Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 22
Me escuta mãe!


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores lindos como estão? Bem esse cap é bem dramático, principalmente pra quem tiver probleminhas com as mamis poderosas como essa autora já teve... Tem muita coisa e muitas informações acontecendo, então peço a atenção aqui, principalmente pra quem nao leu Love lives by side e ainda tá familiarizado com a historia familiar complicada do Noah... Quem leu, vai ganhar novas informações tbm... Bom vamos ao cap e espero que o Team Noacey nao queira me matar... beijos amo voces!



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Me escuta mãe!

Uma dor dilacerante toma conta do meu peito e sou incapaz de controlar a raiva e as lágrimas. Joseph, mentiu. Ele sempre soube da minha existência.

— Eu sinto muito Noah, mas esse homem, Joseph O’connor, recebeu o dinheiro junto com a sua mãe. Eu não sei o que ele disse a você, mas não acredite. - Ela fala e eu engulo a seco suas palavras.

— E você sempre soube que eu tinha um irmão gêmeo e nunca me disse nada… - Falo sem conseguir tirar os olhos do papel.

— Noah não é isso que está em discussão aqui. - Ela se defende.

— É a minha vida! Você e o Paul mentiram pra mim, durante quase dezenove anos! E agora… Joseph só foi mais um, que me fez de idiota! Eu odeio você, eu odeio o papai eu odeio todos vocês! - Grito, lançando os vasos da prateleira todos no chão.

— Noah, para! Filho tudo que seu pai e eu fizemos foi para tentar te proteger dessa família desestruturada e sanguessuga que você veio. - Ela grita.

— Vocês não tinham o direito, me fizeram acreditar que eu era um Johnson, para que? Para jogar na minha cara que eu não passava de um brinquedo para substituir o filho que vocês perderam? Sabiam que eu tinha um irmão e esconderam isso de mim.

— Filho, eu acabei de perder o seu pai, pare de se comportar feito uma criança mimada!

— Criança mimada? Você e o Paul nunca se importaram comigo…

— Eu não vou ouvir isso depois de tudo que fizemos por você, sempre te apoiamos, sempre cobrimos as besteiras que você fazia.

— Porque não queriam que os outros soubessem, vocês dois são dois egoístas e mesquinhos.

— Talvez, mas e você Noah? Não tá sendo egoísta deixando a sua mãe porque é mais divertido ficar com seu irmão e essa família que você diz que tem. Tá usando a Emma para me punir por não ter sido uma boa mãe… Você é o mais egoísta aqui, sabe muito bem que Emma estaria melhor comigo.

— Eu posso cuidar dela. Me escuta, eu não sou mais um garoto irresponsável há muito tempo! Aceita que eu cresci. Aceita que eu posso cuidar da Emma muito melhor do que você cuidou de mim! - Grito irritado.

— Pode? Sem a Carolina? Eu sou egoísta, controladora, admito que sempre fui, mas você Noah, você é tão sanguessuga quanto sua maldita família! Você levou a mim e ao seu pai a exaustão, por vezes levou a Carolina também, sabe porque ela insistia em te trazer aqui? Na nossa relação, mesmo contra a sua vontade? Porque era aqui que ela vinha quando estava prestes a ir embora. Era eu quem a convencia a ficar, a acreditar em você… A te dar chance em cima de chance! Porque as únicas pessoas que nunca desistiram de você, fomos eu e o seu pai! - Ela retruca aos berros.

— Você tá mentindo, nunca mais abre a sua boca para falar da Carolina, nunca mais! Fica longe de mim e da minha filha! - Digo pegando a pasta,  batendo a porta francesa e me sentido em farrapos. Não era verdade, não poderia ser, Carolina me amava eu mudei por ela, para ser digno do amor dela. Ela me amava. Ando rapidamente pelo corredor, quando avisto Amber.

— Vamos dar o fora daqui. - Falo, tentando me acalmar.

— Tá tudo bem?

— Eu só quero ir para longe daqui. Por favor…

Saímos da casa dos meus pais em alta velocidade, eu respirava fundo, tentando controlar a raiva e aquele nó dolorido que se formou na minha garganta.

— A sua briga com sua mãe, foi por minha causa? - Ela pergunta preocupada.

— Não… Não tem nada a ver com você.

— Olha só, porque não vamos a um bar de um amigo meu e tomamos um drink? Aí eu te conto do meu desastre nesse semestre e se quiser falar eu também posso ouvir… - Ela fala com aquela voz doce.

Vamos até um pequeno barzinho no subúrbio, Amber me apresenta o amigo, e eu finjo uma simpatia até sentarmos na mesa. Peço uma dose de whisky e ela um refrigerante. Conversamos um pouco e eu conto sobre tudo que aconteceu, ela escuta com atenção, enquanto bebo uma dose atrás da outra.  Lá pela quinta já estava vendo tudo mais colorido.

— Vai me deixar bebendo sozinho como se fosse um alcoólatra? - Pergunto ao perceber que ela continuava no refrigerante.

— Sou a motorista esqueceu? E acho que precisa pensar bem antes de fazer qualquer coisa, talvez haja uma explicação para tudo isso.

— Você não ouviu o que eu disse? Ele falou que não sabia sobre mim, mas o nome dele tava nos papéis do hospital...

— Acho que deveria, conversar com ele, entender o que aconteceu… - Ela fala com aquele jeitinho empatico que a Carolina tinha.

— Amber…  A minha mãe biológica, elsa me vendeu, como se eu fosse um cachorro ou um brinquedo… E o desgraçado do Joseph sabia disso, participou disso… Eu devia ter ouvido o Derek, mas eu tava tão entusiasmado em ter um pai que...

— Não se culpe… Você foi a vítima disso tudo. - Ela fala colocando a mão sobre a minha.

— Quer saber, dane-se. Eu não vou ficar chorando como um garoto idiota,  eles não merecem isso. Eu tenho a Emma e ela é a única coisa que importa e nunca vou mentir para ela, como fizeram comigo e continuam fazendo… Exceto quando ela começar com aquelas perguntas cabulosas e eu achar que ela não tem idade para ouvir a resposta, quando acha que ela vai perguntar de onde saem os bebês? - Falo pensativo, a essa altura eu já estava “meio bêbado”, meu pensamentos já não se concentravam em apenas uma coisa.

— Acho que é hora de parar com o whisky. - Ela diz com um sorriso leve.

— Eu nem comecei ainda. - Digo chamando o garçom.

Duas horas depois, eu já nem lembrava direito o porquê havia começado a beber, minha cabeça era uma confusão de melancolia e euforia. Amber tinha se rendido a alguns cocktails doces e quando o bar fechou saímos cambaleantes até o estacionamento, eu agarrado a uma garrafa de vodka de maça.

— Acho que não deveríamos dirigir… Ela diz com a língua enrolada, ou era minha mente estava lenta demais para processar palavras, não saberia dizer.

— Tem razão, eu sou um pai responsável agora… Vamos caminhando. - Falo esticando as palavras devido a dificuldade que a bebida trouxe a minha pronúncia.

— A casa da sua mãe fica no outro lado da cidade… Na parte da gente rica… - Ela responde.

— Eu moro aqui, eu sei onde eu moro.Meu apartamento fica a três quarteirões. Bêbados e cães sempre sabem voltar para casa. - Falo sentindo minha língua pesada.

Eu não sei como chegamos, afinal, quando estamos bêbados alguns momentos passam como se fosse num piscar de olhos, mas depois de uns quinze minutos tentando pegar a chave reserva através do extintor de incêndio, onde Carolina escondia porque eu tinha o péssimo hábito de perder as minhas e ficar trancado para fora, eu finalmente consegui abrir a porta. Tudo parecia igual… Exceto pela falta dos nossos objetos pessoais e fotos, eu estava em casa. Tiro os sapatos e jogo no canto e cambaleio até o sofá. Amber vem logo atrás de mim e se senta ao meu lado.

— Acho que vou ligar para minha prima vir me buscar. - Ela fala levando a mão a cabeça pensativa.

Tomo um gole da vodka e ofereço a ela.

— Bebê aí vai… Digo e olho para parede. _ Cadê o quadro da Carolina? - Levanto e começo a procurar pelo apartamento. No quarto da Emma agora havia uma escrivaninha e uma cama de solteiro, no lugar da cômoda e do berço.

— Cadê as minhas coisas? - Pergunto vagando, afinal conscientemente eu sabia que os inquilinos haviam guardado muitos dos meus objetos num depósito.

Vou até o meu antigo quarto, está organizado pras visitas do corretor, mas não há mais nada meu ou da Carol alí. No armário do corredor encontro alguns dos nossos objetos decorativos e porta retratos. Pego a nossa foto da festa de formatura do high school, e sinto meus olhos arderem.

Quando eu ia parar de sentir falta dela? O que a minha mãe disse, era verdade? O começo do nosso namoro não foi fácil, eu tive recaídas, e sim por vezes a Carolina disse que ia embora. Mas depois tudo ficou bem, pelo menos até a gravidez. Eu demorei um pouco até aceitar a ideia de ter um filho, mas será que fui tão insuportável a ponto da Carol procurar a minha mãe?

Volto para sala e Amber está mexendo nos armários da cozinha, cantarolando algo meio desafinado e é impossível não lembrar da Carolina. Quando voltávamos de alguma festa, ela sempre preparava um doce para diminuir a ressaca no dia seguinte.

— O que está fazendo?

— Desculpa, achei que podia ter algum saco de café esquecido. - Ela fala meio envergonhada._ Não tem café… Eu queria Café… Café e açúcar, muito açúcar.. - Ela diz vindo na minha direção, me sento no sofá e digo sentindo uma moleza tomar conta do meu corpo.

— Carolina tomava calda de café também… Emma ela gosta de açúcar…

Desperto com os raios do sol sob meus olhos, e minha cabeça latejando de dor. A garrafa está quase vazia no criado mudo e sinto uma dor intensa no pescoço. Me espreguiço na cama e quando me viro pro lado, fico estático ao ver o cabelo castanho levemente ondulado e os ombros nus da garota.

Por instantes abro um sorriso, lembro da Carolina, dormindo tranquila e dos tapas que ela me dava toda vez que eu a despertava com uma lambida no rosto ou uma leve mordida na orelha, só para vê-la irritada. Mas não era Carolina, era Amber. Ouso levantar as cobertas e espiar por baixo e estávamos completamente nus.

Oh merda!” - Penso levando a mão na cabeça.

Pouco me lembrava da noite passada, depois de todo aquele álcool tudo que restava eram alguns flashes desconexos. Levanto com cuidado para não despertá-la, vou pegando minhas roupas espalhadas pelo chão e sigo até o banheiro. Deixo a água morna escorrer pelo meu corpo e tento processar o que aconteceu, lembro de brigar com minha mãe, do bar, de vir para casa e também de estar com Carolina, ou de querer que Amber fosse a Carolina.  Termino o banho e passo quieto pelo quarto, enquanto Amber ainda dorme, vou até a sacada e fumo uns três cigarros. Minha cabeça doí, meu estômago me provoca ânsias de vômito e minha mente parece um turbilhão.

Decido ligar pro Derek, pergunto sobre Emma, mas prefiro deixar para falar da minha descoberta sobre Joseph cara a cara e ouvir o sonoro “eu te avisei” do Derek. Sempre achei a desconfiança dele exagerada, mas como sempre era eu que estava sendo burro. Um pai vir procurar os filhos depois de quase vinte quatro anos apenas por arrependimento e amor? Há isso é coisa de livros ou novelas, na vida real se seu pai não se importou com você quando era apenas um bebê indefeso, dificilmente fará depois de adulto com pelos no saco.

Seja homem e aprenda a conviver com isso Noah”— Penso e acendo outro cigarro, quando vejo Amber abrindo a porta de vidro da sacada com as maçãs do rosto rosadas e visivelmente envergonhada.

— Bom dia. - Ela diz com um sorriso amarelo.

— Bom dia… Eu acho que a gente bebeu um bocado ontem a noite não é? - Pergunto desviando o olhar, era inacreditável a semelhança dela com a Carol, não só na aparência.

— É… a gente bebeu.. Eu acho que nós... Você sabe.

— É, eu também acho. Eu.. Bom, eu estava bêbado, você é linda… Não quero parecer um sacana e nem te magoar, mas… Tenho que voltar para Roma, o mais rápido possível.

— Tá tudo bem, eu sei disso. E sei que não era em mim que você estava pensando ontem a noite… - Ela fala com ares de decepção.

— Desculpa… Amber você é .. - Sou incapaz de terminar, desde o primeiro instante que vi Amber fiquei encantado pela semelhança dela com a Carol, mas era apenas isso o que me atraia e com certeza uma garota como ela merecia muito mais.

— Eu posso tomar um banho? - Ela pergunta vendo que não conseguirei terminar a frase.

— Claro, eu vou descer na padaria, pegar um café para gente. - Digo e vejo ela se afastar.

Desço pelo elevador e caminho até a padaria, enquanto espero meu pedido troco algumas mensagens com Samuel que fica sem palavras sobre o que eu acabo de contar a ele, por instantes penso em ligar para Lacey, mas desisto, afinal, a essa altura eu esperava o pior dos O’Connor e ela fazia parte deles. Talvez nossos encontros “casuais” não tivessem sido meras coincidências do destino. Volto pro apartamento com cafés e alguns Donuts, coloco sobre a bancada da cozinha e quando me viro em direção a sala, minha mãe está sentada na poltrona encarando Amber, que tinha o rosto vermelho como um pimentão, emoldurados pelos cabelos ainda molhados do banho. Mamãe diz que precisamos conversar e Amber imediatamente se despede dela e de mim, entrego um dos cafés e o saco com Donuts a ela e digo que ligarei mais tarde.

Susan e eu conversamos por mais de uma hora, os assuntos variam desde a minha aparente noitada com a “sósia da Carolina”, como minha mãe apelidou Amber, passou por minha negligência em informá-la sobre os acontecimentos da minha vida e finalizou-se na crença dela sobre minha incapacidade paterna. Minha mãe, me deu um ultimato. Ou eu voltava pro Canadá ou ela faria o que estivesse ao seu alcance para conseguir a guarda da Emma. Como sempre eu a desafiei, e disse que não me importaria em levar a público que ela e meu pai me compraram de uma viciada quando era apenas um recém nascido e que me negligenciaram a vida inteira caso ela continuasse com aquela loucura.

— Negligências? Você estudou em boas escolas, teve tudo do bom e do melhor. Era você que preferia ficar na rua com aquele bando de delinquente! Você sempre foi um fraco, sempre culpou a tudo e a todos pelos seus problemas, não pense que foi fácil ser sua mãe! - Ela grita irritada.

— Eu posso ser um fraco sim, mas você nunca foi minha mãe e continua não sendo. Quer tirar do filho que você diz amar a única coisa que faz ele levantar de manhã, a única coisa que impede ele de cortar os pulsos e escapar dessa merda de vida! - Grito tremendo de raiva.

— É isso que pensa? Eu não quero tirar a Emma de você, eu quero te impedir de destruir a vida dela e a sua também. Porque daqui a quinze anos você vai olhar para trás e ver tudo que perdeu, tudo que fez de errado na vida dela e vai desejar que alguém tivesse te alertado, te impedido. - Ela fala entre lágrimas.

— Sai da minha casa. Seu filho está morto, você matou ele porque ele não era perfeito, novidade Susan você acabou trocando por outro defeituoso. E ainda assim, fomos muito mais do que uma mãe como você mereceu. -Digo sentindo aquela palpitação latejante, eu queria magoá- la, mas ao mesmo tempo sentia um aperto no peito por ser tão cruel com ela e me arrependo no mesmo instante. _ Desculpa mãe, eu… eu não quis dizer isso.

— Não, você quis dizer sim, porque foi assim que te ensinamos. Se te atacarem, retruque com mais força. Tem razão fomos péssimos pais, te damos coisas ao invés de estarmos com você, passamos a mao na sua cabeça quando deveríamos puni - lo… Fizemos tudo errado. Mas sempre te amamos. E por isso que eu sei que todo o amor que tem pela Emma, não é o bastante, não quero que cometa os mesmos erros ou outros ainda piores. Eu não suportaria ver outra criança que eu amo tanto, crescer quebrado como você cresceu. Eu sinto muito filho. Me perdoe por não ter sido a mãe que queria e merecia. - Ela diz e eu me sinto um monstro. Me aproximo dela e a abraço forte, como no dia em que desembarquei choramos juntos durante um longo tempo, sinto as mãos dela acariciando os meus cabelos e seu beijo macio no meu rosto. Eu desabo, não consigo conter toda a dor que eu tentava não demonstrar que sentia pela morte do meu pai, pela família que poderíamos ter sido e nunca chegamos a ser.

— Eu só não quero perder a Emma mãe, por favor, não tira ela de mim. Não tira a Emma de mim… - Imploro.

— Ah meu amor… Eu errei muito com você, não posso continuar errando. Precisa me provar que pode fazer isso.

— Eu posso mãe, eu estou fazendo.

— Como? No primeiro problema correu pro seu irmão? Como você fazia conosco, com seus amigos, depois com a Carolina… Você precisa enfrentar as coisas Noah, precisa ser um porto para sua filha, não um barco  que anda conforme a maré. Eu não vou desistir do processo, não enquanto você continuar fugindo e afogando as mágoas com álcool.  Encontrei isso nas coisas do seu pai. - Ela fala tirando uma bola de beisebol da bolsa e colocando nas minhas mãos.

Ela sai e eu passo horas olhando pro para bola, fumando um cigarro atrás do outro, eu lembrava daquela bola, foi a primeira que eu consegui rebater para fora da cerca, tinha sete ou oito anos, lembro de ver meu pai atravessar a arquibancada correndo e pular para fora do estádio para conseguir pega-la.

Penso em tudo durante horas e decido ir até o presídio estadual, mesmo que não fosse da vontade da minha mãe biológica me conhecer. Eu precisava virar aquela página da minha vida, nesse aspecto Lacey tinha razão, precisava crescer, resolver de uma vez por todas as mágoas que me acompanhavam a vida inteira e aquela mulher no presídio, fazia parte delas.  Quando chego ao imenso complexo penitenciário, sinto um frio na barriga, dou uma penteada nos cabelos com os dedos antes de entrar na sala de visitas e sou encaminhado até uma mesa. Minutos depois uma mulher de cabelos longos e negros já com alguns fios brancos, pele em um tom de cabeça e olhos bem marcados adentra a sala, aparentemente confusa. Ela faz uma pausa ao me ver e apenas me observa de longe durante alguns instantes, depois retoma a caminhada até a mesa, onde se senta à minha frente.

— Você deve ser o Noah. - Ela diz me encarando firmemente.

— Sim.

— Eu imaginei, Derek nunca me ligou, jamais viria aqui. É estranho fiquei com ele dois anos, achei que ele lembraria de mim. - Ela fala com um certo pesar.

— Ele não lembra. - Respondo.

— Que bom, eu não fui uma boa mãe mesmo. O que faz aqui?

Conversamos durante cerca de vinte minutos, Chloe é uma pedra de gelo, ela fala sobre a gravidez, nosso nascimento e a surpresa de descobrir que éramos dois, pois não havia feito um só exame durante a gravidez toda. Relata que Derek nasceu doente e por isso eu fui escolhido para ser entregue aos Johnson, pois foram muito claros quando pediram um bebê saudável. Falou que chegou a pensar em desistir, mas que precisava do dinheiro e sabia que não cuidaria bem de um filho, quanto mais de dois. Mas em nenhum momento ela cita Joseph e decido perguntar.

— Nosso pai, ele nos conheceu?

— Falei com Joseph umas três semanas antes de vocês nascerem, foi a última vez que o vi. - Ela fala e eu pego o papel do hospital com o nome dele e entrego nas mãos dela. Ela passa suavemente a ponta do dedo pela marca do pezinho e solta um leve sorriso e uma expressão serena, como se lembrasse de um bom momento e volta a me encarar.

— Tem as assinatura dele ai. - Falo.

— Não é dele, é do pai dele. Eles têm o mesmo nome, pagou a conta do hospital. Implorei e dei uma parte do dinheiro para ele não contar sobre o Derek ao Joseph, entregaria você e achei que poderia criar o Derek com o Carlos, meu namorado. Mas como você percebeu, não deu muito certo.  

— Então o Joseph não sabia que éramos gêmeos?

— Se o velhote não contou, não. Noah eu sei que o que fiz foi errado e acredite, não houve dia na minha vida que não pensei em você.

— Tanto que fez o mesmo com o Derek.

— Não, eu tentei ser uma boa mãe para ele. Entreguei - o a uma família de bem, não poderia fazer legalmente ele não era brasileiro, seria extraditado comigo e passaria a vida num abrigo como filho de uma presidiária viciada em cocaina. Você era um bebê lindo, acredite posso não ter feito do jeito certo, mas afastar vocês dois de mim foi o melhor que eu pude fazer.

Concordo com a cabeça e me despeço, não ousei um abraço então dei apenas um aperto de mãos e me afastei. Uma parte de mim se sentia aliviado, talvez joseph não estivesse mentindo. Mas ainda sim haviam muitas coisas a serem explicadas. Saio da penitenciária e ligo para Amber.


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Notas finais do capítulo

E então pessoas? Dia difícil pro nosso papai não?