Obscuro escrita por Helena Lourenço


Capítulo 16
Capitulo Quinze - Perdida


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? :)
Mais um capítulo, preparados?
:v



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Capitulo Quinze
   Perdida

 

Você quer parar de rir e venha me ajudar. — ralhei com ele, enquanto Anne continuava a chorar em meus braços. Eu a acomodei melhor, mas o movimento só a fez chorar mais ainda. Eu estava ficando desesperada. — Alec, pelo amor de Deus!

Alec riu abertamente mais uma vez antes de caminhar até mim e tirar Anne dos meus braços. Ele acomodou a menina em seu colo, e murmurou algo no ouvido dela e minutos depois ela encontrava-se quieta, prestando atenção no que Alec murmurava para ela.

Suspirei.

— Isso é tão injusto — resmunguei, jogando-me na cama. Alec riu baixinho, sentando-se ao meu lado na cama, Anne já adormecida em seus braços. — Que feitiço é esse que você tem sobre minha filha, Volturi? — arqueei uma sobrancelha para ele, que se limitou a sorrir.

— Eu apenas tenho paciência — riu, colocando Anne no berço e voltando para perto de mim. — O segredo é ter paciência. Anne começa a chorar e você já se desespera.

Fiz uma careta para ele, o que fez seu sorriso presunçoso aumentar.

— Paciência não é minha melhor característica — disse, escondendo meu rosto na curva do pescoço de Alec. O cheiro de hortelã dele me trazia calma. Ele começou a afagar meus cabelos, puxando-me para cima de si.

— Paciência é uma virtude — disse, simplesmente.

— Que eu não tenho — rebati, lhe dando um rápido selinho. Alec ia me beijar para valer quando Anne começou a chorar novamente. — Deus — afundei meu rosto no peito de Alec que gargalhou.

— Não tem graça! — gritei para ele, que continuava rindo enquanto ia ver Anne.

— Oh, tem graça sim, Renesmee.

Joguei um travesseiro nele, e abri um sorriso.

   Cinco anos.

  Alec esteve comigo pelos últimos cinco e anos, ajudando-me, apoiando-me. Mantendo-me sã, forte. Ajudou quando Anne entrou na fase ruim do inicio da adolescência, quando pensei que tudo o que tinha estava prestes a ruir... E agora não estaria mais.

 Nunca mais.

Ele tinha ido, e me deixado. Tinha ido ao encontro de sua morte, e me deixou viva.

Não veria mais aquele sorriso debochado de quando conseguia provar que estava certo, ou não sentiria mais aquele cheiro de hortelã todas as manhãs quando acordava.

Eu não o teria mais ali, comigo. E isso era pior do que morrer.

   A lua estava cheia aquela noite. Tão grande e brilhante que me perdi ao olhar para ela; tão linda tão perfeita. Tão solitária. Uma rainha sem rei, pensei. Mas isso não a faz menos incrível. Pelo contrario. Se o Sol estivesse agora a seu lado, sua luz seria apagada pelo brilho dele. Então ela brilha quando ele sai, brilha sozinha para mostrar que não precisamos de ninguém para sermos incríveis.

    — No que tanto pensa?

  A voz dele soou próxima e eu me sobressaltei. Não o tinha visto chegar. Olhei-o. Os cabelos negros caiam sobre seus olhos e ele os colocava para trás quando seus olhos vermelhos encontraram os meus; ele sorriu e me vi sorrindo também. Ainda estava com o uniforme da Guarda, mas seu manto repousava sobre o braço.

Percebi que ele ainda esperava uma resposta, então dei de ombros.

— Em nada especifico. — murmurei, voltando a olhar a lua, pensando se eu poderia ser como ela, pelo menos uma vez.

— A luz da lua é realmente incrível, não é? Traz luz a escuridão da noite. — Alec murmurou, seu olhar perdido na lua — Sabe, os Wicca tem uma perspectiva interessante sobre a Lua. Que saber?

Acenei um sim animado com a cabeça.

Ele sorriu.

— A Lua Nova indica inícios, começo e recomeço. É também um momento de quietude, onde as pessoas estão pensando, projetando, arquitetando suas vidas, seja pessoal ou profissional. É o inicio de uma nova fase. A Lua Crescente representa o crescimento. Sabe os projetos que são projetados na lua nova? É quando eles estão tomando forma, e é uma boa época para se fortalecer. — ele pausou, sorriu e prosseguiu: — Lua Minguante é hora de tiramos de nós o que nos faz mal, aquele peso no peito, aquela magoa. É quando podemos dizer chega. E, Lua Cheia, como está noite. A lua cheia é a lua dos sonhos, dos esbbaths, do romance e das fortes emoções. Ela traz amor, prosperidade e beleza. Ela atiça nossos sonhos, nossa vontade de crescer e amar. É uma das mais belas e importantes, pois é quando a Lua chega a seu ápice, de beleza e poder. É quando a Rainha da Noite está em plena forma, e quando sentimos tudo mais intenso e verdadeiramente. E quando sentimos confiança e expressar-nos. É...

 Ele parou e me encarou. Por um momento, pensei que ele fosse continuar, mas o que eu menos esperava aconteceu: ele me beijou. Beijou tão intensa e profundamente que me derreti em seus braços firmes, que me seguravam com força. Coloquei meus braços ao redor de seu pescoço e percorri seu cabelo negro como a noite e me permiti sentir.

  Sentir tudo o que a lua me permitia sentir.

 E a confirmação que eu precisava pareceu clara em minha mente: eu amava aquele vampiro mais do que eu achava certo.

 †

 Não me permiti entrar em pânico a primeiro momento. Forcei-me a ir até Aro, até Jane, contar-lhes tudo, para então desabar nos braços de Edward. Permiti-me chorar, gritar, implorar que fizessem algo, que o trouxessem de volta.

Edward murmurava em meu ouvido, pedindo que eu me acalmasse, que tudo ficaria bem. Mas não ia. Eu não era tola de acreditar que Alec voltaria, que passaria por aquela porta e me tomaria em seus braços.

Ele tinha escolhido isso, a morte. Porque me queria salva, viva. Mas ele esqueceu que ele me mantém viva.  Sem ele, o que eu sou? Apenas um pedaço de carne, inútil, sem serventia... Sem razão para viver... Não, eu tinha um motivo para viver. Anne.

Eu precisava da minha filha, do que me restou dele.

Tomei-a em meus braços, e ela me apertou. Nosso mundo tinha desmoronado, esmagado e queimado. Mas eu ainda a tinha. Apesar de uma parte – uma grande parte – do meu coração ter ido com Alec.

 †

— Mamãe, cadê o papai? — Anne colocou a cabeça para dentro do meu quarto, seu cabelo negro caindo em seu rosto.

— Hm, no Castelo, talvez. — respondi-lhe guardando o livro que tinha em mãos na cabeceira da cama. — Por quê?

  Minha filha acenou um não com a cabeça, e seus cabelos esvoaçaram ao seu lado. Ri, vendo Anne tentar arrumar, sem êxito, os cabelos volumosos. Ela sorriu envergonhada, mandou-me um beijo e saiu correndo pelos corredores.

  Sem cabeça para continua lendo, resolvi tocar um pouco no piano de calda de Alec. Por inércia, toquei a musica que meu pai fez para mim, quando eu ainda parecia uma pré-adolescente. Era algo que eu gostava, e que me fazia sentir-me em casa, apesar de saber que isso era um sonho distante e que eu mantinha no fundo do minha mente...

 Parei de tocar quando a porta foi aberta e Alec entrou. Ele não disse nada, apenas sentou-se ao meu lado no piano. Encarou-me por uns segundos antes de me beijar calmamente.

— Continue. Estava indo bem — ele sorriu sem mostrar os dentes. Ele era milhões de vezes melhor que eu no piano, e não perdia a chance de jogar isso na minha cara. — Afinal, que musica era?

— Meu pai a fez para mim — desviei o olhar, murmurando. Senti lágrimas encherem meus olhos com a lembrança. Alec ergue meu rosto e secou a lágrima solitária que descia por meu rosto.

Ele me deu um sorriso mínimo.

— Não precisa ter vergonha de sentir saudade. Eles são sua família — ele torceu um pouco o nariz. — Amo você. — disse, simplesmente e me beijou.

— Amo você também. — respondi entre um beijo e outro.

E, eu sabia que teria Alec comigo para sempre.

   Mas, para sempre, sempre acaba.


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Notas finais do capítulo

3