Sogans escrita por Malkyum


Capítulo 4
Tocaia




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Enquanto isso, alguns instantes antes do assassinato em massa cometido por Pietro, perto do local da festa, um grupo de jovens sogans se encontra, esperando por algo.

— Mas que saco! Estamos nesse terraço tem umas duas horas! Já ruí todas as minhas unhas das mãos, logo vou ter que roer as dos pés! – Disse uma garota pequena, com cabelos negros e lisos que passavam um pouco de seu ombro. Vestia um, sobretudo preto que ia até os joelhos, deixando a mostra sua meia calça xadrez que alternava entre as cores vermelha, cinza e preta. Usava botas de cano médio pretas, pele morena clara. Os olhos eram como orbitas negras.

— Você poderia ser menos nojenta, Pâmela? – O jovem indignado usava um jeans escuro com alguns rasgos aleatórios, uma camiseta escura sem nenhuma estampa. Era um pouco maior que Pâmela, chegando aos 1,57M de altura, cabelos negros e bagunçados que podiam chegar até o nariz, se esticados. – Você me da nojo.

— E você poderia cuidar da sua vida, André? Seu frescoboy gótico. – Pâmela mostrou o dedo de meio ao dizer isso.

— Será que vocês podem parar de tagarelar? A Micheli ta tentando se concentrar aqui. – Esse era alto e magro, cerca de 1,74m, cabelos loiros escuros, olhos verdes, e possuía uma pele clara. Vestia um moletom preto com zíper e capuz, uma calça de tactel azul marinho e tênis brancos e azuis. – Tudo bem, Micheli?

— Tudo sim, Rafa. É preciso mais do que dois idiotas para me desconcentrar. Haha. – A garota era um pouco menor que Rafael, tinha longos dreads que desciam até sua cintura, o olho esquerdo, verde e o direito, azul, e uma pele morena escura, quase negra.  Vestia um tomara que caia azul com mangas curtas, calça legging preta. – Ainda estou conseguindo ver o Pietro. Ele tá conversando um cara. Não conheço esse sujeito, e nem ele parece conhecer o Pietro.

— Conhecendo esse doente, alguma coisa ele quer com o garoto. Consegue ler a mente dele mesmo daqui de fora da festa e descobrir quem ele é? – Rafael foi se aproximando até ficar ao lado da Micheli, que estava poucos centímetros da beirada do prédio.

— Tá achando o quê? Isso é moleza.

— Olha só que bonitinho os dois, do ladinho um do outro, na beira de um prédio abandonado cheio de viciados o ocupando, se caírem dessa altura, é morte na certa, e como cereja do bolo, estamos atrás de um psicopata. Poderia ter um clima mais romântico que esse? – André, que estava encostado na porta que levava a saída do terraço, provocou. – Pede ela logo em casamento, Rafa!

— Cala a boca, seu panaca gótico. – Pâmela disse, e deu um soco na cabeça de André. – Seu insensível.

— Ahm? Eu? Insensível?  O que uma ogra como você sabe de sensibilidade? E eu não sou gótico! Sua viciada em armas.

— Ogra é o cacete. Vem cá que hoje você vai apanhar.

— Parem os dois de frescura! Francamente... – Rafael interrompeu os dois, e em seguida ambos bufaram e cada um foi para um canto diferente. – Ignore o que eles disseram, Micheli.

— Admita, é bom dar umas risadas, e esses dois são uma figura. Mas sério você deveria fazer esse pedido logo, rsrs.

O rosto de Rafael ficou vermelho ao ouvir isso, e era bem evidente mesmo durante a noite, devido a sua pele clara.

— Você caiu nessa! – Micheli caiu na gargalhada ao ver a reação do parceiro. – Você tá parecendo um pimentão!

—... Dai-me paciência. Enfim, vá logo com a missão. Quem é o garoto?

— Seu emburrado. Bem, o nome dele é Marcos, tem 20 anos de idade, solteiro, mora num apartamento com um colega, trabalha como cozinheiro... – De repente algumas lágrimas começaram a escorrer sobre seu rosto. – Perdeu os pais quando tinha 10 anos... E desde então cresceu em um orfanato religioso. Ninguém quis adota-lo, pois sempre aprontava de propósito quando alguém se interessava nele. Coitado... E por ser um sogan num orfanato religioso, você já deve imaginar o quê ele passou...

— Bem, agora que sabemos que ele é um sogan, já da para deduzir o que o Pietro quer com ele.

— E o que seria, senhor das deduções? – Perguntou André.

— Ele quer recrutar esse tal Marcos para a AOPD. – Concluiu Rafael.

— Aqueles patifes... É culpa deles os sogans serem mal vistos. – Pâmela disse com um ar de raiva. – Hoje eu não durmo até quebrar a cara de um deles.

— Você não é única. – André completou. – E você é incrível, Micheli. Mesmo daqui desse terraço, você consegue ver o que está acontecendo lá dentro. Como exatamente isso funciona?

— Bem, basicamente eu entro na mente das pessoas e vejo através dos olhos delas, é bem simples pra falar a verdade.

— Saquei... E então, como está nossa presa?

— Bem, parece que o Marcos é bem extremo nas reações, pois saiu correndo assustado da festa. Venham os dois aqui ver o garotão fugindo.

André e Pâmela que estavam em pontos distantes do terraço, foram até onde Rafael e Micheli estavam para observar Marcos, que saiu correndo pela porta de entrada da festa.

— Extremo nas reações? Qual é, ele parece ser só um covarde.

— André, não julgue os outros desse jeito. Afinal, ele fugiu do Pietro, deve ter corrido, pois sentiu o perigo que ele emanava, mesmo não tendo percebido conscientemente. Eu diria é que ele foi esperto.

— Certo, Rafa. Faz sentido o que você disse. Mas então, Micheli, e agora o que é que o bonitão tá fazendo? – Ao perceber a demora em alguma resposta vir, olhou para o lado e percebeu que Micheli estava paralisada com um olhar que refletia pavor. – Ei! Micheli?! O que aconteceu?

— Ele... Ele matou todos na festa num só instante...

Todos ficaram boquiabertos, com exceção de Rafael que se manteve firme.

— Pessoal, esse é Pietro, ele não hesita em matar, como puderam ver. Ainda assim querem continuar com isso? Saibam que não são obrigados a nada, e que não é vergonha recuar.

— Tá me zoando? Já esqueceu o que eu disse? Não durmo sem quebrar a cara de um desses malditos hoje. Conta comigo, Rafa.

— Nossa, até que a menina ogra falou bonito! – Respondeu André – Pode contar comigo também, Rafa. Quero ver se ele é tão bom quanto dizem por aí.

— É, Rafa, seu plano de fazer a gente desistir e terminar a missão sozinho para ficar com toda a glória não deu certo. Haha! – Micheli brincou. – Vamos logo que eu preciso lavar esses dreads! Da trabalho, sabia?

— Fico contente em ouvir isso, pessoal. – Rafael disse com um sorriso. – E não se iluda, André. Não vou deixar você dirigir meu carro por você estar fazendo isso.

E todos riram após esse comentário.

— Bem, vamos logo com isso então.

Mas antes que eles sequer pudessem pisar na escada incêndio, uma voz os fez parar.

— Vamos longo aonde? – E todos se viraram rapidamente em direção de onde a voz vinha. – Opa, não quis assusta-los.

O sujeito misterioso estava em frente à porta da saída do terraço. Ele era alto, magro porém com músculos definidos, moreno claro, cabelo raspado dos lados e atrás, mantendo um topete apenas. Usava uma regata preta, jeans quase tão pretos quanto sua regata, coturnos, e nas costas carregava uma bainha de katana negra com detalhes dourados.

— Rafa, esse aí parece ser problema, e essa intenção assassina que ele emana... Não levou nem um segundo para senti-la. Também não consigo ler a mente dele.

— E não tente ler novamente, mocinha. – Avisou o sujeito que chegou no terraço sem que ninguém percebesse.

— Quem é você e o que quer? – Indagou Rafael.

— Olha, não é nada pessoal, é só meu ganha pão, mas eu vim para matar vocês, com exceção dessa humana aí.  – Apontou para Pâmela. – E bem... Quem eu sou? Olha, não posso falar muito sobre isso, mas podem me chamar de caçador de sogans. Prazer. E adeus. – Ao terminar de falar, sacou sua katana. – Certo, quem vai ser o primeiro?

— Mas o que... Que merda é essa? – André recuou.

— Esse cara só pode estar zoando... – Sussurrou Pâmela, com um tom de raiva. – Ei! Você é retardado? Samurai de meia tigela. Acha mesmo que vai simplesmente matar todos aqui sozinho?

— Vou, sim. Menos você, é claro. Mas se você ficar no caminho, não vou hesitar em te matar também.

— Pode tentar, seu trouxa.

— Calma, Pâmela. Não vamos nos exaltar. – Rafael tentou apaziguar a situação.

— Pessoal, não quero piorar a situação, mas o Pietro acabou de sair, e parece que ele tá indo atrás do Marcos. Temos que nos apressar.

— Podem demorar o quanto quiserem pra decidir o primeiro a ser fatiado. Não tenho mesmo o que fazer. – O caçador disse enquanto cortava o ar com a katana, como se estivesse se aquecendo.

— Olha, vão vocês três atrás dele, que eu fico aqui e seguro esse metidinho aí. Fiquei puto. – André disse, fitando o caçador.

— O que? Mas é cada idiota que me aparece. Quem vai ficar e segurar ele, sou eu. – Pâmela se opôs. – Já esqueceu quem ficou em primeiro lugar na luta com espadas na academia? Vão vocês que eu logo os encontro. E nem mais um pio. Entenderam?

— To me segurando pra não falar pio. – Rafael disse, e todos e riram um pouco, apesar da situação. – Certo, Pâmela. De uma surra memorável nesse daí. Até logo.

Então todos foram passando um por um por Pâmela até a escada de incêndio.

— Se cuida, Pam. – Micheli se despediu dando um beijo na bochecha.

— Só... Não morra, ok? Ogra. – André sussurrou para que somente Pâmela o escutasse.

— Digo o mesmo, seu fracote.

Todos os três saíram e foram atrás de Pietro, deixando o caçador e Pâmela a sós no terraço. Ambos permaneceram quietos e se olhando, tentando estudar um ao outro por uns instantes, até que o silêncio foi quebrado pelo rapaz.

— Tem certeza disso? Não tenho nada contra humanos, só com sogans e com quem fica no meu caminho. Ainda pode dar pra trás.

— Dispenso a gentileza. Agora vamos logo com isso, que eu tenho mais o que fazer.

Pâmela tirou o sobretudo que estava vestindo. Sob a roupa, ela estava vestindo uma regata amarela apertada, fazendo seus peitos ficarem em evidência. Possuía duas adagas presas a um cinto em sua cintura, e uma katana dentro de uma bainha vermelha com detalhes azuis, em suas costas, assim como a do caçador.

— Caraca, que volume enorme esses peitos fazem. Vai ser uma pena te matar.

— Queria poder dizer o mesmo sobre o volume sob sua calça. E para de ladrar e vem logo pra cima.

— Que língua afiada essa a sua. Bem, se quer tanto morrer, que seja. Vamos brincar um pouco antes de ir atrás de seus amiguinhos.


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