A lenda de Jack Utrar escrita por Arturhm13


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

As vezes, sorte é o nosso super-poder mais confiável.



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Jack e Belamir seguiram cautelosamente por entre as tendas, tomando a direção indicada por Vernes. As barracas estavam organizadas de maneira que formavam pequenas ruas entre elas. Todo o acampamento era muito bem organizado, era possível que ordem e caos coexistissem, a final. – Observou Jack.

Após alguns minutos caminhando, eles chegaram ao local pretendido. Um muro alto, construído com grossas tábuas de carvalho, isolava quatro jaulas, comumente usadas para transportar animais selvagens, mas que no momento, compunham excelentes celas improvisadas. Havia apenas uma entrada e ninguém nos arredores.

— Oh maravilha! Deve ser esse o local. – Disse Belamir animado. – Nem acredito como foi fácil. Não, tá certo que tivemos que nos livrar de dois bandidos logo de início, mas... será que tem alguém lá dentro? – Perguntou.

— Não faço ideia, mas um dos bandidos mencionou um guarda… O nome era “Arthur”, se eu não me engano.

Uma rasga-mortalha pousou em cima do muro. Ela virou a cabeça para o lado e chirriou algumas vezes, como se avisasse sobre algo. Jack a encarou, mas ela pareceu não se importar.

— Acho que a gente dá conta de um. Vou dar uma olhada pela brecha para ver se é seguro. – Belamir se aproximou de um fresta entre as tábuas e se inclinou para olhar.

Um olho enorme e cheio de veias, do outro lado do muro, o encarou de volta. Belamir soltou um pequeno grito, e se atirou no chão. A reação fez a ave debandar, assustando Jack.

— O que você está fazendo, ficou maluco?! Vai chamar a atenção para nós!

— Te… Tem alguém lá… E ele me viu…

Uma hierarquia, simples, entre os membros do clã, determinava sua linha de comando. No topo estava Victório, o líder, era ele o encarregado de tomar a maioria das decisões. Abaixo se encontravam três imediatos, escolhidos em uma disputa direta de força e poder e que, no momento certo, iriam decidir do mesmo modo quem assumiria o papel de novo líder do clã.

Um desse imediatos era Arthur Camaleão. Apesar de não ter nenhum parentesco com Victório, a maioria dos membros abandonava seu sobrenome e adotava um novo, “Camaleão”, ao entrar para o bando. Arthur era um homem imenso, gordo e forte, de temperamento explosivo, mas que tratava cada membro como parte de sua família.

— Vocês aí! – Gritou enquanto ia para fora do muro, ele mal passava pela entrada. – Eu não conheço vocês!

— So… Somos novos aqui, camaleões trazidos por Vernes. – Jack falou, arregalando os olhos.

Era impossível não ficar impressionado, aquele homem corpulento tinha uma presença ameaçadora, tal qual o enorme machado que carregava nas costas. Eles precisavam ser cautelosos com as palavras. Arthur se inclinou para observar de perto a fisionomia dos supostos novatos.

— Hum… Acho que ele trouxe uma mercadoria nova esses dias mesmo. – Comentou, enquanto coçava a cabeça. – Que seja, então. Eu quero que fiquem aqui no guarda-reféns. Preciso me aliviar e não gosto de ninguém me olhando!

— Não, claro, quer dizer… Ah! – Tentou argumentar.

O gigantesco bandido levantou Belamir, que ainda estava caído, com uma mão e o arrastou junto de Jack para dentro do muro.

— Eu não demoro, fiquem aqui e vocês terão a minha gratidão. – Disse dando as costas e saindo.

Os dois se olharam sem acreditar.

— Mas gente, que sorte! Não, sério, agora eu sei que você é meu amuleto. Estamos dentro rapaz! – Comemorou Belamir. – Agora nós só precisamos encontrar Melissa e… Não tem Melissa... Por que não tem Melissa? Por que a minha irmã não está aqui, Jack?! – Belamir rodeou o local com a vista, desesperado, mas não havia nem sinal de sua presença.

— Fique calmo, não vamos encontrá-la se formos apanhados!

Apesar do conselho, Jack também estava preocupado. Tudo o que eles sabiam era que Melissa havia sido sequestrada. Agora os dois estavam ali, cercados por bandidos, sem nenhuma pista de que rumo tomar e a mercê da sorte.

— Onde aqueles desgraçados esconderam minha irmã, porcaria! – Esbravejou Belamir.

— Ei! Vocês dois aí, sim, vocês. – Disse um senhor, de sotaque estranho, que estava sentado em uma das jaulas.

O homem de meia idade tinha boa aparência, exceto por seu grande bigode em forma de lua. Vestia-se exoticamente com trajes coloridos. Tratava-se de um mercador, que havia feito fortuna por meio de empréstimos e favores que nunca pagou.

— Vocês... Hum, é, não são como os outros, eu posso ver. É, não, não são. Por que não me tiram daqui? Eu pagarei… Hum, é... Uma pequena fortuna a cada um que me ajudar.

Belamir estava tão obcecado em encontrar Melissa que nem havia notado a presença de outro prisioneiro.

— Hã? E você, quem é? – Perguntou Belamir, acalmando-se. – Bem, não importa muito. O senhor por acaso viu minha irmã por aqui? Cabelos claros, baixinha, pele delicada.  

— Hum… É, sinto muito... Digo, não, eu estou há três dias aqui e… Sim, tenho sido o único prisioneiro desde então. – Respondeu lentamente o prisioneiro, deixando Belamir irritado.

— Que droga, então não tem a fortuna que eu busco. Vamos Jack, ainda precisamos encontrar Melissa.

— O que está dizendo? Nós vamos deixá-lo para morrer aqui?! – Jack se incomodou com a maneira que Belamir estava agindo.

— Escuta, eu vim aqui para salvar a minha irmã, se a gente o soltar e ele correr tão rápido quanto termina uma frase, certamente será capturado. Se isso acontecer vão descobrir que estamos aqui e será o fim.

Jack encarou seu amigo de maneira séria e sem hesitação.

— Não vou decidir por você, eu vim até aqui para lhe ajudar e é o que vou continuar fazendo, mas acha mesmo que a sua irmã iria querer ser salva assim?

A noite estava quase terminando, não havia muito tempo para discutir e, no fim, Belamir sabia que Jack estava certo. Na verdade ele nunca agiria assim se não estivesse sob tanta tensão.

— Muito bem então, você, seu velho maluco, sabe onde estão as chaves?

— Maluco? Eu, não, eu não sou maluco… Meu nome, hum… Eu me chamo Alan. – Demorou o mercador um pouco mais. – Sim, a chave, sim, hum… na sacola sobre a mesa.

Aquela lentidão estava mexendo seriamente com os nervos de Belamir, mas a lembrança de seu real objetivo o fez voltar a seriedade.

— Espero que essa seja a coisa certa a se fazer. – Disse Belamir esfregando a mão no rosto.

Jack caminhou até a mesa onde estava a sacola. Dentro havia também vários pedaços de ossos esmigalhados, entre outras velharias. Ele apanhou a chave e examinou bem para ver se não encontrava mais nada.

— Hã? O que é isso…

— O que você está fazendo, vamos logo! – Exclamou Belamir.

— Já estou indo! – Jack apanhou a sacola e correu para soltar o mercador.

Alan se levantou calmamente em seguida se retirou da cela.

— Hum, obrigado… Sim, eu agradeço e…

Uma gritaria se iniciou na entrada do acampamento, antes que o homem pudesse terminar sua fala.

— Essa não, a gente tá ferrado, acho que fomos descoberto! É melhor o senhor sair daqui antes que seja capturado novamente! – Disse Jack sacando sua espada.

O homem se curvou para seus salvadores, respirou fundo e começou a correr, de maneira esquisita, mas incrivelmente rápido.

— Quem diria, nessa velocidade ele vai cair fora do acampamento em pouco tempo. – Disse Belamir, enquanto observava o homem desaparecer por entre as barracas. – Agora temos que sair daqui também!

— Onde os franguinhos pensam que vão?! Vocês me enganaram! – Gritou Arthur bufando, ofegante. – Vocês mataram meus irmãos, agora vão pagar com a vida!

Como se não pesasse nada, Arthur sacou seu colossal machado, erguendo-o para o alto. Jack e Belamir seguraram suas espadas, mas sabiam que iniciar um combate não era uma opção, na verdade aquele seria o pior dos cenários.

— Você sabe as ordens. – Um homem pequeno e todo encapuzado exclamou.

A contragosto, Arthur abaixou lentamente o machado.

— Está certo, meu machado pode esperar mais um pouco pela sua carne macia. Vocês dois vem comigo para a roda!


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Notas finais do capítulo

Oi, eu sou o Goku. Não, brincadeira. Agora é serio, espero que tenham gostado e estejam tão empolgados quanto eu. O que acontecerá em seguida? Também não sei, mas mal posso esperar para descobrir no próximo capítulo. Até mais.



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