Verão escrita por Sáskya


Capítulo 1
Verão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Postando uma One cheia de amor para vocês em comemoração ao aniversário de Edward Cullen - sim, dia 20 de junho, 116 anos!
Espero que gostem.



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|Isabella|

Verão de 2017

Era um pouco mais de seis horas da noite quando meu período de trabalho acabou. Guardei minhas anotações na gaveta da escrivaninha e desliguei o notebook. Peguei o meu casaco repousado no encosto da minha grande cadeira de couro, minha bolsa depositada no divã ao leste e as minhas chaves penduradas em um ponto estratégico. Deixei o meu consultório, apagando as luzes do lugar. No corredor do andar, encontrei papai, deixando o seu consultório assim como eu.

Ambos éramos psicoterapeutas e dividíamos o andar com dois consultórios para atender os pacientes. Charlie era um homem alto, com cabelos castanhos espalhados pelos fios grisalhos já da idade, tinha um bigode que era sua marca registrada e redondos olhos castanhos. Eu tinha herdado dele os olhos e os cabelos castanhos, apesar de o meu rosto lembrar muito o de Renné, minha mãe. Papai e eu também tínhamos em comum a nossa personalidade que era calma e pacífica. Acho que era por isso que tínhamos nos saído tão bem como psicoterapeutas.

Charlie sorriu a me ver, passando um braço pelos meus ombros e dando-me um beijo na testa.

— Como foi o seu dia hoje, minha pequena borboleta? — Quis saber com o carinho evidente em sua voz.

Eu tinha trinta anos, mas para papai eu sempre seria a sua pequena borboleta de cinco anos.

— Foi ótimo, papai. Os pacientes foram relativamente tranquilos hoje. — Sorri de lado.

— Sorte a sua. Hoje eu lidei com muitas lágrimas. — Suspirou. — Mas eu fico feliz em poder ajudá-los de alguma forma.

— É por isso que somos psicoterapeutas. — Pisquei um olho.

Charlie riu. Descemos juntos até a área de estacionamento do prédio, onde estava o meu carro. Papai não era muito fã de direção, então eu ficava encarregada de levá-lo e trazê-lo todos os dias.

— Sua mãe ligou para mim um pouco mais cedo. Ela disse que pediu a Mary um jantar especial. — Comentou enquanto seguíamos de volta para casa.

Eu revirei os olhos, mas sorri. Renné, minha mãe, era uma mulher muito bonita, com fios que ela insistia em manter loiros e vívidos olhos azuis. Atriz famosa de cinema, glamorosa e dona de uma energia incrível. Ela adorava fazer jantares especiais todas as noites, o que era uma forma excêntrica de dizer um ‘’senti a falta de vocês’’. Eu não morava com os meus pais há cinco anos, mas volta e meia eu estava me aconchegando no grande apartamento deles, já que eu era a única filha e eles sempre pediam pela minha presença.

— Eu pensei que ela estava surtando ainda por ter que interpretar a mãe de uma atriz de vinte e oito anos. Como se ela não tivesse uma filha de trinta. — Balancei a cabeça.

Papai riu.

— Sua mãe sempre foi uma mulher vaidosa, querida. Ela terá eternamente quarenta anos, mesmo que faça 15 anos que ela completou essa idade.

— Acho que ela surtará no dia que tiver netos. — Expressei-me com um sorriso.

— Então teremos netos? — Charlie perguntou em tom de brincadeira, mas eu senti que no fundo ele realmente queria saber disso.

Suspirei, percebendo pelo qual caminho eu tinha nos levado: minha vida amorosa. Eu nunca tinha me casado e o mais próxima que cheguei do matrimônio foi em um noivado de cinco anos, que acabou ano passado, pois eu não me senti pronta para um casamento. Eu sentia que faltava algo. Algo intenso, que me faria esquecer-se das coisas ao redor, do tempo, da vida que me esperava pela frente. Algo que eu senti uma única vez, mas que foi perdido anos atrás. Balancei a cabeça, não querendo ser guiada pelas memórias daquele verão.

— Quem sabe? — Retruquei com uma pergunta, desviando olhar rapidamente da avenida para sorrir para o meu pai, pondo fim ao assunto.

Depois disso, não demorou muito para que chegássemos ao apartamento que vivi bons anos da minha vida. Estacionei o carro em frente ao prédio, em uma das vagas livres. Papai e eu saímos do carro simultaneamente, e depois de travar o veículo, segui atrás dele, que já se encaminhava para a entrada do prédio.

Pegamos o elevador até a cobertura. Ao chegarmos lá, encontramos mamãe na porta. Ela sorriu ao nos ver.

— Finalmente! Eu pensei que teria que ir buscá-los.

Papai e eu fizemos pouco caso do seu drama. Eu abracei a minha mãe, sentindo seu cheiro inconfundível de Chanel nº5. Esta noite ela trajava um macacão escuro com saltos altíssimos, os cabelos loiros bem organizados em um coque.

Assim que nos soltamos, ela foi para os braços dos meus pais, selando-lhe os lábios rapidamente. Eles sorriram um para o outro quando se olharam, e eu acabei sorrindo ao observá-los. Eu achava incrível eles estarem juntos por tanto tempo, com diferenças entre si, mas com o mesmo amor no olhar que notava desde quando era apenas uma criança.

— Vamos entrando. Rose e Emm juntaram-se a nós hoje com a pequena Melissa! — Comemorou, batendo palmas.

Rosalie Lilian Higginbotham-McCarty (o último sendo seu sobrenome de casada) era sobrinha de Renné, o que fazia dela minha prima — e melhor amiga. Ela era linda, tinha verdadeiramente um porte de modelo com os cabelos naturalmente claros e os olhos azuis, porém preferiu seguir sua vida na engenharia mecânica por conta de sua paixão por veículos. Estava casada há seis anos com Emmett McCarty, um cirurgião musculoso e de humor leve. Eles tinham ido morar em Rochester pouco tempo depois de Rose descobrir que Melissa estava para vir ao mundo.

Abri um sorriso, sentindo saudades de ver Rose em pele e osso.

— Oh, isso é maravilhoso. Já faz um tempo que eu não os vejo. — Animou-se papai. Ele a tinha como sobrinha também.

Finalmente entramos no apartamento. De costas para nós, sentados no sofá, já era visível a cabeleira clara de Rose e a escura de Emmett. Escutando o barulho de passos, ambos viraram para trás, revelando a pequena garota de um ano, sentada no colo de Rose. Melissa parecia um verdadeiro anjinho com aqueles cachinhos loiros.

— Bella! Tio Charlie! — Exclamou contente, passando a filha para o marido e vindo em nossa direção.

Ela me pegou em um abraço apertado, com a força considerável que ela tinha, deixando-me um pouco sem ar. Porém, eu não me importei com aquele detalhe. Abracei-a com a mesma intensidade, matando um pouco a saudades da minha prima favorita.

— Que saudades. — Murmurou em meu ouvido.

— Eu quem o diga. Você deveria aparecer mais vezes.

— Tentarei. — Prometeu, afastando-se de mim.

Rose partiu para abraçar papai, provavelmente com a mesma intensidade, pois percebi os olhos de Charlie se arregalar levemente.

Charlie e eu seguimos para cumprimentar Emmett — que infantilmente bagunçou meus cabelos — e eu aproveitei para pegar a pequena Melissa no colo. Ela mirou os grandes olhos castanhos para mim, cheia de curiosidade. A última vez que tínhamos nos visto ela tinha acabado de completar um ano e isso foi há três meses.

— Hey, linda garota. Eu estava com saudades de você, sabia? Lembra-se da tia Bella? — Questionei-a com a voz doce, fazendo-a abrir um sorriso com apenas os dois dentinhos da frente. — Você é a coisa mais fofinha em que eu já coloquei os meus olhos!

— E não é? — disse Rose, parando atrás de mim e olhando para a filha em meus braços.

— Oh, Melissa é realmente uma boneca, mas vamos para a sala de jantar! — Apressou mamãe, com o seu típico jeito extrovertido.

Seguimos, os seis, para a sala de jantar. Chegando lá, percebi que mamãe tinha providenciado um caldeirão para colocar Melissa. Distribuímo-nos pela mesa de dezesseis lugares — um tanto exagerado, eu sei, mas isso era apenas Renné — ficando com os lugares ao sul. Papai sentou na cabeceira, com mamãe a sua esquerda e eu ao lado dela. Emmett, Rose e Melissa ficaram do outro lado, de frente para nós.

Não demorou muito para que Mary — governante e cozinheira — servisse o nosso jantar. Fizemos a refeição em meio a uma conversa calorosa, cada um contando sobre como estava indo a vida. Mamãe voltou a falar sobre o seu papel como mãe de uma atriz de vinte e oito anos. Rose disse que seu irmão, Riley, estava vindo para casa em uma semana (ele morava no Canadá). Emmett falou como Rose e ele se viravam nos trinta para dá atenção a filha e se dedicarem a carreira ao mesmo tempo, papai comentava sobre o dia puxado que tivera e eu apenas comentei como eu estava adorando o meu trabalho.

Perto das nove, Charlie levou Emmett para o seu escritório, a fim de mostrar-lhe sua coleção de vinis — Emmett também gostava de colecionar coisas — e Renné saiu para atender uma ligação de sua agente. Rose foi colocar uma Melissa adormecida na cama do quarto de hóspedes e eu peguei minha taça de vinho pela metade, indo para sacada do apartamento.

Escorei-me no parapeito de vidro e alumínio, fechando os olhos ao sentir a brisa fria da noite tocar o meu rosto e levar alguns fios de cabelo para longe. Abri os olhos novamente, bebericando o meu vinho e observando a paisagem a minha frente. Como o apartamento ficava na cobertura, ele proporcionava uma boa vista de Nova York, principalmente do Central Park, que ficava a poucos metros. As luzes e o movimento da cidade me fascinaram por um momento, e eu recordei-me da madrugada que meu ex-noivo levou-me pela madrugada para andar sem destino pelas ruas da cidade. Estávamos no começo do relacionamento, onde tudo era novo e muito divertido. Lembro-me de sentir-me extremamente bem com aquela aventura, pena que o sentimento não fora o suficiente.

Vi-me perdida em meu próprio devaneio, até sentir que tinha alguém perto de mim. Olhei para o lado, encontrando Rosalie. Ela mantinha seus olhos na paisagem a nossa frente, o vento fazendo o trabalho de manter os seus cabelos para longe de seu rosto.

— Eu encontrei com Jacob semana passada. — Começou Rosalie, ainda sem olhar para mim.

— Como ele está? — Questionei casualmente, mantendo meus olhos à frente também.

— Bem. Parece que uma parte das filmagens do novo filme dele serão rodadas em Rochester.

— Bom. Jacob sempre foi um ator talentoso. — Sorri de lado.

E realmente era. Jacob e eu tínhamos nos conhecido em uma after party do filme estrelado pela minha mãe em que ele era um dos atores coadjuvantes. Naquela época tínhamos apenas vinte e três anos e ele já estava sendo muito elogiado pela crítica — e pela minha mãe. Inclusive, tinha sido Renné a nos apresentar e servir de ‘’cúpido’’. Ela tinha ficado muito triste com a notícia do nosso rompimento, mas eu nada pude fazer. Jacob merecia viver um grande amor, e esse com certeza não seria eu.

— Ele me perguntou por você, também. — Colocou rapidamente.

Olhei para minha prima, que já me fitava, pedindo-a com o olhar para que não começássemos com aquilo. Digamos que Renné não era a única que gostava de Jacob. Rose também era uma grande fã — tanto do seu trabalho como da pessoa — e nos achava o casal perfeito.

Bem, Rosalie achava muitos casais perfeitos.

— Rose, não vamos por esse caminho. — Verbalizei meu olhar.

Ela soltou um bufo, olhando-me de forma indignada.

— Eu realmente não entendo, Bella. Você tinha Jacob, que era esse cara maravilhoso e que te dedicou o Globo de Ouro dois anos atrás com um discurso maravilhoso, então termina com ele praticamente as vésperas do casamento...

— Não tínhamos uma data.

—... Com a justificativa que não estava pronta para aquele passo? — Ignorou minha colocação, continuando com o seu discurso. — Qual é, Bella, vocês moraram juntos por três anos! Eram praticamente casados.

— Rose, as coisas não são tão fáceis como você imagina. Não é porque com você e Emmett foram que será com todo mundo também. Eu só... — Suspirei, fitando minhas mãos. — Não conseguia me ver em um vestido branco prestes a me casar com Jacob. Pensar nisso me aterrorizava, por que... Não é com o Jacob que eu quero viver o resto da minha vida.

Meu coração apertou em meu peito, enviando o nome e as imagens para o meu cérebro da pessoa que eu queria viver o resto da minha. Eu sabia que era algo impossível, por isso só ansiava que eu pudesse sentir pelo menos uma faísca daquele sentimento que eu senti há tanto tempo. Como algo de verão conseguiu ser tão intenso?

Rosalie suspirou. Eu subi o meu olhar para o seu, vendo compreensão e um que de pena nos olhos azuis.

— Bella, o seu relacionamento com o garoto britânico foi há dez anos. Se você ficar se prendendo a isso, nunca vai ser feliz em nenhum relacionamento — falou com a voz muito tranquila.

— Eu sei, Rose. Ninguém mais do que eu sabe disso, mas... — Engoli em seco, sentindo os meus olhos arderem. — Eu só queria viver aquilo outra vez, entende? Às vezes eu sinto que foi apenas um sonho bom. Maravilhosamente bom.

Minha prima sorriu para mim, puxando-me para um abraço. Deixei que ela me apertasse em seus braços, sentindo que eu precisava do carinho.

— Dê mais uma chance a você e Jake, Bells. Ele ama você. — Sussurrou em meu ouvido.

Mas eu não o amo. Não da forma que é esperado.

Verão de 2007

Mais um verão tinha chegado ao hemisfério norte. Eu tinha arrumado minhas malas, prontas para ir curtir a praia em Rhode Island, lugar em que ficava a casa de praia dos meus pais. Eu estava animada em ter que deixar meus estudos em Yale um pouco de lado para ter um momento de qualidade para mim. Universidade pode ser um lugar bastante exaustivo.

— Quem é que vai arrasar no verão de 2007 em Rhode Island? — Rosalie entrou em meu quarto, questionando-me.

Olhei para minha prima dos pés a cabeça, percebendo que ela trajava um vestido de verão, saltos altíssimos e um enorme chapéu em sua cabeça.

— Com certeza não é você. — Tirei sarro de seu exagero.

Rose fez uma careta, lançando uma das almofadas espalhadas pelo meu quarto em meu rosto. Eu ri, pegando o objeto fofo e o jogando na cama.

— Você é uma péssima prima, Isabella. Deveria está me ajudando a recuperar-me desse namoro fracassado. — Fez bico, jogando-se no futon que ficava aos pés da cama.

Sentei-me ao lado dela, abraçando-a pelos ombros. Rose se aconchegou a mim, ainda com o bico em seus lábios.

— Rose, você sabia que o Clark era um fracasso muito antes de começar a namorá-lo.

Ela me empurrou para o lado, fazendo-me rir outra vez.

— Eu ainda tinha esperanças, tá legal? — Cruzou os braços, empinando o nariz.

— Claro. — Revirei os olhos.

— Eu sabia que ele não era o amor da minha vida. Mas porque ele me daria o fora? Qual é — apontou para si mesma — Eu sou maravilhosa! Não deveria ser chutada nunca!

— Você é maravilhosa, Rose. E deveria ficar feliz em ter se livrado do maluco. — Arqueei uma sobrancelha.

Caminhei até minha penteadeira para poder passar um dos inúmeros batons que tinha ali em meus lábios. Peguei um brilho labial, tirando a tampa e passando a bolinha pelos meus lábios.

— Tem razão. — Rose disse por fim. Através do espelho, vi que ela tinha se jogado em minha cama. — Mas eu ainda quero encontrar o cara, sabe? Aquele que meu coração vai reconhecer muito antes da minha consciência. Que vai fazer as famosas borboletas assaltarem o meu estômago, que me fará perder a noção do tempo. Aquele que vai me amar pelo o que eu sou, e que vai me apoiar em minha carreira, porque eu só caso depois que eu estiver linda, formada e com emprego. — Divagou em voz alta.

Eu sorri para ela, balançando minha cabeça ao colocar a tampa de volta no gloss.

— Eu só tenho cabeça para os meus estudos. Não sei como você consegue embarcar nisso — falei para ela, passando meus lábios um no outro e colocando o gloss de volta no lugar.

Rose escorou-se em um braço, olhando-me para mim com um sorriso malicioso.

— Isso é porque você nunca se apaixonou para valer, Isabella. Quando acontecer, você vai entender o que eu estou dizendo.

***

Chegamos ao pequeno estado por volta das dez da manhã. Assim como Rose, mamãe tinha um grande chapéu em sua cabeça, acompanhado de óculos escuros. Tínhamos vindo para casa de praia apenas nós três e papai. Meus tios — os pais de Rose — preferiram ir esquiar nos Alpes Suíços juntamente com Riley. Eles não eram pessoas de sol, diferente de nós, que gostávamos de curtir o máximo os dias ensolarados que os verões nos ofereciam.

— Meu Deus, Renné. Acho que você trouxe a metade da casa nessa mala. — Resmungou papai, tirando uma cadeira de praia do porta-malas.

— Eu trouxe apenas o essencial, Charlie. Não resmungue — falou, tirando os óculos de sol e olhando ao redor. — Eu adoro o verão! — Anunciou sorrindo. — Rose, querida, venha ver as reformas que eu fiz. — Chamou.

Elas duas entraram, deixando papai e eu para trás com as malas. Entreolhamo-nos com olhares semelhantes de tédio e acabamos por rir.

— Às vezes eu acho que Rosalie deve ser a filha perdida de Renné. — Comentou, puxando duas malas e as passando para mim.

— Oh, eu provavelmente só sou filha dela porque sou sua filha, e isso não pode ser negado. — Pisquei um olho para ele, fazendo-o rir outra vez.

— Você tem um ponto. — Beijou minha testa. — Agora eu vou levar essas cadeiras de praia para dentro. — Fez careta ao fitá-las. — Eu realmente não entendo porque sua mãe as trouxe. Temos praticamente tudo nesta casa desnecessariamente grande... — Divagou consigo mesmo, entrando com as duas cadeiras de praia.

Tirei o resto das malas do porta-malas, colocando-as sobre o asfalto para que Charlie e eu a levássemos para dentro. Fechei a mala no mesmo momento em que uma Mercedes preta estacionou na casa ao lado. Curiosa, foquei meu olhar na direção do carro. Há tempos a casa ao lado não era alugada/vendida, então queria saber quem era os novatos por aqui.

As quatro portas do veículo foram abertas. Do lado do motorista desceu um homem de meia-idade com impecáveis cabelos loiros, roupas tipicamente de veraneio e com óculos escuros. Do carona, uma esbelta senhora de cabelos ruivos que ganhavam mais destaques pela luz solar saiu, trajando um longo vestido estampado e um chapéu quase do mesmo tamanho dos que minha mãe e prima usavam. Das portas traseiras desceram dois rapazes: um era da altura do homem mais velho, e ambos possuíam o mesmo tom de cabelo, só que o dele era cacheado, enquanto o outro era liso e penteado para trás. Seu corpo era esguio e os seus olhos estavam escondidos por óculos escuros.

O último ocupante do carro realmente me tirou o fôlego. Ele parecia uma versão ruiva de James Dean, com um palito de dente entre os lábios avermelhados e repuxados em um sorriso torto. Seu porte físico era semelhante ao do loiro de cabelos cacheados, só que ele parecia ser um pouco mais baixo. Seu maxilar era quadrado e os seus cabelos eram uma profunda confusão, enquanto seus olhos eram encobertos por óculos escuros.

Eles caminharam para o interior da casa, sem carregar nenhuma mala no momento. Eles provavelmente eram uma família, dado os traços semelhantes e a forma que seguiram: os dois ocupantes dos bancos da frente seguiram juntos, enquanto os mais jovens seguiram logo atrás, falando algo entre si enquanto olhavam ao redor.

Eu só percebi efetivamente que estava os fitando como uma maluca que nunca viu gente na vida, quando o cara ruivo olhou para o meu lado, notando-me ali. Ele sorriu amplamente, acenando rapidamente.

Corando até o último fio de cabelo do meu corpo, eu baixei a cabeça, pegando duas das cinco malas de rodinhas e as puxando para dentro, evitando qualquer contato visual. Quando finalmente cheguei ao interior da residência, respirei fundo, notando o quanto eu precisava daquilo. Há quanto tempo eu estive prendendo a respiração mesmo?

— Bella? — Escutei a voz de Rose me chamar de algum cômodo. Ela apareceu uns segundos depois, usando apenas o vestido, tendo se livrado o resto dos adereços que lhe cobria. — Você está vermelha. Acho que passou muito tempo do lado de fora, pequena lagosta. — Brincou, rindo em seguida.

Eu forcei uma risada, não querendo revelar o verdadeiro motivo da minha pele vermelha.

— Deve ter sido. — Pigarreei. — Agora ande, ajude-me a carregar as malas.

Ela fez bico, mas logo foi fazer o que lhe foi pedido. Eu respirei fundo, fitando a casa vizinha por uma das enormes vidraças, vendo nenhuma movimentação no primeiro cômodo, e dividida entre amaldiçoar e agradecer por aquilo.

Verão de 2017

Era fim da tarde de sábado quando eu resolvi correr no Central Park juntamente com Alice, minha amiga. Tínhamos nos conhecido durante as sessões que ela fazia comigo, quando eu era sua psicóloga há um ano. Eu não era de criar intimidade com os meus pacientes, mas Alice era um pequeno furacão com esse montante de problemas para resolver. Ela não era uma pessoa de ter amigos, e isso se dava ao fato de que a pessoa que ela considerava como melhor amiga a magoou, deixando-a de lado por status e para ficar com o cara que ela era apaixonada. Isso tudo tinha acontecido em seu primeiro ano na faculdade, mas não fora o seu primeiro problema. Ela também tinha pesadelos constantes depois da morte do seu pai em um incêndio em que ela também estivera quando tinha apenas dezesseis anos, mas que conseguiu sair viva. Hoje, Alice contava com vinte e três anos e demorara o bastante para perceber que precisava de uma ajuda profissional. Quer dizer, ela teve ajuda profissional logo após a morte do seu pai, mas, como tinha me contado, não tinha surtido muito efeito. Eu fora sua segunda psicóloga, sugerida por sua mãe, ao perceber a piora após o rompimento de um namoro de dois anos — Alice realmente gostava do rapaz.

Após começar a frequentar o meu consultório, ela conseguiu algum avanço, deixando a garota alegre que sempre morou em si aflorar-se outra vez. Disso também nasceu a nossa amizade, o que me levou a encaminhá-la para um psicólogo amigo meu, afinal, não era ético um psicólogo ter laços com os seus pacientes.

— Eu adorei Rosalie! — Contava com empolgação, relembrando a noite anterior em que eu a levei para conhecer Rose. — Ela é realmente muito legal e entende tanto sobre carros! Se eu sei onde fica o motor já é muita coisa. — Riu alto.

Eu sorri de lado.

— Ela é genial. — E Rose era. Nunca vi ninguém mandar tão bem com carros como ela.

— E Melissa? Oh, meu Deus, eu fiquei com vontade de ter um bebê só em olhar aquela coisa fofa. As bochechas dela são uma delícia! — Apertou as próprias bochechas, a fim de provar um ponto.

— Ok. Acho que já está faltando oxigenação em seu cérebro. — Brinquei, puxando-a para sentar em um dos bancos.

Ela deu língua para mim, sorrindo de forma travessa logo após.

— Estou um pouco decepcionada por não ter paparazzi te seguindo, nem gente querendo foto. Você é filha de Renné Swan! — Dramatizou como se aquilo fosse uma grande coisa (o que na verdade era).

Revirei os olhos.

— Justamente, Alice. A famosa é ela. E minha vida não é interessante ao ponto de eles quererem saber dela.

E aquilo era verdade. Minha vida tinha mais exposição quando eu estava com Jacob, já que ele era um ator também, mas desde que nós nos separamos eu fui deixada de lado, o que eu agradeci, pois eu não tinha nascido para esse mundo.

— Realmente, você pode ser um pouco sem graça, Bella. — Brincou, rindo em seguida.

Eu a empurrei com o ombro, mas não estava chateada. Gostava de ver Alice alegre e falante. Foi um longo caminho até estarmos aqui.

— SIM! — Gritou de repente, chamando não só a minha atenção, como de algumas pessoas por perto. Alice ignorou. — Jazzy vai ter a exposição de suas fotos na galeria de um amigo na segunda! E ele me pediu para te chamar, porque quer muito conhecer a minha melhor amiga!

Franzi o cenho.

— Jazzy?

Ela olhou com cara de taxo para mim.

— O cara loiro, Bella. Britânico. Eu te falei sobre ele. Tivemos três encontros. Estamos nos dando super bem. — Suspirou com o olhar apaixonado.

Arqueei as sobrancelhas, lembrando-me do fato. Alice tinha me dito que conhecera um rapaz pelos corredores da universidade em que estudava. Ela estava terminando sua especialização em Artes Plásticas, carregando uma de suas telas por aí quando acabou trombando com o rapaz novo. Alice disse que a energia boa que emanava dele a fez ceder ao convite para um encontro.

Cutuquei suas costelas, sorrindo de lado.

— Parece que tem alguém apaixonada aqui, hein.

Ela sorriu timidamente, esquivando-se de mim.

— Eu não estou apaixonada. — Negou, mas eu não senti muita confiança em suas palavras.

— Querida, não tem problema em está apaixonada, em interagir com as pessoas. Lembra-se que eu já te disse isso? — Perguntei a ela com a voz calma. Alice assentiu ainda encolhida na sua. — Não tenha medo de sentir isso, Alice. Nem todo mundo será um cretino com você.

Ela suspirou, assentindo e finalmente levantando a cabeça com um sorriso em seu rosto.

— Então, você vem? É muito importante para mim. — Juntou as mãos, fazendo uma cara fofinha.

Sorri para a pequena mulher.

— Claro que eu vou, querida. Pode contar comigo.

— Yas! — Comemorou, pegando-me de supetão em um abraço. — Eu vou te buscar na segunda.

Assenti, apreciando a ideia.

— Agora eu preciso ir — disse com tom de desculpa, olhando o horário em seu pulso. — Marquei com mamãe de ir ao supermercado, e se eu não for ela surta.

— Tudo bem, Alice. Nos vemos na segunda?

— Nos vemos na segunda. — Confirmou.

Alice se despediu de mim com um beijo na bochecha e se foi. Eu ainda permaneci alguns minutos no banco do Central Park, apenas observando o movimento do fim de semana. Muitas famílias estavam ali, aproveitando a área verde da Grande Maçã como um dos passeios para o verão. Tinha casais de namorados também, dividindo pipoca, algodão-doce, sorrisos e palavras. Havia pessoas fazendo esportes e outras que, assim como eu no momento, estavam apenas matando o tempo de fim de tarde.

Meus olhos acabaram por se prender em uma pequena tendinha de flores, em que uma senhorinha estava sentada, parecendo perdida em seus próprios pensamentos. Entretanto, o que prendeu a atenção foi uma das flores ali presente: Hortência azul, a minha favorita há dez anos.

Verão de 2007

Eu estava sentada na varanda da casa, que dava para o quintal e um pouco mais a frente estava o mar, proporcionando uma vista incrível. Porém, meus olhos não estavam focados nela, e sim no quintal ao lado. Os vizinhos estavam fazendo um churrasco.

Faz dois dias que estava aqui, dois dias desde que o cara ruivo acenou e sorriu para mim — e que eu corri para casa logo depois, como uma adolescente de quinze anos. Não tivemos mais nenhum tipo de contato depois disso — se é que o que tivemos no primeiro dia pode se chamar de contato —, mas sempre que eu tinha a oportunidade eu estava olhando para ele, como uma maldita mariposa atraída pela luz.

O problema é que o garoto ruivo era muito atraente e espontâneo. Era diferente dos garotos que eu tinha conhecido. Eu o via rindo, mexendo com o garoto loiro, beijando a testa da mulher ruiva e olhando atentamente para o homem mais velho. Eu gostaria muito de nomeá-los, mas a única coisa que eu tinha escutado era palavras desconexas vindo deles. O sotaque era diferente, lembrava-me o britânico, então eu supus que eles deveriam ser da Inglaterra.

No momento, o cara ruivo estava com uma arminha de água, aproximando-se sorrateiramente do loiro mais novo, que parecia distraído com o livro que lia. Assim que o ruivo se posicionou atrás dele, espirrou-lhe água, fazendo-o se assustar.

— EDWARD! — Gritou o garoto loiro e logo eles estavam correndo um atrás do outro.

Edward.

Edward.

Edward.

O nome dançou em minha cabeça como se fosse a minha mais nova canção favorita. Eu sorri, involuntariamente, vendo-os se divertirem pelo quintal como se fossem duas crianças. Agora o cara ruivo tinha nome: Edward. Era um nome antigo, mas tinha certa classe. Eu tinha gostado.

— Edward. — Deixei o nome escapar pelos meus lábios, sorrindo logo em seguida.

— Sabe, você deveria ir lá falar com ele. — A voz de Rose surgiu no ambiente.

Olhei assustada para trás, encontrando minha prima escorada na soleira da entrada. Ela tinha um sorriso gentil no rosto.

— Falar com quem? — Desconversei, afastando-me do parapeito e indo para perto da pequena mesinha de chá.

— Oras, Bella, não me faça de boba. Eu percebo que você está com os olhos nesse cara sempre que ele aparece.

— Não estou não. — Neguei, passando por ela pela entrada.

Minha prima, como a perfeita pentelha que era, me seguiu para atormentar-me mais.

— Está sim e nem adianta negar!

Lancei-lhe o dedo médio, jogando-me em um dos sofás da sala de estar do andar superior. Rose sentou-se aos pés no tapete felpudo.

— Rose para de me amolar. — Pedi, enfiando meu rosto em uma das almofadas.

— Qual é, Bella. O cara é um super gato! Se eu fosse você, já tinha ido falar com ele. — Cutucou minha coxa, e eu a afastei com o meu pé. — Vamos lá, Bellinha, vamos dizer um oi para os vizinhos.

Tirei meu rosto da almofada, olhando-a de forma mortal.

— Não me chama de Bellinha. É ridículo. — Resmunguei.

— Ridícula é essa sua cara azeda e medrosa.

Bufei, cruzando os braços. Rose pareceu se dá por vencida, levantando-se e colocando as mãos para trás.

— Como você sabe, tia Renné fará a tradicional festa de quatro de julho aqui hoje. E, bem, ela está curiosa sobre os novos vizinhos.

Semicerrei os olhos para ela.

— O que você quer dizer com isso, Rosalie Lilian?

Ela sorriu diabolicamente.

— Seu ruivo estará aqui no final da tarde, Bella. Prepare-se.

***

Eu não estou surtando.

Eu não estou surtando.

Eu não estou surtando.

Droga, a quem eu estou querendo enganar? Eu estava uma pilha de nervos! Porque um cara, que eu nunca falei na minha maldita vida, estava me afetando tanto? Nem o babaca do Mike Newton, minha primeira paixãozinha, me afetou tanto como ele! E tudo o que eu sabia era o que? Um nome e características físicas? E se ele fosse o maior babaca de todos os tempos? Eu ainda ficaria o observando como uma maldita louca?

— Grande porcaria. — Resmunguei, alisando meu vestido pela centésima vez.

Rosalie tinha me empurrado um dos meus vestidos floridos com um dos seus saltos plataforma, falando que a aquela combinação seria perfeita para um ‘’evento de verão’’. Eu tinha prendido meus cabelos em uma trança lateral. Não posso dizer que tinha ficado feia, na verdade, tinha ficado bom.

— Bellaaaaaa. — Cantarolou, arrastando a letra ‘’a’’ no final.

Estalando os dedos de forma freneticamente, fiquei de frente para minha prima. Ela trajava um vestido branco com detalhes em azul e vermelho, no melhor estilo patriota.

Rose olhou-me de cima abaixo, sorrindo ao terminar sua análise.

— Está uma perfeita bonequinha. — Aproximou-se de mim, passando um dos braços pelos meus ombros. — E para de estalar esses dedos. — Reclamou, batendo em minhas mãos.

— Estou tentando dissipar a tensão. — Resmunguei.

Ela sorriu para mim.

— Apenas relaxe e aproveite, Bells.

***

A festa de mamãe já estava lotada. Muita gente do mundo do cinema — atores, diretores, produtores, roteiristas — mais próximos da minha mãe circulavam por ali, bebendo champanhe e degustando de canapés, conversando uns com os outros ao som de um jazz suave. Mamãe também estava entre eles, com um vestido estampado com a bandeira dos EUA e uma echarpe lhe envolvendo o pescoço. Papai estava ao seu lado, cumprimentando todos com simpatia, mas eu sabia que tudo o que ele queria nesse momento era ficar recluso em algum canto, tomando o seu precioso whisky.

Diferente do furacão que era minha mãe, meu pai tinha uma personalidade mais calma e um pouco anti-social. Digamos que eu tinha puxado isso dele também, pois, depois de cumprimentar alguns rostos conhecidos, sentei-me o mais distante de todos com uma taça de champanhe na mão. Rosalie, sendo a filha postiça de Renné, circulava por todos com um grande sorriso brilhante em seu rosto. Aposto que ela estava atrás de algum famoso para faturar esta noite. Eu só queria poder ficar quieta, apreciar o champanhe e admirar por toda noite certo convidado que ainda não tinha chegado. Perguntei-me se ele viria mesmo, ou Rosalie apenas inventou uma desculpa para fazer com que eu não fugisse da festa.

Quando o estilo musical trocou para o pop, fazendo alguns convidados dançarem de forma mais agitada, a campainha foi tocada. Renné surgiu entre os convidados, praticamente dançando até a porta. Acho que ela ainda estava com a energia de Lucy, sua personagem do último musical que fez.

— Oh, finalmente vocês chegaram! Eu pensei que não viriam mais. — Escutei-a falar sobre a música.

— Desculpe-me pelo atraso, Renné. Aconteceu um pequeno imprevisto, mas já foi resolvido. — Uma voz suave retrucou. Eu não a tinha identificado.

Curiosa, estiquei meu pescoço, querendo saber quem tinha chegado. Assim que meus olhos se depararam com os vizinhos da casa ao lado, se arregalaram de uma forma que eles poderiam muito bem saltar e saírem andando por aí.

Nervosa, larguei a taça no chão e me enfiei entre as pessoas, antes que algum deles me visse. Fui à busca de Rosalie, e não a encontrando em lugar nenhum da enorme sala de estar, corri para fora, encontrando-a num papo muito bom com uma das novas revelações de Hollywood.

— Rose! — Chamei por ela.

Ambos olharam em minha direção. O rapaz sorriu para mim, enquanto minha prima quase me fulminou com o olhar.

— Isabella Swan! Pensei que não a veria na festa — falou, levantando-se e vindo em minha direção.

Rose seguiu logo atrás, mandando-me olhares inquisitivos.

— Oh, hey, James. — Cumprimentei.

Ele deu dois beijos em meu rosto, como típico francês que era. Ele tinha trabalhado no último filme com mamãe e eu acabei por conhecê-lo em uma das minhas idas no set de filmagens. Ele tinha se interessado por mim, mas eu não estava a fim de namorar uma estrela de cinema em ascensão. A imprensa pode ser louca com isso e eu já tinha o suficiente de atenção indesejada.

— Tudo bem, Bella? — Minha prima finalmente falou.

— Preciso falar com você rapidinho. — Sorri amarelo.

Rosalie olhou para James, sorrindo de forma cintilante.

— O que acha de pegar um champanhe para nós?

— Claro. — Ele deu de ombros. — Aceita uma taça, Bella?

Eu neguei rapidamente, sentindo que nada desceria para o meu estômago no momento. Assim que ficamos a sós, puxei Rose para perto dos arbustos que tinha na área da piscina.

— O que aconteceu, Bella? — Sua voz soava ansiosa agora.

— Ele está aqui. — Sussurrei como se fosse um grande segredo.

— Hein?

Bati em sua testa. Minha prima resmungou alguma coisa que eu não compreendi, mas não me prendi a isso.

— O cara da casa ao lado, Rose. Ele chegou.

Ela sorriu de forma grande, deixando-me um pouco assustada.

— E tá esperando o que? Vamos fazer você falar com ele! — Pegou em minha mão, arrastando-me para o interior da casa.

— Não, Rose. — Fiz força para ela parar e ela se virou para trás, olhando-me confusa. — Eu não sei o que fazer, o que falar. Eu sou péssima nisso.

— Na hora do aperto a gente solta alguma coisa. Vamos! — Voltou a me puxar.

— E James? — Parei o movimento outra vez.

Ela bufou, olhando-me exasperada.

— Foda-se o James. Ele só estava perguntando sobre você mesmo. Acho que temos mais um para o fã-clube. — Sorriu maliciosamente. — Já dá para ser atriz.

— Morra, Rose. — Resmunguei.

Ela gargalhou alto, chamando a atenção de algumas pessoas, mas não se importou com isso. Finalmente chegamos à sala de estar, parando perto de um dos vasos de plantas de Renné. Ficamos observando o movimento, até encontrar os vizinhos em uma pequena roda, conversando e sorrindo com taças de champanhe em mãos.

— Ele é realmente uma coisa boa para se olhar. — Aprovou Rose. — E o irmão dele não é nada mal.

Olhei confusa para ela.

— Como sabe que é irmão?

— Tia Renné me contou. Os mais velhos são Carlisle e Esme Cullen, pais dos dois garotos que se chamam Edward e Jasper. Eles são de Londres e vieram passar as férias de verão aqui. — Explicou com uma pose de sabichona. — Acho que é a primeira vez que curtem um feriado estadunidense. — Riu, tomando de vez o champanhe na taça que carregava.

— Oh, um garoto da terra da Rainha. — Assim como eu esperara. — Isso parece interessante... — Sussurrei, perdendo-me em meus pensamentos.

Imaginei-me caminhando pelas ruas de Londres, visitando os pontos turísticos, tirando fotos, acompanhada de um belo rapaz de cabelos cor de cobre... Antes que a imaginação fosse além disso, eu despertei para a realidade, sentindo um cutucão no meu ombro.

— Ai. — Resmunguei, olhando de forma irritada para Rose. Eu estava ao lado dela, precisava daquilo?

Abri a boca para reclamar, mas o olhar fixo dela me chamou a atenção. O segui, vendo uma figura sorridente se aproximar de nós.

— Parece que não vamos precisar fazer muito esforço. — Murmurou minha prima, soltando uma risadinha maldosa.

— Rose... — Balbuciei, mas era tarde. Ela tinha sumido feito um fantasma.

— Hey! — A voz masculina agradável chegou aos meus ouvidos.

Oh, até a voz dele parecia maravilhosa. Maldição!

Lentamente, virei meu rosto em sua direção. Ele estava a poucos passos de mim, ainda sustentando o sorriso no rosto e tinha as duas mãos em seus bolsos. Oh, eu estava vendo a cor dos seus olhos (finalmente). Eles eram de um tom de verde claro. Eram alegres e vibrantes. Eram maravilhosos.

— Olá. Seja bem-vindo. — Sorri mecanicamente, nervosa demais.

Seja bem-vindo? Sério, Isabella? Imaginei Rose chutando minha bunda neste exato momento e eu não poderia me opor.

— Oh, obrigado. — Agradeceu, seu sotaque britânico se evidenciando nas palavras.

Oh, acho que eu poderia morrer agora mesmo...

— Você não parece ser daqui. — Falei, em um impulso, disposta a continuar a conversa (mesmo que essa seja a missão mais arriscada a minha vida). Tudo bem que eu sabia que ele não era, mas ele não sabia que eu sabia, sim?

Respirando fundo mentalmente.

— E não sou. — Riu, balançando a cabeça. — Sou de Londres. Estou apenas passando as férias de verão neste pequeno estado.

— Isso parece bom. Também não sou de Rhode Island. — Dei de ombros.

— Sim. Você é uma garota de Nova York. — Piscou um olho para mim.

Olhei espantada para ele. Como sabia?

— Como sabe?

— Bem, sua mãe é famosa. Eu realmente aprecio os trabalhos dela, então com um pouco de pesquisa não é difícil descobrir de onde ela é. Então descobrir de onde a filha dela é fica bem mais fácil. — Deu de ombros como se tudo fosse muito simples.

— Então, você já me viu por aí? — Perguntei de forma descontraída, sorrindo de lado.

— Em algumas fotos. — Sorriu. — Incrível como você parece mais bonita pessoalmente.

Senti minhas bochechas ficarem vermelhas com uma rapidez incrível, e eu acabei por pigarrear, tentando dissipar o constrangimento.

— Champanhe? Água? Café? — Sugeri, mudando de assunto e voltando a estalar meus dedos.

— Acho que um pouco de água pode ser bom.

A palavra água saindo dos seus lábios parecia a coisa mais sensual e proibida que eu tinha escutado na vida.

Um pouco atordoada, encontrei água para nós dois na cozinha. Em silêncio, bebemos o líquido, perdidos nos nossos próprios pensamentos. Eu, por exemplo, pensei de quantas formas poderia morrer apenas bebendo água.

Em uma sincronia estranha, colocamos os copos vazios sobre o balcão. Em seguida, subimos o olhar um para o outro e sorrimos de forma espontânea. E então, veio a seguinte coisa:

— Qual a fórmula química da água benta?

Que?

— O que? — Questionei confusa com a pergunta inesperada.

— Qual a fórmula química da água benta? — Repetiu a pergunta, coçando a testa de forma distraída.

Franzi o cenho, sem saber o que responder.

— Eu não... Sei? — A resposta saiu em um completo tom de pergunta.

— H Deus O. Entendeu? — Perguntou com expectativa.

Parei por alguns segundos, tentando entender o que fora aquilo. Quando finalmente entendi que era uma piada, acabei por rir. Edward parecia envergonhado, levando uma das mãos para trás do pescoço.

— Acho que devo ouvir mais quando o meu irmão diz que minhas piadas são horríveis.

Eu ri mais um pouco.

— Acho que tenho que concordar com seu irmão, Edward.

Edward fez um falso bico, voltando a sorrir para mim e olhar-me com divertimento.

— Como sabe que me chamo Edward?

Minha risada morreu na hora. Opa...

— Hm... Você disse? — E lá estava eu estalando os dedos da mão novamente.

Mania estúpida!

— Não me lembro de ter dito. — Colocou as mãos nas costas, parecendo está gostando do meu embaraço.

— Então acho que devo ter ouvido por aí. — Sorri sem graça.

Edward sorriu ainda mais, parecendo conhecer algo que eu desconhecia.

— Depois dessa piada fatal, que tal nos apresentar de maneira formal? — Sugeriu.

Sorri verdadeiramente, aprovando a ideia.

— Isabella Swan. — Estendi a mão.

— Edward Cullen. — Ele apertou a mão estendida, beijando as costas de maneira delicada. — Eu sou um verdadeiro charme inglês. — Se gabou, piscando um olho. Foi impossível não rir daquilo. — Oh, agora eu arranquei uma risada sincera. Mereço um prêmio.

— Talvez. — Arqueei uma sobrancelha.

Ele me ofereceu o braço.

— Um passeio com a bela dama?

Eu peguei em seu braço, sentindo minhas bochechas doerem do sorriso que insistia em não deixar o meu rosto. Acho que ninguém nunca tinha me feito sorrir tanto como aquele excêntrico rapaz inglês. Aos poucos, eu ficava cada vez mais relaxada em sua presença.

— Você saiu de algum livro de Jane Austen ou algo assim? — Indaguei enquanto serpenteávamos entre as pessoas, em direção a área externa.

— Acho que o Mr. Darcy é sério demais para a minha personalidade. — Deu de ombros. — Mas, — puxou alguma coisa ao seu lado, oferecendo para mim segundos depois. Era uma hortência azul de um dos arranjos encomendados por mamãe. Aquelas eram suas flores favoritas — eu tenho o meu próprio charme.

— Interessante sua falta de modéstia, nobre cavalheiro. — Peguei a flor de suas mãos, levando-a ao meu nariz para cheirá-la.

— Apenas reconhecendo minhas qualidades, cara dama. — Arqueou uma sobrancelha.

Eu sorri balançando a cabeça.

— Então, você é um grande fã de Jane Austen?

Ele deu de ombros.

— Apenas um admirador de bons trabalhos. E você?

— Acho que li todos os livros dela no ensino médio. — Confidenciei.

Acabamos por rir mais uma vez, divertindo-nos com o nosso diálogo brega e divertido. Era incrível como ele tinha me feito ficar confortável em sua presença apenas com poucas palavras. Isso era algo que nunca acontecera comigo, alertando-me que Edward seria especial desde o início.

Verão de 2017

Era segunda-feira de noite, dia da exposição do futuro namorado de Alice. Sim, eu sabia que eles iriam por aquele caminho. Eu terminava minha maquiagem — já completamente vestida — quando a campainha do apartamento tocou. Como eu não tinha recebido nenhuma ligação da portaria, só poderia ser Alice, já que — como a minha família — ela poderia subir direto.

Terminei de passar o batom e peguei minha bolsa em cima da cama, dando uma rápida checada em minha aparência. Vestido na altura dos joelhos, saltos pretos, cabelos soltos e ondulados e leve maquiagem no rosto totalmente ok. Desligando as luzes no caminho, andei até a porta. Ao abri-la, encontrei minha amiga dentro de um bonito vestido rodado na cor verde e em cima de saltos dourados. Ela parecia mais adorável ainda com os cabelos curtos cheios de cachos.

— Você está linda! — Dissemos juntas e acabamos por rir.

— Estou mesmo? — Minha amiga perguntou, olhando para a roupa em seu corpo. — Mamãe diz que eu pareço uma boneca de porcelana, mas não estou muito segura.

— Alice, você é linda e está linda. — Garanti para ela, sorrindo de forma carinhosa.

Alice abraçou-me pelos ombros de forma apertada e eu passei os braços pela sua cintura de forma acolhedora.

— Obrigada por ser essa amiga maravilhosa, Bells.

— Não precisa me agradecer, pequena garota. Eu apenas estarei aqui para o que precisar.

Ela se soltou de mim, sorrindo logo em seguida.

— Vamos! Vamos! — Cantarolou, puxando-me para fora do prédio.

Não demorou muito para que chegássemos ao local que ocorreria a exposição. Pelas grandes janelas de vidro, já dava para perceber que algumas pessoas já circulavam por ali. Com as nossas senhas em mãos, Alice as entregou para um dos seguranças, que liberou a nossa entrada.

Assim que entramos na galeria, nossos olhos foram assaltados por maravilhosas fotografias de várias paisagens ao redor do mundo. Aproximei-me de uma, sentindo-me hipnotizada pelas imagens, vendo que a sua legenda indicava que aquela foto tinha sido tirada nas savanas africanas. O lugar era simplesmente belo, e a minha vontade de conhecê-lo um dia só aumentou mais.

Continuei a percorrer o salão, deslumbrada com as fotografias. Distraída com as imagens, só vim perceber que tinha me afastado de Alice quando um garçom parou ao meu lado, oferecendo-me champanhe, água ou vinho. Peguei uma taça de vinho, olhando para os lados, atrás da minha amiga. Fiquei de costas para a tela, a fim de ter uma visão do que estava atrás de mim, podendo enfim localizar Alice. Ela vinha acompanhada de um rapaz alto e com curtos cabelos loiros. Eles estavam um pouco distantes, mas pude perceber as mãos dadas.

À medida que ambos se aproximavam, meus olhos iam ficando cada vez menores e focados na figura ao lado de Alice. Eu sentia que o conhecia de algum lugar... Quando a distância ficou mínima, meu cérebro finalmente deu sinal de vida e eu arregalei os olhos.

Não estava acreditando no que via.

Ali estava Jasper. Jasper Cullen. O irmão dele. Mesmo com os cabelos curtos e as feições mais amadurecidas, eu o reconhecia.

Em quantas vidas eu poderia imaginar que o Jasper de Alice era o Jasper de Edward?

Edward... Será que ele estava ali? Meu coração bateu mais forte com a possibilidade. Eu ainda era a Bella apaixonada de 2007, afinal.

Jasper pareceu me reconhecer também, pois logo seus olhos se arregalaram de pura surpresa.

— Bella?

— Jasper. — O nome saiu como um sussurro perdido pelos meus lábios.

E então ele sorriu amplamente. O seu sorriso lembrou-me um pouco o do seu irmão, o que fez com que meu coração doesse em meu peito, recordando-se de como Edward tinha me feito sorrir em uma única noite.

— Nunca pensei que poderia reecontrá-la depois de tanto tempo! — Exclamou com uma alegria esquisita em suas palavras.

— Vocês se conhecem? — Perguntou Alice, olhando de mim para Jasper de forma perdida.

— Sim. Bella e eu nos conhecemos em um verão a dez anos atrás. — Deu de ombros, deixando de lado a parte que eu fora a namorada de seu irmão, fato que eu agradeci internamente. Alice não sabia da história do verão. — Onde está Rosalie? Faz tempo que eu não vejo aquele grande furacão. — Riu, provavelmente lembrando-se das loucuras da minha prima.

— Ela mora em Rochester agora. Está casada e tem uma pequena garota, Melissa. — Comentei com carinho, lembrando-me da pequena família feliz.

Jasper arqueou as sobrancelhas.

— Rose casou? — Riu. — Uau, por essa eu não esperava.

Eu acabei por acompanhá-lo na risada, pois quem conheceu a minha prima antes de ela começar a namorar Emmett também esperava que ela não fosse se amarrar nunca. Quer dizer, ela tinha todas as ideias de achar alguém que fosse perfeito para si, mas Rose era mais empenhada em se divertir naquela época.

— Sim. Ela também está mais tranquila, apesar de ter os seus momentos.

— Parece que vocês eram bem próximos — disse Alice, não querendo ser deixada de fora da conversa. Ela parecia um pouco tensa, provavelmente pensando se Jasper tinha tido um caso de verão com uma de nós duas. Alice ainda não estava totalmente curada.

— Ah, sim. Bella, Rosalie, Edward e eu fizemos um quarteto naquele verão. Pena que as obrigações da vida tenham interrompido a nossa amizade. — Sorriu saudoso, parecendo está mergulhado em lembranças.

Minha amiga deu um pequeno sorriso ao ouvir a palavra ‘’amizade’’. Eu quase disse para ela que não se preocupasse com isso, pois, do que eu tinha conhecimento sobre Jasper, ele seria um cara maravilhoso para ela e nunca a faria sofrer como sofreu.

— Suas fotografias são ótimas, Jasper. Eu te disse que você levava jeito. — Comentei, mudando de assunto e voltando a fitar as fotos.

— Você foi uma das minhas incentivadoras. — Reconheceu, parando ao meu lado junto com Alice. — Ela e meu irmão foram ótimos modelos naquele verão. — Comentou de forma distraída.

Eu sorri fracamente, sentindo a velha melancolia me abraçar. Edward e eu tínhamos a áurea dos apaixonados ao nosso redor, rendendo muitas fotos para Jasper — principalmente quando estávamos distraídos. Eu adoraria vê-la outra vez, ver a Bella jovem e contagiante ao lado do seu provável único amor.

Antes que o silêncio nos engolisse, alguém chamou por Jasper, que pediu licença a nós antes de se distanciar. Um segundo depois os olhos questionadores de Alice estavam em mim.

— Sinto que estou perdendo alguma coisa. — Sussurrou para mim. — E que essa coisa envolve o irmão de Jazz.

Suspirei, afastando-me do centro da galeria e buscando um lugar mais afastado. Alice me seguiu como eu esperava, e eu tomei o vinho em minha taça de uma vez, abandonando-a vazia em uma das bandejas que circulavam por ali. Eu sabia que não poderia fugir da conversa.

Parei assim que estava ao lado de uma das grandes janelas. Olhei para a noite que cobria toda a cidade, sentindo os olhos de Alice sobre mim, esperando que eu começasse.

— O irmão de Jasper e eu tivemos um namoro de verão, Alice. — Contei para ela, finalmente a fitando.

O choque passou pelo seu rosto.

— Você namorou o irmão do Jazz? Porque não me contou?

— Porque eu não sabia que o seu Jasper, era o Jasper que eu conhecia. — Suspirei. — Estou ainda sem palavras em descobrir isso também.

Ficamos um minuto em silêncio. Eu fitava minhas mãos, mas os olhos de Alice ainda estavam em mim.

— Você gostava mesmo dele, né? Ou melhor, ainda gosta.

Eu levantei a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu olho e rapidamente a limpando.

— Eu nunca deixei de gostar. — Sorri sem alegria, sentindo mais uma lágrima escorrer, mas dessa vez a deixei rolar. — Eu sei que deveria ter seguido em frente, mas Alice, eu nunca senti com ninguém o que senti naqueles dois meses com Edward. Foi... Indescritível.

— E porque vocês terminaram?

— Nossas vidas eram muito distintas, tínhamos outros planos. Ele cursava medicina em Londres, eu cursava psicologia em Nova York. Ainda tínhamos bons anos de graduação pela frente e não queríamos ter um relacionamento a distância. Tínhamos medo de que isso acabasse mal e perdêssemos os momentos vividos para as lembranças ruins.

— Bells — disse Alice com um tom choroso, pegando-me em um abraço.

Eu quase desmoronei nos braços da minha amiga. Era incrível que mesmo depois de dez anos as emoções ainda pareciam tão frescas em mim. Respirei fundo, contendo as lágrimas. Não queria fazer uma cena na exposição de Jasper.

— Eu não sei nem o que dizer a você, mas pode contar comigo para qualquer coisa, ok? — Eu assenti, afastando-me dela. — Eu vou pegar um pouco de álcool para a gente, o que acha?

— Acho ótimo. — Sorriu um pouco.

Eu voltei a fitar a noite de Nova York, mas não fiquei sozinha por muito tempo. Logo Jasper estava parado ao meu lado, fitando o horizonte assim como eu.

— Eu nunca pensei que te veria novamente. — Confessou com a voz baixa. — Mas fico feliz que tenha visto. Você parece bem mais bonita que antes — disse com a voz divertida.

Eu ri, arqueando uma sobrancelha para ele.

— Você também parece melhor, Cullen. Menos magricela. — Brinquei e ele riu. — E eu também estou feliz em te ver, Jazz. — Empurrei-o com o ombro.

Jasper acabou passando o braço pelos meus ombros, abraçando-me de lado.

— Você e Rose foram ótimas amigas e eu confesso que fiquei com raiva do seu trato com Edward, mas hoje eu sei que vocês só queriam se machucar o menos possível.

Machucar o menos possível... Acho que eu não pude prever o quão falso isso seria.

— Como ele está? — Perguntei ansiosa e ao mesmo tempo com medo da resposta.

E se ele estivesse mal? Casado com alguém? Com uma grande família feliz? E se ele não se lembrar mais do nosso verão? Eu não conseguiria viver sabendo que eu era a única a carregar as lembranças.

— Ele está bem. Trabalha no mesmo hospital que papai. Ele casou, também. — Deu de ombros.

Eu congelei.

— Ca-casou? — Gaguejei, sentindo meu coração apertar de uma forma ruim.

— Sim, mas só duraram três anos. Victoria realmente não era a esposa certa para Edward, não sei por que eles se casaram. — Bufou, balançando a cabeça.

Soltei a respiração que eu nem sabia que estava prendendo, sentindo-me bem mais aliviada. Poderia ser uma coisa egoísta da minha parte, mas saber que Edward estava por aí, solteiro, aquecia-me o coração. Quem sabe até...

— Ele ainda mora em Londres? — Indaguei, morrendo de vontade na verdade de saber se ele não estava em Nova York, se ele não viria para exposição.

— Sim. Eu o chamei para vir para exposição e passar alguns dias, mas ele teve alguns contratempos no trabalho — disse e eu murchei um pouco por dentro. Acho que eu nunca veria Edward outra vez. — Por enquanto, o único a morar aqui sou eu. — Apertou-me em seu braço. — Acho que agora você vai ter que me aturar por um bom tempo, ainda mais se Alice quiser me namorar. — Brincou.

Eu sorri de lado, olhando para ele.

— Você quer namorar minha amiga, hm?

— Claro. Alice é uma garota extraordinária.

— Então, eu desejo toda felicidade do mundo para vocês, pois sei que assim que você pedir, Alice dirá sim. — Confidenciei.

— É bom saber disso. — Sorriu, tirando o braço dos meus ombros.

Alice escolheu justamente aquele momento para voltar. Ela parecia nervosa sobre os seus saltos, enquanto estendia as duas taças de vinho em sua mão, uma para mim e outra para Jasper. Eu a peguei, olhando estranho para Alice, que evitava me encarar.

— Jazzy, tem...

— Jasper, seu molenga! Cadê você para recepcionar os convidados? — A voz divertida e familiar soou muito próxima.

Meu corpo inteiro se arrepiou ao reconhecer o tom inconfundível da voz dele, porém eu não tive coragem de me virar para olhá-lo.

— Edward! Eu pensei que você não estava vindo, cara — disse, soando surpreso.

— Eu dei um jeito! Você sabe que um charme inglês sempre é bom.

Fechei os olhos com força, lembrando-me exatamente do charme e de como ele sorria ao falar sobre. Era uma coisa que ele realmente se orgulhava. Tomei um grande gole do meu vinho, ainda não conseguindo me virar.

Alice tinha o sorriso em seu rosto, mas seus olhos preocupados estavam em mim.

— Você e esse charme de meia-tigela. — Riu e eu escutei sons de soquinhos e tapas nas costas. — Quero que conheça Alice. — Apresentou e pela visão periférica percebi Alice se afastar alguns passos.

— Hey, então você é a famosa Alice. — Eu quase pude ver o sorriso em seu rosto. — É bom conhecê-la.

— É bom te conhecer também, Edward. — Retrucou minha amiga com sua voz macia.

— Hm... Eu deveria conhecer a mulher de costas também? — Escutei sua voz divertida questionar. Alice e Jasper permaneceram em silêncio, mas eu podia sentir o olhar dos três em minhas costas.

Respirei fundo. Munindo-me de coragem, finalmente fiquei de frente para eles. Meus olhos foram automaticamente para Edward, vendo o garoto pelo qual me apaixonei ainda nas feições e no sorriso do homem amadurecido a minha frente. Os cabelos de cobre que eu tanto adorara estavam mais curtos, mas ele ainda parecia incrivelmente lindo.

— Acho que já nos conhecemos.

O sorriso de Edward sumiu do seu rosto, enquanto seu rosto era tomado por uma expressão desacreditada e... Esperançosa? Não sabia como as duas emoções poderiam coexistir, mas lá estavam elas buscando por espaço. Ele olhou-me de cima abaixo, provavelmente não acreditando que era eu.

— Bella? — Perguntou com o sorriso voltando a tremular em seus lábios. — É você?

Verão de 2007

Era final de tarde quando Edward, Rose, Jazz e eu decidimos ir caminhar na praia. Meu novo amigo estava munido com a sua câmera, tirando várias fotos do local, de Rose, Edward e eu. Minha prima estava adorando os cliques e fazia todo o tipo de pose para o fotógrafo, que se divertia com isso. Eu sorria para eles, gostando do pequeno grupo de amigos que tinha se formado durante o verão.

Estávamos no começo de agosto, sobravam apenas três semanas para o início das aulas. Três semanas para que Edward e eu voltássemos para nossas vidas. Eu não sabia como seguiríamos depois de o verão acabar, pois nunca paramos para falar sobre isso. Desde o dia que Edward me ofereceu uma Hortência azul, estávamos vivendo o nosso conto de fadas com dias contados, mas sem pensar sobre a última parte.

Confesso que o assunto estava perseguindo os meus pensamentos, surgindo principalmente quando eu deitava a cabeça no travesseiro para dormir. A incerteza do nosso futuro me assombrava.

Respingos de água foram jogados em minhas pernas, fazendo-me despertar dos meus devaneios. Olhei para o lado, vendo minha prima dançando na beira do mar, totalmente elétrica. Jasper tirava algumas fotos, enquanto ria.

— Dança da chuva, Rose? — Perguntou Edward com sua voz divertida. Tínhamos parado de andar para fitar Rose e suas esquisitices.

— Dança do foda-se Edward Cullen. — Retrucou sem parar a sua dança descoordenada.

Edward gargalhou alto e eu revirei os olhos. Então, um flash nos pegou de surpresa.

— Mas uma foto do casal vinte. — Comemorou.

— Jazz, eu estou começando a achar que você tem uma queda por mim e Edward. — Arqueei uma sobrancelha.

Jasper piscou os olhos rapidamente para mim, fingindo surpresa.

— Como você adivinhou que eu queria fazer um ménage à trois?

— Argh! — Exclamou Edward, jogando areia no irmão. — Eu sou seu irmão!

— Já ouviu falar de incesto, querido mano? — Remexeu as sobrancelhas.

— Você é magrelo demais para mim, Jazz. Cai fora. — Esnobou meu namorado.

— Hey! — Exclamou Jazz, ofendido.

Eu ri alto. Rose se aproximou de nós com uma careta em seu rosto.

— Que conversa furada é essa?

Edward sorriu maliciosamente.

— Jazz está carente. Dê uns beijos nele outra vez.

— Argh! — falaram em sincronia.

— Ninguém se lembrou disso na hora das bitocas, né? — Meu namorado continuou a implicar.

— Bella, eu odeio seu namorado. — Resmungou Rose, voltando a caminhar.

— Eu também te amo, furacão loiro.

Ela nem se deu ao trabalho de se virar. Apenas lançou o dedo médio para Edward, continuando a sua caminhada. Jasper logo a seguiu, e Edward e eu não ficamos para trás. Sabíamos que Rose não tinha ficado chateada. Aquela era apenas a nossa forma de carinho.

Acabamos por parar outra vez assim que chegamos às pedras, local para o qual estávamos andando. Rose subiu em umas, sentando-se ali para apreciar a vista. Jasper ligou o pequeno rádio que carregava, deixando-o em cima das pedras para poder tirar mais algumas fotos. Uma canção antiga começou a tocar e Edward me puxou pela mão, guiando-me em uma dança que se resumia em nos balançar para lá e para cá.

— O que está achando das suas férias em Rhode Island, Rainha da cidade de Nova York? — Perguntou com o característico sorriso em seu rosto.

Eu revirei os olhos, enquanto sorria, ao escutar o apelido que ele dera para mim. Edward me nomeou assim por eu conhecer tantos lugares de New York City.

— Eu estou achando maravilhosas. Eu tenho esse lindo homem ao meu lado e ele me faz feliz e sorrir o tempo inteiro.

— Oh, ele parece muito especial, sim?

— Ele é. Ele é o mais especial de todos.

Edward tocou em minha bochecha com carinho, espantando alguns fios que teimavam em chicotear em meu rosto por conta do vento.

— Eu também tenho uma garota especial, sabia? Ela tem vibrantes olhos castanhos que me lembram o conforto de um lar. — Meu coração se aqueceu com suas palavras. Era possível amar alguém em apenas um mês? Porque eu sentia com cada célula do meu corpo que eu amava Edward. — Sem falar nas bochechas dela que parecem duas maçãs vermelhas e que eu tenho vontade de morder o tempo todo. — E para provar o seu ponto, ele mordeu de leve uma das bochechas, fazendo-me rir.

Ansiando em sentir os lábios de Edward, eu puxei o seu rosto de frente para o meu, beijando-lhe os lábios com ternura. Os nossos beijos eram sempre assim: ternos e cheios de amor. Nunca tínhamos falado um ‘’eu te amo’’ um para o outro, mas era tão fácil perceber o caminho. Eu sabia que o que eu tinha com Edward era único e que provavelmente nunca aconteceria comigo de novo.

Assim que terminou o beijo, Edward e eu nos olhamos com sorrisos bobos e expressões satisfeitas.

— Eu sei que pode parecer antecipado, incerto, mas eu amo você, Edward. Eu sinto esse amor vibrando por todo o meu corpo toda vez que nos beijamos e eu não consigo mais ignorá-lo. — Confessei em um sussurro.

Edward deu um sorriso calmo para mim, beijando a ponta do meu nariz.

— Eu sei como você se sente, Bella, pois eu sinto o mesmo. Eu sinto toda vez que você aproxima, ou sorri para mim. Eu amo você, Isabella, e foda-se se isso possa parecer cedo, mas eu te amo.

Com lágrimas nos olhos, eu o abracei fortemente, tentando desesperadamente não chorar. Nós nos amávamos, estávamos construindo uma coisa tão bonita, mas com um curto prazo de validade.

— Estou com tanto medo, Edward. — Confessei, ainda com o rosto enterrado em seu peito.

— Medo de que?

— Do fim. O que vamos fazer quando o verão acabar? — Levantei o meu olhar para o seu, desesperada por uma resposta.

Edward desviou o olhar, sem saber o que responder.

— O que você acha de um relacionamento à distância? — Indagou, voltando a me olhar. Era claro o receio em seus olhos, e aposto que os meus era puro reflexo dos seus.

— Não acho que dê certo. Vamos está tão mergulhado em nossas vidas, que mesmo sem querer vamos deixar um ao outro de lado e eu não quero terminar assim, Edward. Eu quero guardar as melhores coisas sobre o nosso verão. Não quero terminar magoando você, ou me magoando.

— Você tem razão. — Assentiu. — Eu também não quero tornar as lembranças boas em ruins.

— O que vamos fazer? — Perguntei com certo desespero na voz.

Edward ficou calado por alguns minutos, provavelmente pensando em uma alternativa boa para nós.

— O que acha de um trato? — Questionou.

— Trato?

— Vamos viver intensamente esse verão, guardar todas as lembranças boas, e na hora de ir, vamos sem olhar para trás. Nada de promessas, ou juras, telefonemas, ou cartas. Apenas as nossas memórias e algumas fotos. O que você acha?

— Eu acho que é a melhor alternativa! — Concordei.

Doía todo o meu ser só em pensar em nunca mais ver Edward, mas eu não tinha muita coisa a fazer. Tudo o que me restava era curtir os nossos últimos dias juntos ao máximo, vivendo o nosso jovem amor da forma mais intensa possível.

Verão de 2017

— Da última vez que eu chequei, sim. — Brinquei, estalando meus dedos. E lá estava a minha velha mania nervosa.

Os olhos de Edward correram para o irmão.

— Ih, nem me olhe assim. Foi uma surpresa para mim também. — Expressou-se Jasper, puxando Alice pela mão. — Bom, acho que vocês devem ter muito assunto para por em dia, né? Alice e eu vamos circular por aí. — Piscou um olho para mim, distanciando-se junto de Alice.

— Eu pensei que nunca mais veria você — falou abobalhado, parando ao meu lado.

Ele estava ali. Tão perto de mim, tão perto... O seu cheiro era tão familiar, ele ainda usava o mesmo perfume. O seu sorriso, os seus olhos, o seu jeito, tudo ainda gritava o meu Edward de 2007.

— Não foi o único. — Coloquei as mãos atrás das minhas costas. — Como você está?

— Bem, bem. Estou divorciado há dois anos, então está tudo bem. — Deu de ombros.

Eu sorri, empurrando-o de lado.

— Não me leve a mal, mas Victoria e eu não éramos o par.

— Jasper me contou que você se casou e comentou algo sobre isso. — Confessei.

— Oh, então Jasper andou falando sobre mim? Sinto que estou em desvantagem aqui. — Arqueou uma sobrancelha, oferecendo um braço para mim. — Pode me contar um pouco mais sobre a dama, enquanto caminhamos pela exposição do meu irmão? Se eu não a ver, ele me mata.

Eu ri, pegando em seu braço.

— Você ainda tem essa cantada barata de estender o braço?

— Hey, não ofenda meu charme inglês! — Se fez de ofendido, mas logo sorriu. — Foi com ele que eu te conquistei. — Piscou um olho.

— Oh, eu era uma tola mesmo. — Dramatizei.

Ele riu.

— Não se martirize, minha querida. Eu realmente era um cara irresistível.

— E parece que ainda continua convencido.

— Esse é o seu ponto de vista. — Sorriu de lado.

Eu gargalhei, sentindo-me incrivelmente leve, como se toda tensão instaurada no início não tivesse existido. Edward ainda tinha esse poder de me fazer com que eu me sentisse mais leve. Era como seu eu tivesse voltado para casa.

***

A conversa entre Edward e eu tinha fluído com uma facilidade, assim como na primeira vez. Quase pareceu que os dez anos que nos separaram simplesmente não existiram, mas eles estavam ali, à medida que falávamos o que tinha acontecido em nossas vidas durante eles. Eu lhe contei que eu tinha me formado em psicologia, e agora trabalhava mais meu pai em sua clínica. Contei-lhe sobre o meu noivado com Jacob e que as coisas não deram muito certas, evitando aprofundar-me no assunto. Acho que não seria interessante jogar em cima dele o fato de eu está em Jacob o sentimento que nos uniu no verão de 2007. Contei-lhe sobre Rosalie, sobre o seu marido Emmett e sobre a pequena Melissa. Edward estava animado em poder ver a loira novamente, já que ele conseguiu tempo para ficar alguns dias em Nova York.

Edward também me contou sobre ele. Falou que tinha se formado em medicina e agora trabalhava no mesmo hospital que seu pai. Contou que sua mãe ainda cuidava da pequena floricultura, e que ela e Carlisle estavam loucos para vir para a exposição do filho mais novo, porém não foi possível. Edward falou também sobre a experiência de está casado, e apesar de achar Victoria uma boa esposa, ele simplesmente não conseguia mais se ver com ela. Ela tinha o xingado muito por isso, mas Edward apenas levou com leveza, afinal, não era nada legal passar por um processo de divórcio.

No fim das contas, acabamos parando em meu apartamento. Sentindo-me mais desinibida por conta do vinho, eu acabei o convidando assim que acabou a exposição de Jasper. Minha amiga veio nos trazer e seguiu com Jasper para curtir a noite na cidade. Algo me dizia que Alice apareceria amanhã com um novo namorado.

— Vou te levar para conhecer a cidade de Nova York em um desses dias que você estará aqui. — Prometi para Edward ao entrar em minha cozinha.

— Vai fazer jus ao seu apelido, rainha da cidade de Nova York? — Brincou, pegando uma das uvas sobre o balcão e a levando a boca.

Eu sorri para ele, feliz por ele ainda se lembrar do apelido.

— Claro. Eu deveria fazer isso em algum ponto da minha vida. — Dei de ombros, pegando a garrafa de vinho que estava na geladeira. — Uma taça? — Ofereci, balançando a garrafa em minhas mãos.

— Eu não me lembro de você beber tanto assim — disse pensativo.

— Apenas leve as taças para sala e me espere lá, Cullen. — Mandei, passando-lhe duas taças.

Com um sorriso maroto nos lábios, ele pegou as taças, encaminhando-se para sala. Peguei o abridor de garrafa, utilizando-o para abrir o vinho em minhas mãos. Assim que a rolha fez o famoso ‘’plot’’, eu larguei o saca-rolha e a própria rolha em cima do balcão, caminhando para a sala.

Ao chegar lá, deparei-me com Edward de costas, olhando as fotos em minha estante.

— Este é o Jacob? — Indagou, mostrando-me um dos porta-retratos.

Olhei para foto, vendo Jacob e eu ali com roupas de gala antes de irmos para a premiação do Globo de Ouro.

— Sim.

Ele voltou a olhar a imagem.

— O rosto dele não me é estranho.

— Ele é ator. Deve ter o visto em algum filme. — Dei de ombros, sentando-me no sofá.

— Você parecia feliz. — Balbuciou com os olhos fixos na imagem.

— Eu não fui infeliz com o Jacob, Edward. Eu apenas não me via casada com ele.

— E por quê?

Ele, finalmente, tirou os olhos da imagem direcionando-os a mim. O verde estava intenso e um pouco perturbador.

— Porque eu buscava algo em Jacob que só encontrei em uma pessoa. — Confessei, largando a garrafa de vinho sobre a mesinha de centro.

— E quem foi essa pessoa? — Continuou o interrogatório, sentando-se ao meu lado.

Fitei as palmas das minhas mãos, dividida entre confessar os meus sentimentos ou engolir tudo para mim, como eu sempre tinha feito. E eu estava tão cansada de fazer isso, de sempre engolir e internalizar. Eu precisava botá-los para fora e essa seria a minha única chance.

— Você, Edward. — Soltei, mantendo o meu olhar fixo em minhas mãos pálidas. — Sempre foi você. Jacob e eu nunca demos certo, porque toda vez que eu pensava em me casar, o único noivo que meu coração queria era você, o garoto impossível do verão. — Funguei ao sentir as lágrimas pinicarem em meus olhos.

Edward se levantou do sofá, agachando-se a minha frente. Ele levantou o meu queixo para que meu rosto ficasse a altura do seu, juntando minhas mãos logo em seguida.

— Eu recebi uma proposta de emprego em um hospital daqui de NYC. Esse foi o principal motivo para eu está em sua cidade, Bella. Eu estava esperando um sinal divino sobre aceitar ou não essa proposta de emprego, porque eu estava tão perdido. Por um lado, tinha a esperança de te encontrar se eu ficasse aqui e por outro isso nunca poderia acontecer. — Respirou fundo. — Eu nunca parei de pensar em você. Foi por isso que meu casamento com Victoria não deu certo: ela não era você. Eu queria tanto te ver outra vez, que decidi viajar para cá e tentar a sorte, então, lá estava você, dentro de um vestido escuro. Minhas lembranças não fizeram jus a você, Bella. — Sorriu fracamente. — Eu me decidi no momento em que eu te vi, mas eu ainda preciso saber: se você quiser que eu fique, deixe-me saber.

E então eu era uma bagunça. As lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu não pude me conter. Eu pulei nos braços de Edward, ansiando por aquilo por toda noite. Tudo que eu queria era sentir o seu calor junto ao meu, seus braços ao meu redor e o seu cheiro tomando conta dos meus pulmões. Tudo que eu queria era a simples chance de vê-lo outra vez, mas a vida estava me dando mais do que isso. Ela estava me dando ele de volta.

— É claro que eu quero que você fique. Isso é até idiota de perguntar. — Ri entre as lágrimas, afastando-me para que eu pudesse ver o seu rosto. — Eu senti tanta a sua falta, Edward. Tanta.

— Eu também senti a sua, Bella. Mais do que pode imaginar. — Passou as mãos pelas minhas bochechas, retirando as lágrimas. Passei as minhas pelas suas também, vendo o vestígio de algumas por ali. — E eu não pretendo me afastar de você nunca mais.

— Muito menos eu, Edward Cullen. Agora seremos para sempre, não só em lembranças, mas fisicamente.

— Mas fisicamente. — Concordou.

Edward puxou o meu rosto para o seu, chocando nossos lábios com força. Eu nem me importei com aquilo, muito mais ansiosa por sentir os meus lábios junto aos dele depois de tanto tempo. Beijar Edward novamente foi como vê o céu pela primeira vez em pleno verão. Beijamos-nos como se fosse a primeira e última vez. Nossas mãos reconheciam o corpo um do outro, deleitando-se ainda mais da sensação, no amor que nos envolvia.

Certa vez eu tinha lido que o que era seu sempre encontrava o caminho de volta para você. E Edward e eu tínhamos encontrado o caminho de volta um para o outro, depois de dez verões.


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Notas finais do capítulo

Eu acho essa one tão fofa. Sério, Edward e Bella não são um doce? E esse Edward tão alegre e espontâneo, eu realmente amei escrevê-lo. Ele e o Edward de QC são os meus favoritos, não posso negar kkk.
Me contem o que acharam! Estou esperando para saber ♥. Super beijo.



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