Boku no Hero Academia Oneshots escrita por Nanahoshi


Capítulo 4
Anjo da Guarda [Shindou You x Reader] - parte 1


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOLA PESSOINHAS TUDO BOM COM VOCÊS????
Hoje eu vim com uma promessa: depois dessa oneshot, vai todo mundo querer pegar o Shindou UAHSAUHSAUHSAH
Sem or eu tenho um fraco muito grande por personagens que aparecem pouco, e o Shindou FOI MARAVILHOSO! Por mim eu escrevia altas shortfics pra ele (tipo essa HUE) mas a vida não é tão linda assim UASHAUSAH
Espero que vocês gostem desse cap SUPER LONGO PQ SIM (na verdade, esta era pra ser uma oneshot para uma coletânea. Por isso ficou bem longa. MAs como eu percebi que existe uma brecha pra continuação, vou posta como shortfic :v) E QUE SE APAIXONEM POR ESSE LINDO QUE TINHA APARECER MT MAIS
(revoltadissima de saber q o Kohei escolheu colocar Todoroki e Bakugou pra ser da 1-A ao invés de Inasa e Shindou. Esses dois tinham q ser protagonistas aaaaaaaaaaaaaaaa)
Boa leitura suas lindaaaas ♥



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"Cuidado com os falsos. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores."

(Mateus 7, 15)

[Nome] não estava prestando muita atenção. Ela olhava ao redor medindo os alunos das diversas escolas que chegavam aos montes para o teste da licença provisória. Tomou o cuidado de não girar o tronco, pois toda vez que começava a rodopiar no lugar, acabava derrubando uma ou duas pessoas com suas asas gigantescas. Mesmo depois de 15 anos, não se acostumara com o tamanho delas, pois as penas sempre estavam caindo e crescendo, aumentando pouco a pouco o tamanho delas. Mas também desconfiava que seus ossos da envergadura ainda cresciam.

— Isso mesmo! Venham, pessoal! Essa é a U.A.

Uma voz mais alta que o normal soou próxima, despertando [Nome] de suas divagações sobre seus concorrentes. Ela girou com cuidado e viu uma mulher de cabelos verdes que lhe parecia familiar conversando com seu professor, Aizawa. Aproximou-se curiosa, parando ao lado de Jirou. Alguns metros à frente, um grupo de alunos se aproximava, e quatro formavam a linha da frente. Na extrema direita, havia um heteromorfo de pele azulada que lembrava muito um boneco de pedra. À sua direita, havia um garoto de cabelos escuros revoltos e olhos da mesma cor. A pele era clara e cobria uma silhueta bastante trabalhada e um tanto esbelta, mas que estava bem disfarçava pela larga camisa polo cinza que usava. Mais à direita, uma garota loura usando maria-chiquinhas espetadas caminhava com um sorriso simpático e um olhar azul animado. E por fim, na extrema esquerda, um garoto de cabelos grossos e escuros que escorriam até passarem o comprimento de seus ombros vinha se arrastando, encolhido, parecendo entediado ou com muito sono.

— Oh, ela é real! – soltou o de cabelos negros revoltos, abrindo um sorriso excitado.

— Uau, que incrível! Tenho visto todos na TV! – completou a garota loira que agora exibia seus dentes afiados.

Ao ouvir aquilo, um súbito desconforto tomou conta de [Nome]: um formigamento na base das suas asas que a acompanhara a vida toda. Franziu as sobrancelhas, desconfiada, e observou em silêncio.

— Academia Ketsubutsu, segundo ano, Classe 2! Eles são da minha classe. Por favor, sejam gentis – apresentou a mulher de cabelos verdes, que voltou a prender a atenção de [Nome]. Ao olhá-la de novo, finalmente a reconheceu como Ms. Joke, a heroína com a Peculiaridade Gargalhada. Suas sobrancelhas se arquearam um pouco, aliviando a desconfiança e estampando curiosidade.

Ao se aproximarem o suficiente, pegando todos desprevenidos, o garoto do meio avançou direto para Midoriya e segurou suas mãos. A base das asas de [Nome] formigou com mais força. Ele ergueu suas mãos unidas as de Midoriya e num tom muito animado, apresentou-se:

— Eu sou Shindou! A U.A. esse ano teve problemas atrás de problemas, então deve ter sido difícil!

Seu olhar transparecia uma empolgação quase infantil, e ele começou a pular de estudante em estudante. Segurou em seguida a mão de Kaminari e continuou:

— Mas mesmo assim, vocês ainda almejam ser heróis né?

O formigamento permaneceu ali em suas asas, como um sinal de "atenção" piscando enquanto o garoto se aproximava. Seus pais costumavam brincar que, por causa de sua Peculiaridade, [Nome] havia ganhado um "pacote de dons" adicionais que supostamente vieram junto com ela: os dons dos anjos. Não, ela não falava em Línguas. Ela não via demônios. Ela não era mensageira de Deus. Mas ela sabia muito bem distinguir as intenções de uma pessoa. A diferença entre uma boa e uma má intenção que alcançava seus ouvidos ou seus olhos sempre saltava de forma gritante em sua mente. Mas a sua especialidade sempre haviam sido as falsas intenções.

— Que incrível! – exclamou Shindou trocando para Jirou. Agora estava a um passo de [Nome]. Ele, enfim, se afastou e fez uma pose bonita, erguendo um punho enquanto concluía:

— Um coração de fortaleza! – e ao falar, deu uma piscadinha. [Nome] podia jurar que, se fosse possível, teria explodido purpurina e outras coisas brilhantes em volta dele. – É isso que eu acredito que todos os heróis deveriam ter de agora em diante!

Pela cara que seus colegas faziam, obviamente impressionados, ela imaginou que pensamentos como "ele é tão brilhante!" estariam passando pela cabeça deles. Suspirou um tanto frustrada, sentindo o desconforto se intensificar com a última parte da fala do tal Shindou.

Foi aí que aqueles olhos negros, que lhe pareciam tão dissimulados, voltaram-se para ela. Suas asas tensionaram em resposta. Por um instante, ela viu uma sombra de confusão e desconfiança transpassarem as írises negras, mas que logo foram substituídas por uma aparente empolgação genuína.

—Uoh! Suas asas são demais! Eu não lembro de ter visto você no... – em meio à fala, Shindou fez o movimento para saltar diante dela e segurar suas mãos, mas [Nome] imediatamente fechou a cara e cruzou os braços.

Ele olhou confuso para ela, enquanto ela fincava os olhos nos dele sem se deixar intimidar ou levar.

— Cuidado com os falsos – sentenciou [Nome] com a voz dura. – Pois são como lobos que virão vestidos em pele de cordeiro.

Foi apenas por uma fração de segundo, mas ela viu. A máscara de Shindou caiu, dando lugar a sua verdadeira expressão. [Nome] franziu ainda mais as sobrancelhas enquanto concluía um pensamento: ela não gostava de Shindou.

— Que isso, [Sobrenome]! Não seja tão rude! – rebateu Kirishima, que também estivera ali assistindo à apresentação de Shindou. Depois ele voltou-se, sem graça, para o segundanista e curvou-se de leve, coçando os cabelos espetados. – Desculpe pela grosseria. A [Sobrenome]-chan tem costume de falar tudo que vem na cabeça...

[Nome] nem gastou sua energia fuzilando Kirishima com os olhos. Continuou encarando Shindou com a mesma animosidade.

— Não tem problema – ele disse correndo os olhos de Kirishima para [Nome] novamente. Um sorriso brilhante como o que ele dera anteriormente iluminou seu rosto enquanto ele acrescentava: – A sinceridade também é uma virtude dos heróis. E eu admiro isso!

Os outros alunos da Ketsubutsu se aproximaram para interagir e a atenção foi fragmentada. Mas Shindou continuava com sua atenção totalmente fixa em [Nome], que sustentava seu olhar.

— Fiquei curioso agora – declarou ele depois de um momento de pausa. – Eu não vi você no Festival da U.A. – ele fez um gesto indicando as asas. – Alguém com sua Peculiaridade e com essa... intuição deveria ter subido no maior palco para os aspirantes a heróis.

[Nome] descruzou os braços e empinou mais a coluna. Suas asas relaxaram e se abriram um pouco mais, tomando mais espaço para ela. O gesto foi imediatamente percebido por Shindou, que pela expressão que fez, sabia exatamente o que ela queria dizer com aquilo: você não vai conseguir me enganar nem me intimidar. Avançar sobre o espaço pessoal de alguém era uma manobra básica de intimidação. E saber que aquela garota com asas de anjo sabia disso intensificou ainda mais o interesse de Shindou.

— "O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra". – disse [Nome], seca.

Shindou soltou uma risada.

— Você parece gostar de falar só por frases bonitas. Dá um belo efeito para uma heroína como você – disse ele já com uma animação forçada o suficiente para que [Nome] visse o verdadeiro sentimento ali: uma curiosidade amorfa que ela não conseguia determinar se era ardilosa ou genuína. – Você tira de onde? Ou é de sua autoria?

Suas sobrancelhas relaxaram, e uma subiu numa expressão de desprezo.

— Da Bíblia, seu projeto de herói inculto – respondeu ela, ríspida e como se a resposta fosse óbvia, numa nítida tentativa de fazer o segundanista desistir da conversa. – O que mais é o Festival da U.A. do que uma vitrine de Peculiaridades a serem comercializadas? Se for pra ser heroína, não tô a fim de começar sendo leiloada a agências pra estagiar. E não, não fico só nas frases bonitas, não. Eu solto uns palavrões de vez em quando.

Foi aí que Shindou fez a primeira expressão inesperada. [Nome] viu claramente que ele relaxava, e o sorriso que curvou seus lábios foi genuíno. Um sorriso curioso com uma pitada de animação misturada com frustração. Como se [Nome] lhe tivesse negado uma informação que ele queria muito, mas que estava disposto a conquistar de boa vontade.

— Você é bem interessante – disse ele num tom que oscilava entre a curiosidade genuína e o cinismo. – Posso saber ser nome?

— Você ouviu o Kirishima me chamando. Você já tem a informação.

Ele balançou a cabeça.

— O nome. – ele sublinhou a palavra.

[Nome] piscou uma vez, medindo-o rapidamente com os olhos e respondeu:

— Não.

E dizendo isso, deu as costas sem o cuidado usual, o que obrigou Shindou a dar um pequeno salto para trás. O segundanista ficou observando a silhueta demarcada pelas gigantescas asas alvas, que ao avançar alguns passos, cruzou o caminho de Bakugou, que virava num movimento brusco e acabou com a cara enfiada nas plumas da asa direita de [Nome].

— Oi, sua galinha de merda! – gritou o prodígio infame. – Olha onde enfia a porra dessas asas!

— Ah, Bakugou, vai tomar no cu. Você que não olha pra merda da direção que vira – rebateu [Nome] no mesmo tom direto e seco que usara mais cedo.

— Como é que é!?

Shindou ainda a observava enquanto ela recebia, serena, uma enxurrada de insultos de Bakugou.

Mais uma vez, num intervalo anormalmente curto de tempo, o calculista Shindou You sorriu de verdade.

***

Não era como se eles não estivessem esperando por isso. A dedução de Midoriya fora mais do que acertada e todos haviam captado o raciocínio. Entretanto, havia um pequeno detalhe que fugia de todo o resto.

— [Sobrenome]-san! – chamou Midoriya enquanto eles ainda corriam para se posicionar.

A garota acelerou o passo para se aproximar de seu colega de classe.

— O que foi, Midoriya?

— Você é o nosso único ponto cego! Eles não conhecem sua Peculiaridade, então podemos usar isso ao nosso favor! Você pode escolher entre confundi-los, induzindo a pensar que sua Peculiaridade é uma ou usar de cara seu movimento supremo! O fato da sua habilidade ser uma combinação de duas te dá mais opçõ-

Midoriya não conseguiu concluir a frase, pois, de súbito, dezenas de silhuetas cercaram a classe 1-A. As asas de [Nome] tensionaram, abrindo-se na posição mais vantajosa para que ela alçasse voo o mais rápido possível. Ela ergueu os olhos e viu, alguns metros adiante, exatamente em frente a ela, o segundanista dissimulado da Academia Ketsubutsu. Ele a encarava com um olhar quase faminto, vidrado pela perspectiva de aniquilar a escola rival.

— Não se acanhe, [Sobrenome]-san! – provocou Shindou exibindo mais claramente sua expressão de cinismo. – Mostre o que consegue fazer! Você foi a única que não nos deu esse privilégio!

[Nome] franziu as sobrancelhas.

"Como o Midoriya disse, o fato de eles não conhecerem a minha Peculiaridade incomoda de alguma forma", pensou ela. "Preciso aproveitar isso da melhor forma possível. Talvez a primeira sugestão seja a melhor..."

[Nome] encarou Shindou na mesma intensidade que ele o fazia e saltou para frente, espraiando suas asas. Os quase cinco metros de envergadura formaram uma barreira que ocultou boa parte dos estudantes da classe 1-A da vista de Shindou e dos outros estudantes ao seu redor. Daquele ângulo, os atacantes não conseguiriam fazer muita coisa. Ainda assim, de forma sincronizada, todos eles arremessaram suas bolas. Num movimento pesado que utilizou toda a força dos músculos de suas asas, [Nome] flexionou-as para trás para depois batê-las para frente. Como o ar estava parado, o movimento gerou o exato efeito esperado: um pequeno ciclone surgiu no ponto de convergência das duas massas de ar movidas pelas duas asas da garota. O ar em espiral sugou e empurrou uma boa quantidade das bolas, minando o alcance do ataque. Os olhos atentos de [Nome] correram buscando novos pontos de investida, detendo-se em alguns alunos que estavam posicionados de forma suspeita. Eles estavam imóveis, observando tudo com atenção como se esperassem um sinal. De súbito, um deles se mexeu: um movimento curto e seco, mas que claramente fora feito para arremessar uma bola. Bastou um instante para que [Nome] identificasse o alvo. Ashido, que estava um pouco mais à esquerda, estava muito ocupada com uma generosa investida de arremessos focados sobre ela. Ela estendia os braços espalhando o máximo de ácido que conseguia, e não percebera o ataque à longa distância. [Nome] usou o impulso de suas pernas e asas para saltar feito um raio em direção a Ashido, certa de que o arremesso fora feito com o uso de alguma Peculiaridade de precisão. Portanto, não havia alternativa senão barrar completamente sua trajetória. [Nome] se atirou contra Ashido e fechou suas asas ao redor dela como um casulo. Décimos de segundos depois, [Nome] sentiu o projétil redondo batendo contra o úmero de sua asa esquerda.

— O que é isso, [Sobrenome]-chan!? – perguntou Ashido, sinceramente alarmada.

— Estão arremessando de longe com Peculiaridades de precisão. Miraram em você. Não consegui pensar em outra coisa que, com certeza, parasse a bola.

— Putz... – fez Ashido parecendo levemente constrangida. – Eu não tinha percebido... Obrigada, [Sobrenome]-chan.

— Poucos notaram. Estão atacando de muito longe. – [Nome] ergueu a cabeça e se certificou que era seguro recolher as asas. Os atacantes haviam começado a se dispersar de forma estratégica, ponderando mais sobre seus próximos movimentos.

Ela se afastou de Ashido e fez um sinal para que ela ficasse de olho nos mais distantes também. Ao voltar a se posicionar, [Nome] viu Shindou não muito longe encarando-a com um sorriso bastante excitado. Aquela expressão afetada irritou-a profundamente.

— Então, no final das contas – provocou ele entortando o sorriso. – Você é anjinho da guarda da Classe 1-A... Então vamos ver se você consegue proteger todo mundo ao mesmo tempo.

O sorriso de Shindou se distorceu novamente. Ele parecia estar lutando para ficar num meio termo entre sua expressão simpática e a verdadeira. Num movimento ágil, saltou vários metros para trás e se agachou, pousando as mãos no chão. [Nome] se preparou para alçar voo. De súbito, o chão se partiu com violência, arremessando enormes fragmentos rochosos no ar. Mais de forma instintiva do que consciente, [Nome] bateu as asas e disparou para cima. Ao sair do alcance do ataque de Shindou, deteve-se um instante no ar para localizá-lo.

À beira da parte intacta do solo, ele mantinha-se agachado enquanto media a destruição que causara. Seus companheiros da Academia Ketsubutsu se aproximavam. Antes que eles o alcançassem, [Nome] bateu furiosamente suas asas e investiu. Disparou na direção de Shindou como um falcão que mergulha para agarrar sua presa. A investida foi tão rápida que ninguém foi capaz de fazer nada: em questão de dois segundos, [Nome] estava bem diante dele, desferindo um poderoso chute na lateral de sua cabeça. O corpo de Shindou foi arremessado com violência por quase dez metros e bateu contra a base de um dos morros rochosos que haviam naquela parte da arena. Seu corpo escorregou até que se desmontasse no chão feito um boneco de pano. Ainda num ritmo frenético, [Nome] tornou a voar na direção de Shindou e, uma vez que o alcançou, pressionou um dos botões presos em seu corpo com sua bola laranja. O "bip" feito pelo aparelho pareceu despertar o segundanista, que logo reagiu segurando o pulso de [Nome]. A garota mirou-o de forma desafiadora, e aquilo fez um arrepio estranho correr sua espinha.

— Você errou, Shindou – disse ela erguendo a mão livre como se estivesse segurando um objeto invisível – Eu estou um coro angélico acima.

De súbito, ela pareceu se enrijecer toda, e seu pescoço girou bruscamente para a direita. Uma fração de segundo depois, um clarão muito forte explodiu da mão livre de [Nome], cegando Shindou por vários segundos. Quando ele finalmente pôde ver, demorou alguns segundos para que ele processasse a nova informação. Diante dele, ainda no mesmo lugar, [Nome] empunhava uma espada de luz que brilhava numa cor amarela tão clara que quase se tornava branca.

Nome: [Sobrenome] [Nome]

Peculiaridade: San Miguel

Fundindo as duas Peculiaridades que herdou dos pais, [Nome] consegue invocar uma espada de luz, a Lux Gladio, e voar com suas asas de anjo ao mesmo tempo. A espada pode cortar, queimar e cauterizar. Sua intensidade diminui com o passar do tempo e a duração depende de sua saúde, energia disponível e o quão bem ela anda dormindo. Usando apenas a espada, ela precisa de um descanso de 10 minutos para poder usá-la novamente uma vez que ela se apaga. Há, também, uma conexão entre as suas asas e sua espada. Suas asas funcionam consumindo a mesma energia que produz a espada, o que confere uma propriedade bônus chamada "Anjo da Guarda". Consumindo a carga total de sua espada, [Nome] pode transferir a energia para suas asas, que ganham imunidade a qualquer dano por 3 segundos. Entretanto, ao utilizar isso, ela fica incapacitada de usar tanto suas asas quanto sua espada por 1 minuto. Se ela repetir o uso dessa habilidade após esse minuto, o tempo de espera para reativação de suas Peculiaridades aumenta.

[Nome] olhava para a esquerda de Shindou, que ao se virar, viu Makabe e Toteki ainda em posição de ataque. Os dois mediam minuciosamente a garota alada enquanto o primeiro dedicava a endurecer mais bolas. Devagar, o segundanista girou os olhos para o outro lado e viu, no chão, duas das bolas endurecidas por Makabe cortadas ao meio. A parte interna estava enegrecida e ainda soltava fumaça. Já sentindo os efeitos da pancada com menor intensidade, Shindou sorriu com um brilho de interesse nos olhos fixando o perfil de [Nome]. Porém, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, a garota bateu energicamente suas asas e voou, afastando-se vários metros. Com um último olhar de ameaça para Shindou, ela fez um movimento com a mão e murmurou:

— Nox.

A espada de luz se extinguiu na mesma fração de segundo em que [Nome] tornava a voar, se afastando dali. Makabe e Toteki só ousaram avançar quando tiveram certeza de que ela não voltaria. Rodearam Shindou e o ajudaram a colocar-se de pé.

— Que passarinho problemático – murmurou Toteki mirando a direção na qual [Nome] seguira.

Shindou tornou a sorrir de forma excitada, massageando a lateral da cabeça na qual recebera o chute.

"E bem interessante também", acrescentou ele mentalmente.

***

Quando Shindou viu o par de asas alvas no fundo do salão onde estavam os aprovados na primeira fase do teste, não perdeu um segundo sequer. Aprumou-se e avançou a passos rápidos enquanto seus colegas se entreolhavam e davam de ombros. Ao se aproximar, diminuiu o ritmo e, quando estava perto o suficiente, pigarreou. [Nome] conversava com Jirou, Kaminari e Kirishima animadamente, mas assim que ouviu o pigarro e reconheceu a silhueta que estava no canto de seu campo de visão, seu rosto se transfigurou numa máscara gélida.

— Vocês da UA... – começou Shindou casualmente, como se nada tivesse acontecido durante o exame. – Felizmente são tudo aquilo que dizem. Meus parabéns.

Os outros três estudantes lançaram olhares nervosos e sérios para o segundanista. Entretanto, ao contrário do que esperavam, não houve nada da encenação que ele usara mais cedo. Seu tom fora normal e trazia uma mistura confusa de desdenho e reconhecimento frustrado. [Nome] franziu as sobrancelhas. A máscara de fingimento de Shindou, por incrível que parecesse, se fora. Ele voltou os olhos escuros em sua direção, e ela pode ver que eles faiscavam de um jeito estranho.

— Especialmente você – ele sorriu com sinceridade para ela, o que não deixou de causar um arrepio de alerta na base de suas asas – Fazia tempo que alguém não me deixava tonto com um chute. Normalmente tenho resistência a pancadas na cabeça.

Jirou se empertigou onde estava, mas de forma contida. Olhou de Shindou para [Nome] e piscou várias vezes. Repetiu o movimento  enquanto os dois encaravam, e por fim, apertou os lábios enquanto parecia lutar ferozmente para não rir. [Nome] não disse nada, contentando-se apenas em medi-lo para deduzir suas intenções.

— Poxa... – disse ele depois de alguns instantes de um silêncio constrangedor. – Achei que ia ouvir uma de suas frases de efeito de novo. São bem interessantes. É sério.

[Nome] tornou a franzir o cenho, agora sentindo uma mistura de desconfiança e confusão. As pessoas normalmente diziam aquilo quando queriam tirar sarro dela. Era muito fácil detectar o sarcasmo em suas vozes, algo que praticamente gritava aos ouvidos da garota. Mas daquela vez, sua intuição não indicava nada. Não havia malícia. Nem ironia.

O que diabos aquele cara queria?

Depois de mais um intervalo de silêncio constrangedor, Shindou colocou as mãos na cintura, balançou a cabeça e soltou uma risadinha:

— Bom, acho que esse é o preço que eu pago pelo que fiz mais cedo. É uma pena. Você realmente fez o exame ficar interessante – ele sorriu novamente, mas dessa vez de leve, quase de forma apaziguadora, e estendeu a mão – Espero, pelo menos, poder contar com você na segunda parte do exame.

[Nome] encarou a mão de Shindou e refreou a incredulidade que teimou em arregalar seus olhos.

"Isso é sério?", pensou [Nome], incrédula. "Ele tem coragem de dizer isso depois do que ele fez"?

Mantendo-se impassível, a garota permaneceu imóvel como uma estátua mais uma vez. Shindou recolheu sua mão, parecendo sinceramente frustrado e fez um aceno único enquanto se despedia:

— Bom, até daqui alguns minutos. Boa sorte pra vocês!

Os quatro estudantes acompanharam-no com os olhos até que ele estivesse numa distância segura e depois, Kirishima e Kaminari pareceram soltar o ar juntos ao mesmo tempo.

— O que diabos foi isso? – protestou o garoto loiro.

— Que conversa mais bizarra – complementou Kirishima.

Nesse instante, Jirou desatou a rir. Os outros três a encararam, completamente perdidos. A garota ria tanto, que em determinado ponto teve que apoiar-se num dos ombros de Kaminari. Depois de mais de um minuto de ataques de risos, Jirou finalmente conseguiu se acalmar e limpar as lágrimas que haviam saltado do canto de seus olhos. Os três a olharam com uma interrogação entre as sobrancelhas enquanto ela avançava para [Nome] e colocava uma mão em seu ombro.

— Cara, essa foi a tentativa de dar em cima de uma menina mais bizarra que eu já vi.

— O quê? – perguntou Kaminari.

[Nome] piscou uma vez. Jirou olhou desaforada para ela, tentando reprimir outro acesso de risos.

— Você não percebeu? Ele estava totalmente dando em cima de você!

A cara de confusão de [Nome] deu a Jirou outro acesso de risos, que felizmente durou menos tempo. Entre risos entrecortados, ela disse:

— Eu nunca achei – pffff – que era possível dar um fora tão épico sem dizer absolutamente nada! – Jirou deu tapinhas nos ombros de [Nome] – Sério, você tem todo o meu respeito, [Sobrenome]!

— Mas, como assim? – disse [Nome], enfim. – Como assim ele tava dando em cima de mim?

Jirou tornou a olhar desaforada para a garota alada.

— Isso é sério, [Sobrenome]? É óbvio! Por que ele chegaria te elogiando assim sendo que ele declarou guerra a UA com aquele ataque!?

— Mas eu dei um chute nele – observou [Nome] ainda sem entender.

A combinação do tom perdido da colega com a informação da frase fez Jirou sufocar com mais uma crise de risos que durou quase tanto quanto a primeira. Por fim, lançando um olhar na direção em que Shindou desaparecera, Jirou observou:

— Vai ver ele é masoquista.

[Nome] olhou chocada para a amiga tentando decidir o que parecia mais maluco: o que ela estava sugerindo ou monólogo de Shindou.

***

[Nome] viu de longe a zona de primeiros socorros que haviam montado para receber as vítimas. Certificando-se de que as duas crianças que trazia nos braços estavam seguras, ela inclinou suas asas e iniciou a descida. Pousou com cuidado, batendo as asas para se deter no ar por um segundo antes de colocar os pés com firmeza no chão. Ao dar um passo na direção do grupo, um vulto veio correndo em sua direção prontamente. Com um olhar surpreso e um pouco desconfiado, [Nome] reconheceu Shindou. Entretanto, uma coisa que a intrigou foi o olhar estampado em seu rosto. Era quase como se seus olhos estivessem vendo algo que ela não via, como se ela olhasse além dela.

— Pode deixar que eu cuido deles – disse ele num tom bastante profissional e prático que surpreendeu [Nome] – Vá buscar mais outros. Sua Peculiaridade vai ser uma das mais úteis nos resgates, e pode agilizar o processo.

O primeiro pensamento que ocorreu à garota foram as falas de Jirou, o que a fez dar um meio passo para trás involuntário. Entretanto, um gesto de Shindou foi suficiente para clarear sua mente. Ele pegou uma das crianças diretamente de um dos braços de [Nome] e colocou-a cuidadosamente no chão, prosseguindo com um interrogatório simples, mas que denunciava uma boa carga de experiência. Foi aí que [Nome] se lembrou que Shindou era do segundo ano, e que deveria ter muito mais experiência em situações como aquela do que ela. A única vantagem que tinha naquele exercício era poder voar, e assim alcançar lugares que, por terra, seriam inacessíveis ou problemáticos de se alcançar. Com isso em mente, recompôs-se e colocou uma expressão concentrada no rosto, reproduzindo o movimento de Shindou de colocar a criança no chão.

— Certo – respondeu ela numa voz firme, mas Shindou sequer parecia ter escutado.

Ela imediatamente deu as costas, pronta para alçar voo, mas uma nova explosão a deteve. A garota estendeu as asas assumindo uma posição defensiva em relação às duas crianças que estavam atrás. Ela estendeu a mão pronta para invocar sua Lux Gladio. A voz do examinador soou na arena do exame:

— Vilões apareceram e começaram o ataque! Candidatos a heróis no local devem continuar seus esforços de resgate enquanto também subjugam o vilão.

[Nome] sentiu seu corpo enrijecer com o pânico que fez seu estômago revirar. Próximo dali, no topo de escombros de prédios, um grupo alarmantemente grande de vilões se aproximavam quase a galope. E, no meio deles, estava a enorme e intimidadora silhueta do herói nº 10, Gang Orca.

"Isso é sério!?", pensou [Nome] enquanto o nervosismo fazia seu coração disparar. "Vamos ter que resgatar ao mesmo tempo que lutamos contra uma horda de vilões mais o herói número 10!?"

As silhuetas negras avançaram rápido demais, diretamente na lateral da zona de socorros em que [Nome] estava. Ela tentou arrastar um pé para frente, mas seu corpo estava paralisado de medo. Não esperava que fossem exigir tanto naquele exame! Ela apertou os olhos, lutando contra a rigidez dos músculos enquanto tentava pensar no melhor a se fazer. De súbito, um grito trouxe-a de volta à realidade:

— Tragam todos em segurança!

Ela abriu os olhos no exato momento que Shindou passava correndo à sua esquerda. [Nome] o encarou, estarrecida, enquanto ele avançava sem medo na direção do enorme grupo de vilões.

— Para trás! Leve-os o mais longe possível dos vilões! – ordenou ele. – Eu continuarei martelando eles para longe com tremores de intervalos de um segundo!

Um tremor violento fez o chão vibrar e se despedaçar a partir do ponto em que Shindou parara.

— Eu não vou permitir que se aproximem! – gritou ele no mesmo tom de ordem, desafiando os vilões.

Foi nesse instante que [Nome] viu. Ela viu aquilo que Shindou não estava vendo. No momento em que sua mente processou o que aconteceria, suas asas responderam mais rápido que seus pensamentos. Até aquele dia, [Nome] jamais experimentara a total capacidade de suas asas. Jamais estivera sob perigo real numa situação em que precisava voar a máxima velocidade. Por isso, precisou confiar mais em seus reflexos do que em sua coordenação consciente quando suas asas a lançaram rente ao chão, atrás de Shindou, no exato momento em que Gang Orca o alcançava. Num movimento preciso, ela agarrou o tronco do garoto com os braços e, firmando os pés no chão, tomou impulso com as pernas e as asas e se lançou no ar. O movimento fora muito brusco, causando fortes puxões nos músculos das asas e das costas de [Nome], que dificultaram a estabilização do voo. Ao atingir o ponto mais alto que seu impulso a levou, sentiu que caía alarmantemente perto de onde o herói estava. Forçou as asas a baterem estendidas horizontal, guinando o corpo para equilibrar seu peso e o de Shindou. Com batidas irregulares, desacelerou a queda e converteu-a num planar suave até pousar de forma desajeitada, mas numa distância mais ou menos segura de Gang Orca. Shindou piscou várias vezes até finalmente entender que fora [Nome] que o salvara no último instante do ataque do herói. Ele a fitou, os olhos arregalados, ainda sentado no chão enquanto se recuperava do voo conturbado. Ele tinha certeza que ela tinha ficado onde estava quando ele avançou. Sendo assim, como ela conseguira alcança-lo tão rápido a ponto de tirá-lo do alcance do ataque do Gang Orca?

— Você... – ele começou, mas não teve tempo de continuar.

Diante deles, o herói profissional surgiu como um raio, como se tivesse se teletransportado. [Nome] ainda se recuperava do esforço que tivera que fazer com asas e por isso, percebeu o ataque tarde demais. Dessa vez, Shindou foi o que reagiu rápido. Usando toda a força de suas pernas, chutou [Nome] para longe do alcance da onda sônica do herói, e um instante depois, recebeu o ataque em cheio. A garota rolou por vários metros, suas asas enchendo-se de terra. Assim que seu corpo parou, por instinto, permaneceu imóvel para que parecesse fora de ação. Apertou os olhos e rezou silenciosamente. Segundos depois, ouviu um barulho familiar: o estalido ressoante dos cristais de gelo de Todoroki avançando pelo chão.

Ela se virou a tempo de ver o gelo se espatifar diante da onda sônica do herói orca. Seu colega de classe continuou o ataque, mas o gelo se mostrava completamente inútil. Percebendo que os vilões estavam completamente centrados no ataque de Todoroki, [Nome] ergueu-se cautelosamente e, cobrindo seus flancos com suas asas doloridas, engatinhou até onde Shindou estava caído.

"Se o Gang Orca fez questão de vir atrás de nós", pensou [Nome] enquanto avançava. " Significa que a Peculiaridade do Shindou oferece ameaça real ao ataque deles. No momento, é melhor não voar pra dar o máximo de tempo de descanso pras minhas asas. Então só me resta..."

Ela finalmente alcançou o corpo de Shindou, que tremia de forma alarmante. Ela ergueu o tronco do segundanista e colocou-o em seu colo para poder fazer um rápido exame de sinais de consciência. Seus olhos ainda estavam desfocados e tremiam como o resto do corpo, o que indicava que ele continuava paralisado.

— Merda... – [Nome] trincou os dentes.

Nesse instante, uma rajada de vento varreu a área, e a garota foi forçada a usar seu corpo e asas para cobrir o corpo de Shindou. Estilhaços de gelo atingiram suas asas e suas costas e começaram a derreter de forma desconfortável enquanto escorregavam até cair no chão. [Nome] virou-se para ver o garoto dos tornados juntando-se a batalha. Ela definitivamente precisava sair dali. Voltando sua atenção para Shindou, colocou a mão sobre sua testa, e depois, pousou-o delicadamente no chão e prostrou-se ao lado dele para conferir seu coração e a respiração. O coração ainda estava um pouco acelerado, e a respiração voltava ao normal. Deduzindo que ele já estava melhor do que imaginava que estaria, começou a pressionar os músculos em várias regiões do corpo, massageando-os. Se seu corpo estava paralisado, com certeza estaria dormente. Estimular a circulação aceleraria a recuperação dos movimentos.

— Shindou... Oi! Acorda!

Nesse instante, um clarão à sua direita a fez girar a cabeça. Uma enorme quantidade de chamas avançava exatamente para o ponto em que ela e Shindou estava. Novamente, seus instintos de sobrevivência, mas com uma ajudinha de sua força de vontade, fizeram suas asas se espraiarem e baterem com força. Agarrando o tronco de Shindou de qualquer jeito, a garota usou novamente a ajuda das pernas para aumentar o impulso e se lançar no ar. A dor nas asas fez com que caísse vários metros depois do ápice da subida, mas conseguiu planar em direção ao grupo de heróis e vítimas que corriam do ataque, enquanto mirava a confusão lá embaixo. Xingou mentalmente os dois estudantes, perguntando-se o que diabos eles estavam tentando fazer. Teve de morder a língua para não derramar uma enxurrada de palavrões. Não queria atrair a atenção do Gang Orca para ela novamente.

O pouso desajeitado de [Nome] acabou se tornando uma pequena queda quando suas asas cederam a dor. Ela e Shindou rolaram no chão até pararem bem próximos do grupo de heróis que se afastava evacuando as vítimas. A garota permaneceu quase um minuto no chão, arfando, as asas esparramadas e os braços estendidos sobre elas. Pelo canto do olho, ela finalmente percebeu um movimento significativo de Shindou. Com esforço, [Nome] colocou-se sentada e avançou arrastando-se até ele.

— Oi, você está bem?

O garoto virou-se para olhá-la, mas seus olhos focalizaram algo que estava atrás dela. Sentindo seu corpo gelar, a garota se virou para ver os capangas de Gang Orca avançando na direção deles novamente. Porém, antes que o pânico enrijecesse por completo seu corpo, [Nome] viu, abismada, Shindou passar por ela pela segunda vez e agachar-se para apoiar as mãos no chão. Novamente, a vibração despedaçou o terreno, minando o avanço dos vilões mais uma vez.

— Shindou! – ela exclamou, estarrecida. – Não era pra você estar paralisado ainda?

De onde estava, [Nome] viu o canto do sorriso do garoto.

— Eu ainda tô bem dormente nas extremidades – disse ele sem conseguir disfarçar bem seu orgulho – mas ondas de som e vibrações... Meu cérebro fica bem perturbado todos os dias por causa da minha Peculiaridade, então tenho uma certa tolerância. De qualquer forma...

O rosto de Shindou se distorceu, trazendo à tona uma expressão autêntica de raiva:

— Eu estava tentando um ataque surpresa!! Aí esses dois caras do primeiro ano...

Por algum motivo, aquela expressão sincera e pura da raiva de Shindou trouxe um sorriso leve aos lábios de [Nome]. Ela se levantou com cuidado e avançou até ele.

"Então é só uma questão de tirar a sua máscara fajuta de menino educado...", ela pensou contendo um risinho. "... pra acessar o verdadeiro..."

O Shindou que ela via diante de si, tomado pela raiva, mas puro e pronto para dar o próximo passo em sua estratégia não parecia tão mal ou sem noção agora.

— Consegui parar os dois... – disse ele mirando o grupo de vilões. – Afaste os dois daqui! Vamos nos dividir e levar os feridos para o abrigo!

O tom profissional de Shindou pareceu injetar ânimo em todo o corpo de [Nome], que sacudiu as asas e experimentou estica-las. Com a mão estendida, disse:

— Lumos... Vou ganhar tempo para nós. 

A espada de luz surgiu de imediato, emitindo um clarão que ofuscou os dois por um instante. Medindo cuidadosamente o movimento de suas asas, [Nome] tomou impulso e correu. Brandindo sua espada, a garota arcanjo atacou sem hesitar. Mirou com precisão nas armas que atiravam cimento, cortando-as uma a uma. Mais alunos se uniram à investida, e a situação gradativamente se inverteu. De longe, ainda lutando contra as vibrações que o paralisavam, Shindou acompanhava os movimentos de [Nome]. Um sorriso sincero curvou seus lábios, e uma estranha sensação fez seu estômago borbulhar.

Antes de ir embora, precisava, ao menos, saber o nome daquela garota.

***

—Ooi! [Sobrenome]-san!

[Nome] ergueu a cabeça e olhou para os lados. Uma multidão de alunos se amontoava na parte externa da arena do exame, o que dificultou que ela visse Shindou se esgueirando entre eles para alcança-la. Ao vê-lo, [Nome] sentiu uma estranha sensação no fundo do estômago e nas bochechas, e suas asas de tensionaram inconscientemente. Quando ele finalmente a alcançou, estava com um sorriso sincero no rosto.

— Não deu pra gente se falar muito durante a segunda parte do exame, então eu precisei vir te agradecer antes que você fosse embora... Já que provavelmente não te verei mais.

As sobrancelhas de [Nome] se franziram expressando confusão ao perceber que a última frase de Shindou lhe causara desconforto.

— Muito obrigado, [Sobrenome]-san! Sobrevivi ao exame graças a você, e eu, pessoalmente, acho que formamos uma boa dupla.

Ele estendeu a mão para ela pela segunda vez naquele dia. [Nome] encarou-a por alguns segundos, depois tornou a erguer os olhos para fitar Shindou.

— Qual é... – disse ele com um risinho meio sem graça. – Vai me deixar no vácuo de novo?

Pegando Shindou de surpresa, [Nome] sorriu ao mesmo tempo em que parecia reprimir uma risada. Num movimento firme, ergueu a mão e apertou a de Shindou.

— Não vou dizer que discordo disso – disse ela balançando o braço do segundanista.

O sorriso de Shindou se alargou, e o brilho em seus olhos era idêntico ao de uma criança que acabava de ganhar o presente que mais queria.

— Você foi impecável contra o Gang Orca – acrescentou Shindou. – Não imaginei que conseguisse voar naquela velocidade.

— Nem eu – disse ela arregalando os olhos e soltando a mão do garoto.

Shindou riu.

— Mas acabou que não fez muita diferença – continuou ela num tom meio tristonho. – Ele pegou a gente depois.

— Pelo menos nessa hora ficamos quites.

[Nome] encarou-o com um ponto de interrogação entre as sobrancelhas.

— Você me chutou na primeira parte do exame, e naquela hora te chutei pra te livrar do ataque do Gang Orca – explicou Shindou erguendo um dedo e depois abrindo a mão.

Fazendo os olhos do segundanista brilharem ainda mais, [Nome] riu.

— De fato. Estamos quites.

— Nos chutes apenas – corrigiu Shindou. – Pois eu estou te devendo uns dois salvamentos.

Ainda rindo, [Nome] balançou a cabeça.

— Esses eu dispenso, porque era meu dever.

Shindou arregalou os olhos para ela, incrédulo.

— Eu fui babaca com você e a galera da UA da primeira parte do exame. Estou com uma dívida de qualquer forma. Porque você me salvou duas vezes na segunda parte – ele inclinou a cabeça e esticou o canto da boca num sorriso torto. – Tem certeza mesmo que não é um anjo da guarda?

O comentário fez o coração de [Nome] disparar e suas bochechas ferverem. Ela desviou os olhos para o lado e riu, sem graça.

— Anjos da guarda não tem espadas.

— Mas eles, com certeza, têm nomes. E eu gostaria de saber o nome do meu.

[Nome] teve de fazer um esforço enorme para disfarçar o nervosismo que assolara todo o seu corpo, ameaçando fazer suas pernas tremerem. Estava completamente desarmada. Ela o fitou, com um olhar desaforado, desconfiado e reprimindo uma risada nervosa. Por fim, respondeu:

— [Nome].

Shindou sorriu e fez um gesto amplo, unindo as mãos espalmadas, e fez uma pequena reverência.

— Muito obrigado. Agora vou poder orar por proteção todas as noites.

Ela tornou a rir.

— Ai, Deus...

— Ah, por falar nisso – continuo Shindou. – Uma curiosidade: anjos da guarda tem telefone?

[Nome] arregalou os olhos para ele como se disse "isso é sério?".

— É que sabe... É muito provável que eu vá precisar de uma ajudinha daqui pra frente, já que estou com a licença provisória de herói. E você sabe, heróis se metem em confusão então, talvez, eu precise de uma mãozinha do meu anjo da guarda... Não sei se eu chamar seu nome em oração vai funcionar então, pra garantir...

[Nome] olhou para o lado e colocou as mãos na cintura sem acreditar que caíra direitinho na conversa de Shindou... Mas não era como se ela estivesse achando ruim. Ela virou a mandíbula de um lado para o outro, os olhos correndo de cima para baixo enquanto decidia o que ia dizer. Por fim, rendeu-se e voltou a encará-lo.

— Ai, ok. Anota aí.

Shindou pegou rapidamente o celular e abriu na aba de novo contato.

— [Número do telefone].

Shindou digitou o número tentando por tudo reprimir um enorme sorriso que teimava abrir seus lábios.

— Muito obrigado mais uma vez! Prometo chamar apenas em caso de extrema urgência.

[Nome] encarou-o nos olhos com um sorrisinho desaforado e depois balançou a cabeça. Shindou não pode negar que aquele olhar [cor] deixou-o por alguns instantes bastante nervoso. Por fim, ela desviou os olhos para baixo, e seu sorriso mudou para um sincero.

— "Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês." – citou [Nome]. – Esse é o meu lema como heroína. E hoje, você não só seguiu ele, como me mostrou como segui-lo de forma mais correta como heroína. Você se dedicou verdadeiramente aos outros no exame, e me deu honra ao me ajudar a pegar minha licença provisória. Muita obrigada, Shindou. De verdade.

Não era sempre que Shindou era pego de guarda baixa por uma garota, por isso foi impossível esconder seu embaraço. Ele passou a mão pelos cabelos da nuca e olhou para baixo com a outra mão na cintura.

— Essas suas frases de efeito são bem legais... – disse ele tentando se esquivar do clima que se formara.

— Eu já disse – corrigiu [Nome] fazendo uma expressão séria. – Não são frases de efeito. São passagens bíblicas.

Shindou tornou a fita-la nos olhos.

— Então você vai me ensinar algumas pra ver se eu acho uma que posso usar...

— Nada disso! – retrucou ela, ofendida. – É minha marca de heroína, plagiador.

Shindou soltou uma gargalhada alta. Nesse instante, Ms. Joke chamou-o de longe. Ele sinalizou que já ia e voltou-se para [Nome] uma última vez.

— Bom, mais uma vez, obrigado. Espero que possamos trabalhar juntos de novo.

— Eu também – respondeu a garota com sinceridade.

Ele se afastou ainda acenando para ela. No momento em que ele se virou, [Nome] o chamou de novo.

— Oi, Shindou!

Ele se virou, o rosto estampando uma mistura de confusão e expectativa.

— Parabéns pela licença, herói!

Um enorme sorriso, o maior que ele abrira naquele dia, iluminou seu rosto enquanto ele enfiava a mão no bolso e pegava sua licença para agitá-la no ar.

— Parabéns pra você também, heroína-anja!

— É arcanja! – corrigiu [Nome], indignada.

Ele riu, acenou mais uma vez e se afastou.

Depois de alguns segundos em que [Nome] permaneceu parada vendo-o desaparecer na multidão de alunos, seu celular apitou. Ela pegou-o do bolso da mochila, imaginando que seria uma mensagem da mãe, mas ao desbloquear a tela, viu que três mensagens de um número não gravado chegaram no Whatsapp. Entretanto, a foto o entregou de pronto.

"Olá, [Sobrenome]!"

"Gravei seu número de um jeito que não vou confundir seu contato de jeito nenhum."

E embaixo havia um print do chat do WhatsApp de Shindou aberto da aba de conversa com ela. No topo, ao lado de sua própria foto, ela pôde ler:

"Anjo da Guarda [Nome]-chan". OOOOOOLA PESSOINHAS TUDO BOM COM VOCÊS???? 
Hoje eu vim com uma promessa: depois dessa oneshot, vai todo mundo querer pegar o Shindou UAHSAUHSAUHSAH 
Sem or eu tenho um fraco muito grande por personagens que aparecem pouco, e o Shindou FOI MARAVILHOSO! Por mim eu escrevia altas shortfics pra ele (tipo essa HUE) mas a vida não é tão linda assim UASHAUSAH 
Espero que vocês gostem desse cap SUPER LONGO PQ SIM (na verdade, esta era pra ser uma oneshot para uma coletânea. Por isso ficou bem longa. MAs como eu percebi que existe uma brecha pra continuação, vou posta como shortfic :v) E QUE SE APAIXONEM POR ESSE LINDO QUE TINHA APARECER MT MAIS 
(revoltadissima de saber q o Kohei escolheu colocar Todoroki e Bakugou pra ser da 1-A ao invés de Inasa e Shindou. Esses dois tinham q ser protagonistas aaaaaaaaaaaaaaaa) 
Boa leitura suas lindaaaas ♥


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Notas finais do capítulo

E aí SUAS MARAVILHOSAS?? Aproveitaram a oportunidade de passar a mão no crush antes mesmo dele virar crush? UAHSAUSAUHSUAHHSA SCRR Espero que vocês tenham gostado e se apaixonado pelo Shindou pq ele é mozão e mesmo merecendo uns corretivos tb merece muito amor aaaaaaaaaaaa *u*
Agradeço do fundo do coração a todo mundo que me dá apoio mesmo com essa minha inconstância louca. Vocês que não desistem de mim merecem ir pro céu. Eu considero vocês do fundo do meu core, e cada um tem um lugarzinho especial no meu coraçãozinho agitado de escritora! Muitos beijos pra vocês e APAREÇAM PRA EU DAR MT AMOR PRA VCS SEUS LEITORES DIVÔNICOS!
Beijos da Nana-chan!



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