Troublesome Life escrita por Wichita25


Capítulo 11
Família


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Capítulo 11

—--- 7 anos e meio ----

“Certo, agora... você mata ele”

“Eu? Eu nunca matei ninguém! Você faz isso”

“Por que eu? ”

“Eu não quero morrer! ”

“CALA A BOCA! “ Os dois gritaram para o menino amarrado, que parou de gritar e ficou encarando os outros dois com lágrimas nos olhos

Assim que o menino apareceu eles se vestiram e o levaram até o quarto dos dois. Luffy estava confuso demais para fazer qualquer coisa, afinal por que queriam matar ele? Encontraram uma corda no caminho e usaram para amarrar o garoto com chapéu de palha em uma cadeira. Agora decidiam o que fariam com ele

“Você tem que o matar porque é culpa da sua boca grande que estamos nesse problema! ” Falou Sabo apontando um dedo para o amigo “Eu não vou matar ele, eu não sei matar uma pessoa! ”

“Bem, se não matarmos ele logo ele vai contar para todo mundo de quem sou filho e o capitão vai me matar! ” Gritou de volta Ace.

“Não vai não” falou Luffy. Os outros dois garotos olharam para ele, que olhava de volta sem parecer muito bem o que eles estavam falando “Porque Oyaji mataria vocês? Vocês fizeram alguma coisa de errado? ” Ace apertou os punhos com força

“Você não ouviu o que eu disse?!” Gritou, dando um cascudo no menino de borracha, que reclamou “Eu sou filho do Gol D. Roger! Filho do maior inimigo de seu capitão! Eu não deveria nem ter nascido...”

“Que bobagem” interrompeu o menor “Não importa quem é seu pai, e sim quem você é. Oyaji diz que somos todos filhos do mar” deu um sorriso para os dois, esquecendo totalmente que estavam planejam planejando matar ele a alguns segundos atrás “Oyaji diz que meu pai é procurado e muita gente vai colocar a culpa em mim, mas eu não tenho culpa de nada que não tenha feito com as minhas próprias mãos, não importa o que digam”

Sabo olhou para Ace com um olhar preocupado. Aquele garoto estava falando tudo que sempre tinha dito e Ace nunca quis escutar. Os olhos do moreno mais velho estavam escuros e voltados para baixo, e Sabo não conseguia ler a sua expressão

“Né, se você quiser eu não conto para ninguém, nem para Oyaji nem para Ma”

“Por que você guardaria segredo? Como sabemos se você não vai contar para eles na primeira oportunidade? “ Perguntou Ace, olhando bem nos olhos do menino de chapéu de palha, procurando qualquer sinal de mentira

“Porque eu quero ser amigo de vocês! Não tenho amigos da minha idade aqui no Moby Dick” seu sorriso sumiu e deu lugar a uma cara melancólica “Ma e os outros tentam passar um tempo comigo, mas eles tem coisas adultas para fazer e não gostam muito de brincar... Thatch é o que mais brinca comigo, mas ele é chef da cozinha e é muito ocupado” Ace olhou para o menino triste enquanto lembrava dos homens do reino de Goa, que falavam para ele que ele não devia existir, que era um demônio que não devia ter nascido...

“Então facilitaria as coisas para você se eu estiver por perto? ” Abaixou a cabeça esperando a resposta

“Sim” Concordou Luffy com segurança

“E vai ser mais difícil sem mim? ”

“Sim”

“Você quer...” Parou por um segundo, apertando o punho “que eu viva? ”

“Claro que sim! ” Gritou de volta

“Entendo...” virou de costas, “Mas eu detesto crianças mimadas como você! ”

“Eu não sou mimado! Sou forte! ” Gritou e começou a se mexer na cadeira, tentando se soltar. Antes que Ace pudesse responder com um comentário sarcástico houve uma batida na porta e ela foi aberta

“Vocês estão prontos? Eu vou mostrar onde fica o refeitório para.... Por que o Luffy está amarrado numa cadeira, Yoi? ” Os três meninos se entreolharam como se não soubessem bem a resposta

“Estamos... brincando? ” Falou Luffy sem muita certeza, que foi confirmado por Ace e Sabo. Marco não pareceu acreditar muito nisso mas deixou passar

“Ok, desamarrem ele e vamos lá. Vou mostrar onde fica o refeitório e o resto do navio para vocês, Yoi! ”                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

—---/----

“Por que vocês estão pescando?” O dono do chapéu de palha perguntou com curiosidade

“Porque não vamos depender do seu bando para nos alimentar” Resmungou Ace olhando para o oceano. Ao seu lado Sabo suspirou “Não vamos ficar em dívidas com eles, vamos conseguir nossa própria comida”

“Hummm... Isso parece meio estúpido, mas ok!” Falou Luffy com um sorriso. Abriu os olhos e desviou por pouco do soco de Ace “Hey! Por que você quase me bateu? ”

“Você que é estúpido! ” Gritou o moreno mais velho com raiva. Logo os dois começaram a brigar enquanto Sabo suspirou mais uma vez e olhou para o horizonte.

Estavam no navio a mais ou menos um dia e o menino de 7 anos tinha grudado neles que nem cola. Isso era um problema, já que não conseguiam planejar a fuga deles sem que o moleque escutasse tudo. Ele não tinha falado sobre o segredo de Ace para os piratas, mas não podiam arriscar.

Tinham decidido não comer no refeitório junto com os outros piratas. Na verdade, quem decidiu foi Ace e o loiro teve que aceitar o que seu amigo teimoso queria. Ace não queria de jeito nenhum ficar em dívida com o capitão, com a desculpa que um dia iria derrotar Barba Branca e colocar seu nome na história. Resolveram pescar as próprias refeições, mas não estavam tendo muita sorte...

“CALEM A BOCA VOCÊS ESTÃO ESPANTANDO OS PEIXES!!! ”Gritou Sabo fazendo os dois se calarem e virarem a costas um para o outro. Ace voltou a segurar a sua vara de pesca improvisada. Tinham feito as varas com pedaços de madeira e corda que acharam pela embarcação e estavam usando como isca pedaços de pão que tinham achado no refeitório.

“Né, como vocês conseguiram autorização para pescar sozinhos? Eu peço para pescar o tempo inteiro e eles nunca me deixam...” murmurou Luffy curiosos

“Hã? Por que precisamos de autorização para pescar? ” Os dois olharam para o menino

“Porque estamos na Grand Line”

“E o que tem isso? ”

“Quando pescamos nós acabamos atraindo peixes por causa das iscas e os peixes atraem...” Luffy parou de falar e olhou para trás dos garotos mais velhos preocupado. Uma sombra surgiu e cobriu todos eles, fazendo com que Sabo e Ace virassem devagar para ver o que era “... Reis dos mares”

Aquele rei dos mares era muito maior do que o que tinha perto de Dawn. Na verdade, fazia parecer que o de Dawn parecia uma minhoca perto de uma gigante cascavel. Era azul com listras brancas e tinha cara de hipopótamo. Segurava na sua boca as pontas das varas de pescar e parecia bem faminto. Os meninos piscaram para o monstro, que piscou de volta. Alguns segundos se passaram em silêncio até que o monstro soltou um rugido, fazendo os meninos gritarem também

“Bem que eu estava estranhando que o navio estava calmo demais. Nunca é um bom sinal, Yoi” Falou Marco do lado do capitão que só deu uma risada alta. Se transformou na sua forma híbrida e foi voando até onde os gritos estavam vindo.

As crianças estavam encolhidas num dos cantos do navio, paralisadas de medo enquanto o Rei do mar abria a boca para os devorar. Os três fecharam os olhos esperando pelo fim quando ouviram o barulho de um golpe e abriram os olhos.

Marco, com os braços substituídos por asas de fogo azuis e garras no lugar dos pés tinha chutado o monstro de volta para o mar. O rei do mar levantou e tentou atacar de novo, mas parou ao olhar para Marco e perceber o que era.

“Cai fora, Yoi” Falou calmamente o comandante, e o rei do mar mergulhou em alta velocidade, fugindo dali o mais depressa possível. Marco voltou a sua forma normal e se virou para as crianças “Vocês estão bem, Yoi? ” Os três fizeram que sim com a cabeça. Marco se aproximou e deu um cascudo na cabeça de Luffy, para a surpresa dos outros dois

“AI! Isso doeu! Ma malvado! ”

“Quantas vezes eu já disse para você não pescar na Grand Line, Yoi? Colocou vocês três em perigo, Yoi” Luffy abriu a boca como se fosse se defender, mas rapidamente fechou e olhou para Ace e Sabo. Tomou uma decisão e virou para Marco com a cabeça abaixada

“Me desculpa” Falou para a surpresa dos outros meninos, que achavam que ele iria colocar toda a culpa neles

“De castigo por 3 dias, Yoi” Luffy foi reclamar, mas desistiu e baixou a cabeça de novo. Ace não conseguia mais assistir isso calado

“Não, espera. Fui eu que fiz isso” Falou chamando a atenção da fênix, que ergueu uma sobrancelha “Nós queríamos conseguir o nosso próprio alimento e resolvemos pescar. Não sabíamos que era proibido e Luffy tentou nos avisar... Eu sinto muito” terminou se curvando para o comandante, que começou a coçar a cabeça

“Por que vocês querem conseguir o próprio alimento? Temos o refeitório, podem ir lá sempre que quiserem, Yoi”

“Não queremos ficar em dívidas com vocês! Podemos nos virar sozinhos” Resmungou Ace, fazendo Marco suspirar

“Mesmo que vocês possam não quer dizer que vocês devam. Olha, vocês não vão ficar em dívida com nós. Aceitamos cuidar de vocês e não pedimos nada em troca. Se preferirem, podemos dizer que quem vai ficar em dívida conosco é seu avô, já que ele que trouxe vocês para cá, Yoi” Os dois meninos se entreolharam e pareceram pensar por alguns segundos até finalmente concordar, mesmo de má vontade “Ok, Luffy não está de castigo e já que vocês não sabiam também não estão encrencados, mas não façam mais isso. Deixem para pescar nos Blues, só façam isso na Grand Line quando forem fortes o suficiente para derrotar um Rei do mar, Yoi”

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“Mais rápido Luffy” disse Vista enquanto dava mais um golpe em direção ao garoto com a espada de madeira. O menino desviou do golpe no último segundo com seu bastão  “Mesmo que não seja uma espada de verdade não significa que você tem que levar na brincadeira”

Algum tempo depois Luffy estava no chão com um galo enorme na testa. Tinha demorado demais para reagir e Vista usou um pouco de Haki para ensinar uma lição para ele. Desviou o olhar do garoto de borracha reclamando no chão e olhou para os dois meninos que olhavam para o treino com curiosidade.

“Hey, vocês não querem tentar também? Se vocês vão ficar com a gente tem que aprender a se defender sozinhos”

“Sabemos nos defender” Resmungou Ace e Sabo concordou

“Nós caçamos na floresta antes de vir pra cá” Explicou o menino loiro “Mas usamos canos, não bastões ou espadas”

“Canos? Humm Interessante… Acho que devemos ter alguns canos sobrando no depósito. Vamos dar uma olhada ver se tem algo que agrade vocês” falou o comandante. Virou para o menino de borracha ainda no chão “Se levanta, Luffy”

“Não posso, eu morri” Respondeu com a língua de fora.

“Não, você não morreu” Levantou o menino pela gola da camisa e foi guiando os outros dois até onde ficavam guardadas as armas.”Podem escolher à vontade. Os canos devem estar em algum lugar por aqui, mas se quiserem aprender a usar alguma arma diferente é só pedir” Ace foi logo procurar as armas enquanto Sabo continuou perto da porta, meio pensativo.

“Por que vocês vão nos ensinar?” perguntou o loiro confuso

“Pelo mesmo motivo que ensinamos Luffy. Não vamos poder proteger vocês para sempre, um dia vocês vão querer andar pelas próprias pernas e é melhor que vocês saibam se defender quando esse dia chegar” Sabo olhou surpreso para o comandante. Andar pelas próprias pernas? Ele achava que uma vez que você se junta a um Yonko não existe saída… pelo menos era isso que os livros sobre eles disseram.

“ E o que Luffy treina?” mudou de assunto, não queria atrair a ira do comandante perguntando sobre sair do bando “Ele é bem rápido, mas não parece ser forte”

“Eu sou forte, sim!” gritou Luffy e uma risada de escárnio foi ouvida de dentro do depósito onde Ace estava “Sou sim! Para de rir Ace!” e correu para dentro do depósito

“Principalmente corpo a corpo, que é o seu favorito, mas ensinamos bastão para ele só para garantir. Também tem aulas de tiro com Izou para melhorar a mira e ajudar com os seus poderes, mas ele é péssimo nisso” deu uma risada. Sabo ficou perplexo. Poderes? Abriu a boca para perguntar mas foi parado por um grito de Ace

“Sabo! Achei! Vem cá escolher” Ace gritou do fundo do depósito. Sabo foi até ele e começou a testar os pesos e tamanho dos canos. Luffy também pegou um.

“Vista! Quero treinar com canos! São mais legais que o bastão!”

“Tem certeza? Eles são mais pesados também, vão diminuir a sua velocidade” o garoto parou para pensar e concordou. “Então certo, vamos lá pra fora testar as habilidades de vocês pirralhos”

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Barba Branca assistia sorridente o treinamento de seus filhos mais novos. Fazia apenas duas semana que tinham sido deixados no Moby Dick, mas mesmo assim o Yonko já os considerava parte da família. Os dois eram bem ariscos no começo, não querendo se misturar com o resto da tripulação e fugindo de Luffy sempre que podiam, mas depois do incidente com o Rei do mar e o começo do treinamento isso começou lentamente a mudar

Sabo era o mais comunicativo dos dois e o único que conversou com Barba Branca até agora. Era bem curioso e adorava fazer perguntas para todos, principalmente para o navegador do navio e para Namur. O comandante da oitava divisão ficou meio receoso de conversar com o menino, já tinha sofrido preconceito demais por ser um tritão, mas depois de um tempo se acostumou e até gostava de conversar com o loiro. O menino fazia perguntas interessantes e parecia realmente curioso sobre sua raça e cultura.

Ace era uma outra história… Não gostava de ficar perto do capitão, como se tivesse medo dele. Também não parecia muito à vontade com os outros tripulantes e sempre ficava tenso quando alguém ia falar com ele. As únicas pessoas que pareciam não causar essa reação eram Luffy e Thatch. O comandante da quarta divisão tinha tomado como meta fazer o menino sair daquela bolha de mau humor que estava desde que chegou no navio. Depois de muitas tentativas de puxar assunto e conversar finalmente tinha feito um pouco do muŕro que o garoto com sardas tinha construído em volta de si rachar. Tinha até conseguido arrancar uns pequenos sorrisos do garoto, já era uma vitória!

O relacionamento entre as três crianças tinham melhorado e muito também. No início eles fugiam do menor e tentavam o despistar no grande navio, mas agora pareciam tolerar e até gostar da presença do menino de borracha. O que mais gostavam de fazer eram lutar um contra o outro para treinar e até alguns tripulantes tinham montado um placar com a contagem de vitória e derrotas para as crianças. Algumas apostas eram feitas durante as lutas e isso pareciam empolgar os meninos, então Marco tentava fechar os olhos para isso (“Eu não acredito que vocês estão apostando em lutas de crianças! Isso não é uma rinha de galo, Yoi”)

Os três ganhavam e perdiam de uma maneira equilibrada. Luffy era rápido e resistente, mas não era tão forte quanto os outros dois e seus golpes não acertavam sempre. Ganhava pelo cansaço e já tinha nocauteado os outros dois algumas vezes por causa de um golpe que acertou em cheio por sorte. Ace era mais forte e selvagem dos três, mas era bem mais lento. Ganhava quando conseguia segurar o oponente por tempo o suficiente para acertar um golpe bem dado, que geralmente era o suficiente para ganhar. Sabo era um pouco mais fraco que Ace e não tão rápido quanto Luffy, mas era inteligente. Ganhava com as suas estratégias e seus “jogos sujos”, como Ace chamava

Agora os dois meninos mais velhos estavam lutando enquanto Luffy estava sentado do lado do placar chateado depois de perder para Ace por ter cometido alguns erros bobos. Alguns tripulantes o consolaram e davam dicas, enquanto outros riam da cara do pobre menino, como Thatch estava fazendo

“HAHAHAHAHA O final foi sensacional! Adorei o jeito que você deu uma cabeçada na sola do pé dele HAHAHAHAHA!”

“Não tem graça! Eu tropecei!”respondeu para o cozinheiro enquanto infla as bochechas. Voltou a olhar a luta a tempo de ver Sabo apontando o cano em direção ao pescoço de Ace, ganhando a luta.

“Ha! Sabia que ele ia ganhar dessa vez” disse Haruta enquanto tomava o dinheiro da mão de quem tinha apostado com ela “Bebida é por minha conta hoje!

“Droga, eu ia precisar desse dinheiro” Resmungou o tripulante

“Quem mandou apostar? Mais sorte na próxima ilha” Respondeu feliz a comandante enquanto contava o dinheiro

“Ilha? Estamos chegando em uma ilha?” Perguntou Sabo ajudando Ace a se levantar

“Aham, vamos chegar nela um pouco depois do meio dia. É uma das ilhas sobre nossa proteção, então vocês vão poder passear por lá sem problemas… mas antes provavelmente Marco vai levar vocês para comprar algumas roupas” explicou Haruta

“Isso mesmo, então vão tomar um banho e ir se arrumar. Daqui a pouco o almoço está pronto e eu quero sair assim que chegarmos, Yoi” Marco falou chegando do nada e assustando as crianças mais velhas como sempre fazia. Os três concordaram e foram para seus quartos. Ace percebeu que Sabo parecia meio hesitante.

“O que foi? Desembucha!” O loiro pareceu surpreso e depois nervoso.

“Então… eu estava pensando…” hesitou mais uma vez, não tendo certeza de como continuar falando

“Anda logo!”

“Não acho que devemos fugir agora!”

“O que?”

“Eu… gosto daqui. Temos comida e um lugar confortável para dormir. E eles estão nos treinando! Podemos ficar mais fortes aqui do que se ficarmos sozinhos. Vamos ficar mais um tempo...”

“Mais quanto tempo? Mais um mês? Mais um ano? Até a próxima ilha? Até eles descobrirem e tenhamos que fugir correndo?”

“Talvez eles nunca descubram!”

“Talvez eles descubram amanhã!” Gritou Ace em resposta. Os dois se olharam por alguns momentos até que o moreno descobriu o que se passava “Você… Se apegou a eles”

“O que? Eu não!”

“Se apegou sim! Droga, Sabo! Quanto mais tempo ficarmos aqui mais difícil vai ser ir embora!” aportou os punho com força “E vai doer ainda mais quando formos traídos” o loiro fechou a boca e olhou para o amigo por alguns segundos antes de suspirar. Não tinha jeito.

“Então… qual o plano?” perguntou para o menino com sardas enquanto abria o armário

“Vamos junto com Marco e Luffy comprar alguma roupa que sirvam e depois esperamos alguma oportunidade de fugir para a floresta. Vamos nos esconder até que eles vão embora então roubamos um barco para ir até a próxima ilha.”

“E como vamos sobreviver sozinhos na Grand Line?”

“Temos que tentar… É a nossa única opção” Disse Ace com determinação enquanto fechava o armário e saia do quarto seguido por Sabo contrariado.

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“Bem melhor, não é? Agora eu vou levar essas sacolas para o navio e vocês podem passear pela cidade, só não vão muito longe, Yoi” Disse Marco saindo com as crianças da loja de roupas. Os dois meninos agora estavam usando roupas novas e não mais as roupas dos piratas que ficavam grandes demais para eles. Sabo tinha até achado um casaco parecido com o seu antigo, só que preto. Marco pegou três pequenos sacos com moedas e entregou um para cada um “Deve ter o bastante para comprar algo que vocês gostem e um lanche. Voltem para o Moby Dick antes do sol se pôr para jantar, Yoi”

“Yosh! ” Falaram os três e se despediram. Assim que não podiam mais ver o comandante, Ace e Sabo se olharam e fizeram um sinal. Era hora de colocar o plano em ação

“Hey Luffy” chamou Ace “Vamos tomar um sorvete na praça” o menino mais novo concordou animado e logo eles foram até onde viram uma barraca de sorvete. Assim que chegaram lá Ace apontou para uma livraria “Eu tenho que ver uma coisa naquela loja”

“Eu vou com você, quero ver se eles têm um livro”

“Livros são chatos” Resmungou Luffy

“Vai indo comprar o sorvete que depois nos encontramos, ok? ” Falou Sabo para o menino de borracha, que concordou e saiu correndo em direção a barraca. Ace e Sabo aproveitaram para disparar por uma rua lateral a livraria. Tinham percebido uma floresta que começava a algumas quadras dali e correram em direção a ela.

Luffy no meio do caminho percebeu que não tinha perguntado para Ace e Sabo se eles queriam sorvete também. Marco tinha dito que era educado perguntar se as pessoas queriam comida. Quando virou em direção aos dois para perguntar percebeu que eles estavam fugindo. O menino com chapéu de palha franziu a testa. O que estava acontecendo? Resolveu os seguir para ver se descobria alguma coisa interessante.

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Os dois chegaram na floresta com a respiração ofegante. A floresta era bem fechada e as árvores eram altas, parecia bastante com o monte corvo onde viviam com os bandidos da montanha. Começaram a explorar a floresta, procurando um lugar para se esconder.

“Você acha que eles vão vir atrás de nós?”

“Acho que não... talvez esperem alguns dias para ver se voltamos e então vão embora. Mas é melhor se esconder por precaução”

Os dois foram entrando cada vez mais dentro da enorme floresta. Viram alguns animais, mas todos fugiram e nenhum deles parecia perigoso. Teriam que caçar algum animal mais tarde para comer e estavam sem os seus canos para fazer isso

“Isso vai ser um problema...” Murmurou Sabo pensando no que fariam a partir de agora. Ace bufou

“Vamos dar um jeito nisso, não deve ser mais difícil do que era no monte corvo e.... Você ouviu isso? ”

“O que? ”

“Shhhhhhh” Ace olhou em volta esperando que o barulho se repetisse. Logo, os dois ouviram o barulho de folhas se mexendo atrás deles. Assim que se viraram deram de cara com um leão gigante. Seu tamanho era o mesmo do grande tigre que vivia na ilha Dawn, mas sua juba o fazia parecer ainda maior. Ace e Sabo ficaram congelados por alguns segundos até que o Leão soltou um rugido. Isso foi o suficiente para que eles começassem a correr desesperados.

Correram por alguns minutos e conseguiam ouvir os passos do monstro correndo atrás deles. Continuaram até quase ficarem cansados demais para continuar quando chegaram num paredão de pedra. Era a parte de baixo de um grande penhasco e parecia íngreme demais para subirem e não tinha falhas onde pudessem se agarrar. Era um beco sem saída.

Olharam para trás e viram o animal se aproximando lentamente, parecendo ansioso em brincar com as suas presas antes de as matar. Estava a apenas alguns passos de chegar até os meninos quando uma pedra o atingiu no rosto. Era pequena e nem deve ter doido muito, mas foi o bastante para chamar a atenção no leão

“Hey, seu monstro feioso! ” Gritou Luffy enquanto jogava outra pedra que atingiu olho do animal, o deixando irritado. Assim que o leão se virou para Luffy ele gritou para Ace e Sabo “Fujam! Eu vou distrair ele” e saiu correndo com o animal indo logo atrás. Por alguns segundos os dois ficaram sem entender até que Ace levantou num pulo

“Temos que salvar Luffy! ”

“O que? ”  Gritou Sabo. Era loucura!

“Ele manteve meu segredo a salvo, mentiu por nós e acabou de salvar a nossa vida! Não podemos deixar ele ser devorado! ”

“Eu sei disso! O que eu quis dizer é como vamos salvar ele? Não temos como derrotar aquele monstro! O que vamos...” uma voz forte veio da floresta

“Gurararara pode deixar comigo, filhos, eu vou dar um jeito naquele bicho”

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Luffy corria com todas as suas forças. Esperava que os outros dois estivessem conseguido escapar. Começou a ofegar e olhou para trás. O leão estava se aproximando rápido, precisava arranjar um jeito de o despistar. Como estava prestando atenção no monstro não viu uma das raízes de árvore no chão e acabou tropeçando e caindo de cara no chão. Se virou a tempo de ver o grande felino quase em cima dele, parecendo pronto para dar o bote. Começou a chorar e não sabia o que fazer. Já estava prestes a desistir quando viu algo atrás do leão que o fez sorrir

“OYAJI! ” Gritou. Assim que o leão pulou foi agarrado pela pele da nuca pelo velho capitão e jogado para o lado. Ace e Sabo que estavam junto com Barba Branca correram para ver se Luffy estava bem. O menino chorava de alívio e abraçou os meninos mais velhos enquanto olhava para seu Oyaji, que agora lutava com a grande fera.

Se bem que aquilo não poderia ser chamado de luta e sim massacre. A grande felino era equivalente a um gatinho inofensivo perto do Yonko. Um golpe foi o bastante para matar a fera. Assim que tudo foi terminado o capitão se virou para as crianças que exibiam emoções diferente em seus rostos. Enquanto Luffy parecia aliviado e feliz, Sabo parecia assombrado e Ace estava com a mesma expressão de medo e ódio que sempre carregava, só que com o medo tomando conta.

“Gurararara. Esse leão estava causando vários problemas para os moradores da ilha, que pediram para eu vir dar um jeito nele. Vocês tiveram muita sorte que eu estava por perto” Riu Barba Branca “Então, que tal prepararmos uma fogueira e aproveitarmos toda essa carne enquanto vocês me contam esse tal segredo”

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Ace e Sabo olhavam para a pilha de carne que tinham na frente de cada um sem a mínima vontade de comer. Luffy do lado deles não parecia ter esse problema, atacando a carne como um animal selvagem. Barba Branca estava sentado na frente dos três, com a grande fogueira entre eles, e bebendo de seu jarro de sake que sempre levava consigo.

“E então? Porque vocês estão na floresta quando Marco disse para ficarem na cidade? Não mintam para mim, eu saberei” perguntou sério o capitão. Luffy parou de comer e olhou para os meninos preocupado. Ace estava visivelmente abalado e tentava falar alguma coisa, mas a boca abria e fechava sem nenhum som sair dela. Barba Branca deu um suspiro “Não sei o motivo que você tem tanto medo de mim, mas você pode ter certeza que eu nunca vou machucar nenhum de vocês, filho...”

“NÃO ME CHAME DE FILHO! “ Gritou o menino de repente, todo o medo sendo substituído por raiva depois de ouvir essa palavra “Eu não sou seu filho! Eu não sou filho de ninguém! Eu não sou filho daquele cara! Ele…” parou ao perceber o que estava falando e mordeu os lábios. Lágrimas começaram a escorrer no rosto sem que pudesse controlar.

“Ace...” Sabo murmurou baixinho com preocupação. Nunca tinha visto o amigo naquele estado. Barba Branca suspirou. Então esse era o problema.

“Ace, olhe para mim” falou o capitão com calma e o menino levantou o rosto lentamente, rastros de lágrimas escorrendo pelas bochechas podiam ser vistas “Não sei quem é seu pai ou o que ele fez, mas acredite em mim, não importa. Os pecados de um pai não podem passar para seus filhos”

“Você não sabe o que está falando” o menino fungou “Eu sou o filho de um monstro! Eu nem devia ter nascido, todos falam que eu não devia existir...”

“Então todos estão errados” falou com certeza, fazendo o menino olhar com surpresa para o Yonko “Todos merecem existir e ter uma vida feliz”

“Mesmo...” Ace prendeu a respiração e começou a juntar coragem. Fechou os olhos e falou “Mesmo que sejam filho do Rei dos Piratas? ” Continuou com os olhos fechados, esperando o grito ou golpe que viria depois. Abriu os olhos surpresos ao ouviu uma risada

“Gurararara mesmo assim” Riu mais uma vez ao ver a incredulidade no rosto do menino “Bem que você me lembrava alguém, mas eu nunca consegui descobrir. Sua mãe é Rouge, não é? Portgas D. Rouge? ”

“Sim...” respondeu o menino cada vez mais surpreso. Nunca falavam de sua mãe, só de seu maldito pai “Meu nome é Portgas D. Ace em homenagem a ela”

“Gurararara grande mulher, uma das melhores que conheci. Você tem as mesmas sardas que ela. E tem uma personalidade parecida também…” abriu um sorriso ao ver o brilho nos olhos no menino “Ela estaria muito orgulhosa de você”

Ace estava totalmente sem reação. Nunca ninguém tinha falado com ele daquele jeito. Era sempre sobre seu maldito pai e sobre ter vergonha, nunca sobre sua mãe, que deu a vida por ele, ou sobre alguém ter orgulho dele. Pela primeira vez em um longo tempo sentiu que talvez... só talvez... ele pudesse estar feliz de estar vivo e não havia nada de errado com isso.

“O-Obri...Obrigado” Falou choroso, enterrando o rosto em suas mãos “N-ninguém nunca...” parou mais uma vez incapaz de controlar o choro. Barba Branca sorriu mais ainda

“Volto a repetir, Ace. Para mim, somos todos filhos do mar. Sangue é uma coisa que não importa aqui. Existem laços que são muito mais fortes que esse” Disse olhando para os três e bagunçando cabelo de Luffy, que continuava comendo, feliz que parecia tudo dando certo “Considero todos da minha tripulação como meus filhos, mesmo que nenhum de nós tenhamos o mesmo sangue. E quero que vocês dois, Sabo e Ace, façam parte da minha tripulação e sejam meus filhos”

Os dois meninos olharam muito surpresos para o capitão. Estava mesmo convidando dois pirralhos para serem parte da tripulação do homem mais forte do mundo? Para serem seus filhos? Duas crianças abandonadas à própria sorte... parecia impossível

“Mas... e se nós quisermos sair mais tarde? ” Sabo teve que perguntar. Se lembrou do sonho dos dois, de comprarem um navio e ter sua própria tripulação. Caso entrassem na tripulação do Barba Branca isso seria impossível

“Gurararara sem problemas. Vocês vão para sempre continuar sendo da família, mas se quiserem sair e ir em busca dos próprios sonhos quem sou eu para impedir! Não é mesmo, Luffy? ”

“É! Quando eu crescer e ficar mais forte eu vou ir criar minha própria tripulação e achar o One Piece! E eu serei o próximo Rei dos Piratas!!!” Sabo e Ace olharam para o menino com espanto, mas depois da risada de Barba Branca começaram a rir também

“Eu...” Começou Sabo “Quero ver o mundo inteiro e escrever um livro contando tudo sobre ele! ” Gritou com empolgação

“Eu vou ser um pirata e vou vencer, vencer, nada além de vencer e conseguir a melhor “reputação” que existe! ” Ace gritou com um sorriso no rosto “E com apenas isso, provarei para todos que eu vivi! Não fugirei de ninguém! Não perderei para ninguém! E nada me fará tremer! Vou ensinar meu nome ao mundo! ”

Barba Branca só sorria com a empolgação dos meninos enquanto bebia seu sake. Era realmente bonito ver os jovens com sonhos tão brilhantes e futuros tão prósperos. Se lembrou da sua infância e de seu começo como pirata, que seu único sonho era ter uma família e ele tinha conseguido. E faria com que essas crianças conseguissem também

“E então, o que me dizem pirralhos? Façam parte da minha tripulação e sejam meus filhos? ” Perguntou já sabendo a resposta. Os dois meninos se olharam e com um sorriso no rosto olharam para o seu capitão

“SIM! ”

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Estava anoitecendo quando voltaram para o Moby Dick. Foram recebidos por uma fênix neurótica que já estava pensando em mandar uma equipe de busca atrás das crianças. Assim que viu que elas estavam com o capitão relaxou consideravelmente, mas não apagou a sua preocupação.

“Onde eles estavam? Eu já estava ficando preocupado, Yoi! ” Perguntou olhando para os meninos tentando encontrar algum sinal de culpa. Ace olhou para Barba Branca com súplica. Tinha pedido para não revelar para ninguém seu segredo, mesmo que o capitão garantindo que não ia ser julgado por isso

“Eu encontrei eles na cidade mais cedo e resolvi os levar comigo para caçar o leão. Eles se divertiram bastante, não é? ” Perguntou e recebeu um coro animado em resposta

“YOSH! ”

“Ok, ok, entendi. Está tudo bem, só me avisem na próxima vez. Agora vão para o refeitório que a janta já começou. Se forem rápido acho que ainda conseguem sobremesa, Yoi! ” Isso fez com que os meninos dispararem em direção do refeitório como se não houvesse amanhã. Marco deu um sorriso e se virou para Barba Branca “Ace parece melhor do que quando eu os deixei na cidade mais cedo... O que aconteceu, Oyaji, Yoi? ”

“Não é meu segredo para contar. Ace carregava um peso muito grande para uma criança de 10 anos e eu o ajudei um pouco a aliviar esse peso. Acho que as coisas vão melhorar a partir de agora para os seus novos irmãozinhos”

“Então quer dizer que eles fazem parte da família oficialmente agora? Ótimo, mas duas pestes para cuidar, como se uma só não fosse o bastante, Yoi” Reclamou, mas o sorriso no seu rosto revelava que não tinha problema nenhum com a novidade. Barba Branca só riu enquanto ia para o refeitório para tentar conseguir um pouco da sobremesa e quem sabe um pouco mais de Sake sem que as enfermeiras descobrissem


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Notas finais do capítulo

E acabou a parte da entrada de Ace e Sabo para o band... foi bem maior que eu pensei. E ainda tem a cerimónia dos copos! Deus do céu, eu não estou no controle dessa fanfic mais kkkkkk
Pode parecer idiotice, mas eu meio que travei na hora da conversa com o Barba Branca. Então comecei a escutar o álbum de Hamilton e quando tocou “Meet me Inside” toda a conversa surgiu na minha cabeça. Bem, tanto Ace quanto Alexander estavam com sangue nos olhos nessa parte, então combinou kkkkkkkkkk (Mas sério, fica a minha sugestão aqui: Escutem o musical Hamilton, ou melhor, vejam as animações feitas por fãs no Youtube, principalmente as da Szin, vale muito a pena! )
Comentários e críticas são sempre bem vindos! Bjs



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