The Game is On escrita por Mrs Moriarty


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo, meu caros. Espero que gostem! :)
Críticas, elogios e xingamentos (só em italiano) são bem vindos.
Boa leitura!



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 Já passava das 22h00 e Mycroft Holmes ainda estava em seu escritório. Isso não era realmente uma surpresa, tendo em vista o costume do Homem-Governo de passar dias trabalhando ininterruptamente para garantir o fluxo correto das necessidades vitais da nação inglesa.

 Porém, especificamente naquele dia em que Londres estava mais chuvosa que nunca e as estrelas pareciam ter se escondido por conta do intenso brilho da Lua, o Holmes mais velho pensava em acontecimentos que não incluíam relações internacionais, diplomacia ou chás com a Rainha. O pensamento do irmão de Sherlock Holmes estava curiosamente voltado para uma garota que adentrou sua sala durante o primeiro período da manhã e demorou pouco para ir-se, mas não para sair dos pensamentos dele.

 Logo após uma de suas videoconferências matinais com um insuportável coreano, Mycroft vira adentrar em sua sala uma garota anunciada apenas pelas leves batidas de seus saltinhos amarelos no chão.

 - O que faz aqui?

— Você não respondeu minhas mensagens! – ela fez uma cara chateada. – Decidi vir te ver pessoalmente.

 - Como você passou pela minha segurança?

— Tenho meus métodos, Mike. – a visitante ajeitou seu cabelo atrás da orelha – Podemos ir logo ao assunto? Sabe que eu não sou boa com papos furados.

 - Sua ideia é absurda e eu estou ocupado. Quando...

 A garota pulou da cadeira giratória:

 - Ora! Vamos lá, Mycroft! Dio mio! Você não pode ser tão... – ela bufou, contendo um belo palavrão em italiano. - Você podia quebrar esse galho para mim... e eu posso te dar aquilo troca. Não me olhe com essa cara, spiritoso...

 Mycroft a olhou, arqueando um sobrancelha:

 - Não se empolgue, minha cara, seu lado italiano fica aflorado.

 Ela sentou e engoliu em seco, dizendo nervosamente:

 - Ninguém pode saber... – pela primeira vez havia urgência na voz da italiana, o que comprometia seu inglês – Por isso preciso da sua proteção e de... “refúgio” na venerável Inglaterra.

 O inglês a olhou com uma certa insatisfação devido ao tom de ironia da recém-chegada.

 - Valentina, já lhe disse que não passarei por cima de contratos e códigos que vigoravam muito antes do seu nascimento em nome de uma briga familiar.

 - Você sabe o que é família para mim. Eles romperam tudo que me foi ensinado quando tomaram aquela decisão ridícula.

— Foi assim desde sempre. Você sempre soube que seria assim.- o Holmes nem sabia o motivo pelo qual ele perdia seu precioso tempo de trabalho com as lamentações da garota; Por mais que soubesse da influência dos que a rodeavam, ele tinha consciência de que ela era um mero pião no que se referia aos negócios da família e, mais especificamente, do pai.

 - Mas é injusto! – Valentina se indignou. – Eu sou a filha mais velha! Eu deveria assumir os negócios da família e me tornar capo... digo, capa...

 — Por que você acha que capo não possui feminino, Srta. Castellamare? – Mycroft Holmes deu um de seus sorrisinhos carregados de deboche.

 - Por que você é um maldito cazzo, por isso! – Valentina Castellamare levantara violentamente da cadeira, dando um chute nesta.- Guardare, Holmes. Não queria chegar a este ponto, mas... você sabe de onde eu vim e o que o Sr. Castellamare, vulgo “papai”, faria para me tirar do território britânico se soubesse que estou aqui, além de saber onde me encontrar se eu não tiver sua ajuda. Não quero voltar para ser humilhada pelo Lorenzo, aquele cazzo inútil que pegou o lugar o qual eu fui criada a vida toda para assumir. Não quero voltar para aquele maldito vilarejo e nem terminar o cazzo da faculdade...

 - Outra?

 - Bem, - a Castellamare sorriu sem graça – comecei Relações Internacionais para ser embaixadora, - você sabe, foi quando te conheci - mas odeio essas outras línguas do cazzo; Meu tio Tony era, antes de morrer por questões paralelas, engenheiro, então comecei Engenharia para trancar após duas semanas de cálculos infelizes; E estava fazendo Jornalismo – seus olhos brilharam para depois ganharem uma expressão triste – Bem, até meu pai descobrir e me mandar para o inferno... digo, para a faculdade de Medicina.

 - Então você ainda não tem nenhuma faculdade?

— Inteira, hum... não. – a italiana sorriu e o outro olhou-a dos pés a cabeça. – Não me olhe com essa cara! Só tenho 19 anos. Ninguém está formado com essa idade.

 - Ninguém é filha de Andolini Castellamare, capo da Máfia Italiana e responsável por...

 - Por favor, não diga. – o inglês a encarou buscando algum sinal de vergonha em suas feições – Não é ética, é segurança. Não posso arriscar que alguém ouça quem eu realmente sou e ponha tudo a perder. Bem, pelo visto, tudo já está perdido. Não posso sair por aí por simplesmente ter como única experiência a teoria acadêmica do cazzo da escola e esta ser a primeira vez que saio do meu país. E, para completar, meu único amigo inglês me nega refúgio covardemente.

 - Não irei contra uma ordem de seu pai e não porei em risco todos acordos de paz para que você venha ver como Londres é adorável. E eu não sou seu amigo.

 - Eu sou sua amiga. – a garota sorriu abertamente. – A Inglaterra é um lugar muito bonito. Sei que vir até a Grã-Bretanha e não pisar em Londres é meio que ir no banheiro e não cagar, mas só pude vir até Manchester sem levantar suspeitas.

 Mycroft Holmes fraziu o nariz para o comentário da visitante e disse:

 - Você não tem experiência de campo.

— Como é?

— Agentes do seu pai estão em um Lamborghini Gallardo na esquina deste prédio, prontos para te levar de volta para a Sicília. É necessário experiência para o que você se propôs.

 - Então eu poderia fazer o que você me propôs... por mais que seja ridículo.

 - Você não é suficientemente discreta, mas, nascendo onde nasceu, imagino que seja dissimulada o suficiente para criar esta rede de mentiras.

— Ah, me poupe, Mycroft! Abbassati! Pensei que o Governo Britânico seria um pouquinho menos exagerado. – ela sorriu com uma ligeira maldade no olhar – O que acha que vai acontecer quando eu estiver de olho no seu irmãozinho? Outros viciados vão tentar me impedir de mantê-lo longe das drogas me atacando com seus baseados?

  Holmes assumiu uma feição de irritação contida.

 - É mais perigoso do que pensa.

— Aposto que não é mais perigoso que nascer naquele ninho de cobras que é a Mansão Castellamare tendo que chamar o Andolini de pai enquanto ele... – Valentina balançou a cabeça para afastar algum pensamento ruim. – Eu faço o que você quiser para poder sair da Itália. Se achar que eu não sou boa o suficiente para fazer parte de algum serviço secreto ou... Dio mio! Eu faço trabalho de campo, eu... – ela passou a mão sobre o rosto salpicado de suor e disse de uma vez:

 - Eu até quebro la Omertà.

 Por um segundo a ar pareceu sumir do escritório mediante a menção do código de honra da Máfia.

 - Castellamare...

 - Agora já está feito e eu já pus a boca no trombone. Se não me ajudar, eu te deduro e digo que estava de papo com uma mafiosa. – ela ergueu as sobrancelhas e Mycroft pareceu achar graça da ameaça infantil.

 Por fim, o “Governo Britânico” lembrou, ele acabara cedendo aos pedidos de Valentina Castellamare, afinal, ele pensara, apesar da ideia parecer ridícula, “mantenha seus amigos próximos, e seu inimigos mais próximos ainda” parecia fazer sentido, uma vez que a bomba italiana de 19 anos e fartos cabelos castanhos que ameaçava o Estado Inglês – pelo menos assim ele pensava – deveria ser mantida sob vigilância.

 Essa vigilância, no entanto, não era privilégio da garota italiana, tendo em vista que Mycroft também mantinha outra pessoa sob supervisão no mesmo lugar para o qual Valentina iria: Baker Street.


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Notas finais do capítulo

Aqui vai a tradução pra quem não é italiano que nem a Valentina:
??” Dio mio : "Meu Deus"
??” spiritoso : "engraçadinho"
??” Guardare : "Presta atenção"
??” Cazzo : caralho.
??” Abbassati : "Menos".

OBS : "capo" é o nome que é dado para uns dos chefes da máfia italiana.



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