Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 7
One More Time




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POV Stefan

Acordei meio atrasado. Ainda não me acostumei com o fuso daqui de volta. Fora o jet leg bizarro. Eu devia ter voltado antes. Tomei um banho pra despertar e ir pra aula. Meu pai escreveu um bilhete pra justificar o atraso. Não que isso importe pra alguém, uma vez que o sobrenome Salvatore parece assustar quando é pronunciado.

Agora entendo porque Damon não usa. Eu poderia me apresentar por Harper também, mas, sem dúvidas, papai me deserdaria. Um dia, quem sabe eu tomo a coragem do meu irmão e mando tudo à merda. A herança da mamãe já seria suficiente pra viver confortável, e não tenho pretensão de não trabalhar mesmo.

Engoli uma xícara de café preto, peguei minhas coisas e saí pro colégio. O motorista queria me levar. Dois quarterões. Eu tenho raiva quando eles fazem isso, tive paciência porque ele é novo, mas, me sinto um inútil que não pode andar sozinho. Como se alguém fosse me sequestrar em plena luz do dia, no meio do Upper East Side. Vou andando e ele caminha atrás de mim. Pelo visto, é meu segurança também.

Paro na esquina pra comprar algo pra comer. Não tinha absolutamente nada na geladeira além de pizza velha. Que saudade da Denise. Nunca que ela me deixaria sair de casa no primeiro dia sem um café reforçado. Me atrasei mais ainda, claro.

Caminhei calmamente até o colégio. A entrada vazia, todos em aula. Vou até a sala do reitor e entrego o bilhete de papai.

— Jet Leg. - digo, sorrindo, meio sem graça. Ele sabe que voltei de um intercâmbio e isso só acrescenta ao meu currículo. Fora que sou um dos melhores alunos do colégio, ele nem tem motivos pra reclamar. Mesmo assim, me olha torto e me devolve a justificativa pra entregar pro professor. Subo pro segundo tempo.

O sinal bate estridente e as portas começam a se abrir. Nem deu tempo de chegar na sala. Telefone toca, pego o fone sem fio e coloco na orelha. Rebekah.

— Oi. - dou um tom alegre na minha voz, mas sei que ela tá me controlando.

— Oi, não vem a aula? - ela pergunta, e tenho certeza. Tá me controlando.

— Estou aqui já. - Expulso um engraçadinho encostado no meu armário e vou guardar minhas coisas. - Ei, que tal você me encontrar mais tarde, atrás da arquibancada? - fecho o armário e sorrio, educadamente, pra moça ao lado, que acabou de fechar o dela também. Ela me olha como se quisesse me matar e me xinga. Fico sem entender o motivo pra grosseria, mas pouco me importo, aluna nova, deve estar de mau humor depois da reunião carcerária com o reitor, ele adora assustar os transferidos. Continuo falando com Rebekah.

— Baby, vou pra aula agora, nos vemos mais tarde. - ela responde dizendo que me ama, respondo automático - Também te amo. - desligo e entro na sala. Nem mostro o bilhete do reitor, já perdi o primeiro tempo mesmo.

POV Elena

A aula acabou e precisamos mudar de sala. Infelizmente terei que passar pelo corredor da morte novamente. Volto no armário pra pegar os livros da próxima aula e olhar pra que sala eu vou.

— Oi gostosa, que bunda boa, hein?! - Ouço um imbecil sussurrar atrás de mim. Respiro fundo e tento me controlar, ele fica em silêncio um minuto mas logo completa me pedindo pra encontrar com ele atrás da arquibancada. Fecho o armário puta da vida e vejo ele sorrindo pra mim com cara de idiota.

— Seu cretino! - viro a cara e saio, com meu sangue fervendo. Será que esse ano vai ser assim, me desvencilhando desses engraçadinhos tarados?! Que ódio! Maldita hora que eu inventei de nadar pra emagrecer.

Vou pra próxima aula ainda com ódio nos olhos. Quero matar todo mundo nesse colégio e é só o primeiro dia. Respiro fundo novamente, tá só começando, Elena. Vamos lá, questão de honra. Mais uma aula, só faltam várias.

Dessa vez não teve troca de sala, só de professor. Fico sentadinha praticamente escondida. Daqui agora só saio pro almoço, ainda bem. A aula de física passa rápido, depois do intervalo tem química e biologia. Eu amo as duas. Os professores parecem empolgados, devem ganhar bem por aqui.

Hora do almoço e eu não sei o que fazer. Volto no meu armário pra pegar dinheiro e almoçar na cantina. Dou de cara com o cretino que me cantou.

— Você quer parar de me seguir! - Falo, séria.

— Meu armário é aqui, sua histérica. - ele me responde como se eu não tivesse razão pra odiá-lo, meu coração acelera, quero matar ele.

— Ah, que conveniente! - respondo. - Olha só, mantenha distância de mim, se possível, nem olhe mais pra minha cara, faz favor! - pego minha bolsa e bato o armário com força.

— Com prazer! - ele responde, se achando com razão.

— Babaca! - falo o suficientemente alto pra ele ouvir, saindo de perto.

Ainda tem meio dia pela frente, eu realmente preciso me acalmar. Vou pro refeitório e encaro as pessoas que começam a me olhar. Quero dar uma de louca e sair gritando, “é, sou eu mesma, é minha bunda sim, tá incomodado?” mas acho que seria expulsa no primeiro dia. Então, só fico olhando mesmo de cara feia. Em algum momento isso vai passar. Eu espero.

POV Stefan

As aulas estão se arrastando hoje. Acho que é o cansaço do voo ainda. Sinto meu cérebro meio lento. A hora do almoço chega e dou graças. Vou guardar os livros e vejo a estressadinha de novo. Ela dá outro chilique. Senhor, que menina louca!

Como se eu quisesse alguma coisa com ela, euhein, tá se achando. Ainda me xinga de novo, doida varrida!

— O que foi isso? - Andy encosta, rindo da minha cara.

— Eu sei lá! Essa mina tá gritando comigo desde cedo. - respondo sem entender, mesmo.

— Hum... Espera... Essa é a mina do Bikine! - ele diz como se reconhecesse ela de algum lugar.

— Do que você tá falando? - ele pega o celular e me mostra umas fotos dela numa piscina que parece particular. - Onde você pegou isso, cara? Ela é famosa?

— Não, ela tava nadando no Condomínio do Marty, ele viu e tirou a foto e mandou pra gente.

— Mano, isso é bem escroto da parte de vocês.

— Ah, qualé, Stefan, ela é mó gostosa. Olha isso. E a gente nem tinha como saber que ela vinha estudar aqui. - ele pega e me mostra uma foto mais de perto.

— Espera! Tem certeza que essa é ela?

— Ué, tenho. Por quê?

— Ela parece com minha cunhada, cara. - Olho de novo, pegando o celular dele e dando zoom no rosto.

— Porra! Tua cunhada é mó gostosa então, hein?! Você e teu irmão são muito sortudos.

— Cê tá a fim de perder os dentes hoje, não tá não? - respondo puto. Mas, deve ser impressão. Katherine é um docinho, e mais alta que essa daí. Parece uma modelo de capa de revista. Ele se desculpa e sai. Vou me encontrar com Rebekah.

Não nos vemos há 3 meses e curiosamente, não estou com saudade. Nem sei porquê ainda levo esse namoro. Tô tão acostumado que já nem sei se eu a amo ou é comodismo mesmo. Estamos juntos desde, sei lá, o maternal. Só sei que sinto como se fosse a minha vida inteira.

Essa coisa louca de famílias unidas. Eu sinto às vezes que nossos pais esperam que a gente se case pra unir os patrimônios. Eu não tenho a menor pretensão de me casar com ela. Eu quero viajar o mundo antes de assumir um compromisso, e quem sabe, encontrar alguém na cafeteria, como meu irmão encontrou a Kath.

Rebekah parece só um caminho, tenho certeza que meu destino é outro. Olho no campo, ela tá no nosso cantinho, aguardando, impaciente. Respiro fundo. Não que precise de estímulo, ela é linda, mas, é tão mimada que às vezes me cansa um pouco.

— Hey baby! - chamo. - Sentiu minha falta? - abro os braços e ela vem, fazendo uma carinha de inconformada com o atraso.

— Por que você demorou? Estou aqui há horas! - Sorrio fingindo, lá vem o drama.

— Psiu. Já cheguei, cadê meu beijo? - ela me olha com cara de que vai me deixar de castigo. Mas é gata demais, compensa o aborrecimento. Vem devagar me abraçar. Seguro sua nuca e a beijo, invadindo sua boca com minha língua. Num instante, ela tá mole nos meu braços e todo o drama vai embora.

— Saudade disso. - digo quando nos afastamos, do beijo eu sinto saudade, dela não, como pode? Ela sorri e a beijo novamente. É bonita demais, essa peste. Vale a pena a dor de cabeça.

Damos uns amassos atrás da arquibancada, ela me provoca, me deixa louco e depois fica impondo limites. Não aguento mais essas regras. Mas, né, não sou esse tipo que insiste ou força. Quando ela quiser, ótimo. Confesso que, às vezes, me dá medo a ideia da gente transar e me obrigarem a casar por isso. Acho que o pai dela seria capaz, se descobrisse.

Saímos pra almoçar. O refeitório tá vazio já, quase na hora da próxima aula. Ao final, nos despedimos, ela segue pro andar dela, eu vou pro meu.

A mina maluca tá mexendo no armário. Fico longe esperando ela terminar. Não tô disposto a ouvir mais berros. Ela deve estar me confundindo com algum desses que tiraram a tal foto, mas, também não tô muito interessado em explicar.

Ela sai e me aproximo do meu armário, olho as outras aulas, e já pego logo tudo pra não ficar indo e voltando, assim evito esbarrar com ela de novo. Até ela acostumar ou esquecerem dela arrumando outra vitima, acho que farei assim. Mais seguro.

POV Elena

Termino meu almoço sentada num canto sozinha. Não tenho vontade de falar com ninguém, queria apenas deixar de existir. Encosto a bandeja no lugar e sigo pras próximas aulas.

Me aproximo do meu armário olhando em volta, não quero esbarrar naquele ridículo de novo. Que cara babaca, fala merda e acha que tá coberto de razão. Imbecil!

Pego minhas coisas tranquila, vejo logo o que vai ter depois pra não ficar vindo aqui, melhor. Logo o dia acaba e vou pra casa.

As aulas são mais intensas do que eu esperava. Os professores estão sabatinando o tempo inteiro e se eu não estudar dobrado eu vou me ferrar lindamente. Preciso encontrar o tal monitor, mas eu não quero olhar pra ninguém nesse colégio, como vou resolver isso?

O dia acaba, finalmente! Corro pro meu armário, guardo tudo rápido e sumo como um raio. Só quero ir embora. Espero que amanhã esqueçam da minha cara. E, da minha bunda, principalmente.

Chego em casa exausta. Ainda falta um tempo pro jantar. Hoje vai ser congelado, não tô com cabeça de fazer nenhuma receita. Quero banho e cama. E se possível, acordar amanhã e esse dia não ter existido.

Tomo um banho longo, saio do quarto e vou pra cozinha, começo a esquentar a comida. Logo depois eles chegam, querendo saber das novidades.

— Hey, docinho! - Kath larga as coisas no sofá e vem falar comigo na cozinha. - Como foi seu primeiro dia?

— Terrível! - respondo sem vontade. Ela se assusta. - Virei alvo de chacota. Tiraram uma foto minha na piscina daqui e espalharam entre os alunos.

— Isso é um absurdo! Eu vou processar o autor disso! Vou falar amanhã mesmo com o reitor... - Damon se inflama, indignado, mas, eu não deixo ele terminar.

— Damon, isso vai ser muito pior. Logo eles arrumam outra pessoa pra perturbar e me esquecem, é melhor.

— Mas isso é crime, você é menor de idade...

— É, eles também. E não tem nada demais na foto pra justificar um processo, eu tô só nadando.

— Tem sim, difamação. - Ele se mantém firme. Kath só olha de um pro outro, sem saber o que dizer.

— Ninguém tá me xingando, só ficam de cochicho. Exceto um sujeitinho nojento que achou que podia se aproximar de mim. Fora ele que coloquei em seu devido lugar, são só risinhos desagradáveis. Eu juro, se fosse pior eu ia pedir ajuda.

Ele se conforma, e Kath afaga meu cabelo, preocupada.

— Esse menino, honey, o que ele disse? Ele te ofendeu?

— Ah, deixa pra lá. Vamos jantar, eu preciso estudar. De acordo com o reitor, eu não sirvo pra esse colégio. Quero provar a ele que está muito enganado!

Vejo minha irmã me olhando assustada e orgulhosa ao mesmo tempo. Irritada com o reitor, mas, feliz pela minha determinação, do jeito que nossos pais ensinaram. Amanhã é outro dia. 


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