fala Tom beijando a cabeça da Emma, enquanto ela insiste em enfiar os dedinhos nas orelhas dele. Eu vejo Alec, sorrir com a paciência do Tom com ela, o pai da Carol já era de idade e nunca foi muito muito paciente com ninguém, mas Emma parecia ter conquistado totalmente o velhote. Decidi ir ao supermercado, comprar algo rápido pro jantar e Alec me acompanhou, mas Thomas decidiu ficar com Emma em casa.

一 Será que o Thomas gosta de lasanha? 一 falo pegando uma congelada.

一 Tem de bacon? 一 questiona Alec?

一 Tem, aqui chamam de panceta. 一 falo e pego uma de bacon.

一 Então ele vai gostar. E aí como estão as coisas?

一 Agora, acho que quase tranquilas 一 falo procurando entre os congelados por batata pré pronta 一 Eu vou ser pai de novo 一 falo com certo receio.

一 Oh! Meus parabéns 一 Ele diz surpreso.

一 Mas não é com a minha namorada, foi um “acidente”?

一 Ah sim, acidente. 一 fala meio descrente.

一 É outra menina. Ainda não escolhemos o nome.

一 Vai ser bom para Emma ter uma irmãzinha. O Max, quando era menor, me enlouquecia pedindo um irmão.

一 Bom, ainda há tempo 一 Digo e ele ri.

一 Ah não, eu não não vou ter um filho correndo risco de ter um neto da mesma idade ou até mais velho, porque Max ta com quase dezesseis anos e é o capitão do time de futebol.

一 Uhulll, o ensino médio vai ser bem divertido pro Max. 一 falo com um riso sacana.

一 Três sacos de batata? 一 Ele fala com estranheza.

一 E estou achando pouco, eu tenho um moedor de batata frita em casa, e faz semanas que não come um só palitinho, ela não vai parar enquanto não tiver uma overdose.

A noite seguiu com um jantar divertido, Alec me contou sobre as viagens que vinha fazendo e insistiu em dar banho e pôr a Emma dormir, me deixando sozinho com Thomas, que ainda me olhava daquele jeito de sempre.

一 E então, a Emma dá muito trabalho? 一 puxou assunto.

一 Um pouco, mas acho que estamos indo bem 一 falo enquanto vou organizando a cozinha.

一 E você? Está se comportando? Parou com aquelas porcarias.

一 Já faz muito tempo que eu parei Thomas, sabe disso. 一 Me defendo.

一 É era o que a Carol dizia, mas não seria a primeira vez que ela mentiria para mim por sua causa, mas ela era adulta, sabia o que estava fazendo. A Emma, depende de você para tudo.

一 Estou limpo há anos e eu não vou mentir e dizer que não senti vontade, quando a Carol se foi, tudo que eu queria era ficar chapado até não acordar mais. Mas eu superei, e mesmo que não acredite, tudo que eu preciso e quero agora é criar a Emma da melhor maneira possível, eu quero que ela tenha orgulho de mim.

一 Bom, bom… Espero que consiga. Eu já estou velho, cheio de problemas de saúde sei que não vou ver a Emma crescer. A família da Carol no Brasil nunca vai ter contato com ela e meus outros filhos, nunca vão se importar com ela, assim como nunca se importaram com a Carol. Ela só tem você, então não seja um idiota, okay? Se cuide, cuide da sua saúde, faça ela feliz. Ela já vai crescer sem a mãe, então seja um pai maravilhoso, como eu não fui para mãe dela.

一 A Carol amava muito o senhor.

一 A Carolina, amava todo o mundo, mas nem todos mereciam.一 Falou e eu sentivuma certa indireta.

一 A Carol e eu fomos muito felizes. Ela era feliz no Canadá, comigo.

一 Sei...

一 Qual é Tom? Eu nao entendo como nao consegue superar os erros que eu fiz. Eu mudei.

一 Ela ainda estaria viva se estivesse em casa. Você a matou, você tirou a minha garotinha de mim. Você a levou pra longe das pessoas que cuidavam dela. Ela te amava, mas você nunca mereceu, pois sempre a usou, se aproveitou dela pro que você, queria. Quantas vezes eu a convidava e ela dizia que não podia vir porque você nao tava bem, você nao queria ou você achava que tinha que ecomomizar pra um carro ou pra qualquer outra besteira que colocava acima dela 一 Ele fala me encarando e depois se afasta.

一 Eu mereci o amor dela, olha Tom eu sei o que pensa de mim e eu entendo, mas eu amava a Carol, e sim eu posso ter agido feito um idiota algumas vezes, mas eu a fiz muito feliz. Muitas vezes ela me pedia pra me usar de desculpa, porque nao queria ir. Mas fica tranquilo que ela não voltou pro Canadá porque você gritou, a chamou de vagabunda e a mandou embora 一 falo e ele volta a atenção para mim 一 Ela teria voltado de qualquer forma, porque ela me amava. Sim ela me contou, tudo que aconteceu no Canadá, eu sei sobre a briga, sobre o Alec, e embora tenhamos enterrado e esquecido, aquilo serviu para nos unir. Nós superamos e sim, nós brigamos outras vezes, nós discutimos e nós fazíamos sexo de reconciliação, porque nós eramos um casal e não éramos perfeitos, a Carol não era perfeita, eu não sou perfeito, nem o senhor e nem mesmo o Alec é…  Mas não vai conseguir me fazer me sentir culpado, para se sentir melhor, por achar que a culpa é sua por não tê-la acolhido quando ela te procurou, porque estava com medo de eu não me recuperar e ela acabar presa a uma vida de merda no meu lado. Tire essa culpa de você, porque eu não me sinto mais assim e você não vai conseguir que volte a me sentir, porquê eu fiz a sua filha feliz, e dei a ela a coisa que ela mais amou na vida e que agora, é o que mais amo. O que aconteceu com a Carol, foi uma fatalidade, mas deixou a Emma, e me arrepender de qualquer coisa, seria me arrepender dela, e eu não me perdoaria, Carol não me perdoaria. 一 desabafo e vejo uma lágrima rolar no rosto do Tom, que funga com o bigode grisalho. 一 Não foi sua culpa, nem minha. E nós dois queremos a mesma coisa, que a Emma seja feliz. Ela não precisa crescer sentindo todo esse rancor entre o avô e o pai dela, eu entendo que não esteja pronto para fazer isso por mim, você perdeu uma filha e me culpa por isso e tudo bem, mas será que pode fazer pela Emma?

一 É… talvez eu possa. 一 Ele fala limpando o olho com a manga da blusa.  Me aproximo e tento lhe dar um abraço, ele me impede e me dá um aperto de mão.

一 Não força, ainda não vou com a sua cara 一 ele diz com aquela voz rouca.

Sorrio e decido ver como Alec está se saindo com a viking, uma parte de mim queria a encontrar esperneando e ele desnorteado como muitas vezes fiquei.  

“Filho da mãe” 一 penso ao vê-lo retirar a Emma que sorri, da banheira e colocá-la com destreza sobre o trocador.  Ela sorri para ele, enquanto a seca e tenta a ensinar a falar padrinho em português.

一 Sabe falar português? 一 pergunto chamando a atenção dele.

一 Um pouco, você não?

一 Algumas frases, a Carol tentou me ensinar, mas…. Só aprendi italiano porque fui obrigado vivendo aqui, e mesmo assim, tem horas que não entendo nada.

一 Devia tentar aprender, seria bom para essa mocinha, conhecer a língua da mãe.

一 Ela fala algumas palavras já, algumas em inglês, outras em italiano.

一 Pênis! 一 Emma fala e eu sinto meu rosto enrubescer.

一 Palavras impróprias são o pico do vocabulário dela. Aposto que o Max era educadinho 一 digo.

一Na verdade, a primeira palavra do Max foi puta 一 Ele diz com um riso nostálgico 一 E ele aprendeu comigo.

一 Tá brincando né? 一 falo surpreso.

一 Nunca fui de falar palavrão, mas sabe, todo mundo tem aqueles momentos que se você não praguejar, acaba ficando louco 一 fala vestindo a fralda da Emma com muita prática.

一 É eu sei bem, mas você é tão calmo e “certinho” achei que a primeira palavra do Max fosse um recital de Shakespeare.

一 Oh… Bem que eu queria, mas sabe o primeiro ano com o Max foi bem complicado. Eu já era mais velho que você, mas mesmo assim foi tudo muito novo e intenso. Max vivia doente, quase não dormia, aí eu ficava cansado, irritado. No fim de semana que eu achava que ia fazer churrascos ou levar ele para passear, acabavamos em pronto atendimentos ou eu estava tão cansado que não tinha ânimo para sair de casa. Muitas vezes ele almoçava nuggets com batata frita e a TV ficava ligada o dia todo, porque era a maneira de eu ter algum tempo para tentar organizar a vida. Bom eu tinha a Casey, mas ela conseguia ser pior do que eu, às vezes eu chegava do trabalho e eu ouvia o Max chorar, mesmo assim eu ficava no carro por uns cinco ou dez minutos a mais, só para ter um instante de paz 一 Ele relata e eu fico surpreso, sempre achei Alec tão perfeito, a relação dele com Max tão próxima, que sempre imaginei a paternidade dele era  como naquelas propagandas de perfume no dia dos pais. 一 Não é fácil Noah, e por mais burradas e arrependimentos que possamos ter, o importante é estarmos ali, do lado deles 一 ele fala terminando de por o pijama e dando uma penteada nos seus cabelos. E em seguida a coloca no meu colo e Emma imediatamente se aconchega no meu ombro. 一 Eu tava completamente enganado sobre você Noah, a Carol e agora essa menininha linda, tem muita sorte de terem você. 一 ele fala me dando um tapinha no ombro e logo sai pela porta.

Vou pro meu quarto e acabo adormecendo ao fazer a Emma dormir e no dia seguinte, despertei com algumas vozes. Vou até a cozinha e minha mãe e Lacey conversam empolgadissimas com Alec, enquanto ele serve uma papa para Emma.

一 Bom dia, amor. Café? 一 Fala Lacey me cumprimentando com um beijo e me estendendo uma xícara.

Ouço a campainha tocar e Sam e Derek adentram com um bolo pequeno e umas caixas com docinhos e salgados. Seguidos de Vick e a bebê, Amber e Miguel, que veio saltitando com uma caixa de presente.

一 Comprei para Emma é uma boneca que se pode fazer operação cirúrgica. Dá para arrancar a cabeça e os braços dela 一 Ele fala empolgado.

一 É só uma boneca, o arrancar é por conta dele 一 fala Sam e avistei Corine e Joseph saindo do elevador.

Fazemos algo que a mãe chamou de festa íntima, que para mim podia ser considerada a festa mesmo, afinal estava com as pessoas realmente gosto, o apartamento ficou lotado, enquanto todo mundo conversava e ria, Miguel gritava saltando de um lado pro outro e finge cair para ver a Emma perder o equilíbrio e tombar de tanta risada.

Lacey contou que minha mãe, conseguiu um emprego para ela em uma multinacional, ainda não tinha certeza se devia aceitar sem antes falar comigo, mas que o salário era bom e que ela poderia alugar um apartamento ou rachar com alguém o aluguel, depois que os pais voltassem pra Filadélfia. Uma parte de mim estava meio decepcionada, afinal eu queria que ela viesse morar comigo, mas por outro lado, era bom que as coisas fossem mais devagar entre a gente.

一 Acho que deve aceitar, você vai se sair muito bem e de vez em quando temos que aceitar uma forcinha 一 falo e ela se enreda em meus braços.

一 Hora do Parabéns!! 一 Anuncia minha mãe colocando Emma no cadeirão e eu trato de ir pegar o bolo e acender a vela.

一 Espera, antes o discuso do papai 一 Se intromete Derek.

一 Que é isso de discurso? Isso jao existe! 一 Falo.

一 Bom a aniversariante ainda nao fala então, é seu dever 一 fala Derek e todo o mundo começa a gritar "Discurso, Discurso".

一 Ta bom 一 me dou por vencido 一 Bom, primeiramente eu quero agradecer a todos por virem sujar a minha casa, e comer de graça, especialmente ao Alec e ao Tom 一 aponto pra eles 一 Que vieram de longe. E tambêm acho que a Emma deve agradecer a eles por se chamar Emma, porque com a minha criatividade ela ia acabar se chamando Davina, ou Chevelle 一 risos 一 Então 一 pego as bochechas de Emma e faço uma voz fininha 一 Obrigado velhotes.  一 Bom, foi um ano difícil pra caralho e eu achei que não fosse conseguir ou Emma sobreviver, mas aqui estamos. Ela merece os parabéns e eu agradeço por ela ter nascido assim, meio viking, porque se ela fosse um bebê delicadinho eu acho que ela estaria com a mãe dela e eu na cadeia, porque gente eu não tinha ideia do que era calendátio de vacinas, eu só a levava no médico quando ela estava vomitamdo verde, eu dei coca cola na mamadeira e batata frita antes dela provar banana. Por vezes eu a perdi, pela bagunça da casa e algumas vezes eu quis voltar no tempo e usado uma camisinha. Mas quando ela sorri 一 falo olhando para ela e me abaixando ao lado do cadeirão 一 Quando ela sorri, o mundo parece mais bonito e é a melhor coisa do mundo. Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. 一 falo beijando a testa dela e recebendo um tapa no meio da cara.

一 Pênis! 一 Ela grita e bate palminhas.

一 Caralho Emma, hoje não.

一 Lalo 一 diz ela e eu reviro os olhos.

Cantamos os parabéns e ela bate palminhas freneticamente, dando pequenos pulinhos ritmados sentada a cadeirinha. Gritamos vivas e ela empolgada, mergulhou as mãozinhas no bolo e depois o rosto, arrancando risos e um protesto de Miguel.

一 Ela quer comer tudo sozinha pai! 一 reclamou o garotinho.

Fico pasmo olhando o rosto encantado da minha pequena. Toda suja de glacê rosa, ela estava radiante, mesmo sem entender o que era um aniversário, eu tinha certeza que ela sabia o mais importante, algo que eu mesmo demorei a me sentir, completo e amado.

Corri os olhos pelas pessoas ali naquela sala, alegres, pessoas que de longe ou perto, fizeram e fazem parte da minha vida, da vida de Emma, e era bom tê-las ali partilhando daquele momento, todas perfeitas nas suas imperfeições e ainda assim essenciais. Não tenho idéia do que o destino me reserva, sei que vou cometer ainda muitos erros, que vou ficar exausto e que talvez eu venha a magoar aquela baixinha de rosto rechonchudo. Sei que em pouco tempo, ela não vai me olhar como se eu fosse uma bandeja de batata frita com dois potes de nutella, que vai preferir as amiguinhas da escola e depois os namorados, ou namoradas vai saber… Sei que ela vai crescer, que eu vou deixar de ser o mundo dela, mas ela, nunca deixará de ser o meu 一 minha mãe retira Emma do cadeirão, limpa seu rosto e a coloca sentadinha no chão, enquanto se encarrega de tentar cortar fatias do que sobrou do bolo. Ela me olha e sorri, coloca as mãos a frente e depois para, se apoia e fica em pé, sem nenhum apoio.

Não escuto mais nada das conversas e risos a nossa volta e estendo meus braços a ela. Ela me olha, olha pro chão insegura e quase tomba pro lado.

一 Vem, meu amor. Você consegue 一 falo baixinho e sorrio para ela. Ela levanta o olhar e sorri novamente para mim, dando um primeiro passo desengonçado, seguido de mais três, até cair e eu a apoiar com minhas mãos. Senti meu peito explodir de tanta felicidade, acho que algo parecido com vencer a final do superbowl, ou receber um Nobel. A abracei forte, beijei seus cabelos, rosto, sem nenhum protesto, e comecei a chorar, num misto de alegria e emoção.

一 Eu te amo, eu te amo 一 falo segurando o rostinho dela em minhas mãos. Não existe amor tão puro como o amor de um pai por uma filha. No meu amor a Carol, apesar de imenso, havia desejo, vaidade, acho que se Emma fosse Davin, haveria uma certa ambição, aquele desejo involuntário de se perpetuar através dos filhos, mas no amor por uma filha, há algo que não há palavras para descrever. E não importa o quanto ela cresça, eu tinha certeza que ela sempre seria a minha pequenina viking e minha vida seguirá eternamente, em pequenas escalas.


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Notas finais do capítulo

Olá meus lindos e lindas, tive que cortar o último capítulo em dois, pois ficou enorme e eu gosto de terminar com número par.