Amor nos Tempos da HYDRA escrita por DrixySB


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Jemma visita Fitz na sala de segurança máxima da base.



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Fitz encarou suas mãos unidas forçosamente devido às algemas eletrônicas que as envolviam. Deu uma risada baixa e contida devido à ironia da situação - as algemas se tratavam de sua criação, afinal. Estava desperto havia uma meia hora. A ICER que Hunter roubara de um de seus homens era muito potente, uma vez que ele permaneceu inconsciente por horas.  

Ficou agradecido por não estar com os pés atados. Já era suficientemente difícil se mover com as mãos algemadas. Ele estava deitado de costas sobre um colchão estendido no chão, encarando o teto, desinteressado. Subitamente, tornou o rosto em direção à porta de metal ao ouvi-la se abrir. Aos poucos, revelando a figura de Jemma. Ela o encarou da entrada do quarto sem emitir nenhum som, o rosto inexpressivo, insondável...

Com passos lentos e hesitantes, ela se aproximou. Fitz não tirou seus olhos dela em nenhum momento.

— Que bom que está finalmente desperto. Ficou inconsciente por tanto tempo que tive receio que... Não fosse acordar.

Um sorriso enviesado curvou um dos cantos dos lábios dele, tentando assegurá-la de que tudo estava bem.

— Como você está? – Jemma perguntou.

— Bem preso – ironizou, olhando para as próprias mãos – você, por acaso, não poderia...? – deixou a pergunta no ar, mas Jemma compreendeu que ele se referia às algemas.

Ela suspirou vagamente.

— Lamento. Hunter é quem está com o controle delas... Não tenho como removê-las.

— Ah, tudo bem – tornou ele, conformado, mas sem conseguir disfarçar totalmente seu desapontamento.

— Olha... Eu sinto muito pelo que aconteceu. Pelas coisas que teve de ouvir mais cedo...

— Não se preocupe, Jemma. Eu acho que mereci.

— Não, Fitz! Aquilo foi demais. Você não precisava ter ouvido tudo aquilo...

— Acho que precisava, sim.

— Não – ela sacudiu a cabeça em uma veemente negativa – isso não é o que te define...

— Não seja evasiva, Jemma. Eu sei o que eu fiz – ele lançou um olhar penetrante e incisivo na direção dela – cada palavra dita por Ward era verdade. Não se tratavam de simples calúnias.

Inquieta, ela se sentou no colchão, ao lado dele, desejando poder convencê-lo do contrário.

— Preste atenção: isso não é você. Tudo o que fez... Todas as atrocidades cometidas... São uma herança desafortunada de seu pai – tentou ela – nada disso veio realmente de você. Foi a influência dele...

— Jemma – ele a cortou – tem uma coisa que eu não te contei. O meu pai... Ele nunca matou ninguém. Nem mesmo em legítima defesa. Isso é meu. Não é algo que herdei dele – disse de uma vez, sem rodeios.

Simmons engoliu em seco, seus lábios entreabrindo-se.

— Decepcionada? – perguntou, tentando soar descontraído, mas a verdade é que aquela revelação doía mais nele do que em Jemma.

Ela não respondeu. Limitou-se a encará-lo com um semblante confuso, perdido, desolado... Por fim, desviou o olhar, procurando espantar para longe as lágrimas que subitamente se acumulavam em suas pálpebras.

Fitz suspirou, resignado.

— Não tente buscar desculpas e subterfúgios para o meu comportamento, Jemma. Eu não sou o homem que, condescendentemente, você contornou em sua imaginação. Pelo menos não desse lado. Aqui, eu sou tudo o que Ward disse - ele fez uma pausa e complementou - o que ele disse e muito mais, pra falar a verdade.

Embora procurasse disfarçar diante de Jemma, era óbvio que ele estava sofrendo ao admitir.

Ainda fitando o nada e com as mãos se agitando sobre o próprio colo, Jemma recomeçou a falar, reticente e vacilante.

— Sabe… Eu sei que fui eu quem enviou aquela mensagem, mas… Fiquei verdadeiramente surpresa que tenha vindo.

O semblante de Fitz se alterou, parecendo subitamente mais jovial.

— Eu queria ver o portal. Não que eu não acredite em você - ele retificou prontamente - mas precisava ver com meus próprios olhos. Convencer o lado meu que permanece cético.

Ela assentiu, baixando o olhar um tanto desapontada ao descobrir que ele apenas queria ver o portal e, provavelmente, não havia declinado em sua decisão de permanecer no Framework.

— E, além disso - complementou - eu precisava te ver pela última vez.

Jemma ergueu novamente a cabeça para encará-lo, encontrando ternura e sinceridade em seu olhar. Ela o fitou durante um longo instante, sem palavras. Então se ajeitou sobre colchão, mudando sua posição para deitar-se ao lado dele. Fitz queria tornar o corpo na direção dela, mas o fato de suas mãos estarem atadas dificultava aquela ação. De modo que ele virou apenas o rosto para poder olhá-la. Devido à ausência de travesseiros, ela apoiou a cabeça sobre as costas da mão, sem tirar seus olhos dos dele. Seus rostos próximos.

— Sabe, Fitz… - ela recomeçou a falar. Sua voz não passava de um sussurro - a ideia era Daisy e eu reunirmos todos aqueles que foram, bem…- ela escolheu cuidadosamente as palavras - física e mentalmente raptados e levá-los até o portal, de modo que possamos retornar à nossa realidade. Você já me explicou os motivos pelos quais quer ficar, mas… Você não pertence a esse lugar. Provavelmente, quando levarmos todos de volta, esse mundo será destruído. Ele não terá mais razão de existir.

— Ophelia vai destruí-lo? - indagou em um tom casual.

A bioquímica desviou o olhar, sentindo uma ligeira pontada em seu coração. Sempre que ele se referia a ela por aquele nome, tratava-se de um lembrete para Simmons da intimidade que Aida partilhava com ele naquele mundo.

— É possível… A ideia dela é se tornar um ser humano legítimo no mundo real.

Fitz engoliu em seco, contorcendo os lábios.

— Pode soar até contraditório, mas sua história é bombástica e absurda demais para se tratar de mentira - ele fez uma pausa - de qualquer modo, é difícil acreditar que Ophelia… Ou como você a chama…

— Aida.

— Tanto faz… É difícil acreditar que ela não é real. É perturbador…

Jemma suspirou pesadamente. De fato, ela até conseguia compreender o lado dele. Aida havia desenvolvido uma obsessão por Fitz. Acreditava que ele era a melhor opção para um relacionamento. Ela queria viver experiências humanas e o havia escolhido para isso. Ela tentava emular o que Jemma tinha com Fitz. Realmente, era perturbador.

— Como eu ia dizendo - Jemma tratou de mudar o rumo da conversa - a ideia é que todos nós atravessemos o portal. De forma a nos libertarmos do controle mental de Aida. Depois disso, terão de dar um jeito de escapar fisicamente de onde quer que ela os esteja mantendo cativos… E, assim, nossa equipe estará reunida novamente. Coulson, May, Mack, Daisy, você e eu.

— E Ward?

— Não. Ward não – ela fez uma ressalva.

Fitz arqueou uma sobrancelha, confuso.

— Ele não existe no outro mundo. Não mais... Costumava existir – ela procurou explicar de maneira sucinta e objetiva.

Ele levou um momento para assimilar e ponderar aquela informação.

— Minha culpa? – indagou por fim, temeroso de qual seria sua resposta.

— Não! De jeito nenhum. Culpa apenas dele – Jemma contrapôs, tranquilizando-o – Houve, na verdade, uma inversão de papéis...

— O que quer dizer?

Jemma hesitou, mas chegou à conclusão de que deveria revelar.

— No mundo real, Ward nos traiu... Ele era parte de nossa equipe, mas então descobrimos que era um agente da Hydra infiltrado. Ele machucou a todos nós, de diferentes formas. Nos sequestrou, torturou, tentou nos matar diversas vezes... – falou de uma vez.

Fitz a ouvia atentamente; admirado ante àquela revelação.

— É difícil acreditar. Ward parece tão íntegro desse lado – ele fez uma pausa, o olhar desfocado – Então isso quer dizer que eu sou como ele. Mesmo tão diferentes... No fundo, somos iguais.

Ao ouvir aquela sentença sendo pronunciada com tanta solidez, Jemma apertou os olhos, não querendo aceitar aquela triste verdade.

— E quanto aos outros? O que significam?

— Significam muito. São importantes para nós. Mais do que nossa equipe. São como nossa família.

Ele sacudiu a cabeça, assentindo, deixando seu olhar se perder novamente.

— Quando ver o portal, Fitz, nada disso mais vai importar. Este lado será irrelevante. Nada aqui é real – ela tentou novamente.

— A dor que causei é real. As mortes de Agnes e Mace, por exemplo, não podem ser desfeitas – rebateu de imediato.

A bioquímica engoliu em seco diante da firmeza e segurança que ele imprimiu em seu tom.

— Venha comigo! – ela pediu com uma voz súplice, como se estivesse lançando mão de seu último recurso.

Fitz suspirou pesadamente, os olhos diminutos, melancólicos...

— Vou pensar – disse apenas, sem dar esperanças à Jemma e fazendo com que um nó se formasse na garganta dela – vai ficar aqui comigo esta noite?

— Se não se importar... – ela procurou sorrir, ainda que um discreto traço de tristeza se fizesse presente em sua expressão e tom de voz.

— De jeito nenhum. Eu ia pedir para você ficar – um dos cantos dos lábios dele se curvou para cima e seu rosto pareceu ganhar um novo brilho. Seus olhos reluziram docemente – Infelizmente, isso é tudo o que posso te oferecer no momento – disse, referindo-se ao velho colchão estendido sobre o chão – nem chega perto do apartamento que você conheceu uns dias atrás – gracejou.  

Uma risada contida desprendeu-se da garganta de Jemma. Ela continuava sentindo um leve aperto no coração pelo fato de Fitz não lhe dar certeza sobre permanecer ou abandonar aquele mundo. Mas aquele momento de intimidade e descontração lhe trazia uma grata sensação de júbilo.

— Tudo bem. Minhas acomodações também não são das melhores – ela deu de ombros, lembrando-se das camas amontoadas nos demais alojamentos da base.

Ele a fitou por um longo momento antes de tornar a falar.

— Do outro lado... Alguma vez eu disse que te amo?

Ela sorriu plenamente desta vez. O coração se enchendo de um entusiasmo revigorante, transbordando euforia.

— Todas as noites, antes de dormir – ela respondeu sem hesitar.

— Todas as noites eu durmo sentindo o perfume do seu cabelo? Não me parece uma realidade tão ruim – tornou ele, também sorrindo para ela – Eu te abraçaria agora se pudesse – completou, levemente aborrecido devido às algemas em seus pulsos que o impediam de envolvê-la em seus braços.

— Tudo bem. Basta que esteja por perto.

De fato, aquilo era tudo o que importava.


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