Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 1
Bebê a Bordo


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos a My Life in little quares, essa é uma comédia dramática (hahha) que vai contar as aventuras e desventuras de um pai de primeira viagem. Espero que gostem!



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 Bebê a bordo 

Nada como um dia após o outro, há poucos anos eu achava perca de tempo e certa covardia, o fato de algumas pessoas passarem boa parte das suas vidas, presas a empregos enfadonhos, sem se aventurar a fazer que realmente querem. Mas, sabe aquele ditado que diz que a gente paga com a língua? Bom agora eu sei que é real.

Não que não goste do meu emprego, mas certamente passar o dia desenhando e calculando projetos de motores para barcos de pesc, não era o que eu queria estar fazendo depois de finalmente me formar em engenharia mecânica. Eu devia estar abrindo meu próprio negócio, minha oficina especializada em motos custon, mas Davin mudou meus planos e a segurança de ter um salário no fim do mês, agora era muito mais cômoda, do que o perigo de não ter um tostão. Sendo que tenho fraldas, leite e aquela infinidade de coisas que envolve a chegada de um rebento para custear. Ainda assim, não posso reclamar, afinal, tenho meu pequeno apartamento, um salário razoável e a mulher da minha vida me esperando todos os dias, com um sorriso e algo delicioso nas panelas.

Ah! Eu preciso falar sobre a Carolina, me apaixonei por aquela brasileira no primeiro dia que a vi, descendo do ônibus amarelo, com seus cabelos esvoaçantes e aquele sorriso lindo, que ilumina os dias mais difíceis da minha vida. E estes não foram poucos nos últimos anos, mas ela esteve ali, nos bons e nos ruins. Sempre pronta pra me dar uma bronca ou um afago, certamente eu já teria desistido de mim, se ela não acreditasse tanto no meu potencial.

—Amor, cheguei! - Digo ao adentrar o apartamento, tirando os sapatos e jogando num canto.

Vou até o quarto do bebê, por que sei que onde ela vai estar e pra variar, estou certo. Desta vez, ocupada colando decalques de balões coloridos, nuvens e arco-íris nas paredes.

 _ Oi barriguda, não que eu tenha algo contra, mas não está achando esse quarto um pouco gay pra um menino?

— Por você isso seria uma caixa azul, com posters de rock nas paredes. E isso não gay, é unisex, sem gênero. Derek disse que a nova tendência da arquitetura e design infantil.

— Depois eu que sou o moderninho, vai me dar um beijo ou vou ter que ir até ai e te roubar um?

Ela caminha até mim alisando a barriga, que parecia ainda maior do que quando sai de manhã e me beija demoradamente, eu coloco minhas mãos sobre seu ventre e sinto um chute e depois mais dois, me abaixo levanto a blusa dela e a beijo também.

— E ai garotão o que fez o dia todo? - Digo encostando o ouvido na barriga e simulo uma conversa.

 —Chutou bola? - Levanto as sobrancelhas.

—Ah! Essa sua bola é a bexiga da mamãe, é melhor você parar de fazer isso, porque ela já fez xixi na cama duas vezes e o papai não tem grana pra comprar um colchão novo.

— Seu idiota, para com isso e vai tomar banho. Temos o jantar na casa dos seus pais. – Ela diz acabando com minha empolgação.

— Temos mesmo que ir? - Pergunto com um certo desânimo.

— Sim nós temos, amarra o cabelo e coloca um terno, que vou ver se tenho alguma coisa que ainda me serve.

— Okay mamãe. – Respondo vendo ela fazer uma careta.

 Vou pro banheiro, tomo um banho e apesar do meu nível de empolgação ser zero, faço um esforço pra ficar bem, afinal, Carolina quer que eu tenha uma boa relação com meus pais e aparência é muito importante pra eles. Quando retorno pro quarto, ela está linda num vestido cor de rosa, uma maquiagem leve, sapatilhas e um casaco de lã. Era incrível como ela conseguia estar sempre exuberante, mesmo de manhã, quando acordava com o rosto inchado e cabelos bagunçados. 

— Você é linda. - Digo. 

— Eu tô parecendo uma foca, mas obrigado. - Diz arrumando o meu colarinho.

Cerca de meia hora depois estamos na ostentosa casa dos meus pais, ela não era grande o suficiente pra ser considerada uma mansão, mas com certeza valia muito mais do que boa parte das mansões do luxuoso bairro Chestervillee. Somos recebidos pela minha mãe, que cumprimenta Carolina e como sempre, pergunta por que o bebê está demorando tanto pra nascer. Tudo bem que minha mãe nunca teve uma gestação completa mas, ela devia saber que são nove meses de espera.

A casa está cheia, alguns rostos são conhecidos, outros não faço ideia. Minha mãe nos leva até a sala de estar, onde Carolina pode se acomodar numa poltrona e minutos depois meu tio, Jefrey vem nos cumprimentar.

— Nossa eu não acredito que esse é o pequeno Noah. - Ele diz com aquele sorriso de político em campanha eleitoral.

— Meu menino cresceu, e essa é a sua esposa Carolina, ela é do Brasil.

— Olá Noah, muito prazer Carolina e vejo que tem mais alguém a caminho? - Ele fala enquanto nos cumprimenta.

— É o Davin, chega daqui a um mês! – Respondo com um certo orgulho.

— Veja só que maravilha, Jefrey e eu estamos na terceira fertilização e nada, já foram quase trinta mil. – Fala a esposa, que não era a mesma da última vez que vi meu tio.

— Ah tenho certeza que logo vão conseguir. - Diz Carolina simpática.

— Vamos sim e sabe que hoje em dia, se pode escolher até a cor dos olhos da criança? É realmente impressionante o que o dinheiro pode fazer, mas e então Noah, tão jovem já vai ser pai? Certamente não planejaram, imagino que vai afetar a sua carreira, soube que faz motores de barcos? Isso não é? - Ele fala com um certo desdém, como se esquecesse o sobrinho que tem, afinal, não sou de levar insultos ou desaforos pra casa. O que irritava muito a Carolina, mas acho que ela já acostumou. 

— É, eu sou projetista da indústria naval canadense, não é tão ruim pra alguém com vinte três anos, e quanto ao bebê, nós decidimos gastar nosso tempo e juventude, transando e tendo filhos, sabe pra economizar as fertilizações quando estivermos velhos demais pra reproduzir. Está com fome amor? Vem vamos pegar alguma coisa pra comer. - Digo pegando Carolina pela mão e vendo a cara de raiva o tio Jefrey.

— Sua mãe vai te matar. - Diz Carolina com um ar de riso. _ E projetista da indústria naval canadense? Achei que fazia motor de barcos.

— É a mesma coisa, mas uma tem marketing amor! - Explico.

— Eu espero que Davin não seja tão sincero quanto você ou vou estar ferrada! E como se fala grávida de desempregada com marketing?

— É empreendedora autônoma em fase de desenvolvimento de pequenos talentos. - Falo rindo.

 _ Ai. - Diz colocando a mão na cabeça e eu a seguro assim que noto que está tonta.

— Carolina. - A chamo meio assustado.

— Eu tô bem, acho que foi só uma queda de pressão.

—Tem certeza?

— Sim, faz horas que estou sem comer, deve ser isso.

— Eu vou pegar um suco e algo pra comer.

O jantar continuou tranquilo, como sempre eu evito meu pai e falamos apenas o necessário, já era um grande avanço, dito que passamos quase três anos sem trocar um bom dia, no fim da noite voltamos pra casa. Carolina vai tomar banho e eu aproveito o tempo pra um vídeo chamada com Derek.

— E ai cara, pronto pra viajar? - Ele fala assim que a sua imagem surge na tela, confesso que ainda é estranho ver meu rosto em outra pessoa e mesmo depois de termos nos conhecido pessoalmente, ainda é esquisito saber que tenho um irmão gêmeo.

— Sim eu embarco amanhã as oito.

— Vai ser demais, vai adorar Roma! Tem certeza que só pode ficar três dias?

—Sim, eu nem devia estar indo, com a Carolina grávida de oito meses, eu não deveria deixar ela sozinha Derek.

— Ela vai ficar bem, falta um mês ainda não é? E como estão as coisas?

— Nervoso, ansioso, assustado, mas acho eu é normal.

— É sim relaxa!

— E como estão as coisas com a Vick? É Vick não é?

— Na mesma, profissionalismo em primeiro lugar, e ela ainda está com aquele carinha parece que vão se casar. Nem tudo é do jeito que a gente quer, fazer o que? - Ele diz com um certo pesar.

— Acho que devia desencantar e procurar outra, você até que não é feio, vai arranjar alguém que te queira. – Digo dando risada. _Uauu. Exclamo ao ver Carolina sair do banheiro, com uma camisola branca curtinha, cabelos soltos e lábios vermelhos.

— Que foi? – Pergunta Derek do outro lado da tela sem entender.

— Nada, eu vou desligar, amanhã estou chegando aí. - Digo fechando o notebook.

—Porque isso tudo? - Digo desconfiado

—Você vai ficar três dias fora, então eu pensei, que a gente podia aproveitar um pouco. - Ela fala subindo na cama de um jeito sexy.

—Isso é crueldade, você tá muito sexy, mas não acha esquisito?

—O médico disse que não tem problema, que é até bom pro parto normal.

—Não é isso, é que sei lá, eu até já fantasiei sexo a três, mas não tinha um bebê chutando numa barriga, nos meus devaneios eróticos. - Digo.

—Ah Noah! Não inventa tá? Eu to grávida de oito meses já fizemos isso, ou por acaso seu irmão  está invadindo nosso apartamento a noite?

— Eh, mas ele não chutava tão forte, ele sabe das coisas, fica se mexendo. - Digo.

— Ele tá vivo, ele se mexe, e para de usar o bebê como desculpa, eu sei que pareço uma baleia! - Diz ela franzindo o rosto. 

— Carol, volta aqui, vem cá, desculpa eu só tava fazendo um charminho, você está linda e mais sexy que nunca, Eu te amo.- Digo entrelaçando os meus dedos e a deitando suavemente na cama _Davin hora de dormir okay? Mamãe e papai querem brincar. - Falo dando dos tapinhas leves na barriga.

— Seu idiota! - Ela diz jogando o travesseiro contra meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem suas sugestões e criticas!