Destinos Cruzados escrita por ihavetogonow


Capítulo 3
Truths that hurt


Notas iniciais do capítulo

Hello, meus amores! dois capítulos postados (:
Não sei ainda como vai ser a programação, mas assim que possível aviso vocês.

Não se esqueçam de comentar ♥



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Mais uma noite em claro.

Primeiro porque minha cabeça estava a mil. Segundo, Felicity teve pesadelos ou pareceram ser pesadelos a noite toda.

Nada fazia sentido, pelo menos não para mim. Eram sempre os mesmos resmungos: “Pare”, “Por favor Demian”, ela chamava pela a mãe e falava mais alguma coisa sobre Sebastian, mas essa parte não consegui entender bem o que era.

Assim que amanheceu, peguei meu celular e sai do quarto, precisava ligar para Thea.

— Sabe que eu te amo Oliver, mas se não for vida ou morte, eu mesmo lhe matarei. – respondeu sonolenta

— Bom dia flor do dia – Respondi só para provoca-la

— Nem as flores devem ter acordado ainda. – Respondeu mau humorada. – Por que está me ligando?

Ouvi Roy resmungar alguma coisa ao lado.

— Preciso de ajuda.

— E eu preciso dormir. – Ela resmungou – O que é?

— Preciso que compre roupas para mim. Roupas femininas. – Soltei de uma vez

— Ai meu Deus! Virei cunhada? – Seu tom de voz era divertido agora.

— Não nem invente coisa nessa sua cabeça Thea, ela é apenas uma amiga. Uma amiga que está internada aqui no hospital.

— Certo, uma amiga. – Respondeu ainda com riso na voz – E qual o tamanho dessa “amiga”?

Como eu ia saber?

Não fazia a menor ideia do tamanho do corpo de Fel ou quanto ela vestia.

— Ah, seu corpo talvez. Um pouco mais alta – Falei incerto – Nada ostensivo Thea! Ela é uma garota simples, então não me venha com Prada e La Perla.

— Certo, as 10 chego ai. – Ela disse em meio a um bocejo.

Nos despedimos e desliguei.

Espiei pra dentro do quarto e ela ainda dormia, aproveitei e fui até a cantina comer alguma coisa e tomar um café. Precisava urgentemente de um. Duplo de preferência.

Logo depois caminhei até a recepção, queria verificar se o Dr. Liam havia deixado seus papei da alta. Como já estavam lá, assinei todos como responsável por ela, acertei a conta e caminhei de volta ao quarto. Ela já estava acordada.

Estava sentada na cama tomando café da manhã.

— Bom dia.

— Bom dia. – ela respondeu abaixando de volta para bandeja o copo de suco que bebia.

— Sua alta já saiu. – Disse a olhando com um sorriso nos lábios.

— Nem acredito que vou pra casa.

— Sim logo.

Eu queria tocar no assunto com ela, mas não sabia como e nem qual de fato seria sua reação ao ouvir minha proposta.

Ouvi leves batidas na porta, pedi pra que entrasse.

Era Thea.

— Bom dia.

— Bom dia Thea. – A abracei e beijei sua testa.

Quando voltei minha atenção para Felicity ela tinha uma expressão fechada.

— Bom dia, você deve ser a Fel, certo?

— Sim, sou eu. – Respondeu olhando de mim para Thea.

— Thea é minha irmã Felicity – A expliquei – Além de ser esposa do Roy ou como você conhece o Dr. Harper.

Thea sorriu colocando as sacolas sobre a cama.

— Eu trouxe tudo que me pediu garotão.

— São pra mim?

— São, tivemos que cortar suas roupas ontem.

Ela assentiu olhando as sacolas.

— Eu preciso ir, tenho que fazer algumas compras para o restaurante. – Falou voltando sua atenção para Fel – Foi um prazer te conhecer.

— Muito obrigada Thea.

Ela se despediu de mim logo em seguida saindo do quarto.

— Não tinha que ter comprado roupas pra mim.

— E ia sair nua daqui? – Perguntei

— Podia sair com um lençol e além do mais, eu daria um jeito.

Eu suspirei.

Ela era realmente teimosa. Ia ser difícil.

— Melhor ir se trocar para irmos embora.

Me sentei na poltrona enquanto a observava ir até o banheiro e fechar a porta com um pouco mais de força. Vinte minutos depois já estávamos no estacionamento do hospital. Entramos no carro e logo em seguida dei partida.

O silêncio estava me incomodando, mas sabia que era questão de minutos pra ele acabar, seria assim que ela notasse o caminho que estávamos fazendo.

— Por que estávamos na quinta avenida?

— Preciso conversar com você, por isso estamos indo para o meu apartamento.

Achei que ela iria gritar, ser contra e exigir que eu a levasse para sua casa, mas ao invés disso voltamos ao silêncio.

Entrei na garagem do prédio e estacionei na minha vaga de costume. Subimos em silêncio até o sexto andar. Abri a porta dando passagem pra que ela pudesse entrar. Fechei a porta e passei por ela rumo a sala, joguei meu casaco no sofá me jogando logo em seguida ao seu lado, indiquei a poltrona pra ela, pra que pudesse se sentar.

— Bom – Comecei – O Dr. Liam deve ter te falado sobre o pós-operatório e em como ele será praticamente um resguardo, ou seja, um repouso por 30 dias.

— Ele falou sim.

— Certo. Eu assim como os outros médicos como minha mãe por exemplo, aconselhamos nossas pacientes a um repouso de 60 dias ao invés de 30. – Ela me olhou sem entender onde eu queria chegar. – Uma curetagem é uma enorme agressão ao útero, totalmente diferente de uma gestação. A recuperação é mais lenta e o útero demora mais para voltar ao seu estado normal e em casos onde a paciente deseja engravidar novamente, indicamos que ela aguarde um período de no mínimo 6 meses.

— Não quero engravidar.

— Sei que não, assim como sei que basta você por os pés na sua casa pra que Sebastian vá procura-la e exigir que volte ao trabalho. – Disse a fitando –Por isso quero que fique aqui, pra se recuperar nesses 60 dias.

— Não, não posso aceitar! Eu tenho contas para pagar, tenho Sebastian pra pagar eu.. eu tenho que pagar todas as noites. – Falou balançando a cabeça em discordância.

— Eu pago suas contas enquanto estiver aqui e quanto ao Sebastian, deixe ele comigo.

— NÃO! – Me assustei com seu tom de desespero. – Não se meta com ele Oliver, não sabe do que aquele homem é capaz.

— Não tenho medo de gente como ele, minha única preocupação no momento é você e sua recuperação.

— Por que tá fazendo isso? Eu sou apenas uma puta e.. e você nem ao menos me conhece direito.

— Porque fizeram isso por mim uma vez, quero retribuir e fazer de volta com alguém. – Falei ainda lhe fitando – E porque pra mim você não é uma puta, apenas uma pessoa que não teve oportunidades e eu me importo com você.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que a vi se mexer na poltrona.

— Isso não vai dar certo, eu... eu tenho minhas coisas lá.

— Se são importantes faço questão de ir pega-las pra você, e não é como se fosse ficar trancada aqui o tempo todo, você poderá sair e ir aonde quiser, desde que não seja pra boate.

Ela continuou a me fitar, eu estava a ponto de levantar e sacudi-la por uma resposta.

— Tudo bem. Eu aceito.

Uma onda de alivio desceu por todo meu corpo, foi como respirar novamente depois de dias.

— Ok – Me levantei – Vou te mostrar seu quarto.

Caminhamos lado a lado até o quarto de hospedes, depois mostraria o restante.

— Todo seu, sinta-se em casa – Sorri de leve pra ela, abrindo a porta e deixando ela passar primeiro.

Vi como ela olhou cada canto do quarto, o admirando. Caminhou até a cama, a tocando de leve.

— Meu quarto é de frente caso precise de algo durante a noite.

Ela assentiu ainda observando o quarto, iria deixa-la sozinha pra que se acostuma-se com tudo. Me virei pra sair e foi quando senti sua mão no meu ombro.

— Obrigada! – Ela sorriu lindamente pra mim. Sorriu com sinceridade. – Nunca fizeram nada parecido por mim. Ninguém então.. Muito obrigada Oliver.

Eu sorri pra ela saindo logo em seguida do quarto.

Não sei o que houve no passado dela, mas faria de tudo para ajudá-la a esquecer e seguir em frente.

Caminhei até meu quarto, precisava de um banho, meus músculos estavam reclamando tanto pela noite não dormida, quanto por tantos acontecimentos de uma só vez.

A água caia em jatos nas minhas costas, e a medida que a água me limpava era como se levasse junto todas as minhas preocupações. Sai do banho, coloquei uma bermuda e camiseta, só então percebi que Felicity não tinha outra roupa, além daquela que estava em seu corpo. Precisava resolver isso com ela. Thea iria ajuda-la tinha certeza disso.

Peguei uma camisa e uma boxer minha pra levar pra ela.

Bati na porta do seu quarto.

— Fel? – Chamei uma vez. – Fel?

Como não obtive resposta tentei a maçaneta, estava destrancada.

— Fel? – Chamei novamente e foi quando ouvi o barulho de água. Ela devia estar no banho.

— No banheiro. – Ouvi sua voz minutos depois.

— Eu trouxe uma roupa minha pra você, vou deixar aqui sobre sua cama tá? – Falei caminhando até a cama e deixando a roupa lá.

Sabia que devia sair do seu quarto e lhe dar privacidade, mas não pude conter minha mente de imagina-la no banho, cheia de espuma, sem roupas.

— Pode deixar aí, por favor e obrigada de novo. – Ouvi falar novamente.

Balancei a cabeça para espantar tais pensamentos e sai o mais rápido possível do quarto dela, antes que perdesse a cabeça.

Caminhei até a cozinha, iria prepara algo para comermos, hoje era dia de folga da Marta, ela costumava deixar algo pronto na geladeira pra mim. Achei macarrão com queijo pronto em uma vasilha, coloquei uma porção em um prato pra mim e outro pra ela. Coloquei no micro-ondas para aquecer.

— O cheiro está muito bom. – Ouvi sua voz atrás de mim, ela devia estar parada na porta.

— Bom devo dizer que Marta é uma ótima cozinheira. Sente-se nós já vamos comer.

Ouvi o barulho da banqueta sendo arrastada e ela sentando-se logo em seguida. Ouvi o micro-ondas apitar, peguei meu prato e o dela e caminhei até a bancada, lhe entregando o seu.

Enquanto comia eu podia ouvir pequenos gemidos saindo de sua boca a cada garfada que ela dava. Meu Deus até comendo essa mulher mexe com minha imaginação.

Foco Oliver, foco.

— Posso te fazer uma pergunta pessoal? – Remexi o macarrão em meu prato, virando-me para ela. – Não quero que se ofenda é.. apenas.. curiosidade.

— Vai em frente Dr. – Falou soltando uma risada.

— Você estava grávida.. – Falei ainda fitando e vi quando suas feições mudaram – Era.. era de algum cliente seu?

— Não – Vi quando ela largou o garfo sobre o prato, dando um gole em sua soda. – Era do Sebastian.

— Vocês são.. tem algum tipo de relacionamento? – Minha curiosidade só aumentava

— Não, mas não precisamos ter pra ele se achar no direito sobre todas as meninas do club. – Respondeu ainda sem me fitar.

— Então vocês.. digo.. todas vocês vão para cama com ele?

— Algumas sim, eu nunca tinha ido. – Respondeu girando o garfo sobre o prato

— E você mudou de ideia porque? Ele fez alguma chantagem com você ou.. – Vi quando ela balançou a cabeça em negação e algo terrível passou pela minha mente. – Ele te obrigou Felicity?

— Pode falar a palavra.. – Ela falou ainda sem me encarar. – Ele me estrupo se é isso que está pensando.

Meu sangue ferveu.

Por um segundo, apenas um segundo desejei ir ao Bronx e acabar com a raça daquele merdinha.

— Ele te estrupou, te engravidou e te forçou a abortar.. é isso?

— Basicamente. – Continuou fitando seu prato, mas algo na sua reação não era normal, mesmo na profissão dela, elas só iam para cama com clientes, não eram obrigadas ou eram?

— Fel..- Chamei tocando em seus ombros. – Felicity quantas vezes isso.. isso já aconteceu com você?

Vi quando seus olhos se encheram de lágrimas.

— Fim do assunto Dr. Acho que já sabe demais a meu respeito. – Empurrou o prato na bancada e sai rumo a seu quarto.

Merda! Tudo que eu passei, tudo que eu vi na vida não eram nada, nada comparado ao que essa menina havia passado.

Senti vergonha por mim, pelos meus pensamentos. Senti vergonha por cada maldito homem na face da terra que algum dia teve coragem de fazer aquilo com ela ou com qualquer outra mulher.

— Eu precisava mais do que ajuda-la, mostrar a ela que ainda existem pessoas boas nesse mundo. Larguei meu prato na bancada e fui atrás dela. Eu conseguia ouvir seus soluços já no corredor.

Entrei no quarto e a encontrei encolhida no chão. Sentei ao seu lado a trazendo pra junto de mim, a abraçando forte.

— Me desculpe, me desculpe! Por favor, me desculpe, eu.. eu sinto muito! – Falei a embalando e beijando delicadamente seus cabelos.

— Por favor.. não me faça falar sobre isso. – Ela pediu agarrando minha camisa.

— Shii, tudo bem.. tudo bem. – Falei contra seus cabelos, ainda a apertando junto ao meu corpo.

Continuei a embalando junto ao meu corpo, sentindo suas lágrimas molharem minha camisa à medida que ela colocava toda magoa pra fora.

Não sei quanto tempo ficamos ali, só percebi que haviam passado horas, quando a senti respirar tranquila contra o meu ombro, em seu sono leve e eu esperava sem pesadelos novamente.  

 


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Notas finais do capítulo

Até a próxima ♥



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