Destinos Cruzados escrita por ihavetogonow


Capítulo 7
Starting again




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Eu acordei sem nem saber que eu tinha dormido. Graças a Deus foi um daqueles sonos que eu não sonhei com nada.

Acredite, é raro isso acontecer. Olhei o visor do meu celular e marcava 8 da manhã. Só então eu percebi o quanto eu havia dormido.

Deveria ser umas 5 da tarde quando eu expulsei Fel do meu quarto. Eu dormi mais de 12h seguidas e sem pesadelos. Acho que o mundo está acabando.

Me levantei e fui procurar Fel. Eu devia desculpas a ela por ter sido tão grosso.

Eu sei eu ela está acostumada com isso, com as pessoas aproveitando dele e também sei que será difícil ela se livrar dessa “imagem” que ela tem dela mesma. Eu precisava deixar claro, mais uma vez, o porquê de ela estar aqui.

Segurança e proteção.

Fui até seu quarto, mas ela não estava lá. Olhei em todos os cômodos da casa e nada.

Fui até a cozinha e Marta estava sozinha lá.

— Bom dia Marta! – A cumprimentei.

— Bom dia Sr. Queen.

— Você viu Felicity? – Perguntei a ela.

— Vi sim. Ela saiu senhor. – Me respondeu.

— Ela disse pra onde ia?

— Não. Apenas disse que era pra eu avisar o senhor que ela havia saído. – Ela disse.

— Obrigado Marta.

Tomei meu café da manhã por obrigação. Meu coração estava inquieto. E se ela tivesse ido embora? E se ela me odiasse por ontem à noite?

Merda!

Saí da cozinha deixando minhas torradas e meu café quase pela metade e fui até o quarto pegar meu celular.

Ela não me atendeu.

Perdi as contas de quantas doses de whisky eu bebi às 11 da manhã. Tentei me acalmar tocando piano, mas nem ele conseguiu essa façanha.

Meu celular tocou. Eu atendi eufórico achando que era ela que nem olhei o visor pra confirmar.

— Fel? – Atendi

— Não. – Ela riu – É a mamãe querido, sinto muito.

— Ah.. hum.. oi mãe. Eu não olhei antes de atender. – Disse sem graça.

— Onde está a Fel pra você achar que é ela? – Quis saber.

— Não sei.. eu.. nós meio que discutimos ontem e eu fui grosso com ela e agora ela sumiu. – Disse triste.

— Oliver! – Ela me repreendeu. – Não foi pra isso que eu lhe criei, as mulheres merecem respeito. – Ela disse séria.

— Eu sei mãe, foi justamente por isso que brigamos. – Eu disse. – Ela acha que não tem valor.

— Vocês iram a Sarasota no final de semana?

— Vamos mãe, mas só vou poder ir no sábado pela manhã. Tenho plantão sexta. – Disse.

— Tudo bem querido, nos vemos lá então, certo?

Nos despedimos e eu desliguei.  Chegou a hora do almoço e eu almocei sozinho.

Tentei mais uma vez ligar pra ela, mas não obtive resposta. Resolvi mandar um SMS.

“Anjo, onde você está?
         Me desculpe por ontem.
        Estou preocupado, me liga.”

Também não obtive resposta.

Eu toquei piano, bebi, revi uns prontuários, bebi, transcrevi receitas, liguei para Thomas, bebi.. Nisso se resumiu minha tarde

Samantha me ligou também. Disse que não tinha ligado antes porque queria me dar espaço.

Eu resolvi ir atrás dela. Eu iria procura-la. Não sei como, mas ia.

Quando estava me arrumando um frio percorreu minha espinha ao pensar que Sebastian podia ter pegado ela. Agora além de preocupado eu estava desesperado.

Marta já tinha ido embora, já estava anoitecendo quando eu cheguei a sala e peguei minha carteira e a chave do meu carro.

Quando estava colocando minha carteira no bolso de trás da calça a porta se abriu.

— Oi. – Ela estava séria.

Entrou colocou sua bolsa no sofá e prendeu os cabelos em um coque.

— Você está bem? – Perguntei.

— Estou. – Ela pegou de novo sua bolsa e foi pro corredor.

Eu a segui.

— Eu sei que você não me deve satisfações, mas... onde você estava? – Mordi meus lábios me achando um idiota por ter perguntado.

— No Bronx. – Ela respondeu.

— Felicity.. eu pedi pra você não ir lá. – Eu disse decepcionado.

— Eu sei, mas hoje era o dia da terapia comunitária, é só uma vez por mês e eu não podia faltar. – Ela finalmente me olhou.

— Você não precisa mais ir lá. – Ela ficou quieta. – Posso olhar com o Roy se tem como ele te atender, te encaixar como paciente dele.

— Eu não tenho dinheiro pra pagar. – Ela disse.

— Fel, ele é meu cunhado e tenho certeza que ele não cobraria de você. – A lembrei.

Ela ficou em silêncio fitando os pés.

— Como foi a terapia? – Perguntei curioso.

— Legal, mas como sempre não me serviu pra nada. – Ela disse – Falamos sobre você.

Ela me olhou.

— Bem? – Perguntei divertido

Ela assentiu e mordeu os lábios. Eu me ajoelhei a sua frente. Ela estava sentada na beirada da cama.

— Fel, me perdoe por ontem. Eu perdi o controle, por raiva. – Passei a mão pelo cabelo. – Eu.. eu odeio quando você se refere como objeto. Eu fico com raiva quando você pensa isso sobre você, me desculpe.

— Está tudo bem Oliver. – Ela disse triste.

— Não, não está. – Eu disse. – você é maravilhosa Felicity, só precisa ver isso. Só precisa se sentir assim. Não é que eu não deseje você... eu desejo, mas eu quero que você me veja como Oliver e não como um cliente. Eu quero te ver como o meu anjo e não como outra, entende?

Ela assentiu.

— Eu quero que você enterre a Felicity do Club, mas você também tem que querer isso. Eu não posso lutar contra isso sozinho.

— Eu sei.. – Ela sussurrou.

Eu me sentei ao seu lado e a abracei.

— Eu quero que você seja a menina que você era a 2 anos atrás. Eu quero que você seja a filha do Noah. Eu quero que você seja a amiga da Carmela, quero que você seja o que você sempre sonhou em ser.

— Me desculpe por fazer tudo errado, você é tão bom pra mim. – Ela fungou.

— Vamos começar de novo. – A olhei. – Sou Oliver Queen, prazer. – Estendi minha mão.

— Sou Felicity Kuttler e sou a pessoa mais medrosa do mundo. – Ela mordeu os lábios.

— Tem medo de mim? – Perguntei magoado.

— Eu tenho medo de confiar nas pessoas e.. – Sua voz morreu.

— Hey! – Ergui seu queixo fazendo ela me olhar. – Sou eu, Oliver, lembra? Eu não vou te machucar baby, não vou te forçar a nada.

Ela assentiu mais uma vez.

— Está de saída? – Ela perguntou.

— Estava. – Sorri. – Eu ia atrás de você.

— Me desculpe. Eu fui a terapia e depois fui caminhar um pouco e perdi a hora.

— Porque não me atendeu? – Perguntei colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Porque eu estava magoada com você. – Mordeu os lábios.

— Me desculpe, ok? – Ela assentiu. – Prometo não gritar mais com você se você me prometer parar de falar aquelas coisas.

— Prometo! – Ela sorriu.

Eu dei um beijo em sua testa e levantei.

— Vamos jantar. – Eu disse.

—Vou tomar um banho. – Ela também se levantou. – Estarei lá em 10 minutos.

Eu saí do quarto e fui esquentar a comida que Marta havia deixado na geladeira.

Enquanto ela tomava banho eu liguei pro celular do meu gerente no banco.

Pedi a ele outro cartão de crédito. Disse para manter a mesma senha que eu uso e ele disse para eu passar lá amanhã no final do dia para pegá-los.

Fel precisaria de um cartão para fazer compras na sexta. Ela iria precisar de roupas de banho e de frio na viagem do final de semana.

A Flórida tem um tempo louco. De dia faz 24° e a noite 7°. Então, ela teria que estar preparada pra passar 3 dias por lá.

— Quer ajuda? – Ela perguntou entrando na cozinha.

Ela vestia uma camiseta branca justa e um short jeans minúsculo. Aquilo me deixou nervoso apesar de eu já ter visto ela seminua.

— Não, só estou esquentando o que Marta deixou. – Eu disse.

Ela se sentou num banco, eu coloquei o seu prato no balcão e me sentei de frente pra ela.

— Posso te fazer uma pergunta? – Ela quebrou o silêncio.

— Claro.

— Como você conseguiu essas cicatrizes? – Ela apontou para o meu ombro.

— Eu não quero falar sobre isso Fel. – Fui sincero.

— Tudo bem. – Ela voltou a comer.

Ficamos em silêncio de novo, até eu me incomodar e falar com ela.

 - Vamos para a Flórida no sábado. Sarasota. – Comecei – Lá faz sol e frio. Eu pedi um cartão do banco pra você hoje e sexta você fará compras com Thea. Gaste o quanto for preciso e compre coisas necessárias pra viagem, tudo bem?

— Eu não preciso fazer compras. – Ela franziu a testa.

— Apenas faça Felicity. Você também precisa de lingeries. – A avisei. – Eu joguei algumas fora.

— É.. eu percebi. – Ela riu.

Mais silêncio. Eu me levantei quando acabamos de comer e recolhi os pratos.

— Pode deixar que eu lavo. – Ela pulou do banco.

— Eu lavo.

— Então eu vou secar. – Ela insistiu.

Tive que revirar os olhos. Teimosa.

— Ok, tem uma toalha na primeira gaveta. – Apontei para a gaveta.

Ela foi até lá e pegou a toalha, enxugando os pratos que eu lavava. Quando acabamos nos sentamos na sala e ela escolheu um filme para assistirmos.

— Sexta-feira 13? – Perguntei me segurando para não gargalhar.

— É um clássico do terror! – Ela disse animada sentada no sofá com as pernas cruzadas estilo borboleta.

Nós começamos a assistir o filme e logo ela estava agarrada a mim com medo. Morria de rir quando ela dava um gritinho e escondia o rosto no meu peito.

Ela tentava interagir com a televisão. Era hilário.

Ela dizia coisas como..

“ Não! Não entra aí!”
             “Ele está aí dentro!”
             “Meu Deus! Ela vai morrer agora.”
             “Corre menino.”

E eu só ria. Cada vez mais. Até que ela ficou em silêncio e eu senti seu corpo relaxar nos meus braços.

Desliguei a TV e a peguei no colo com cuidado do mundo pra não acordá-la e a coloquei em sua cama. A cobri com uma colcha e saí fechando a porta atrás de mim.

Quando voltei para a sala liguei para Roy.

— Fala Oliver. – Ele atendeu.

— Oi Roy. Ocupado? – Perguntei.

— Não, estava limpando as anotações das consultas de hoje. – Ele disse.

— Fel me disse que esteve lá. – Falei.

— Sim, ela esteve. Ela vai todo mês.

— Ela disse que falaram sobre mim. – Mordi meus lábios.

— Ela falou de você. – Ele riu. – Eu apenas ouvi.

— Falou bem? – Eu me detestava por perguntar essas coisas a ele.

— Oliver, você sabe que não posso contar o que meus pacientes me falam. É antiético. – Ele me lembrou.

— Eu sei.. – Suspirei derrotado.

— Ela falou bem. – Ele disse e eu não pude conter o sorriso.

— Obrigado.

— Preciso desligar. – Ele disse.

— Queria pedir pra você encaixar Felicity no seu consultório do centro, eu não quero que ela vá mais aquele lugar. Sebastian está de olho nela tenho certeza. – Eu disse.

— Ok, mas você sabe que vou ter que confirmar com ela antes, não sabe?

— Pode ligar pra ela amanhã. Ela está dormindo agora. – Eu disse.

— Tudo bem, amanhã eu falo com ela. Eu tenho um horário livre na sexta a tarde, talvez ela se interesse. – Ele disse.

— Reserve pra ela. – Eu disse. – Ela vai querer.

Nos despedimos, eu mandei que ele desse um beijo em Thea por mim e desliguei.

Eu estava sem sono e todo o trabalho que eu tinha pra fazer a tarde eu fiz enquanto estava preocupado com o sumiço de Felicity.

Eu resolvi tocar. Meu piano me acalmava como nenhuma outra coisa fazia. Eu estava tocando uma música que adorava.

Me servi de whisky e sentei ao meu piano. Fechei os olhos absorvendo cada nota instantaneamente meu coração se acalmou. O medo que eu havia sentido durante o dia passou.

Ela estava em casa. Quando eu toquei a última nota dei um gole no meu whisky e meu corpo gelou.

Mas não foi a temperatura da bebida e sim a voz dela.

— Eu achei que fosse apenas parte da decoração. – Sua voz suave ecoou pelo cômodo.

Eu sorri. Eu podia sentir da onde estava o seu cheiro. Me virei no banco pra ficar de frente pra ela.

— Não, as vezes eu toco. – Sorri sem jeito.

— Foi lindo! – Ela assentiu. – Nunca tinha escutado nada tão.. lindo.

— Obrigado.

Então reparei nela. Ela estava com a mesma camiseta branca, mas tinha tirado o short e ficado somente com uma calcinha rosa com branco.

— Não vai deitar? – Ela mordeu os lábios.

— Estou sem sono. – Respondi.

Ela se aproximou e colocou suas duas mãos nos meus cabelos, massageando meu coro cabeludo e minhas têmporas.

Tenho certeza que estava ronronando como um gato manhoso. Ergui minhas mãos e pousei nas suas coxas. Deslizando por elas até chegarem na sua cintura.

— Isso é bom. – Sussurrei.

— Eu sei. – Ela também sussurrou. – Vem deitar comigo.

Eu tirei minhas mãos da sua cintura e segurei seus braços, fazendo com que parasse a massagem.

Me levantei e a peguei no colo.

Quando coloquei ela na cama do meu quarto, eu me afastei e tirei minha roupa, ficando só com uma boxer preta. Deitei ao seu lado e nos cobri.

— Boa noite Oliver. – Ela disse me olhando nos olhos.

— Boa noite baby.

Dei um beijo suave em sua testa e logo ela dormiu. Eu ainda fiquei um tempo acordado.

Eu estava deitado de frente pra ela e seu rosto sereno enquanto dormia estava a centímetros do meu. Cada vez que ela expirava seu hálito me invadia, me acalmando e relaxando meu corpo.

Eu fiquei ali, olhando o seu rosto perfeito. Seus cabelos ondulados e loiros, metade espalhado pelo travesseiro e metade caídos em seu ombro.

Eu desejei que as coisas fossem diferentes pra ela. Por mais que eu fosse egoísta e quisesse que ela ficasse aqui comigo. Eu desejei que seu pai não tivesse morrido e que ela estivesse na sua cidade pequena do interior.

Se por um milagre ela pudesse ter tudo de volta eu abriria mão de tê-la comigo, eu abriria mão de ter a conhecido. E se eu pudesse, eu daria a minha vida pra que a dela fosse como a 2 anos atrás.


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