Sogans escrita por Malkyum


Capítulo 16
Preparo




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— Acorda!

Marcos mal abriu os olhos e já estava sendo sacudido, o que o deixou bem irritado.

— Caramba, viu... – Resmungou tentando tirar as mãos da pessoa que o sacudia.

— Vamos, esquentadinho, tá na hora de levantar.

Após suprimir a raiva que sentia, Marcos finalmente abriu os olhos e saiu debaixo da coberta, e ficou confuso por não reconhecer o jovem.

O garoto usava uma camiseta abotoada branca de mangas longas, jeans cinzas em perfeito estado, sapatenis pretos e usava óculos. Tinha um ótimo bronzeado e cabelos pretos todos bagunçados e um físico murcho.

— Como você entrou aqui? – Indagou Marcos, já que tinha colocado senha em sua porta automática, porém ainda não havia dito para ninguém.

— O meu eu de dez no futuro me contou. Bem, não exatamente, ele escreveu em um papel e eu li, pra ser mais preciso.

— Ok... O seu eu de dez anos no futuro...? – Marcos tentava compreender aquelas palavras, pois mesmo na realidade em que vivia aquilo parecia loucura.

— Ah, me desculpe, me exaltei. Meu nome é Michelangelo, mas por favor, me chame só de Mike, ok?

— Ok, Mike. – Disse Marcos, sentando e colocando os pés para fora da cama. – E... Dez anos no futuro?

— Ai caramba, desculpa novamente. – O garoto mexia sem parar em seus óculos, parecendo meio envergonhado consigo mesmo. – Esse é meu poder. Basicamente consigo trocar de lugar com o meu eu de 10 anos no futuro.

— O que?! – Marcos deu um salto da cama, quase caindo em cima do pobre garoto. – Como assim?! Isso é demais até para nós, sogans!

— Depois eu te explico melhor meus poderes. Agora você precisa tomar um banho, se arrumar e para ir a sala de reuniões.

— Tá bom... – Marcos recebeu aquela reposta como um soco no estômago, o desanimando. – Onde fica o banheiro?

— Saindo do seu quarto, vire a esquerda e ande por um minuto. Você vai saber quando encontrar. Vou estar te esperando aqui.

— Você vai ficar sozinho no meu quarto? – Marcos deu ênfase no meu.

— Qual é! Dez anos no futuro somos bem próximos.

— Pena que não estamos no futuro, e o meu eu de agora tá falando que você não pode ficar aqui sozinho. Nossa, isso soou tão estranho.

— Aff. – O garoto deu de ombros e saiu do quarto. – Então vou ficar aqui no corredor te esperando. Tá bom desse jeito?

— Contanto que você fique fora do meu quarto, tá perfeito. Até mais.

Marcos seguiu o caminho que Michelangelo havia lhe dito, e conseguiu chegar ao banheiro com facilidade.

Seu banho foi rápido, pois estava ansioso para a reunião, então voltou o mais rápido possível para seu quarto.

— Ah! Você voltou.

— E você continua aqui. – Era oficial. Marcos por algum motivo não gostava muito daquele garoto. Abriu a porta de seu quarto e jogou as roupas e a toalha molhada em cima da cama e depois a fechou. – Minha mãe iria me bater se visse eu fazendo isso. – Sussurrou para si.

— Disse algo? – Perguntou Michelangelo, empolgado.

— Falei sozinho. Agora vamos.

— Certo... Vamos.

Após alguns minutos de caminhada e um silêncio incômodo, os dois chegaram a salão enorme, deixando o refeitório no chinelo, onde várias pessoas se amontoavam uma do lado da outra. A sala era tomada por cochichos que não pareciam que ia parar tão cedo.

— Caramba... O quão grande essa academia é? – Disse Marcos, boquiaberto.

— Mais do que você imagina, provavelmente. Agora todos devem estar aqui. O diretor vai dar a palavra.

— Ei, já que você pode trocar de lugar com o seu eu do futuro, ou algo assim, você já sabe o que ele vai falar?

— Hm... Talvez. Não faça mais perguntas sobre o futuro, por favor.

Marcos estranhou aquela resposta, pois pela primeira vez o garoto pareceu se fechar.

De repente todos no salão ficaram calados, e Marcos rapidamente tentou entender o motivo, até que seus olhos se depararam com algumas televisões suspensas, e nela estava o diretor. Sua expressão era séria e cansada.

— Meus queridos alunos, hoje venho lhes trazer uma notícia desagradável. Recebi notícias de que a AOPD está tramando algo que vai acontecer em poucos dias. – Todos se inquietaram com essa frase, mas o barulho durou pouco pois a voz do diretor era imponente demais. – Gostaria que esse dia nunca chegasse, mas infelizmente chegou. Antes de dar os detalhes, quero lembrar que ninguém aqui é obrigado a participar disso, ok? Agora aos detalhes. A AOPD pretende iniciar um ataque em massa por toda capital de São Paulo. Eles pretendem jogar a cidade no caos, e depois partir para o próximo local. Nós somos as únicas pessoas que podem bater de frente com eles, então vocês seriam divididos em equipes e iriam se espalhar por toda cidade, tentando cobrir a maior área possível. Sei que estou sendo muito direto, mas não temos tempo a perder. Então quem quiser participar disso, por favor coloquem o dedo no leitor digital que se encontra no centro do salão e depois voltem para seus dormitórios. Assim vou poder aprontar nossa saída sem erros, e partimos ainda hoje a noite. Agora vou deixar vocês decidirem. Até mais.

Os cochichos rapidamente emergiram, dessa vez mais pareciam mais intensos e ansiosos.

Marcos não sabia o que pensar e nem o que fazer, estava tão agitado e assustado, suando frio, até que Michelangelo o trouxe de volta para terra.

— Bem, vamos?

— Como assim, vamos?

— Colocar nossos dedos no leitor, ué. Não ouviu o que ele disse?

— Você tá falando sério? – Marcos ficou surpreso ao ver que o garoto não aparentava medo e nem incertezas, deixando-o com um ar mais maduro, causando certa admiração no novato. – Você não tem medo?

— É claro que eu tenho medo, porém tenho pessoas importantes, e se eu puder protegê-las, não vou hesitar. Isso não é lógico?  

Aquilo acertou Marcos em cheio, pois lembrou das pessoas importantes que tinha em São Paulo, e se sentiu pior ainda, pois não pensou nem em ligar para eles para dar notícias.

— E então? Vem ou não? Não estou a fim de esperar formar uma fila. Tempo é algo precioso.

— Certo... Vamos.

Após passarem por centenas de desconhecidos, chegaram até o leitor. Ele estava sobre uma mesa de madeira redonda. Pessoas colocavam o dedo e rapidamente saiam, todas com uma cara pálida, hesitantes se queriam mesmo participar daquilo.

— Eles não parecem muito felizes com isso. – Marcos disse para Michelangelo, que já estava pressionando o dedo no leitor.

— Claro que não. Eles sabem que isso aqui não é uma historinha de quadrinhos, e que podem morrer na luta. Você deveria saber disse, não?

— Sim... – Disse de maneira hesitante, lembrando-se do encontro com Pietro.

— Prontinho. Agora é sua vez de colocar o dedo no leitor da morte.

— Isso não ajudou muito. Mas ok.

— Foi mal.

Então o fez, rapidamente.

— Agora devemos ficar em nossos dormitórios, certo?

— Sim... Posso ficar com você?

— Não, Miguel. Preciso pensar, ok?

— Tudo bem... – Respondeu o garoto, decepcionado com a reposta. – Você ao menos sabe voltar para o seu quarto?

— Dessa vez eu decorei o caminho. Não se preocupe. Até mais, Miguel.

E então saiu em direção ao quarto, esbarrando em alguns alunos.

— Poxa... Sério mesmo que eu vou me dar bem com esse cara? Acho que o meu eu do futuro se enganou ou se confundiu. Bem, vou para meu dormitório e fazer umas perguntas para mim mesmo. E caramba, é tão triste estranho a única pessoa que eu converse seja eu mesmo.


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