The Game is On escrita por Mrs Moriarty


Capítulo 3
A Study in Pink pt. 2


Notas iniciais do capítulo

Cá está este cazzo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735580/chapter/3

 Valentina acordou cedo e arrumou tudo que julgava necessário para buscar um emprego em Londres: documentos, papéis de cursos e... Bem, diversas declarações de faculdades inacabadas. Mas, para a Castellamare, o mais importante eram suas anotações e textos, que, certa vez, lhe renderam um prêmio de jornalismo político na Itália.

  A capital inglesa estava com o clima nublado, nada diferente do habitual.

 A italiana saiu rapidamente e mal cumprimentou Mrs. Hudson, uma vez que a última coisa que queria era ser obrigada a encarar seu vizinho após o vergonhoso ocorrido do dia anterior.

 “Dio mio! O Holmes baby tinha que tocar o CAZZO do violino às três da manhã? E ainda debochou de mim com... com... com AQUELE JEITO BABACA DESSES INGLESES DEPRAVADOS! Na Sicília, se papai soubesse que um homem me viu de baby doll e... PARE DE PENSAR NO HOLMES BABY, CAZZO! SEU CARRO VIROU UMA GRANDE MASSA DE FERRO BATIDO E AGORA O LIXÃO VAI COMPRÁ-LO POR UM PREÇO RIDÍCULO! Se o maldito euro não estivesse tão...”

 Os pensamentos da garota foram interrompidos por um enorme anúncio de perfumes franceses em uma loja colorida: Valentina sofria de problemas respiratórios, o que a impedia de usar certos perfumes fortes; Logo, sua atenção não foi em razão do produto, e sim da modelo. Diferente da jornalista, a moça possuía profundos olhos castanhos e cabelos impecavelmente lisos, que contavam com um belo tom acinzentado.

 Tomada por um assomo repentino de ter suas mechas cacheadas daquela cor, a Castellamare correu para um salão próximo e gastou o último dinheiro que tinha para o táxi pintando seu cabelo daquele tom cinzento. Pode parecer loucura, mas Valentina Blanch Castellamare vivera uma vida de fartura, futilidades e desejos atendidos de maneira imediata, o que a fazia ser facilmente levada por impulsos, na esperança de que alguma força divina (seus pais, os assassinatos “queimas de arquiivo” da Máfia, os “santos pauzinhos” mexidos por Mycroft Holmes ou algum contato seu) desfizessem suas besteiras diárias, trazendo tudo ao seu curso tradicional.

 A Castellamare sorriu com o que viu no espelho do salão. A cor, apesar de ser drasticamente diferente do tom original de seus cabelos, casou muito bem com seu estilo e melhor ainda com seu chapéu rosa, presente dado por seu ex-namorado, um romano claustrofóbico, durante seu último Natal na Itália. Agradeceu o cabeleireiro, o pagou e caminhou distraidamente até um ponto de negociação de carros batidos.

 “... que nível, hein, Valentina? Que nível...” ela pensou e sorriu com divertimento. Pela primeira vez na vida, ela sentia que tinha as amarras desta, para guiá-la para onde bem entendesse. “bem, não que eu seja muito boa com caminhos, mas... Quer dizer, nem sei chegar à Torre de Londres... Que se dane, Valentina! Você é péssima com analogias!”

 Ela conseguiu, após uma árdua negociação, um preço (ridículo, na mente da garota) pelo carro que a sustentaria por algumas semanas e seguiu até os diversos jornais que anotara em um papel. A questão é que a ex-mafiosa esquecera o papel e saiu batendo de forma completamente aleatória nas portas dos jornais londrinos.

 - Oi, moça! Mandei meu currículo para cá?

 - E eu que sei?!- a gorda de óculos bateu a porta na cara de Valentina.

 Boquiaberta, a jornalista bateu o pé:

 - SUA... SUA... SUA GORDA MALDITA DE UM CAZZO! SE MEU PAI SOUBES...

 “Vai dar mesmo uma de Draco Malfoy, animal?” repreendida por usa consciência, a Castellamare decidiu catar o seu resto de dignidade e seguir para a próxima redação jornalística.

 Quando seu tour por emprego terminou, Blanch ganhara contrações involuntárias nas pernas e dores musculares diversas pela caminhada no centro londrino.

 “Ótimo” ela pensou com ironia “Pintou o cabelo... TEU CABELO, POR UM ÚNICO ACASO, VAI TE LEVAR PARA CASA? AGORA VOCÊ, SUA FIGLIA DE UMA CAGNA, NÃO TEM DINHEIRO NEM PARA COMPRAR UM ROJÃO PARA ENFIAR NO CU E SAIR VOANDO QUE NEM O ET E AQUELE MOLEQUE DO CAZZ... Espera... no filme eles usavam uma bicicleta, não um rojão no cu... PORRA, QUE SE DANE, VALENTINA!”

 Ela passou a mão no rosto e suspirou, enconstando-se em uma árvore próxima e pensando em métodos para voltar para casa.

 “TÁXI! Claro, cazzo! É só pedir para o taxista esperar eu ir pegar o dinheiro e... PIMBA!”

  Valentina Castellamare sorriu, se sentindo genial. Para ela, relações simples eram extremamente complicadas, tendo em vista sua criação restrita ao vilarejo italiano em que cresceu. No entanto, a siciliana tinha certo carisma natural, que parecia fazer com que os outros (pelo menos os que ela não mandava para a House of Cazzo) acharem sua presença agradável. E, neste momento, ela pretendia usar todos seus encantos para persuadir o taxista parado na esquina.

 - Oi, meu querido. — Tina sorriu tão abertamente que foi quase assustador. – Eu...

 - Bom dia, senhorita. – o senhor disse de forma simpática.

 - Eu conheço pouco a cidade... Sou italiana e... Prazer, Valentina. – ela estendeu a mão para o homem, que a apertou com interesse. – Eu fui assaltada e levaram minha bolsa... Eu tenho dinheiro em casa, mas... Bem, eu poderia pagar a corrida no final da viagem? Quer dizer, se eu descer do carro para pegar o...

 - Sim. Acontece... — o taxista lançou-lhe um olhar assustador, não notado pela garota. – Entre no carro, senhorita...

 - Martínez. – ela disse com segurança o sobrenome falso, pois já estava se acostumando com ele.

    Dentro do carro...

 A Castellamare pegou um jornal jogado no banco traseiro do carro.

 - Mas que cazzo! Esses buffones da Scotland Yard vão mesmo ficar correndo atrás destes malditos suicidas? Será que foi o que? Chifre coletivo? Aí todo mundo decide se matar? – Valentina roeu a unha de um dedo, começando a ficar curiosa.

 - Não é algo comum, Martínez.

— Valentina, por favor. – ela disse, dando mais atenção ao jornal que ao taxista. – O senhor pode me deixar na Baker Street?

 - Baker Street... – se a jornalista estivesse olhando para o retrovisor central, teria visto o olhar dado pelo homem.

 - É, isso aí. – Tina ficou ainda mais mergulhada na matéria jornalística ao ver a foto do Detetive Lestrade e da Sargento Donovan.

 “Olha esse espécime raro de puttana...” a italiana riu do próprio xingamento dado para a morena.

 O período da viagem foi suficiente para Valentina ler o jornal todo e ainda ajeitar seu cabelo recentemente pintado com os dedos longos dotados de unhas pintadas há mais de um mês.

 - Chegamos?

 - Sim, senhorita.

  - Un secondo. — a italiana saiu do carro correndo, passou por dois homens na frente do 221, entrou no seu apartamento, pegou o dinheiro, desceu, passou novamente pelos homens, pagou o “moço do táxi” e voltou correndo para a o outro lado da rua sem perceber que, agora, Holmes e o ainda desconhecido Watson a observavam.

 - Bom dia, Valentina. – Sherlock a cumprimentou e a italiana enrubesceu sob seu olhar friamente analítico.

 O detetive, porém, não pareceu dar atenção, uma vez que virou-se para o seu companheiro, dizendo:

 - Bem, Mr. Hudson me deve um favor. Há alguns anos seu marido foi condenado à morte na Flórida e eu ajudei.

— Então impediu que o marido fosse executado? – o baixinho, que Valentina secava com olhar, disse.

 - Não, garanti que fosse. – O Holmes falou e Valentina riu, enquanto Watson os olhava sem entender.

 - Prazer, Valentina Cast... Martínez. – a italiana estendeu a mão para John.

 - Prazer, - ele apertou a mão dela – John. John Watson.

 A Castellamare abriu a boca para tecer um comentário engraçadinho sobre a altura do rapaz, mas foi interrompida pela futura senhoria deste:

 - Sherlock! 

 A senhora abraçou Sherlock Holmes, que a apresentou ao outro:

— Sra. Hudson, Dr. John Watson.

 “Então o baixinho é médico... Além de fofo é...! ”

 Valentina foi arrancada de seus pensamentos pela senhoria:

 - Que bom que já estão se conhecendo! Achei que você não fosse muito sociável, Tina...

 - Bem... – a italiana deu um meio sorriso e Hudson apressou-se:

 - Vamos, entrem!

 O trio entrou, seguindo a mais velha do grupo, no 221B.

 Sherlock foi o primeiro a subir as escadas, seguido pelo doutor e por Valentina.

 - Vocês vão dividir o apartamento? – Blanch perguntou com um forte sotaque italiano.

 - Pretendemos. É italiana, Srta. Martínez?

 - Pode me chamar de Valentina. Sim, sou de Nápoles... Que nem o sorvete napolitano, sabe?

 - Certo... – Watson ergueu as sobrancelhas e deu uma leve risada. Tina se sentiu ligeiramente mal por não poder falar que era da Sicília, mas riu também.

 Sherlock Holmes abriu a porta e, como estava conversando com John, a Castellamare acabou entrando.

 O médico caminhou mancando para dentro do cômodo, enquanto observava este.

 - Bom, até que pode ser muito bom. – John Watson comentou.

— Um vocabulário vasto é a chave do sucesso. – a jornalista riu ironicamente, sendo acompanhada por um breve sorriso lateral do detetive.

 - É, eu concordo. Exatamente o que eu pensei. – Sherlock, como percebeu Valentina, tinha a uma certa agonia para agradar o outro com seus comentários, típico de pessoas que não são acostumadas com interação social.

 - ... Assim que limparmos toda essa bagunça.

 O detetive, que pelo visto tinha se mudado e distribuído aleatoriamente seus pertences, se apressou em “arrumá-los” (o que, Blanch percebeu, incluía enfiar a faca em um papel sobre uma cômoda).

 - É um crânio. – Watson apontou para o osso humano com a bengala. Valentina aproximou-se, interessada, e o detetive comentou:

 - Um amigo meu. E quando eu digo amigo...

— Não é de se admirar que não tenha muitos amigos, Mr. Holmes. – a siciliana olhou para ele sugestivamente. O detetive ergueu as sobrancelhas como quem dá os ombros:

 - Sherlock, por favor.

 - Prefiro “Holmes”... É alemão, sabia?

 Não obstante, se Sherlock sabia a origem de seu sobrenome, nunca saberemos, pois Sra. Hudson entrou na sala e perguntou:

 - O que achou, Dr. Watson? Tem outro quarto no andar de cima se precisarem de dois quartos.

 - É claro que vamos precisar de dois. – John pareceu ligeiramente indignado e Valentina Castellamare tossiu para reprimir a risada.

 - Ah! Tem todo tipo de gente por aqui. – Mr. Hudson respondeu. – A Sra. Turnner, sua vizinha, tem vários maridos...

 Tina olhou pela janela, em busca de uma fofoca, mas tudo que viu foram janelas fechadas do outro lado da Baker.

 John fez uma cara levemente horrorizada, sentando em uma poltrona, e o detetive continuou arrumando distraidamente seus pertences.

 - Pesquisei você na internet ontem. – o médico proferiu para o Holmes.

 - Achou algo interessante?

— Achei seu site... – John foi interrompido pela italiana:

— “A Ciência da Dedução”. Várias inutilidades... – Tina comentou e Sherlock a olhou com superioridade. -... Adoro inutilidades.

 - Sua postura, seu histórico jornalístico e seu fascínio por literatura histórica mostram isso. Antes que me pergunte como... - ele fez uma ligeira pausa antes de metralhá-los com informações:

 - Tem a postura de quem trabalha na imprensa, mas não diante das câmeras, uma vez que a ansiedade, evidenciada pelas unhas roídas e seus dedos que tremem involuntariamente, é um problema ao qual você tenta manter-se sem tratamento adequado por conta de um ridículo medo por qualquer ambiente hospitalar, um trauma, eu diria, pelo enrijecimento de seus músculos mediante a menção do ocorrido. Logo, é jornalista, não repórter. Não é formada, mas os vastos conhecimentos gerais que a levaram ganhar o prêmio cuja foto está na tela de bloqueio do seu celular devem-se a pelo menos uma faculdade inacabada. Rica, fugiu de casa e não é acostumada com a vida social, o que a faz sorrir forçadamente o tempo todo – ele fez uma pausa como quem abre um parêntese – É irritante, pare. A literatura histórica é banalmente frugal: uma das mais opulentas fontes de conhecimento inútil que você faz questão de exibir por pura necessidade de alimentar um ego reprimido pelo... Eu diria, legado familiar.

 Valentina perdeu o chão. Ela já ouvira falar, mas nunca tinha visto uma dedução – especialmente como a de Sherlock Holmes – ao vivo. Ela trocou um olhar com John, que estava igualmente boquiaberto.

 - E quanto a esses suicídios, Sherlock? Pensei que já estaria nos seus planos. – a senhoria voltara – Três exatamente iguais...

 Um barulho de carro, o qual Sherlock foi o único a dar atenção, veio da rua.

 - Quatro. – ele disse. – Aconteceram quatro. E tem algo diferente desta vez.

— Quatro? – Mr. Hudson perguntou, seguida pelo barulho de passos na escada.

 Segundos depois, o Detetive Inspetor Greg Lestrade irrompeu pela porta do 221B.

 - Onde? – Sherlock perguntou e Valentina levantou-se rapidamente, encarando o detetive com os olhos arregalados. No entanto, nada se comparou com a cara de Lestrade.

 - O que você faz aqui? – o inspetor perguntou.

— Ah... – Mr. Hudson olhou de forma  sugestiva para Valentina. – Vocês se conhecem...

— Eu MORO aqui. – a italiana falou como se fosse óbvio. – Bem, não AQUI. Mas a pergunta é : o que VOCÊ faz aqui?

 - Onde foi? – Holmes perguntou. – Como se conheceram?

— Deduza. – Tina falou desafiadoramente, mas o olhar do detetive a fez desembuchar:

 - Esse imbecil tentou me prender pela batida que ELE deu no meu carro.

Greg pareceu pensar em rebater, porém, contido pelo profissionalismo, olhou para o detetive morador do 221B:

 - Brixton, Lauriston Gardens.

 - O que tem de novo nesse? Não viria falar comigo se não houvesse algo diferente. – Holmes disse e a Castellamare observou, interessada em um possível furo jornalístico inédito.

 - Lembra que nunca deixaram bilhetes? Essa deixou. Você vai? – Greg perguntou.

 - Esse bilhete... ela estava morrendo ou deixou antes? Bem, pode indicar se foi um suicídio “voluntário” ou se a obrigaram. – a jornalista deu os ombros e roeu uma unha.

 - Houve auto aplicação e... – Lestrade foi interrompido pelo outro detetive:

 - Quem é o perito?

— Anderson. – O nome pareceu fazer Sherlock querer dar um chute na mesa, mas ele se conteve, dizendo simplesmente:

— Ele não trabalha bem comigo.

— Não é de se estranhar, aquela Yard tem um bando de cazzos. Uma puttana, Donovan, tentou me prender só porque eu falei do cazzo do chapéu da Rainha! Ela...

 Watson, vendo aquela conversa ficar mais nonsense a cada fala, mantinha-se calado, mas atento.

 - Rainha? – Sherlock perguntou como quem fala de uma incógnita. O Inspetor falou com ligeira irritação:

 - Anderson não vai ser seu assistente.

 - Preciso de um assistente.

 Lestrade suspirou:

 - Você vai?

 - Não em um carro de polícia. Sigo logo. – Holmes falou em tom de quem encerra a conversa.

 - Obrigado... – Greg olhou brevemente de Sherlock para a falsa Srta. Martínez, saindo da sala.

 Tudo ficou em silêncio. Sra. Hudson, John e Valentina olharam para o detetive por um segundo, antes dele sorrir e pular como uma criança:

 - Brilhante! Isso! Quatro suicídios em série e agora um bilhete! Ah... é Natal! – o acesso repentino do Holmes fez a italiana sorrir e os outros se assustarem, uma vez que a postura impassível de Sherlock até o momento parecia contrapor-se a qualquer explosão de felicidade.

— Sra. Hudson, vou chegar tarde, talvez eu esteja com fome. – ele pegou rapidamente o inseparável sobretudo, indo em direção a saída.

 - Sou sua senhoria, querido, não a sua empregada.

 - Uma coisa fria deve servir. – o detetive, sem parecer dar muita atenção ao que Hudson falara, continuou fazendo as considerações finais para sua saída:

— John, Valentina, peguem uma xícara de chá; Sintam-se em casa! Não me esperem. – ele saiu de maneira fugaz.

 Valentina mordeu o dedo com aquele encadeamento rápido de acontecimentos.

 - Dio mio! Ele é ligado no 220W!

 - Meu Deus! Olhe para ele saindo desse jeito! O meu marido era exatamente assim. Mas... Você parece do tipo mais calmo pelo que eu vejo...

 John estava com uma cara mal humorada, o que fez a Castellamare sentir uma pontinha de dó (o que não era de seu feitio) pela perna do médico.

 - Ah! Eu vou fazer um chazinho, descanse sua perna.

— QUE SE DANE A PERNA! – John Watson deu um berro ensandecido e Tina gargalhou, sem poder se conter. – Ah, desculpa. Eu sinto muito, é que às vezes essa coisa maldita...

 - Eu entendo, querido, tenho um quadril. – A senhora falou, fazendo referência às suas possíveis dores.

 - Eu adoraria um chá, obrigado... – Watson pegou um jornal.

 - Mas só dessa vez, querido, não sou sua empregada.   

 -... e alguns biscoitos também, se tiver.

 - Não sou sua empregada...!

 - Folgado... – Tina disse e perguntou:

 - Serviu o exército, John?

 - Todo mundo decidiu me deduzir hoje?

 - Não, porra. – ela esbravejou – É que um amigo do exército usava o cabelo assim quando voltou. Eu pensei que...

 - Está certa. Afeganistão. Eu era médico.

 - Comecei a faculdade de Medicina, mas...

 Valentina Blanch Castellamare foi interrompida por uma voz conhecida próxima à porta:

 - Você é um médico... na verdade um médico militar. – Sherlock, que voltara sem motivo aparente, comentou.

 - Cazzo, deve ter sido um tour por feridas sinistras, não? – Valentina perguntou, mas ficou quieta depois do olhar fulminante de John Watson.

 - Sim. - este respondeu ao detetive.

 - É bom?

 - Muito bom. – o doutor falou com confiança.

 -  “O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita pela qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não tem?”

 Os dois homens a olharam com estranhamento. A italiana deu os ombros:

 - Arthur Schopenhauer. – ela citou o autor da frase. – Mas essa balela de modéstia é um monte de bosta.

 Sherlock franziu a testa e andou para perto de John:

 - Já viu várias feridas, então... Mortes violentas...

 - Sim. – John confirmou e a jornalista se sentiu ligeiramente deslocada ao lembrar que sua experiência com mortes era apenas teórica.

 - ... Algumas traumatizantes, aposto...

 - Sim. O suficiente para uma vida, talvez até demais.

 - Quer ver mais uma? – Sherlock Holmes perguntou e John Watson disse:

 - Oh, Deus, sim!

 Ambos iam saindo quando Valentina Castellamare disse:

 - EI! Digo... eu poderia... Bem, não conheço a cidade e...

 - Está perguntando se quero a companhia de uma enciclopédia ambulante de inutilidades? – Holmes perguntou com frieza e a siciliana se encolheu ligeiramente.

 - Bem...

 - Claro, pode vir. – ele piscou e deu um sorriso lateral, que fez jornalista dar um pulinho.

 Watson se desculpou rapidamente por não poder tomar o chá com Mr. Hudson e o trio andou rapidamente até ser interrompido pela senhoria:

 - Vocês três?

 - Suicídios impossíveis, QUATRO! Não faz sentido ficar em casa quando algo divertido acontece! – Sherlock deu um beijo na bochecha da Sra. Hudson, que disse:

 - Olha só para você, todo feliz! Não é elegante!

— Quem se importa com elegância? O jogo, Mr. Hudson, começou! – Holmes saiu pela porta e fez sinal para um táxi.

 “Se o jogo começou, vamos jogar!”

 Valentina pensou, amarrou o cabelo cacheado e entrou no pequeno carro preto, seguida pelo Dr. Watson e por Sherlock Holmes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMENTEM ESTE CAZZO, caso contrário, Valentina vai fazer vocês irem voando pra casa com um rojão no rabo.
AH! GOSTARAM DO NOVO HAIR DELA?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Game is On" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.