Troublesome Life escrita por Wichita25


Capítulo 28
Encontros e despedidas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, capitulo sexta-feira fresquinho para vocês! ;)
Boa leitura!



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Os dois seguiram por um tempo até que conseguiram se afastar de onde estava acontecendo o festival. Conforme continuavam caminhando chegaram até um parque que era iluminado por alguns postes de luz em volta de um enorme lado

Haviam algumas pessoas caminhando por lá e Ace corou um pouco ao perceber que eram todos casais passeando. Ergueu uma sobrancelha ao ver que todos eles usavam roupas combinando que nem os dois

“Não acredito que até as roupas foram planejadas por ela…” Sabo murmurou enquanto continuava andando, procurando algum lugar que pudessem conversar em paz

“Isso explica os risinhos de algumas meninas quando nos viam… Eu achava que elas tinham me achado gato” Ace riu da própria piada e Sabo o acompanhou, a tensão entre os dois sumindo aos poucos

Os dois acabaram em uma das pontas do lago. Haviam alguns patos por ali e um deles parecia incrivelmente interessado na barra do Yukata de Ace, mas eles resolveram ignorar isso.

“Não acredito que todo mundo percebeu antes de nós” Resmungou Ace enquanto pegava uma pedra no chão e jogava no lago, vendo ela pular algumas vezes antes de afundar “Oito”

“Eu não acredito de Luffy descobriu antes de nós” Jogou a sua pedra “Sete… Isso me faz se sentir meio idiota”

“Que Luffy foi mais esperto que nós ou por estar perdendo o jogo das pedras?”

“Os dois” Disse se agachando para pegar mais pedras. Os dois ficaram mais alguns minutos assim, só jogando pedras e falando números.

“Onze…” Sabo jogou a última pedra e olhou para Ace, que parecia se preparar para jogar a sua “...Então… O que nós vamos fazer?” Perguntou e viu o moreno se desconcentrar e fazer a pedra afundar depois de dois pulos

“E-essa não valeu!” Falou tentando esconder o embaraço “Eu… não sei! Isso é muito mais complicado do que todas as pessoas com quem saímos antes” Coçou a cabeça com a mão enquanto olhava para lago, ainda evitando encarar Sabo “Todos os outros eram só pelo tempo que nós ficássemos na ilha… Nunca iam muito longe”

“Então é por isso que você ficou com ciúmes da Koala? Por que eu vou passar muito mais tempo com ela que com os outros?” Ace arregalou os olhos como se tivesse sido pego em flagrante roubando comida da geladeira no meio da noite

“O que? Eu não estava com ciúmes…” Olhou para Sabo e viu a cara de descrença dele “...talvez só um pouco” Resmungou com as bochechas vermelhas, fazendo Sabo rir “Pare com isso! E o que você acha que devemos fazer?”

“Huummm…” Parou para pensar “Isso é difícil… Eu vou voltar para os revolucionários assim que as minhas ‘férias’ acabarem e não vamos nos ver por um bom tempo” As últimas palavras saiam meio doloridas “Podemos fingir que nada aconteceu e continuarmos sendo irmãos… Continuar saindo com outras pessoas, esperando o sentimento desgastar, tentar esquecer dessa noite…”

Ace tentou manter o rosto sem expressão. O aperto no peito parecia que só crescia com as palavras do loiro. No fundo fazia sentido… Eles iria continuar viajando pelo mundo separados, se encontrando depois de meses ou anos. Iram passar por centenas de cidades, conhecer milhares de pessoas… Então por que doía tanto?

“Eu…” Ace começou, mas Sabo deu um sorriso e continuou falando

“Ou…” Pegou a mão do irmão e brincou com seus dedos, como se isso o acalmasse. Olhava para baixo, mas como estava sem seu chapéu Ace ainda conseguia ver seu sorriso “Podemos ficar juntos… Como namorados” A boca do moreno abriu e fechou algumas vezes enquanto procurava palavras

“N-namorados?” Acabou repetindo a última palavra do loiro, tão vermelho quanto Sabo tinha ficado no restaurante

“É” Respondeu simplesmente “Não sair com mais ninguém, mandar cartas com corações nos cantos, ir em encontros… É isso que os namorados fazem, não é?” Agora o loiro parecia um pouco preocupado “Eu nunca tive em um relacionamento para saber disso… E as conversas de Marco eram muito mais focada em usar protecção e não aceitar bebidas de estranho”

“Nem me lembre disso… A parte sobre as doenças ainda me dão pesadelos” Os dois fizeram um som de desgosto e depois se entreolharam, começando a rir “Bem... “ Começou depois de alguns segundos rindo, limpando as lágrimas com a mão que Sabo não estava segurando “Eu também não sei como funciona essas coisas, mas…” Abriu um sorriso enorme, sem conseguir segurar “Acho que podemos descobrir juntos”

Sabo não conseguiu segurar o enorme sorriso que deu aquela hora. Tudo parecia perfeito demais, como se fosse um sonho. Ace sorrindo meio corado, a noite com o céu limpo e estrelado, o lago… Até mesmo o pato que tinha resolvido parar de morder a Yukata e foi dormir nos pés de Ace! Tudo era simplesmente…

“Perfeito” Sussurrou baixinho enquanto erguia a outra mão e encostou levemente nas bochecha de Ace, passando o dedo pelas suas sardas. Deus, eram tão lindas, principalmente quando ele corava e elas apareciam ainda mais. Ace arregalou um pouco os olhos quando viu Sabo se aproximar, mas não conseguiu falar nada enquanto encarava os olhos do loiro

Como eles podiam ser tão… azuis? Lembravam tanto o mar em um dia ensolarado, profundos e tão brilhantes quanto o próprio sol. Ace sempre amou o mar e poderia ficar horas olhando para ele sem cansar… Então ninguém poderia culpá-lo por querer olhar os olhos de Sabo, se perdendo nele por horas, principalmente quando eles mostravam tanto carinho e ternura por ele

Os dois só perceberam o quão perto estavam um do outro quando seus narizes quase se encostaram. Os dois se olharam daquela distância por alguns segundos, sem coragem para dar o próximo passo. Sabo percebeu a insegurança no olhar de Ace e começou a se afastar, não querendo apressar as coisas demais.

Quando percebeu que seu irmão estava se afastado o moreno entrou em desespero e em um rompante de coragem deu um passo para frente e finalmente o beijou. Era um simples encostar de lábios, mas o coração do dois foram a mil por hora por causa daquilo. Quando se separam (depois de alguns segundos ou horas, eles não sabiam) estavam ofegantes. Ace abriu a boca para falar alguma coisa, mas foi impedido quando Sabo o puxou para outro beijo, dessa vez muito mais profundo e desesperado que o primeiro

Continuaram a se beijar por um bom tempo. Sempre que se afastava para recuperar o fôlego e se encaravam por alguns minutos antes de um puxar o outro para mais um beijo. Parecia que estavam tentando recuperar todo o tempo perdido. Quando finalmente se separaram Ace tinha as mãos totalmente enroscadas no cabelo de Sabo, que tinha os braços totalmente envolvidos na cintura de Ace

“Uau…” os dois deixaram escapar, rindo logo em seguida. Estava tudo tão certo, o peso que carregavam nas costas por anos tinha evaporado

“Acho melhor nós voltarmos…” Sabo comentou com um sorriso “Temos que achar Luffy, soltar aqueles três da torre e pegar uma carruagem de volta para a capital” Ace concordou com a cabeça e os dois voltaram por onde vieram, sem soltar as mãos por nem um segundo

“Sabe… Acho que no fim esse foi um ótimo encontro” Ace comentou enquanto chutava uma das pedras do caminho “Comemos e fugimos, chutamos algumas bundas, jogamos pedras em um lago e eu fiz amizade com um pato” Disse olhando para trás pro pato que tinha acordado e continuava seguindo eles “Vou chamar ele de Hikamo”

“É...” Concordou o loiro depois de terminar de rir “Foi um ótimo encontro”

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“Um brinde para Ace, um brinde para o nosso novo par de pombinhos apaixonados e mais um brinde para a aposta que eu acabei de ganhar com um dia de sobra!” Gritou Haruta em cima de uma mesa erguendo uma caneca de bebida cheia

“KAMPAI!” Gritaram todos enquanto batiam suas bebidas no ar. A maioria já estava bêbado demais por causa do ano novo e não estava entendendo nada do que acontecia, mas isso já era normal

“De que aposta ela está falando?” Perguntou Ace para Vista, que tomava um vinho ao seu lado

“Da aposta de quando vocês dois iam finalmente ficar juntos… Ela apostou que seria no período de uma semana antes do seu aniversário de 20 anos”

“Como ela consegue isso? Ela ganhou a aposta de natal nos últimos 3 anos…”

“Ninguém sabe. Provavelmente é por isso que ela é proibida de entrar em dois terços dos cassinos registrados do mundo” Vista tomou o último gole de sua bebida “Vou pegar mais para mim… E um conselho: Eu ficaria longe do Kingdew pelos próximos dias se fosse vocês… Ele apostou que ia ser na semana seguinte ao seu aniversário de 20 anos e está realmente irritado com isso”

Ace e Sabo se entreolharam e tomaram um gole de suas bebidas. Os piratas do Barba Branca eram bem conhecido com seus problemas com apostas e jogos…

“Aí estão os dois pombinhos!” Disse Thatch enquanto chegava por trás deles e passava os braços por trás de seus pescoços “No fim foi uma boa ideia o nosso plano para juntar vocês dois”

“Eehhh não” Disse Sabo enquanto saia do abraço “Não foi não. E parem de nos chamar de pombinhos”

“Por que? Vocês precisam de apelidos carinhosos, isso aproxima o casal!” O cozinheiro parecia estar se divertindo com aquilo

“Ouviu isso, amor?” Perguntou Ace virando para o loiro com um tom irônico

“Ouvi, meu bem” Sabo respondeu no mesmo tom “Ele não acha que somos próximos o bastante, baby”

“Ok… preferia como estava antes” O cozinheiro tentou consertar, mas era tarde

“Não, não, não! Agora eu e meu docinho vamos ficar mais perto do que nunca”

“Isso mesmo! Meu chuchu tem toda a razão!”

“Ai meu deus…” Thatch apoiou a cabeça na mesa, se arrependendo de todas as escolhas que o levaram até ali “Vocês vão continuar até quando?”

“Até encontrar um apelido que faça você querer arrancar as próprias orelhas com um machado”

“Urgh” Os dois só deram risada da cara de desespero do comandante mais velho. Continuaram a se chamar por apelidos melosos, um mais brega que o outro, sem nunca repetir nenhum deles

Alguns outros tripulantes gostaram da brincadeira e também começaram a sugerir apelidos cada vez mais bizarros (Ace quase socou a cara de Fossa quando ele sugeriu Princesa. Sabo guardou aquilo em sua mente para uso futuros)

A noite seguiu com muitas brincadeiras e comemorações por parte dos piratas do Barba Branca. Ace chamou Sabo para dançar e ele aceitou imediatamente, pela primeira vez desde que os dois se conheceram. O loiro não queria que ninguém mais colocasse as mãos no seu namorado enquanto ele estivesse ali. Estava sendo ciumento? Um pouco, mas ninguém estava culpando ele

“Hey, Sabo!” Haruta o chamou quando os dois voltaram da pista de dança “Quando você vai ter que voltar para os revolucionários?” Todos pararam o que estavam fazendo e olharam curioso para o loiro

“Bem… Tenho mais duas semanas antes de ir para a minha próxima missão. Acho que posso acompanhar vocês até a próxima ilha” Olhou para Ace e viu um pequeno brilho de tristeza nos olhos do moreno. Apertou a sua mão com carinho “Mas vou tentar voltar mais vezes, pedir algumas pausas entre missões”

“Claro que vai” Haruta comentou com um sorriso malicioso “Agora você tem mais um motivo para voltar… Eu também atravessou meio mundo por uma bunda dessas”

“Cala a boca!” Reclamou Ace, mas o sorriso que tinha dado quando Sabo disse que ia voltar ainda não abandonou seu rosto

“Qual é o próximo destino?” Perguntou o loiro olhando em volta “dependendo da distancia eu posso ficar uns dias a mais”

“Bem... Isso você vai ter que perguntar para o Luffy” Respondeu Fossa enquanto bebia

“O Luffy? Por que?” Estava bem confuso. Desde quando seu irmão mais novo decidia o destino no navio?

“Porque o nosso próximo destino é onde vamos deixar ele para ir para a sua aventura… Luffy! Vem aqui!” Gritou o mais velho chamando o garoto de chapéu de palha, que tinha uma carne em cada mão e parecia indo atrás de mais

Sabo estava bem surpreso com aquilo. Não esperava que seu irmão partisse tão cedo para a sua aventura… na verdade esperava que o menino demorasse mais alguns anos até que estivesse pronto

Estava tão perdido em pensamentos que quase não escutou a conversa entre Fossa e Luffy. Ao ouvir que Sabo os acompanharia até a próxima ilha Luffy ficou empolgado

“Você tem que escolher bem onde vai começar” Aconselhou Fossa “Se vai ser na Grand Line ou em um dos Blues… Tudo conta”

“Shi shi shi, eu já escolhi!” Disse o menor enquanto dava um sorriso de orelha a orelha “Na verdade, eu já escolhi faz muito tempo” se virou para seus irmãos “E acho que vocês vão gostar bastante!” Riu da cara de confusão de seus irmãos mais uma vez. Ia ser uma ótima surpresa!

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“Hey Luffy, você tem certeza que quer começar a sua viagem… aqui?” Perguntou Thatch olhando para a ilha que estavam se aproximando. Luffy só concordou com a cabeça e continuou correndo de um lado para outro bem empolgado

“Nossa… Quando tempo eu não via esse lugar…” Ace comentou se aproximando da borda do navio

“Verdade, não mudou nada” Sabo seguia seu irmão, parecendo perdido em memórias também “Parece que foi ontem que nós nos conhecemos”

“Começamos a caçar juntos”

“E montamos a casa na árvore…”

“Quantas memórias…” Suspirou Ace, com um sorriso no rosto “Não dá vontade de estrangular alguém?”

“E atacar vítimas desavisadas para roubar seu dinheiro” Concordou o loiro. Thatch olhou para os dois preocupado

“Ok… Essa viagem ao passado de vocês acabou de ficar estranha” Comentou o cozinheiro se afastando devagar dos meninos sonhadores

“Hey, Ace, Sabo, venham aqui, Yoi” Chamou Marco, tirando os dois de suas memórias de infância cheias de sangue e violência “Temos que decidir qual o melhor lugar para ancorar o navio, Yoi”

“A vila Fuusha, sem sombra de dúvidas” Disse Sabo enquanto apontava a pequena vila no mapa “Ela fica bem afastada do reino de Goa e os habitantes já estão meio acostumados com piratas”

“E podemos visitar a Makino!” Completou Ace com um sorriso “Nem conseguimos nos despedir ela quando o vovô nos arrastou para o navio dele”

“Verdade” O loiro sorriu maliciosamente para o garoto sardento “e você deve estar morrendo de vontade de ver ela de novo, não é?” Cutucou o irmão, fazendo Ace corar

“Eu não sei do que você está falando” Resmungou Ace escondendo o rosto com seu chapéu e fazendo as pessoas em volta rirem

“Quem é essa Makino?” Perguntou Koala apoiando o rosto com um dos braços, parecendo bem interessada

“Ela trabalha no bar da vila e levava roupas para nós dois quando vivíamos com os bandidos da montanha. E…” Olhou de canto de olhar para Ace, que congelou

“Cala a boca, Sabo!”

“... Ela foi a primeira paixão de Ace” Continuou com uma cara maliciosa, enquanto via o irmão morrer de vergonha

“Isso é mentira!” Se defendeu Ace, mas a cara vermelha dele não enganava ninguém

“Ohhh que fofo!” Falou Izou com um sorriso

“Ele ficava mega empolgado quando sabia que ela vinha nos visitar e não conseguia falar mais de uma frase com ela sem gaguejar” Sabo parecia estar se divertindo bastante com a miséria do irmão. Gostava de ver Ace envergonhado, as suas sardas se destacavam e ele ficava mais bonito assim

“Chega, yoi! Vocês podem rir da cara de Ace uma outra hora” Marco ignorou os resmungos de Ace sobre maus-tratos e continuou “Essa ilha está sobre proteção de Garp, então não vamos poder ficar mais de alguns dias aqui… Vamos logo de uma vez, Yoi”

Todos concordaram e voltaram para seus deveres, ansiosos para desembarcar depois de uma longa viagem. Viraram o navio em direção que Sabo apontou e viram a pequena vila de pescadores algum tempo depois

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Os habitantes da vila olhavam assustados para a enorme embarcação que tinha ancorado perto no porto. Nunca tinham visto uma embarcação tão imensa, ela ocupava todo o porto de ponta a ponta e ainda faltava espaço

Uma multidão já se reunia em volta do lugar. Cochichavam em parar, tentando descobrir o porquê de o navio de um dos 4 Yonko tinha resolvido parar naquela vila de repente. Afinal, era uma vila pequena numa parte isolada de uma ilha que ficava num dos cantos mais distantes do mar mais calmo. Quais são as probabilidades daquele navio ter parado ali por acaso?

O prefeito tomou a frente do grupo. Era um homem velho e franzino, não parecia ter chance nenhuma contra nenhum daqueles piratas e realmente não tinha. Mas sabia negociar bem e esperava que sua vila saísse daquela situação sem nenhum estrago. Se aproximou lentamente de um loiro com corte de cabelo estranho que parecia estar no comando

“Ah, com licença… Eu sou o prefeito dessa vila. Posso saber o que vocês vieram fazer nessa ilha” O loiro parou o que estava fazendo e se virou para o prefeito. Tinha os olhos quase fechados, como se estivesse cansado, e seu rosto não tinha expressão nenhuma

“Oh, sim, claro. Desculpa a bagunça, Yoi” O homem falou enquanto coçava a cabeça, parecendo procurar alguém “Não queremos incomodar. Temos alguns tripulantes que queriam vir aqui encontrar algumas pessoas… Eu sou Marco, Yoi” Estendeu a mão para homem menor. O prefeito olhou para o pirata com desconfiança e estendeu a mão de volta

“E quem seriam essas pessoas que vocês estão procurando?” Perguntou ainda desconfiado. Aquele homem parecia ser uma pessoa boa, mas não podia ter certeza do resto

“Eu só sei o nome de uma delas. O senhor conheceria uma mulher…” Foi interrompido por dois jovens animados, que olhavam diretamente para o prefeito

“Quanto tempo, prefeito-san!” Falou o loiro mais jovem com um sorriso muito familiar pro gosto do prefeito. Onde já tinha visto aquele homem? “Como é que vai o senhor?”

“Continua mal humorado como sempre?” Perguntou um moreno cheio de sardas na bochecha, mais familiar ainda “Você não mudou quase nada em 10 anos”

Ora, quem aquele pirata achava que era para falar com o prefeito assim? Que falta de educação! O homem mais baixo estava começando a ficar irritado. 10 anos? Aqueles dois deviam ser dois pirralhos a 10 anos atrás e as únicas crianças que não via a 10 anos eram… Um estalo aconteceu e tudo vez sentido na cabeça do prefeito

“Vocês… Seus… Seus encrenqueiros!” Gritou, lembrando dos dois pequenos delinquentes que desciam de tempo em tempos da montanha para roubar os habitantes e conversar com Makino. Os dois sorriram ainda mais a serem reconhecidos “Como…”

“O que está acontecendo aqui?” A voz de Makino se sobressaiu entre as demais. Ela apareceu logo em seguida, com o mesmo lenço na cabeça que usava há dez anos e uma cara de surpresa. Olhou para os dois homens que conversavam com prefeito e os reconheceu na hora “Ace? Sabo? São vocês?”

“Makino!” Os dois foram cumprimentar a mulher, deixando o prefeito muito confuso para trás. Marco percebeu que os dois estavam bem alegres, conversando com a mulher que também tinha um sorriso no rosto. Os habitantes da vila começaram a se dispersar, mais tranquilos agora que sabiam que os piratas não queriam nenhum mal

“Francamente…” Falou o prefeito, chamando a atenção de Marco “Esses dois somem por anos e voltam trazendo ainda mais confusão” O comandante riu, entendendo muito bem os sentimentos do homem velho “Muitos aqui ficaram preocupados quando eles param de vir do nada”

“Ficaram, Yoi?” Marco perguntou surpreso “Pelo o que eles me contaram eles viviam mais na floresta que na cidade, Yoi”

“Eles desciam uma vez por mês para cá para causar confusão” Suspirou derrotado “Mas eles também salvaram Makino e a vila de alguns bandidos da montanha alguns anos atrás… No fundo eles são bons meninos, mesmo com péssimas influências” Terminou dele falar com um meio sorriso no rosto, ainda escondido pela cara franzida

“Tem razão…” Concordou, enquanto olhava para os meninos conversando empolgados com a mulher de cabelos verdes “Eles são, yoi”

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“Vai demorar muito para nós chegar?” Perguntou Luffy afastando algumas folhas de seu caminho “Já estamos subindo a horas”

“Estamos quase lá, Luffy” Disse Sabo sem tirar o caminho de vista. Era incrível que mesmo depois de 10 anos ele ainda lembrava todo caminho até a casa dos bandidos da montanha

Tinham deixado os piratas do Barba Branca na vila antes de saírem. Pelo jeito estava tudo bem lá. Metade da tripulação já tinha se apaixonado por Makino.Haruta e Koala adoravam, principalmente porque ela tinha detalhes da infância selvagem de Ace e Sabo que ninguém mais conhecia. Barba Branca tinha feito uma inesperada amizade com o perfeito e alguns pescadores e agora estavam bebendo enquanto falavam da vida e jogavam cartas (Ace queria muito ver uma manchete no jornal “O Homem mais forte do mundo, o temível Yonko Barba Branca, joga cartas com velhinhos”. Estava até pensando em mandar uma foto pro jornal quando foi impedido por Marco)

Os três continuaram subindo até que chegaram na cabana no topo da montanha. Era um lugar tão simples que Luffy achou que tinham se enganado, mas pelas caras dos seus irmãos, era aquele lugar mesmo

“Vocês foram criados… aqui?” Perguntou enquanto olhava em volta. Viu um cachorro branco olhando para ele e encarou de volta, como se o desafiasse

“O Ace viveu aqui desde bebê…” Explicou Sabo “Eu vivi em Goa até os 5 anos, quando fugi para o lixão. Morei aqui uns tempo antes do Garp nos tirar daqui e nos levar para o Moby Dick”

Ace tomou a dianteira e bateu na porta da frente. O silêncio continuou e os três se entreolharam. Ace bateu de novo, desta vez com mais força

“Engraçado…” Resmungou “Será que eles não vivem mais aqui?”

“Mas Makino disse que eles continuavam aqui” Sabo colocou a mão no queixo enquanto pensava “Tenta mais uma vez”

Ace bateu e a porta abriu de uma vez só. Luffy achou que era um homem no primeiro momento, mas então percebeu que era uma mulher muito avantajada e ruiva. Ela parecia bem nervosa e fumava um cigarro no canto da boca

“O QUE É?” A mulher gritou, sem perceber quem era “O que vocês querem, seus pirralhos malditos? Não tem noção de onde estão?” Ace e Sabo começaram a rir na mesma hora “AH? Qual é a graça, seus malditos?”

“Você não mudou absolutamente nada, Dadan” O moreno mais velho sorriu enquanto tirava o chapéu e o deixava cair nas costas

“Continua a mesma velha de merda de sempre” Riu o loiro, também tirando a cartola

“Do que me chamou,seu pirralho?!” Dadan gritou de volta, com raiva explodindo. Isso só fez com que os meninos rirem mais  “Querem morrer? Quem vocês pensam que…” Olhou bem para o rosto dos dois e alguma coisa estava fora do lugar “que…” Os rostos deles eram tão familiares “...são?” De repente a resposta bateu em sua cara como uma bola de canhão. A mulher caiu para trás e começou a gritar “ACE E SABO! SABO E ACE!”

Os gritos de Dadan chamaram a atenção dos outros bandidos, que saíram correndo para fora para ver o que estava acontecendo. Deram de cara com sua chefe abraçando dois homens jovens e chorando como se tivesse acabado de descobrir que alguém que estava morto voltou à vida (o que era meio que verdade)

“SEUS IDIOTAS!” Chorava a mulher. Estava apertando tanto os dois que eles não estavam conseguindo respirar “Eu achava que vocês tinham morrido em algum canto! Não que eu estivesse preocupada! Eu não estava!” O choro contrariava essa afirmação, mas os dois resolveram deixar isso de lado

“Estamos bem” Ace tentou a acalmar a mulher chorona “Nós… encontramos uma família no mar, que cuidou da gente e nos ajudou a ir atrás dos nossos sonhos. Mas… eu senti a sua falta” Sorriu de um jeito que os bandidos nunca tinham visto ele fazer antes “Nós dois não se demos tão bem no início, mas eu agradeço tudo o que você fez por mim, sua velha escrota”

“Ora, seu pirralho de merda, desde quando você é tão maduro e educado?” Perguntou olhando para Ace com orgulho nos olhos. Mesmo os dois não se entendendo no início, só brigando e se alfinetando o tempo inteiro… No fundo eles gostavam um do outro

Os outros bandidos começaram a se aproximar aos poucos e alguns deles reconheceram Ace e Sabo (outros estavam tão bêbados que fingiram que reconheceram e os dois meninos não os culparam). Logo estavam os dois, Dadan, Dorga e Magra sentados em círculo, bebendo e contando histórias sobre o tempo que passaram longe. Luffy tinha achado os bandidos da montanha engraçados e estava comemorando com eles algo aleatório enquanto comia carne

“Então esse é o irmão mais novo de vocês…” Comentou Dorga enquanto olhava para Luffy se encher de comida até não poder mais “Ele parece bem… energético”

“Ainda bem que não tenho que cuidar de pirralhos que nem ele mais” Dadan suspirou aliviada enquanto tomava mais um gole de sua bebida

“Sobre isso…” Sabo começou falando, fazendo com que a mulher arregalasse os olhos e guspisse o seu sake

“Por favor, não seja o que eu estou pensando…” Falou baixinho, já suando frio

“Precisamos de um favor seu, Dadan” Terminou Ace com um sorriso, e a mulher soube que estava perdida

—---/----

“Então você realmente vai ficar aqui até o seu aniversário, filho?” Perguntou Barba Branca enquanto via seus tripulantes levando os suprimentos para o navio. Tinham conseguido abastecer tuco que precisavam na vila e os moradores pareciam bem felizes com os lucros

“Sim” Falou o menino decidido. Estava sentado em uma caixa que ia ser embarcada e olhava para o navio que tinha sido sua casa pelos últimos 16 anos com um misto de melancolia e felicidade “Eu tenho que começar em algum lugar… Sozinho” A última palavra saiu meio hesitante “Não posso ser o rei dos piratas se ficar dependendo da ajuda de outros capitães”

O capitão concordou com a cabeça e os dois ficaram em silêncio para mais um tempo. Luffy se sentia um pouco anestesiado. Sabia que aquele dia ia chegar desde que decidiu que seria o rei dos piratas, mas isso não o deixava menos ansioso

“Por que essa ilha em especial?” Perguntou depois de um tempo para o menino pensativo “Poderiam te deixar em qualquer um dos mares… até mesmo no início da Grand Line

“Eu queria conhecer a ilha de onde Ace e Sabo vieram… E eu sabia que eles queriam encontrar a Makino e a Dadan de novo e só poderiam fazer isso juntos agora” Luffy olhou para a pequena vila atrás de si e deu um pequeno sorriso “Além disso… Parecia certo, sabe? Era pra cá que a minha mãe estava me trazendo. Era aqui que eu seria criado se a tempestade não tivesse acontecido… Me pareceu uma boa ideia começar a minha grande aventura aqui! shi, shi, shi” Terminou sorrindo enquanto Oyaji bagunçava os seus cabelo com uma mão e ria também

“Gurarararara eu pediria para você não fazer muita confusão no mais calmo dos mares, mas acho que isso é impossível para você, seu pirralho” Barba Branca se levantou e foi andando até o Moby Dick “Espero grandes coisas de você no futuro, filho!”

“Claro, Oyaji!” Gritou Luffy animado e se levantando “Eu vou juntar a melhor tripulação! Nós vamos chegar até o final da Grand Line e então…” Ergueu os braços bem alto e gritou “EU VOU SER O REI DOS PIRATAS”

“Gurarararararara” Riu o Yonko enquanto subia no seu navio “Vamos ver, pirralho. Você precisa envelhecer mais 100 anos para me vencer”

Luffy riu ao ouvir aquelas palavras de seu Oyaji e acenou para ele em despedida. Sentiria saudades das histórias e conversas que tinha com ele, mas sabia que iriam se encontrar de novo

Os outros tripulantes que subiam no navio iam se despedindo do menino. Tinham feito uma festa no dia anterior para comemorar, mas mesmo assim alguns deles não pensaram que era o suficiente. Alguns deram tapinhas nas costas e desejaram boa sorte, outro abraçaram ele até não conseguisse respirar e choraram até não poder mais. Era engraçado como numa única tripulação podia ter pessoas tão diferentes

“Também vou sentir sua falta, Thatch!” Falou para o cozinheiro, que parecia não ter vergonha nenhuma de chorar

“Eu devia amarrar você no mastro principal, isso sim!” Thatch não parava de chorar de emoção “Parece que foi ontem que eu te ensinei a chamar o Marco de abacaxi bastardo! Vocês crescem tão rápido!”

“Vamos lá, Thatch” Falou Izou colocando uma mão no ombro do quarto comandante “Está na hora de ir” Depois de muito insistir conseguiram levar o homem chorão para dentro do Moby Dick

“Quem diria que o Thatch é uma manteiga derretida” Falou Ace se aproximando com um sorriso

“Só você que não esperava por isso” Sabo respondeu enquanto segurava o seu chapéu

“Você também vai agora, Sabo?”

“Sim, eu e Koala vamos pegar uma carona até a Grand Line… Nossa próxima missão é por lá” Respondeu com um meio sorriso

“Hey, Luffy, tome cuidado heim!” Ace passou o braço pelo ombro de Luffy, o puxando para perto e bagunçando o seu cabelo “Tente encontrar uma tripulação decente! Não é qualquer um que consegue lidar com um cabeça de vento como você”

“Hey! Eu…” olhou para os irmãos e sentiu os  olhos ficando úmidos “Eu…vou sentir falta de vocês” Os dois irmãos mais velhos não conseguiram se segurar e abraçaram o menino

“Vamos sentir a sua falta também, Lu” Sabo disse enquanto dava tapinhas nas costas do menino triste “ E vamos mandar cartas… E qualquer coisa você tem os nossos Vivre Cards!”

“Vamos acompanhar tudo o que fizer pelos jornais… Aposto que já estão fazendo uma parede da fama só para você” Ace completou com um sorriso “Não chore, Luffy! Vamos nos encontrar de novo… No topo do mundo!”

“S-Sim” Falou enquanto secava as lágrimas e dava um sorriso. Viu os dois subindo no barco e sentiu um aperto no peito. Mesmo sabendo que iria se reencontrar com eles… Ainda sim doía um pouco

“Pegou tudo que precisava, Yoi?” Perguntou Marco logo depois. Era o único que faltava embarcar, todos estavam esperando por ele para partir

“Você já perguntou isso quatro vezes, Ma” Luffy respondeu enquanto revirava os olhos

“E todas as vezes você estava esquecendo alguma coisa, Yoi” Falou sério, mas tinha um pequeno sorriso no rosto “Tem certeza mesmo?”

“Sim… Afinal tudo que importa está aqui” Segurou o chapéu e Marco sabia que ele estava falando dos Vivre Cards escondidos na fita vermelha

“Acho bom, Yoi” Olhou nos olhos de Luffy e pela primeira vez pensou em como ele tinha crescido. Lembrava quando tinha que agachar para olhar diretamente para o menino, que mesmo quando sentava no chão ainda era maior que a criança. Agora Luffy era só uma cabeça mais baixa que ele e isso o pegou de surpresa por uns segundos.

Sorriu. Seu menino tinha crescido tanto… E estava pronto para começar a sua aventura, mesmo que longe de Marco e fora do seu alcance para proteger-lo

“Se cuida, Luffy… YOI” Gritou a última parte de susto quando sentiu o menino o abraçou com toda a força que tinha

“Obrigado!” Gritou Luffy, lágrimas escorrendo por seu rosto de novo “Por tudo! Vocês são a melhor família que eu poderia imaginar! Eu amo vocês!!”

Marco sentiu seus olhos ficando úmidos e respondeu o abraço com força também. Sentiu algo dentro do seu peito partir, mas mesmo assim deu um sorriso

“Eu também te amo, Filhote….”

—----/----

Era tão estranho olhar para o Moby Dick se afastando daquele jeito. Tinha acenado para eles até que seus braços doerem e não pudesse mais enxergar as pessoas na grande embarcação. Agora estava vendo sua antiga casa sumindo no horizonte, sentado na mesma caixa de antes

Suas lágrimas já tinham secado e seu sorriso tinha sido substituído por uma cara serena. Estava perdidos nas milhares de lembranças que tinha juntado por todos aqueles anos. Algumas boas e memoráveis, outras ruins e que ele preferia esquecer, mas todas gravadas no fundo da sua mente

Sentiu alguém se aproximar por trás, mas não desviou os olhos do oceano. Tinha alguma coisa de hipnótico na água que ele nunca tinha percebido antes… Será que era porque ele estava sozinho pela primeira vez? Não sabia explicar…

“Está ficando frio… Você quer entrar? Pode ficar comigo por essa noite antes de subir a montanha” Makino disse olhando para o menino com um meio sorriso nos lábios

“Eu vou sim, Makino! Obrigado!” Desviou o olhar da água e sorriu para a mulher, levantando de onde estava sentado e se espreguiçando “Nem percebi que passei tanto tempo aqui”

“Eu te entendo... deve ser difícil se separar da família assim” Comentou enquanto os dois caminhavam de volta para a cidade

“É… Mas eu vou encontrar com eles de novo” Sorriu ao lembrar das palavras do irmão “No topo do mundo!”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! AcexSabo é meu shippe e ninguém mexe (Só perde para Lawlu de OTP)
O próximo capitulo sai sábado que vem sem falta! Puxem a minha orelha se não vier kkkkkk
BJs



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