Reflexões junto a uma xícara de café escrita por Darkus Lopp


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa história depois de redescobrir a música sapato velho do Bossa Nova, e de lá veio a inspiração, você não precisa ouvir para entender o enredo, mas eu recomendo, principalmente por que é uma musica magnífica.



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Observava a cafeteira encher aquela xícara, paciência, ela não era mais tão jovem, e o homem havia se afeiçoado muito a ela para troca-la por outra. “sua companheira cafeteira lhe serviu os mais deliciosos cafés todos os dias durante quatro anos, seu ingrato” Pensou consigo mesmo enquanto tirava a xícara cheia do compartimento de plástico da máquina, dando um gole generoso.

                Estava sozinho no apartamento naquele dia, o estilo ‘clean’ dos cômodos faziam ele parecer mais vazio. Puro silêncio. Isso seria maravilhoso se se não deixasse os seus pensamentos pessimistas assumirem o controle. Levou a xícara a boca dando um segundo gole. O barulho deixava sua mente entretida com coisas mais produtivas.

                Parou na frente do espelho que adornava toda a parede da sala. Em dias normais ele serviria para dar amplitude ao cômodo, mas naquele dia ele serviu para deixar o homem ainda pior.

                Seus músculos começavam a murchar, seu cabelo preto azulado tinha dado espaço para vários fios brancos viverem ali, o mesmo acontecia com a barba, uma barriguinha se formava pouco a pouco com o passar dos anos. Seu nome juvenil lhe veio a cabeça “Percy Jackson”, esse sim era nome de herói, mas ele não era mais Percy Jackson, era apenas Perseu, Senhor Perseu para os amigos dos filhos. “Você está velho”, pensou. Decadente era a palavra certa, mas Perseu preferia evita-la.

                Deu outro gole, esse mais longo. Foi até a varanda sentar-se em sua cadeira de balanço. “Qual é meu problema? Eu não estou sou velho”. Perseu tinha 47 anos bem vividos, parecia tanto tempo...

                Olhando para a vista da varanda podia perceber a grandiosidade de NOVA Roma, era uma cidade viva, épica. Nas outra casas e apartamentos moravam grandes heróis, o que lhe fazia  sentir deslocado. Ele não era um herói, não mais.

                A xícara estava pela metade, Perseu bebeu o resto do café de uma vez, apreciando o gosto levemente açucarado do líquido. Pelo menos nisso se mantinha jovem, jamais tomaria seu café sem açúcar como Annabeth fazia, ele ainda possuía princípios.

                Os Semideuses Romanos devem estar treinando para salvar o mundo, assim como os Gregos. Todos tinham tanta energia, Percy Jackson era assim também, não conseguia se manter quieto, já Perseu, se cansava só de pensar em todo aquele esforço...

                Os semideuses Romanos vinham com certa frequência para conhecer o “homem que salvou o mundo”, ele se lembra bem das caras decepcionadas e dos olhares pasmos. ‘Eles também vão envelhecer se tiverem sorte”, pensou consigo.

                A verdade era que Percy Jackson era um dos maiores semideuses que a história já conheceu, seus feitos épicos e extraordinários já haviam sido eternizados em todos os livros de histórias. Enquanto a história do filho de Poseidon era difundida em todo mundo, Senhor Perseu envelhecia na monotonia de uma cadeira de balanço enquanto tomava xícaras de café.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela atenção
Meu ego agradece



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