Entre Dois Mundos escrita por VeraCurva


Capítulo 19
Capítulo 19 - Um Frasquinho para Sam




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735806/chapter/19

— Obrigada por me salvares deste bando de tarados e deste filme decadente. - Agradecia-lhe por entre um sorriso a caçadora. - Realmente não sei qual deles o mais tarado, se vocês se os actores.

— Vocês são é os dois uns desmancha prazeres. - Reclamava Amélia.

 

Charlotte concordava com a opinião da última feiticeira.

 

— Eu diria antes que estes dois são é uns granda empata fodas, literalmente, isso sim.- Emendava Dean um tanto ou quanto amuado.

— Vá, vá Dean. Há mais pessoas ainda por receberem os seus presentes, não podemos ficar aqui eternamente de volta do teu, não seria justo. - Repreendia-o educadamente Sam.

— Olha que não era nada mal pensado ficar o resto da noite de volta disto.

— Fala por ti. - Retribui-lhe Bella. - Deixa lá de te armar em menino mimado e volta lá à distribuição das prendas que ainda faltam entregar. Vá, vá, estavas a ir tão bem até agora nesse teu raro bom humor e simpatia, não deites tudo por água abaixo por uma simples coisinha de nada.

— Só retiro a minha birra se me deres miminho. - Provocava-a Dean olhando-a com ar de cachorrinho abandonado.

— Mas eu agora sou tua mãe, queres ver?

— Não és, mas isso não impede que me mimes. - Defendia-se Dean.

— Tira mas é a próxima prenda e cala-te. - Ordenava-lhe Bella.

— Ok… ok. Mas para que saibas vou ficar muito, muito, muito triste. Vais ficar com remorsos e peso na consciência sabias? - Tentava Dean mais uma vez arrancar qualquer gesto que fosse da parte da feiticeira mas sem sucesso.

 

Lança-se então uma vez mais ao saco vermelho. Era vez de presentear Charlly. Dean esticava a mão à rapariga entregando-lhe um saco cheio de motivos festivos. Enquanto recebia o presente, Amélia encarava-a fixamente em grande expectativa, acabando deste modo por revelar a sua identidade como amiga secreta da transmorfa.

 

— Ok, não precisas continuar a olhar para mim assim. Já percebi que foste tu Amélia.

— Oooohhh… Assim não vale. Não tem piada. - Reclamava Amélia triste e cabisbaixa.

 

Mas tal expressão se evaporara na jovem quando a amiga, saltando para cima de si, a cobre de abraços e agradecimentos depois de se vislumbrar com o presente recebido. Era uma luneta de pirata numa madeira clara e envernizada, adornada de algumas engrenagens e símbolos piratescos. Charlotte parecia estar no seu auge de contentamento.

 

— Oh my god, oh my god…É lindo Meliiiiiii….É LINDO!!!!!- Não parava de agradecer sorridente à colega, pondo-se logo de seguida a brincar com o seu novo objecto, observando todos em seu redor através da lente.

— Eu sabia que ias gostar. - Gabava-se Amélia.

 

Dean ia terminar a entrega do último presente, mas apalpava todo o interior do saco sem conseguir alcançar mais nenhum embrulho. Enfiava a cabeça lá dentro tentando com a vista encontrar a prenda que poderia estar ali escondida de alguma forma, mas por mais que observasse não encontrava sinais de qualquer outro objecto.

 

— Ei maninho parece que tás com azar. - Informava-lhe Dean. - Acho que aqui a menina Bella se esqueceu de trazer o que te competia, ou talvez até mesmo de o comprar.

 

Dean sabia que Bella era o amigo secreto do irmão, pois era a  única que faltava revelar. Sam olhava para Bella em busca de uma resposta. Bella sorri-lhe docemente.

 

— Não te preocupes Sammy. Como é óbvio eu não iria falhar, e muito menos contigo. - E dizendo isto ergue-se do sofá e começa a encaminhar-se uma vez mais para fora da sala.

 

Os olhares mantinham-se atentos na entrada da divisão, aguardado o regresso de Bella. Esta, que se havia dirigido até à sua mala de tiracolo que se encontrava repousada em cima de uma das bancadas da cozinha, retira do seu interior dois frascos pequenos de vidro. Um deles contendo um líquido de cor rosada e outro de cor transparente. Bella pega no primeiro e de um gole ingere todo o seu conteúdo, voltando a colocar o frasquinho dentro da mala. O segundo levava-o consigo de volta para a sala de estar. Dirigia-se a Sam entregando-lhe o pequeno presente que o rapaz observava agora em suas mãos com muito cuidado.

 

— Aaaa… Muito obrigada Bella. - Sorria-lhe desajeitado, não entendendo muito bem o que era e para que finalidade servia.

— Não precisas fazer essa cara, eu explico-te o que isso é.- Sossegava-o a feiticeira. - Ora pois bem, isso é uma água de colónia totalmente elaborada por mim com muito carinho e dedicação. Espero que gostes do seu aroma. Penso que é uma fragrância, além de fresca e suave, também masculina.

— Uau… A sério que foste mesmo tu quem a preparou? - Sam parecia radiante com a sua prenda, especialmente pelo facto de ter sido a amiga a confeccioná-la. Tinha para si ainda mais significado.

— Então vá, agora é só colocares umas gotas e ver se gostas. E já que é para se usar os presentes agora, podes já besuntar-te um bocadinho com ele… - Sugeria-lhe Bella. - Mas atenção não abuses que pode tornar-se enjoativo.

 

Sam acenava em concordância e prontificava-se a fazer uso do perfume. Assim que acabava de o espalhar em torno do pescoço e do peito, algo parecia ter-se apoderado das raparigas que se fixavam intensamente em Sam como que hipnotizadas, lançando-se desvairadamente de seguida sobre o rapaz. Este não sabia o que fazer perante aquela situação bizarra e inesperada da parte das jovens. Castiel e Dean apreciavam todo aquele espectáculo por entre gargalhadas, Dean encontrava-se já agarrado à barriga com dores de tanto rir. Sam mal se via por entre os corpos de Amélia, que o lambusava em batom, e Charlotte, que quase lhe enfiava a luneta pelos olhos, ouvidos e narinas adentro de tão perto que observava o rapaz com o seu brinquedo. Sam gritava desesperadamente por socorro, mas o seu pedido de auxílio era em vão. Os amigos estavam demasiado entretidos a verem toda aquela comédia diante de si.

As gargalhadas de Dean abrandaram quando se apercebe que as atitudes das feiticeiras não davam sinais de abrandar, tornando-se cada vez mais intensas. Ao mesmo tempo, estranhava a atitude impávida e serena de Bella ao seu lado

 

— Olha lá Cass, vê lá se essa merda aí não tem nenhuma cena marada. - Segredava-lhe, indicando a colónia de Sam. - Tenho quase a certeza que isto é tudo obra dessa porra.

 

Castiel pegando no frasco de vidro, retira-lhe a tampa inalando um pouco da fragrância que se libertava do seu interior. Após uns segundos elaborando uma análise mental, o anjo tira as suas conclusões informando o amigo das mesmas.

 

— Pois… é isso mesmo… - Falava em meias palavras.

— Isso o quê? Importas-te de não falares a prestações. - Reclamava Dean. - E já agora, baixa o volume, não é suposto aqui a febra perceber nem ouvir. - Apontava na direcção da jovem australiana.

— Esta água de colónia tem uma ligeira porção de Amortentia.- Indicava Castiel.

— E isso é o quê mesmo, no final de contas?

— Uma poção usada pelos magos, feiticeiros, bruxas e outros demais, como método de atração do sexo oposto. Ou seja quem colocar isto vai enlouquecer o pessoal do sexo contrário ao seu, deixando-os numa onda de paixão inconsciente.

— Eu não acredito que esta gaja foi aplicar uma treta dessas num presente para o meu irmão. A mim não me faz ela destas coisas. - Refilava Dean amuado de braços cruzados sobre o peito.

— Como se tu precisasses de tal coisa Dean. Mas pela quantidade que isto me parece ter não deve demorar muito mais tempo a perder o efeito.

— Só não estou a entender uma coisa… Se isso atrai o sexo oposto, porque raio a minha gaja está ali tão quietinha, não devia estar também a fazer-se ao meu irmão? Bem… Se bem que não é necessário, claro.

— Tua gaja Dean? Será que eu ouvi bem?- Castiel estava surpreso pelo que acabara de ouvir.

— Minha? Mas eu lá por acaso disse minha? Tu já andas é a ouvir coisas. Cá para mim essa cena marada já está a causar efeitos alucinantes em ti também. - Dean tentava desviar o assunto enquanto olhava de relance para o irmão, vendo já Charlotte e Amélia debruçadas sobre as costas do sofá como que adormecidas com um sorriso de orelha a orelha.

 

Dean voltava-se agora para Bella com uma expressão um tanto fechada.

 

— Como é que a ti a perfume não te afecta?

— Mulher prevenida vale por duas, não sabias? Existe antídotos para tudo menos para a morte... Mas porquê, estás com ciúmes de alguma coisa? - Bella fazia-lhe frente perante um sorriso tentador e sensual.

— E eu lá sou homem para ter ciúmes?

— Olha que é o que parece…- Provocava Bella enquanto lhe passava lentamente os dedos pelo rosto, e aproximando-se de um dos seus ouvidos murmura-lhe baixinho de forma que causava arrepios no corpo do rapaz. - Queres jogar xadrez?

 

Os olhos de Dean pareciam reluzir, aquilo era música para os seus ouvidos. Mas quando se preparava para investir sobre a jovem, esta ergue-se encaminhando-se para a mesa de xadrez que existia a um canto no fundo da sala.

 

Dean não se dava por vencido, tinha outra jogada na manga com a qual acreditava que iria fazer Xeque-Mate, e não seria com peças de xadrez.

Retirava de forma brusca o frasco de água de colónia das mãos de Castiel, pensado que, deste modo, se colocasse o perfume sobre si, iria atrair a caçadora sem ter de se esforçar, pois certamente o antídoto da jovem não tardaria a perder o seu efeito. Sam ao a constatar as intenções do irmão, apressa-se a evitar que este se banhe naquela fragrância.

 

— DEAN!!!! - Gritava Sam tentando detê-lo.

— SAM!!!- Retorquia o irmão no mesmo tom de voz.

— DEEEEAAAN!!!!!

— SAAAAM!!!

— Dean, dá cá isso. - Exigia-lhe Sam seriamente.

— Não me apetece. - Respondia-lhe Dean encolhendo um ombro  em gesto de desdém.

— Eu não estou a fazer um pedido, estou-te a dar uma ordem, Dean! Dá-me já o frasco que isso é meu sff!

 

    Dean ao ver o irmão investindo contra si, agarra fortemente no frasco, saindo disparado a correr sala a fora com Sam atrás de si. Pareciam estar ambos envolvidos no jogo do gato e do rato. Entravam e saíam das várias divisões, corriam escadas acima e escadas abaixo, até que por fim Dean refugia-se na cozinha, encostado com o tronco a um dos balcões, retirando a pequenina tampa para iniciar o seu banho em perfume. Sam, numa tentativa de o travar, manda um ligeiro safanão na  mão do irmão, fazendo a embalagem voar para dentro do lava loiça. O líquido contido no interior do frasco começa a escorrer pelo ralo. Sam suspirava de alívio, pois para ele aquilo era uma maneira de o líquido não causar mais situações embaraçosas.

 

— Nãaaaaaaoooooo…. - Berrava Dean de braços esticados para o interior do lava loiça. - Na, na, não….não, não, não…

 

O rapaz desfazia-se em tentativas para tentar recuperar a mais pequenina gota que fosse de perfume, mas o seu esforço era em vão, toda a essência se havia dispersado pelo cano abaixo.

 

— Porra Sam! - Batia com a mão fortemente no peito do irmão fazendo com que este recua-se alguns passos devido ao embate. - Tás mais satisfeito agora? - Apontava-lhe para o local do “crime” com ar revoltado.

— Por acaso sim.- Respondia-lhe Sam com uma grande naturalidade.

— Tás a brincar comigo não estás?

— Por acaso não.

— Vai gozar com que te fez as orelhas…

— Tenho-te a informar que quem me fez as orelhas a mim, foram os mesmos que fizeram as tuas… - Informava-o Sam em modo sério.

— Tu… Tu pah…. Olha vai chatear o Camões.

— Tal como tu bem referiste à exactamente uma semana atrás, o homem já tá morto e não ia ter piada nenhuma chateá-lo a ele. - Sam tentava manter o seu ar natural, fazendo um enorme esforço para controlar o riso.

— SAAAAAM!!!

 

Vendo que o irmão estava a entrar em modo Godzilla, dá meia volta e solta-se a correr de regresso à sala com Dean atrás de si. Este último não tinha intenções agora de apanhar o irmão, o seu objectivo era conseguir novamente aproximar-se de Bella. Entrando na sala de estar olhava em redor procurando a jovem, mas nem sombra da mesma.

 

— Onde é que ela está? - Gritava para o ar esperando que alguém, não importava quem, lhe responde-se.

— Se te estás a referir à Bella, pelo que percebi foi-se trocar para guardar o seu ou teu, ou lá de quem seja, presente.

 

Castiel  informava o amigo enquanto assistia calmamente tv, agora num dos canais de televisão por cabo, sem nunca desviar o olhar para Dean. Ao seu lado Charlotte e Amélia pareciam finalmente acordar da sua sesta forçada.  Espreguiçavam-se e bocejavam de cabelos  despenteados, coçando ligeiramente os olhos.

 

Dean, dando meia volta sobre si mesmo, segue pelos corredores da habitação em busca da sua fugitiva.

 

— Não penses que te esquivas de mim menina Bella… Oh não penses não… - Falava com os seus próprios botões.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Dois Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.