Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 37
Depois da Tempestade!


Notas iniciais do capítulo

6500K!!!! ♡♡♡♡
Obrigada gente!
Desculpem a demora pessoas lindas, eu poderia dizer que foi um bloqueio criativo ou que estou com problemas, mas a realidade foi que eu tinha temporadas das minhas séries para maratonear... Bom, mas prometo que vou regularizar as postagens. Agora, boa leitura.



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Naquela noite, voltei para casa com a cabeça um pouco mais fria, porém ainda inconformado com a minha vida. Na melhor das hipóteses teria de voltar pro Canadá e poderia ver a Emma nos fins de semana. Eu odiava a ideia de ter que deixar toda a família maluca que eu havia conquistado por aqui, e nisso incluo Sam e Miguel, mesmo Sam sendo um “fura-olho” e Miguel uma cruza de Osama Bin Laden com Pikachu, (porque convenhamos o muleque tem seu carisma), sentia eles mais próximos de mim do que muitos parentes que conheci desde que nasci e com certeza, sentiria muito a falta deles.

Pela manhã, acordei cedo e liguei para minha mãe, que não atendeu. Decidi ir até o abrigo para ver se ela já havia pego a Emma, tomei um gole de café e recheei uma mala com as coisas da Emma. Quando estava prestes a sair, Lacey me aguardava na porta do apartamento, com um olhar perdido, brincando com uma chave.

— Lacey — chamo sua atençao.

— Tem um minuto? — Ela questiona e eu abro espaço para ela adentrar a sala.

— Achei que tivesse querendo me matar.

— Eu queria, mas aí eu fui para casa e me senti uma imbecil por estar estar zangada com um cara que tá preocupado com a garota que vai ter um filho dele. Eu aceitei isso, só que não imaginava que seria tão difícil — ela fala e eu me aproximo a enredando em um abraço.

— Eu entendo e você não merecia estar passando por isso e…  Lacey… quando a Carolina se foi, achei que eu nunca mais ia amar outra pessoa e você apareceu e foi tudo tão rápido e intenso, eu não queria ter tanta bagagem, nao queria te trazer tantos problemas. Eu sei o quanto te amo, mas talvez o Joseph tenha razão, isso não tem como dar certo.

— Ta terminando comigo? — Ela fala arqueando uma sobrancelha.

— Eu sei que você odeia frio… e   retirei a apelação da guarda, eu não aguentava mais ver a Emma naquele lugar. Minha mae vai levar ela pro Canadá e eu também vou, assim que resolver todas as questões desse apartamento, o carro… — falo e ela se senta no sofá tentando segurar as lágrimas, sento ao lado dela e pouso a minha mão sobre a dela.

— Me desculpa, mas eu não posso perder a Emma e não aguento mais ver ela sofrendo naquele lugar. E se isso significa ter que entregá- la para minha mãe e voltar a deixar que mande na minha vida, eu vou ter que fazer isso. A Carol sempre disse depois que soube da gravidez, que nada mais era sobre a gente e ela tinha razão, eu sou meio idiota e egoista, mas finLmente eu entendi isso — desabafo e ela se aproxima retirando uma mecha de cabelo rebelde sobre meus olhos.

— Você é um cara legal Noah, não deixa te convencerem do contrário. A Emma e esse bebê, eles tem muita sorte — ela diz e me da um beijo na testa — A gente se vê por ai — fala limpando o canto do olho com a manga do casaco de inverno que usava.

— É, a gente tem o mesmo pai. Vamos nos esbarrar por ai.

— É vamos, bom eu tenho que ir. Boa sorte e eu vou sentir muito a sua falta e da viking também — diz se levantando e eu a acompanho até a porta. Nos abraçamos demoradamente e nos despedimos com um beijo.

Depois que ela sai, fico um tempo no sofá pensando em todos os momentos do nosso rápido romance, Lacey era totalmente diferente da Carol, mas para mim era tão perfeita quanto. Tento não chorar, afinal, no fundo eu sentia que era o melhor para a Lacey, ela era uma garota livre, cheia de vida não merecia todo o drama que eu trazia na minha bagagem, jamais me perdoaria se eu e meus problemas viessem a apagar o brilho dela. Quando volto a porta para retomar meu dia, ao abrí-la dou de cara com minha mãe, que tem Emma nos braços e uma bolsa de bebê. Minha pequena abre um sorriso e estende os bracinhos na minha direção.

A pego nos braços e ela enreda suas mãozinhas no meu pescoço, enquanto eu encho suas bochechas de beijos.

— Você veio se despedir? — pergunto levantando o olhar na direção da minha mãe, que me dá um sorriso amarelo.

— Não vai nos convidar para entrar? — Ela fala esticando o pescoço para dentro do apartamento.

Abro espaço para que ela passe e vejo ela correr o olhar com certo desdém para minha bagunça, fixar os olhos na garrafa de vodka que eu comprei no dia anterior e ainda estava sobre a mesinha de centro.

— Está fechada, eu não bebi um só gole, pode conferir se quiser. — me defendo antes que ela abra a boca.

— Álcool sempre foi o menor dos seus problemas filho, às vezes ele até ajuda — ela diz pegando a garrafa a abrindo e colocando uma dose numa das tacinhas que ficavam no alto da estante, longe das mãozinhas ligeiras da Emma. — Principalmente quando se tem um bebê insone, não é?

— Eu não sou um alcoólatra, e não vai me gravar falando isso. Caso esteja tentado — digo desconfiado, enquanto sinto Emma enredar os dedos nos meus cabelos e começar a puxá-los em direção a boca.

— Noah, acha que eu faria isso?

— Você me deu um carro só para tirar a Emma de mim! — protesto.

— Eu não te dei o carro para isso, eu não pretendia tirá-la de você eu só não queria que fosse embora. Mas você surtou e disse que eu estava fora da sua vida e não me deixou escolha.  Bom, eu não vim discutir, pensei e — ela faz uma pausa — E talvez eu esteja sendo dura demais com você. Emma choramingou a noite toda e era por você que ela chamava. Enquanto eu tentava fazer ela dormir, lembrei que eu nunca fui a sua primeira opção, você sempre chamava pela babá antes de mim. Eu não posso acertar o passado Noah, e querer criar Emma era uma forma de compensar, de fazer o melhor para vocês. Só que talvez, os meus sonhos pro seu futuro, pro futuro da Emma, não sejam tão bons quanto eu achei que eram.

— Então vai me devolver a guarda?— falo com certo entusiasmo.

— Não, eu ainda não acho que você esteja pronto para criar uma criança sozinho. Ela não tem um ano e sabe mais palavrões que eu, não come nada que não for frito ou sem queijo por cima, não dorme direito, ela chora até ficar roxa toda vez que não fazem o que ela quer, e parece um viciado em crack quando vê um vidro de coca cola. Mas eu tô disposta a te dar uma segunda chance e eu quero te ajudar nisso, para juntos fazermos o melhor para Emma, para saúde e pro futuro dela. Eu sei que gosta de Roma, então, decidi ficar e colocar as coisas nos eixos, afinal, é isso que uma mãe deve fazer, guiar o filho para que ele possa voar com as próprias asas. — ela fala dando um gole na vodka.

— Ela te deixou doida, não é? E em sua defesa, qualquer coisa fica melhor com queijo — digo vendo a cara de acabada que nem a maquiagem conseguia esconder.

— Ela chorou por seis horas seguidas. Quase fomos expulsas do hotel, eu chamei um médico e ela ficava repetindo “puta” incessantemente até voltar a chorar, ela vomitou na minha Gucci e engoliu meu anel de casamento, eu dei laxante pra ela e tive que procurar minha joia em cada diarreia, que a propósito uma delas aconteceu em cima do meu casaco de pele de chinchila albina de trinta mil dólares, mesmo faminta ela não tomou a mamadeira até estar parecendo glicose líquida de tanto açúcar— ela fala em tom de desespero.

— Essa é minha garota! Toca aqui — digo segurando a mãozinha dela e batendo na minha

— Noah! Isso não tem graça nenhuma, quer que sua filha tenha diabete e se comporte feito um ogro rebelde? Porque é isso que vai acontecer se continuar a criando desse jeito!

— Ela é só um bebê!

— É foi o que eu dizia, ele é um bebê “deixa”, é só um garotinho “não seja duro com ele”! E eu quase te perdi. Eu errei com você, não quero que acabe fazendo o mesmo com a Emma. Vocês são tudo que eu tenho, podemos fazer isso juntos. Vai ser o melhor para ela.

— Eu não posso tirar a sua razão, — falo e a Emma volta o olhar para mim com um semblante assustado — Às vezes, quase sempre, eu estou tão cansado que pego o caminho mais fácil, mesmo sabendo que não é o melhor para ela. Foi assim com a batata frita, os brinquedos, ela dormir na minha cama… Eu nunca me preocupei em aprender a cuidar dela, achava que a Carol ia saber tudo e mesmo depois que ela se foi, eu… Eu tenho tentado me convencer que eu tô me saindo bem, mas na maioria das vezes, não tenho ideia do que estou fazendo. Desde que chegamos na Europa eu só a levei uma vez no médico, porque ela passou mal e ela provavelmente está com vacinas atrasadas e eu não tenho ideia de onde enfiei a carteirinha, às vezes eu tenho preguiça de lavar as roupas dela, então eu só deixo num canto, passo um monte de desodorante e visto nela por mais uma semana, eu não consigo parar de falar palavrão na frente dela, e não tenho ideia do que um bebê de dez meses devia ou não já estar fazendo?! Eu não sou nenhum pai do ano — constato — Mas eu tôctentando ser o melhor que eu posso.

— Bom, também não fui nenhuma mãe exemplo, eu te levei fazer cirurgia de fimose — diz com um sorriso amarelo.

— Bom, isso é bom, não é?

— Não quando você esquece que seu filho já fez a cirurgia. E paga para fazerem de novo.

— Você trabalhava demais pode esquecer algumas coisas.

— Por três vezes? — Ela fala dando outro gole na vodka.

—Isso explica porque as garotas me perguntam se sou circuncidado —  constato revirando os olhos.

— Eu fui uma péssima mãe, mas você nunca teve colesterol alto. — Ela diz e eu me aproximo a enredando num abraço que recebe os protestos da viking em meu colo.

— Obrigado por nunca desistir de mim, mãe. Aquilo que disse, sobre a Carol querer ir embora, era verdade?

— Faz muito tempo Noah, foi logo que ela foi pro Canadá, depois ela só ficava nervosa, mas te amava demais, não foram as minhas palavras que fizeram ela ficar.

— Eu era um babaca. Devia ter sido melhor para ela.

— E você foi, eram um casal lindo. Bom, eu tô exausta, onde eu vou dormir?

— Pera, quando você disse em ficar aqui, você tava se referindo a esse apartamento?— falo confuso.

— Sim! Como vou ajudar se não tiver no seu dia a dia?

— E as empresas?

— Elas vão sobreviver, vou ficar aqui com você e com a minha netinha, assim vamos equilibrar as coisas na criação dela. — Fala naquele tom imperativo de chefe de empresa.

— Eu não sei se é uma boa ideia mãe, o apartamento é pequeno e..

— Eu posso levar ela para minha casa no Canadá. — Ela fala calmamente.

— Eu vou trocar os lençóis na cama auxiliar do quarto da Emma, ou melhor, fica com o meu quarto, tem banheiro, closet…

— Ótima ideia!

Passamos o domingo fazendo a mudança da minha mãe (aliás, porque mulher carrega tanta mala?), amontoei todas as minhas coisas no quartinho da Emma e mesmo tendo dúvidas sobre se morar com minha mãe seria realmente algo bom, estava feliz demais por poder ficar perto da minha baixinha, principalmente porque estávamos a poucos dias do natal e do meu aniversário. Seria o primeiro natal da Emma, queria que fosse especial, na verdade, o espírito natalino já parecia estar amolecendo o coração da Susan, e posso dizer que o meu também.

Decidi não contar para ela que estava desempregado, mesmo ela tendo sido a causa de eu perder o emprego, sabia que ia acabar distorcendo as coisas e fazendo disso mais um argumento da minha incapacidade de conciliar minha vida profissional com a paterna.

Emma passou o dia no meu colo ou engatinhando atrás de mim em cada canto da casa, sem me perder de vista nem quando precisei ir fazer o número 2.  Eu precisava mostrar pra minha mãe que eu era capaz de cuidar dela, e cuidar bem, nao apenas a manter viva.

— Olha só baixinha, você vai ter que se comporta bem, por favor não grita como se eu tivesse te fervendo em óleo quente, porque se sua avó descobrir que entro na banheira com você, perigo ela me processar por atentado ao pudor, okay? — Digo e confiro a temperatura da água e no momento que encosto o pézinho dela, ela berra.

— Emma, é só água! Olha só, aguinha gostosa pro bebê. — falo com aquela voz tosca que todos fazemos quando queremos agradar um bebê e tento novamente. Outra vez ela grita.

Isso não vai dar certo” — retumba na minha mente quando sinto meu celular vibrar no bolso e tenho uma ideia. Coloco o celular na borda da banheira e coloco a playlist de vídeos da Peppa Pig, assim consigo colocar Emma na água e dar um banho tranquilo e divertido, lavo até mesmo os cabelos, sem todo aquele escândalo. Volto para cozinha com aquele ar de vencedor, que é destruído pelo monólogo feito pela minha mãe de como a excêntrica porquinha Peppa, era considerada prejudicial para a formação do caráter da criança por psicólogos infantis. Que em sua maioria eram homens e mulheres sem filhos com mais de trinta anos que ainda vivem com os pais e que te convencem a pagar uma pequena fortuna para que te digam que absolutamente tudo que você faz, está errado. Minha língua coça para dizer isso a ela, mas incrivelmente eu apenas concordo, afinal, eu tinha que provar para minha mãe que era um adulto responsável e bater boca sobre a índole da Peppa pig, não me parecia algo muito engrandecedor pro meu curriculum paterno.

A noite, me ajeito na pequena cama auxiliar e coloco Emma do berço, ela se levanta e fica segurando nas grades me olhando enquanto mexo no celular.

— Você precisa dormir, sozinha na sua cama. Temos que provar para vovó que eu posso criar uma criança independente e equilibrada.  — falo e ela dá uma risada. — Achou engraçado é? — falei lançando um ursinho de pelucia contra o rosto dela e ela caiu sentada no berço.

— Ops! Desculpa. Vem cá. — a tomo nos braços e a aconchego em meu peito, não havia nada mundo melhor do que cheiro da minha filha.  Eu não sei explicar, mas cada fase tem seu perfume, cheiro de leite, de talco, o azedinho entre os dedinhos. O verdadeiro cheiro do amor que sentimos, inexplicavelmente maravilhoso e único, incapaz de ser reproduzido ou guardado. Ai você vai dizer, mas todo o bebê tem esse cheirinho gostoso, afinal quem não gosta de cheirar aquele bebezinho fofo? É instintivo. Mas o seu filho terá um cheiro diferente e único, o cheiro de uma vida que você ajudou a criar, o cheiro do seu novo jeito de ver o mundo.

Quando retorno dos meus pensamentos, a embalo e cantarolo uma música do Nirvana em ritmo de nana neném. Emma adormece, com um fio de saliva escorrendo do canto da boca, olhos cerrados e um semblante sereno, da mesma paz que eu sinto em tê-la tão perto.

— Eu te amo — sussurro em seu ouvido.


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