Troublesome Life escrita por Wichita25


Capítulo 14
Chamas da Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha um professor de português que disse uma vez que uma história que eu escrevi era dramática demais para o gosto dele. Eu dedico esse capítulo a você, professor, porque é o tipo de coisa que tenho certeza que você teria ODIADO
Se preparem que hoje meu nome do meio é DRAMA*Puxa de novo o radinho com Hamilton* I hope that you Buuuuuuuuuuuuuuuuuuuuurrrrrrrrnnnnnnnnnnnnn
Boa leitura!



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—--- 9 anos ----

Sabo olhava para o homem à sua frente sem acreditar. Sentiu tudo que tinha vivido, conquistado e amado nos últimos anos escorregando pelos seus dedos enquanto o encarava. Suas aventuras, sua família, sua tão amada liberdade… tudo parecia que estava sendo arrancado dele só por aquele homem estar ali

“Não imaginava que você estivesse vivo. Achava que você tinha morrido no incêndio do terminal cinzento junto com os lixos...” lançou um olhar de escárnio para Ace, que o olhava de volta com raiva enquanto rangia os dentes “anos atrás, mas vejo que conseguiu sobreviver”

“E-eu n-n-na” Sabo tremia, não conseguindo montar uma frase completa sem gaguejar. Só conseguia lembrar das grades em sua janela o impedindo de sair, do fogo que vinha do outro lado da muralha, da sensação de achar que perdeu o melhor amigo para uma cidade corrompida

Sabo e Ace tinham vivido no Monte Corvo e no terminal cinzento desde muito jovens. Lutavam juntos, caçavam juntos e roubavam juntos. Era uma vida que se baseava em sobrevivência, mas era uma vida feliz, bem melhor do que ser só um objeto nas mãos de seus pais. Mas um dia seu pai descobriu que ainda estava vivo e mandou bandidos atrás dele, o separando de seu melhor amigo. Então Sabo descobriu que os nobres iam queimar o lixão por causa da visita de alguns nobres especiais e que todos que viviam lá iam morrer. Seu desespero ao ver as chamas enormes que consumiam tudo e todos que estavam lá foi demais para ele. Conseguiu escapar e atravessar a muralha, com a ajuda de um homem misterioso que havia encontrado dentro da muralha, num momento de fraqueza, quando estava quase desistindo. Encontrou Ace lutando contra o seu sequestrador, o pirata Bluejam, e os dois conseguiram o derrotar e sair correndo dali. Sabo e Ace nunca mais voltaram ao terminal, ficando só na floresta e fugindo antes de qualquer pessoa pudesse os ver. O menino loiro estava morto para seu pai e os outros habitantes da cidade alta e queria que continuasse assim para sempre.

“Bem, agora você vai voltar com a nossa família para o reino de Goa e…” a palavra família foi o bastante para tirar Sabo de seu choque e o colocar na realidade

“NÃO!” gritou do alto de seus pulmões “Vocês não são a minha família! Eu finalmente encontrei uma família que me ama! Eu não vou voltar para vocês!”

“Não seja ridículo, sua família somos eu, a sua mãe e seu irmão. Não sei com que bárbaros você andou por aí, mas o sangue fala mais forte Sabo. Eles não são sua família”

“ERRADO! OYAJI E MEUS IRMÃOS SÃO MINHA FAMÍLIA! EU NUNCA…” um soco o atingiu na cabeça, o fazendo parar de gritar e lágrimas começarem a correr sem parar

“Agora já chega! Amordace ele que vou levá-lo para o meu navio hoje. Vamos zarpar o mais rápido possível. E quanto a esses dois” se virou para Ace e Luffy, que assistiam a cena sem poder fazer nada “Não sei o que vai fazer com eles e nem quero saber, só nunca mais quero ver eles novamente na minha frente, entenderam? ”

“Claro, senhor Outlook, vamos dar um jeito nessas pestes com certeza” Se curvou o chefe enquanto observava o nobre pegar o menino amarrado e o levar para fora. Assim que a porta se fechou se virou para os dois meninos amarrados “Peguem eles e vamos levá-los a casa de leilão. Estou louco para colocar as minhas mãos no dinheiro que vamos receber por eles”

—----/----

“OYAJI” Marco abriu a porta do bar gritando, interrompendo a conversa entre o Yonko e a dona do bar. Olhou em volta procurando as crianças, mas não as achou “Os meninos não vieram para cá, Yoi?”

“Não” respondeu preocupado. O mal pressentimento que tinha tido antes voltou com força total. Olhou para seu comandante que estava começando a soltar chamas azuis de nervosismo “O que aconteceu Marco?”

“Eu perdi os meninos no parque! Não é a primeira vez que eu perco eles, mas eles saíram sem terminar se comer e não estavam em nenhum dos brinquedos, Yoi” Passou a mão nos cabelos “Eu disse para eles seguirem o seu Vivre Card caso se perdessem e… ISSO YOI!” Gritou empolgado

“O que foi?”

“Os Vivre Cards! Eu guardei os Vivre Cards dos meninos no barco caso acontecesse alguma coisa, Yoi” falou abrindo um sorriso de alívio

“Ainda bem” sorriu Barba Branca um pouco mais relaxado, mesmo que a sensação ainda não passasse “Filho, pegue alguns comandantes para ir com você, estou com um mau pressentimento” Marco concordou e correu para fora em direção ao Moby Dick. Tudo ia acabar bem, tinha que!

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Ace e Luffy foram jogados em uma das celas da casa de leilão com nenhuma delicadeza. Agora não estavam mais amarrados com cordas nem tinham mais a boca coberta de fita, mas não importava, tinha em seus preços os temíveis colares de bomba, que iam explodir se tentassem tirar ou fugir. Além disso estavam com as algemas de kairouseki, que os deixavam sem forças e os impedem de lutar.

Os dois sentaram em um dos cantos da cela e Ace passou um dos braços ao redor do irmão mais novo, que parecia estar fazendo de tudo para não chorar. Olhou em volta e analisou os outros escravos. Eram todos adultos, alguns normais e outros com características diferentes, como um homem da tribo das pernas longas e um homem que não era grande o bastante para se considerar um gigante, mas era muito maior que qualquer pessoa comum. Havia alguns velhos, mas eles eram as únicas crianças no lugar. Todos estavam cabisbaixos, como se já tivessem aceitado seu destino de escravidão

Meia hora mais tarde o leilão começou. Os vendedores vinham e pegavam os outros escravos de uma maneira aparentemente aleatórias. Nenhum deles voltava e isso estava deixando os meninos nervosos

“Tragam o menino de borracha!” gritou uma voz e a porta da cela se abriu. Um adulto veio e tirou Luffy dos braços de Ace, que tentou lutar contra o homem, mas com as forças esgotadas e com as mãos algemadas não conseguiu fazer nada

“Escuta aqui moleque, se tentar fazer alguma coisa eu vou explodir seu irmãozinho aqui, entendeu?” sem esperar que o menino respondeu saiu da cela carregando Luffy, que agora tinha lágrimas escorrendo livremente pelo rosto.

“ACE” gritava enquanto estendia os braços para o irmão mais velho, como se tentasse os esticar. Luffy tentava impedir seu choro, mas não conseguia. Soluços escapavam pelos seus lábios junto com o nome do irmão “ACE! ACE!”

“Vai ficar tudo certo, Luffy! Eu vou te salvar! Eu prometo! ” Gritou enquanto via o menor ser levado. Ignorou os olhares de pena dos outros escravos e começou a pensar em como sairia dali

“Pare de chorar, está nojento vai espantar a freguesia” disse um homem que tinha tirado o menino da cela enquanto passando um pano com força na cara de Luffy e tirando suas algemas antes de o empurrar para cima do palco. A luz forte que apontava para ele o impedia de ver quem estava na plateia e tudo que conseguia escutar eram as palavras do vendedor que falava num microfone

“Temos aqui um espécime único pessoal! Esse garoto comeu a Gomu Gomu no mi e agora é feito de borracha! Observem!” sem nenhuma cerimônia pegou um dos braços de Luffy e o puxou o mais longe possível, causando espanto da plateia. Soltou o braço de repente e ele voltou com força, fazendo o menino cair “Ele vai ser um brinquedo muito divertido nas horas vagas! Vamos começar os lances com 1 milhão de berris”

Os lances começaram a ser gritados, já estavam em 6 milhões quando uma mulher ergueu a placa

“100 milhões”

“100 milhões para Lady Saint Charlotte. É uma honra contar com a presença dos Tenryuubitos aqui hoje! Alguém da mais? ”

“Olha você gastando dinheiro à toa de novo Charlotte. Para que você precisa de mais uma criança? ” Perguntou o Tenryuubito sentado ao lado dela, enquanto a mulher abaixava a placa

“Você fala como se não tivesse acabado de gastar 50 milhões em uma outra escrava, papai. Minha antiga boneca morreu há alguns dias e preciso de uma nova. Essa criança é feita de borracha, vai aguentar bastante as minhas brincadeiras” respondeu a mulher com um sorriso malicioso na boca. Ninguém se atreveu a dar outro lance por Luffy “Isso está chato, vou pegar a minha nova boneca e ir para o navio, papai” avisou já se levantando

“Vendido para Lady Saint Charlotte! ” Bateu o martelo na banqueta “Agora o próximo escravo...”

Luffy foi puxado pelos seguranças para fora do palco enquanto outro escravo era chamado. Estava em choque. Tinha sido comprado por um maldito Tenryuubito! Marco sempre tinha o avisado para ficar longe deles, sobre o que eles faziam com as pessoas que atravessavam seu caminho. No início achou que era só mais uma história que os adultos contavam para as crianças se comportarem, mas na sua terceira visita a Sabaody os viu pela primeira vez. Estavam cercados de escravos maltratados e atiraram em um casal só porque o homem espirou em sua presença.

Luffy teve pesadelos por semanas depois daquilo, onde sonhava que era ele que tinha os colares de explosivos no pescoço e que não podia escapar. Na próxima vez que foram para Sabaody o menino estava com medo e contido, mas relaxou depois de saber que era difícil encontrar com os Tenryuubito em certas partes da ilha, já que eles preferiam as partes mais ricas e nobres de lá. Sempre que havia um sinal dos malditos nobres mundiais ele se escondia e esperava nunca ter que encontrar com um pessoalmente.

Assim que chegou na sala que os escravos vendidos ficavam se enrolou em um canto e começou a chorar. Não ligava se o chamassem de bebê chorão, de mimando ou inútil. Queria que Marco estivesse ali, para o salvar e o tirar daquele lugar. Queria que Ace e Sabo o chamassem de bebê chorão enquanto o abraçava e checavam se estava tudo bem. Queria ouvir Thatch fazendo alguma piada engraçada da situação, ouvir Oyaji dando sua famosa risada enquanto bagunçava seus cabelos, ouvir Haruta fazendo algum comentário sarcástico para Namur, que não ia entender a piada, ouvir Izou reclamando que tinha destruído outra roupa e que ele teria que consertar.... Queria ouvir qualquer coisa, menos as palavras que vieram logo assim que abriram a gaiola onde estava

“Vamos lá, minha nova bonequinha” Disse a mulher com um sorriso assustador no rosto “Olha só, que bonitinha você fica quando chora.... Vou adorar quebrar você”

—---/-----

“Isso não é um bom sinal” pensou Marcos enquanto olhava para os três Vivre Cards em sua mão. Os de Luffy e Ace apontavam para a mesma direção, que era uma das zonas onde havia as casas de venda de escravos. Eles não teriam ido até lá sozinhos, principalmente por causa do medo que Luffy tinha dos Tenryuubitos. Se eles estavam lá era porque algo muito grave tinha acontecido.

E ainda havia o Vivre Card de Sabo, que apontava para uma direção totalmente oposta dos outros dois. Ele ia em direção a parte nobre da ilha, onde geralmente os nobres e comerciantes aportavam e ficavam. Isso era quase tão ruim quanto a área de venda de escravos. Sabo não gostava de nobres e deixava isso bem claro. A cabeça de Marco estava a mil tentando entender o que estava acontecendo.

“Vamos seguir o Vivre Card de Ace. Ele e Luffy devem estar juntos e em perigo se estão onde eu acho que estão. Vamos atrás de Sabo assim que os pegarmos, Yoi” Falou para Thatch, Izou e Vista. Eram os únicos comandantes no Moby Dick quando foi buscar os papéis, tinham acabado de voltar com os suprimentos que tinham ido comprar

“Fica calmo Marco. Não acha melhor nos separarmos? Assim podemos buscar os 3 ao mesmo tempo” Sugeriu Izou, mas recebeu uma negação de Marco.

“Eu acho que Luffy e Ace então no leilão, Yoi” isso fez com que os outros comandantes engolissem o seco “Não sei a condição de Sabo, mas se não pegarmos Ace e Luffy agora a situação pode se agravar ainda mais” Os comandantes concordaram e começaram a correr na direção que o Vivre Card apontava

Chegaram na casa de leilão humano e engoliram o seco mais uma vez. Não restava dúvidas que eles estavam lá dentro. Marco deu um olhar significativo para os seus irmãos

“Não podemos atacar agora, podem haver aqueles nobres malditos aqui e não temos como enfrentar um almirante no momento... Vamos entrar e assistir, Yoi. Se eles estiverem a venda... “ Fechou os punhos com força só de pensar “Vamos tentar comprar eles de volta, temos dinheiro o bastante no navio para isso, Yoi”

Assim que entraram foram recebidos por um dos funcionários do lugar, que deu uma placa com um número e indicou um lugar para sentarem

“Estamos no intervalo agora. Perderam uma grande parte do evento, mas não se preocupem, eles guardam o menor para o final” falou o funcionário não percebendo os olhares assassinos que estava recebendo. Marco estava mantendo a face sem expressão, mesmo que estivesse a ponto de explodir por dentro

“Você saberia me informar se já venderam dois garo....” Antes que o primeiro comandante pudesse terminar as luzes do palco se acenderam e o leilão começou. O funcionário se despediu com pressa e deixou os piratas para trás

Marco suspirou junto com os outros ao assistir levarem uma mulher jovem e chorosa para o palco. Aquele era um show de horrores, vendo as pessoas dando lances como se estivessem comprando uma peça de mobília e não um ser humano que tinha uma vida inteira pela frente. Depois de alguns “produtos” passarem pelo palco e serem vendidos, finalmente avistaram um dos meninos que estavam procurando

Era Ace. Ele estava com o colar de escravos e com as mãos e pés algemados. Marco reconheceu as algemas de kairoseki e franziu a testa em confusão. Por que estavam usando aquelas algemas se ele não era usuário?

“É o Ace! Temos que tirar ele dali” Sussurrou Thatch baixinho, seus dedos coçando para pegar sua espada

“Calma” sussurrou de volta Vista “Ele está com o colar e não sabemos onde está Luffy”

“Eu sei, droga... Eu só não suporto ver aquele olhar na cara dele de novo” Thatch respondeu enquanto olhava para o menino. O olhar de tristeza e auto ódio que tinha quando entrou pela primeira no Moby Dick estava de volta, e fazia tanto tempo que eles não o viam que doeu ao perceber que ele tinha voltado

“Senhoras e senhores, outro espécime único aqui hoje! Esse jovem comeu a pouquíssimo tempo a Mera Mera no mi! É um poder incrível para se ter em mão, olhem! ” Fez um sinal para um dos seguranças, que retirou as algemas de Ace quando sussurrava algo em seu ouvido. O menino engoliu o seco e tremeu. Levantou as mãos agora livres e se concentrou, fazendo com que pegassem fogo. A plateia pareceu gostar e começou a aplaudir, como se fosse algum show de aberrações. Isso deixou os comandantes mais enojados ainda, Thatch parecia a ponto de vomitar

“Ele é um Logia agora, por que não foge?” Perguntou o cozinheiro entre dentes

“Ace acabou de receber seus poderes, não deve conseguir controlá-los muito bem. Além disso acho que estão usando Luffy como chantagem para ele, Yoi” Falou Marco tentando esconder a sua raiva sem sucesso. Ela escorria pela sua voz

“Vamos começar os lances com 5 milhão de berris!” Falou o vendedor

“É cinco vezes mais que o garoto de borracha” comentou um homem para a sua esposa, que estava sentado perto de Marco. Isso chamou a atenção imediata da fênix, que ouviu sem acreditar

“Claro, borracha é um poder idiota, fogo é muito mais interessante” Respondeu a mulher com desdém enquanto se abanava com um leque. Marco fechou os olhos por um segundo, não querendo acreditar.

Luffy já tinha sido vendido

Se voltou para seus companheiros, que tinham escutado também e olhavam para Marco com uma determinação renovada, só esperando um sinal do primeiro comandante.

“Vamos queimar esse lugar até não sobrar nada, Yoi”

“Yosh!” Responderam os outros comandantes prontos para sacar as armas

“Se importam se eu ajudar?” Uma voz veio de trás do grupo, fazendo com todos virassem

“Você!”

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Ace ignorava as pessoas falando sobre ele na plateia e só se focava no fogo. No começo tinha estranhado a sensação. Era estranho tocar o fogo e não sentir o calor escaldante, mas sim um toque morno. Achou engraçado pensar em como o fogo sempre apareceu na sua vida, suas memórias mais marcantes eram cheias dele

Quando conheceu Sabo, o menino loiro estava fazendo uma fogueira. O fogo ficou entre eles enquanto se encaravam pela primeira vez, como dois animais ariscos esperando a reação do outro. Então, entre as labaredas da fogueira, Ace viu o menino de cartola sorrir e oferecer um pedaço de carne. Esse foi o começo a sua amizade única e verdadeira

O incêndio no terminal cinzento não era uma memória boa, mas era uma memória forte. Lembrava do cheiro de lixo queimado. No fundo lembrava o cheiro de carne queimada também, mas preferia ignorar essa parte da memória para sua própria sanidade. O sentimento de desespero de perder seu melhor amigo e o alívio de o reencontrar se misturavam e o confundiam na memória. E o mais importante, lembrava se da promessa de nunca mais fugir, feita em meio às chamas e sangue.

Sua última memória com o fogo foi quando contou para Barba Branca sobre quem era. A fogueira que o capitão tinha feito era muito maior que as que ele e Sabo faziam para cozinhar alimentos. Os dois sentaram em lados opostos da fogueira e Ace lembrava do fogo refletindo nos olhos do Yonko. E lembrou das palavras gentis que ouviu de seu Oyaji, junto ao crepitar da fogueira. Não era a primeira vez que diziam aquelas palavras para ele, Sabo falava a mesma coisa sempre que tinha a chance, mas foi a primeira vez que realmente as escutou. E, olhando para o fogo, chorou de felicidade por estar vivo pela primeira vez

E agora outra memória estava sendo construída. Segurava as lágrimas enquanto olhava para o fogo, pensando em tudo que estava sendo tirado dele. Sua liberdade, sua família, seus irmãos. Parecia que tudo tinha sido tirado dele em troca desse fogo maldito. Apertou os olhos tentando impedir que as lágrimas escorressem, tudo em vão. Não queria chorar na frente daqueles malditos, mas não conseguia. Droga! Droga! Droga!

Sentiu seus braços serem agarrados e o fogo sumiu quando colocaram de novo as algemas nele. Era o mesmo que tinha sussurrado em seu ouvido momentos antes que iam matar o “pequeno moleque de borracha” se ele tentasse alguma coisa. Sem seus poderes para se distrair, voltou a ouvir o vendedor de escravos, falando o preço por qual ele podia ser vendido. Escutou alguns lances, mas não prestou atenção, seus olhos olhavam para a plateia desfocados, sem ver nada. Então, um azul brilhante chamou a sua atenção.

Virou a cabeça em direção a chama azul que agora estava tomando conta de toda a parte leste da plateia. Ouviu gritos de pavor das pessoas que fugiam desesperadas. Começou a ouvir tiros e barulhos de espadas se chocando. E abriu um sorriso de orelha a orelha ao ver seus irmãos mais velhos irem ao seu resgate. Estava salvo

Olhou em volta procurando o homem que sabia que tinha as chaves das bombas, mas ele já tinha fugido pelo o que parece. Enquanto estava procurando sentiu uma mão em seu ombro e antes mesmo de ver quem era deu um chute alto de volta, para afastar o inimigo. Não contava que segurasse seu golpe com facilidade e o soltasse logo depois. Olhou para o homem que tinha atacado e percebeu que era um velho de óculos que estava sorrindo amigavelmente para o menino.

“Calma, vim te ajudar Ace”

“Como sabe meu nome?” Perguntou dando um passo para trás. Aquele homem lhe passava uma sensação estranha

“Os comandantes do Barba Branca me contaram. Meu nome é Rayleigh. É um prazer finalmente o conhecer” parecia que havia um significado escondido naquela frase, mas Ace resolveu deixar passar. Não tinham tempo para isso, tinham que achar o homem com a chaves e… Ace deu mais um passo para trás quando o velho começou a mexer na bomba em seu pescoço “ Por favor não se mexa”

“Você está maluco? Essa coisa vai explodir no meu pescoço! ”

“Não se você me deixar tirar isso logo. Pode confiar em mim” falou voltando a mexer no colar. O menino resolveu deixar que ele fizesse isso, sem ver outra alternativa. Quando a bomba começou a apitar fechou os olhos, esperando sentir o impacto da explosão. Escutou o barulho de algo explodindo, mas não sentiu dor nenhuma e abriu os olhos. O velho tinha aberto e retirado o colar dele muito rápido, fazendo que ele explodisse já fora do seu pescoço. “ Pronto, agora temos que achar as chaves para a sua algema”

“Obrigado” falou baixinho antes que pudesse se segurar. O homem fez um movimento com a cabeça, indicando que tinha ouvido o agradecimento, mas não falou nada o que deixou o menino com as sardas um pouco menos envergonhado. Seguiu o velho até a parte de trás do palco, onde encontraram um dos molhos de chave que os vendedores usavam para as algemas. Depois de algumas tentativas o menino se viu livre das pesadas algemas e o fogo voltou

“Droga! Como eu controlo isso?” Perguntou enquanto mexia os braços tentando apagar as chamas em vão. Olhou em um espelho e percebeu que o seu cabelo e chapéu estavam em chamas, mas não pareciam queimar. Rayleigh riu do desespero do menino

“Calma, isso é algo que leva tempo. É como se tivessem nascido um novo braço e você tem que se acostumar a ele. Só pense no que você quer que as chamas façam com calma que elas vão obedecer” Ace respirou fundo e fechou os olhos, querendo que o fogo sumisse. Quando abriu os olhos e olhou no espelho viu que tinha voltado ao normal. “Muito bom, com o tempo você vai pegar o jeito. Agora vamos. Sua família maluca está te esperando” Sorriu Rayleigh, vendo o menino concordar empolgado.

Voltaram para onde os comandantes estavam lutando. Os seguranças do local e dos Tenryuubito tinham começado a reagir e agora uma batalha tinha se iniciado. Marco estava indo bem, os tiros e golpes que recebia passavam por ele como se fossem nada. Thatch e Vista tinham puxado suas espadas e começado a lutar contra os inimigos que os cercavam. Izou estava ocupado tentando eliminar os atiradores que estavam mais longe com suas pistolas. Ace abriu um sorriso ao ver a cena. Sua família nunca o abandonaria

Seu sorriso sumiu quando viu que alguns marinheiros tinham chegado. Provavelmente tinham sidos chamados pelos Tenryuubito, que já tinham fugido do local. Estavam apontando seus rifles para o grupo que lutava e esperava o sinal de seu superior para atirar. Ace não ia deixar que isso acontecesse.

Correu em direção aos marinheiros, que não o viram por estarem muito concentrados nos comandantes. Assim que chegou perto deu um soco na cara do marinheiro mais próximo e o derrubando. Aproveitando o choque que tinha causado aproveitou o impulso para chutar mais um deles e depois pular na garganta de outro. Puxou a espada do marinheiro que estava agarrado e segurou contra a sua garganta. Olhou para os outros marinheiros com o desafio claro nos olhos.

“Que criança é essa?” Perguntou um dos marinheiros confuso

“Talvez seja um escravo que escapou” Respondeu o outro marinheiro, enquanto olhava para o menino “Calma garoto, está tudo bem. Vamos te ajudar, mas antes precisamos que você solte esse homem e nos deixe acabar com os piratas malvados, ok?” Disse ele dando um passo para frente, mas parou ao ouvir o rosnado do garoto sardento

Ace teve vontade de vomitar. Piratas malvados? Sua família não era má. Se eles quisessem prender alguém realmente ruim, teriam começado pelos Tenryuubitos que eles tanto protegem. Sentiu um calor vindo de dentro de si, como se ouvisse um monstro dentro dele querendo rugir. Agiu totalmente por instinto, erguendo o braço que não segurava a espada e apontando para os soldados que olhavam sem atenção. E então fez aqui que parecia preso em seu peito explodir.

O fogo saiu de seu braço como com lança chamas, queimando os marinheiros mais próximos. Esses caíram totalmente queimados e desmaiados no chão, enquanto os outros desviaram evitando as chamas. Ace bateu na cabeça do soldado que estava segurando o fazendo desmaiar e pulou para atacar um dos marinheiros que tinha fugido do golpe de fogo. Seus punhos pegavam fogo e seus socos estavam mais poderosos que nunca, mas estava em menor número contra soldados experientes. Quando derrotou o quinto inimigo, foi segurado pelas costas pelo líder daquele grupo, que usou Haki para isso. Tentou escapar, mas o aperto era forte demais e suas chamas não pareciam incomodar o homem.

“É um demônio!” gritou um dos soldados apontando a arma para o menino, que rugiu de volta tentando se libertar. Olhou diretamente para os olhos do soldado que ia atirar, o fazendo hesitar. Logo em seguida o homem com a arma caiu no chão, atingido por um tiro. O líder dos soldados e Ace olharam para onde tinha vindo o tiro, e viram Izou apontando sua pistola em direção a eles. O marinheiro virou em direção ao atirador, usando a criança como escudo

“Solte as armas e se rendam ou vou matar essa criança!” Gritou o homem desesperado, apertando o pescoço de Ace com o Haki ativado. Izou abaixou a pistola, mas deu um sorriso malicioso. O marinheiro ficou confuso por um segundo, e quando foi perguntado qual era a graça foi interrompido por uma voz ao seu lado

“E depois falam que nós somos os malvados, Yoi!” e recebeu um chute das garras cheias de fogo de Marco. Não teve tempo de proteger e recebeu o golpe com toda força, desmaiando e soltando Ace, que caiu no chão enquanto respirava com força.

Antes que pudesse levantar e agradecer por ter sido salvo, foi abraçado pela fênix. Travou, não estava acostumado com demonstrações de carinho tão grande. Sempre evitou abraços e os outros piratas respeitavam isso, se contentando com tapinhas nas contas e bagunçar seus cabelos. Demorou um pouco para responder o abraço e as lágrimas começaram a escorrer de novo, só que de alegria dessa vez. Estava salvo. Tudo estava bem.

“Você está bem? Eu estava tão preocupado! Eles te machucaram em algum lugar, Yoi?” Marco se afastou do menino e começou a olhar para ele de cima a baixo procurando ferimentos. Ace fungou e fez que não com a cabeça. Marco sorriu enquanto colocava uma das mãos na bochecha do menino, secando suas lágrimas. “Graças aos mares, achei que tinha perdido vocês. Agora, vamos que temos que buscar Luffy e ir atrás de Sabo. Você pode me contar o que aconteceu, Yoi?”

Ace concordou e resumiu tudo que aconteceu enquanto iam para onde os escravos comprados eram deixados. O primeiro comandante ficou furioso ao descobrir o que o pai de Sabo tinha feito e prometeu que iriam tiram o menino loiro dele custe o que custar

“Aquele homem não tem mais o direito de se chamar de pai do Sabo. Vou fazer com que ele saiba disso pessoalmente, Yoi” Resmungou, e Ace concordou com a cabeça.

“Desde que você me deixe chutar a bunda dele também”

“Fechado, Yoi”

Chegaram na sala onde Luffy devia estar e encontraram Thatch segurando um dos vendedores de escravos pela a gola da camisa e gritava com o homem com uma raiva selvagem

“Quem comprou ele? ONDE ELE ESTÁ??” Sacudiu o vendedor que tremia de medo. Marco e Ace se entreolharam com medo no olhar. Luffy não estava mais ali

“F-foi a L-L-Lady S-Saint Charlotte. Ela o l-levou logo d-depois da c-compra” respondeu gaguejando muito

“Luffy foi comprado por um Tenryuubito?” Perguntou Vista com pavor no olhar. Isso era uma péssima notícia, as maluquices daquela nobre eram bem conhecidas. O vendedor só concordou com a cabeça, ainda chorando. Thatch viu vermelho e arremessou o homem para o outro lado da sala.

“DROGA!” Gritou o cozinheiro enquanto passava as mãos pelo o seu cabelo, desmontando o seu penteado. Isso mostrava o quanto estava nervoso. “O que faremos agora?”

“Se formos atrás de Luffy será a mesma coisa que comprar briga com o governo mundial” Falou Izou preocupado

“E Sabo também foi levado” adicionou Ace, franzindo o rosto “Precisamos salvar ele também! O pai dele disse que iam embarcar imediatamente de volta para Goa”

Todos olharam para Marco, que era o que tinha a patente mais alta e estava no comando. Ele pensou por alguns segundos e decidiu o que fariam

“Alguém me traga um Den-Den-mushi. Tenho que falar com Oyaji sobre isso. Eu tenho um plano, Yoi”


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Notas finais do capítulo

Cliffhanger de novo pq sou malvada (e pq se eu continuasse o capítulo ia ser grande demais). Como vão salvar Luffy das garras da horrível nobre? Será que vão conseguir pegar Sabo de novo? *Faz propaganda estilo SBT* Descubram no próximo capítulo de Troublesome Life *toca musiquinha e pisca a propaganda da Jequiti* Wtf?
Eu realmente fiquei incomodada enquanto escrevia este capítulo. Odeio o pai do Sabo e odeio os Tenryuubitos, eles me dão nojo. Sempre que eu sinto raiva eu vou no capítulo que Luffy dá um soco em um deles e me sinto muito melhor. Estou esperando Oda fazer Mariejois cair e todos eles se ferrarem muito. Quando isso acontecer prestem bastante atenção nos quadrinhos que eu vou estar lá rindo feito uma maluca em meio às chamas e destruição :)
Como eu disse nas notas iniciais, meu professor de português estaria completamente decepcionado comigo agora, além de dramática eu tentei colocar um pouco de emoção demais nesse capítulo. Estou pensando seriamente em mandar esse capítulo para ele, só para ele jogar o computador pela janela (Sdds prof Renato, ótimas aulas sobre virgula, que, eu, não, prestei, atenção)
Comentários e críticas são sempre bem-vindos! Vcs não tem noção da alegria que eu sinto ao ver a notificação de comentário novo S2



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