POV Elena

A semana foi tão estranha. Stefan não está exatamente me evitando, mas, também não conversa muito. Não sei se isso é uma reação natural, ou se é problema comigo mesmo. Lexi não me diz nada que ajude, além de “ele está lidando com tudo, do jeito dele”.

Do jeito dele é o grande problema. Ele só fala com ela. Não apareceu pra jantar nenhuma vez essa semana, e Katherine não para de me perguntar como ele tem se comportado. Na escola tá normal, tirando o monte de menina que tem estado na cola dele. Apesar disso, ele não parece nenhum pouco interessado nessa súbita popularidade feminina, o que me deixa tranquila, já que toda vez que uma se aproxima a vontade de voar no pescoço dela é imensa.

Começo a entender os chiliques da Rebekah. Acho que ela não desconfiava dele, necessariamente, acredito que o que ela odiava mesmo era esse assédio. Agora, totalmente descarado. Garotas que eram amigas dela, se jogando nitidamente em cima dele, como se ele fosse um poste de pole dance.

Falando nela, ela parece feliz pra quem acabou de terminar um namoro longo. Ela ainda anda no mesmo grupinho da sala dela, e pelo que tenho visto, fazendo sucesso entre os rapazes. O que posso dizer, ela é linda, e mesmo cheia de fricotes, inteligente e responsável. Talvez, o término tenha feito bem pra ela, afinal.

Andy nos chamou pra uma festa na casa do irmão dele, e até animei sabendo que Stefan vai. Nosso histórico de eventos não tem sido bom, quem sabe dessa vez, isso mude. Lexi combina com Joe de nos buscar e vamos todos juntos. Ela acha que a presença dele na festa vai animar Stefan ainda mais, e acredito nisso. Ele costumava ser bem mais alegre na presença dos amigos de infância, sem a ex-namorada no encalço.

Peço pra Katherine ajuda com o visual e ela me empresta outro vestido. Sou obrigada a ouvir ela reclamando que só tenho jeans e all star e deveríamos sair pra fazer compras e etc. Eu olho pro armário dela e tem uma infinidade de modelos e cores e que cabem perfeitamente em mim e não vejo nenhuma necessidade de comprar nada, porque nem ela consegue usar tanta coisa.

Tomo meu banho calmamente, me arrumo e ainda sobra tempo pra ligar pra Bonnie, essa semana não nos falamos, quero colocar as notícias em dia enquanto aguardo os atrasadinhos.

POV Stefan

Chego cedo na festa. Gosto assim, que fico paradinho num canto e as pessoas vem falar comigo. Não curto isso de chegar com lugar cheio e ter que ficar procurando ninguém. A primeira vantagem de não ter que esperar a namorada já apareceu. Paro perto do bar e peço uma cerveja pra começar. Andy e o irmão estão juntos e falamos algumas besteiras sobre filmes de guerra e futebol.

As pessoas vão chegando e já devo estar na minha terceira ou quarta cerveja. Bem calibrado, pra sorrir e cumprimentar todo mundo. As meninas do colégio vão chegando, e aparentemente, como a Lexi disse, me tornei um alvo fácil. Todas vêm falar comigo, se insinuando. Bebo mais um pouco, com o álcool na cabeça, não estou necessariamente incomodado com tantos sorrisos. De todo jeito, me mantenho num grupo com pessoas que conheci na festa, e ainda não sabem da morte do meu pai. Assim não tenho que ouvir lamentações.

Olho pra porta sem querer e vejo Elena entrando. Meu coração dispara aleatoriamente e sinto minha respiração descompassada. Ela entra e olha em volta, perfeita, num vestido azul, cabelo solto e sorrindo pra Lexi do lado dela. Me ajeito no banco, pronto pra acenar pra elas quando vejo Joe logo atrás, segurando o braço dela. Meu estômago revira e não sei o que fazer. Lexi encontra alguém e vai na direção, vejo Elena olhando pra ele, e os dois caminham na mesma direção que ela, sorrindo um pro outro.

Me encolho no banco, aborrecido com a cena. Uma das meninas do meu lado nota e pergunta o que houve, passando a mão no meu peito. Olho confuso, eu nem sei quem é. Dou um gole longo na cerveja e peço outra. Ela é bonita, parece gentil, e está claramente me dando condição. Começo a notar que Rebekah não era tão neurótica assim, eu que era tonto mesmo.

— Quer sair daqui? - pergunto.

— Ir embora? - ela me olha, curiosa, com um sorriso.

— Não. - sorrio de volta – pra um lugar mais reservado. - e aponto o canto debaixo da escada.

Ela sorri e aceita, mordendo o lábio inferior. Não quero sair da festa, mas, se quisesse, certamente, poderia. Outra vantagem de não estar namorando acaba de surgir. Pego minha cerveja e arrasto ela pro canto e começo uns amassos. Percebi que não há melhor forma de distração do que sexo. Mesmo que seja só a preliminar, como neste caso, já me distrai o suficiente pra não lembrar de nada além do gosto do beijo dela.

Perdi a noção do tempo, o restinho da minha cerveja tá quente, e num momento que paramos pra respirar e acalmar os ânimos, decido pegar outra. Vou pro bar, abraçado com ela, que sorri com facilidade. Enquanto espero o barman, ela me conta sobre uma viagem de pesquisa que ela fez nas férias. Pelo menos, não parece dessas meninas fúteis do colégio.

— Hey, aí está você! - Ouço a voz de Lexi atrás de mim e me viro pra verificar. Elena e Joe vem logo em seguida. - Onde você se meteu?

— Eu... - olho pra menina do meu lado, que abaixa a cabeça e ri – Tava meio ocupado. - sorrio, segurando o queixo dela, que levanta a cabeça ainda sorrindo e concorda. - Você conhece a… - me dou conta que eu não sei o nome dela e não perguntei e isso não fez a menor diferença até agora. - ela. - digo, sem jeito de perguntar. Mas, a emenda ficou péssima. Ela fecha o sorriso e responde “Marissa”.

Lexi me olha com um jeito reprovador, e eu realmente não sei o que dizer sobre o assunto. Estico a mão, cumprimentando meu amigo, e vou abraçá-lo, pra fugir da situação constrangedora que acabei de me colocar, e aceno pra Elena, tímido, logo depois.

— Que bom que vocês vieram, tão se divertindo? - volto a falar com Lexi.

— Quantas dessas você bebeu? - ela se estica pra pegar a cerveja que finalmente foi entregue.

— Eu não sei, isso não importa. - respondo, tirando a garrafa da mão dela.

— Importa sim! Marissa, você pode nos dar licença, um minuto? - ela fala, a menina me olha aborrecida e vai embora.

— Hey, não, espera! - tento segurar, mas, ela já não estava muito feliz por eu ter esquecido o nome dela. Se é que ela me disse. - Por que você fez isso? Ela beija tão bem...

— Stefan, você tá bêbado! - Lexi fala, segurando meu rosto e verificando sei lá o quê.

— Não tô nada, eu tô bem. Me deixa! - Tiro a mão dela e saio, indo atrás da... Como é mesmo o nome dela?

— Hey, maninho, tem certeza que você tá bem? - Joe passa a mão no meu ombro, me acompanhando.

— Eu tô, cara. Por que todo mundo fica me perguntando isso o tempo todo? Eu tô bem, não dá pra ver? A gente já bebeu bem mais que isso junto, vai... - Abro os braços, sorrindo pra ele. Vejo a Maria... Não, Marissa, e vou pra perto dela. - Oi. Não liga pra minha amiga, ela é meio protetora. Vamos dançar? - ela sorri e aceita, e vou pro meio da pista.

Obviamente, não fico muito tempo só dançando e volto a me atracar com ela. Pra mim, a festa está boa e só começando. Mas, noto a patrulha dos bons modos me observando, de fora. Vejo Lexi puxando Elena pra algum lugar, deixando Joe parado me olhando, cabreiro. Volto a me concentrar na moça sorridente na minha frente e esqueço do resto.

POV Elena

Chegamos na festa e já estava cheia. Olho ligeiramente procurando Stefan e aproveito pra alfinetar Lexi pelo atraso.

— Eu sou uma diva, não posso entrar se não tiver público pra me aplaudir. - acho graça e não seguro a risada. De fato, um grupo de meninas a vê e já a chama, empolgadas.

Joe segura meu braço, implicando, dizendo pra ir me acostumando, ela sempre foi assim. Sorrio. Lexi tem brilho próprio, possivelmente chamaria atenção em qualquer recinto. Vamos na mesma direção que ela, e continuo olhando em volta, procurando Stefan e não o vejo.

Joe, que é mais alto, também faz a busca, e nada. Lexi pergunta às meninas se já o viram, e elas dizem que ele estava conversando com Andy e umas meninas de outro colégio. Olhamos, mas, ele não está lá. Decidimos nos dividir e circular. Ninguém o vê há algum tempo. Rodamos mais um pouco até desistir.

— Será que ele foi embora? - Pergunto.

— Seria muita falta de sorte ele ir embora justo quando chegamos. Vou ligar pra ele. - Joe resolve, mas, ele não atende. - Que estranho.

— Ei, olha ele ali! - Lexi o vê no bar, conversando com uma moça, sorridente.

Ele insinua que estava se atracando com ela, e nem ao menos sabe o seu nome. Me aborreço, não imaginei que ele fosse assim. Lexi fica apreensiva e o questiona sobre a bebida. Ele abraça Joe e fala comigo como se nem me conhecesse. Um aperto toma conta do meu peito, e eu nem sei o que dizer.

Vejo ele se agarrando com a menina no meio de todo mundo, totalmente bêbado. Lexi e Joe observam de longe, sem falar muita coisa. Stefan bebe mais um pouco, dança mais um pouco, beija mais um pouco, e eu queria não estar assistindo isso. Eu quero ir pra casa, essa festa, pra mim, já deu. Lexi percebe e me puxa pro banheiro.

— Você quer ir embora? Te coloco num táxi. - ela diz.

— Eu quero, mas, também tô preocupada com ele.

— Ele vai ficar bem. Eu e Joe estamos aqui, se ele perder a linha, a gente leva ele pra casa. Você está claramente incomodada com ele agarrando a tal da Marissa. Vocês são dois idiotas, sabia?!?

— Por quê? - me assusto com essa afirmação.

— Por nada! - ela diz, nitidamente desconversando.

— Não, fala, por quê?

— Por nada, Elena. Eu não vou me meter nisso, porque prometi pra vocês. Mas enquanto vocês não conversarem, nunca vão se entender.

Respiro fundo, porque sei que ela está certa. Quando eu tento conversar com ele, eu falo de algo muito aleatório quando deveria ser sincera. Apenas não consigo dizer o que sinto. E nem mesmo sei porquê. Ela nota meu silêncio e continua.

— Vai pra casa, amanhã conversamos. Te dou notícias.

Concordo. Me despeço dela e do Joe, peço um táxi e vou pra casa. A ideia era me divertir. Mas, ver Stefan desse jeito não foi divertido. Pelo contrário. Ele parece outra pessoa, distante. Tenho essa sensação que ele não vai me perdoar nunca. Preciso desistir de uma vez e tirar ele da minha cabeça.

POV Katherine

A semana foi muito louca! Adiei a data da exposição. Não vou dar conta desse stress agora com o mundo desmoronando na cabeça do Damon. Ele precisou devorar milhares de documentos das empresas do pai pra poder estar preparado na reunião de quarta. Chegou em casa, desolado. O conselho se reuniu e ninguém quer indicar um membro. Elijah se ofereceu, mas, Damon acha que tem algo muito estranho pro trás disso. Ele acredita que ele só quer ganhar poder pra assumir o controle de tudo.

A reação dele ao saber da tutela do Stefan ainda não me desceu na goela. Por que diabos ele achou que ele ficaria com o garoto? Tem alguma coisa muito estranha nisso, e ainda não me convenci que ele vai deixar isso quieto. Aquele jeito polido, de lorde inglês, sempre me pareceu muito falso. Não fosse irmão do Klaus, certamente, eu sequer cumprimentaria.

Damon precisou pedir uma licença no trabalho pra dar conta de toda a burocracia das empresas do pai. E, enquanto o presidente não for escolhido, todos os assuntos serão resolvidos em reuniões. Durante esse tempo, ele vai estudando as movimentações e funcionamentos do complexo.

Eu ainda acho que ele está se enfiando em trabalho pra não ter que lidar com tudo o que o pai escreveu na carta. Só espero que ele não se corrompa nesse meio tempo. Eu admiro demais a forma que ele enxerga o mundo, e me dá medo em pensar no que ele pode se tornar administrando essa oligarquia.

Não bastasse isso, Stefan não passou aqui nenhum dia. E depois do estado que ele ficou com a morte do pai, tudo me preocupa. A culpa que ele tomou pra si, me deixou agoniada. Se Elena não estudasse com ele, e não me contasse que tá tudo bem, eu estaria em cólicas.

Pelo menos hoje, as coisas parecem ter se acalmado um pouco. Damon está menos preocupado, Stefan e Elena foram a uma festa de um menino do colégio, e eu consegui descansar um pouco minha mente desse turbilhão que nos pegou, de novo.

Estou tranquilamente lendo meu livro e ouço barulho na porta, olho a hora e estranho. Elena chegando pouco mais de 2 horas depois de ter saído.

— Hey, chegou cedo, o que houve?

— Nada. - ela responde, claramente irritada, batendo a porta.

— Ow. O que houve, o que aconteceu dessa vez? - insisto, me ajeitando no sofá.

— Era pra ser divertido, sabe?! Mas, Stefan tava bêbado e se atracando com aquela menina na pista, ele não fala mais comigo direito... - ela despeja uma série de informações e eu me fixo numa que me incomoda deveras.

— Como é? Stefan bêbado? - ela arregala os olhos se dando conta do que disse.

— Não, eu disse errado.

— Elena! Que festa é essa que estavam servindo álcool para menores de idade? Você bebeu? - saio do sofá pra cima dela, conferindo.

— Não! Kath, por favor, não. Ele nunca mais vai falar comigo de novo se souber que eu te falei isso.

— Isso é problema de vocês, mas, Stefan bebendo, agora é problema meu. Anda, o endereço.

— Eu não vou dar. - ela me responde, atrevida.

— Eu vou ligar pras mães de todos os seus amigos até descobrir. - me sinto a mamãe falando e até me assusto.

Damon chega na sala, depois de ouvir a discussão e pergunta o que houve. Respondo, pedindo apoio e não tenho.

— Baby... Stefan está acostumado a essas festas, além disso, dá uma folga, ele acabou de perder o pai, tá só se divertindo.

— Damon! Ele é um adolescente. Bebendo sem supervisão. Isso tá muito errado.

— Eu sei, amor, ele continua o mesmo adolescente responsável. Ele marcou com o motorista de ir buscá-lo antes das duas. O mesmo horário que papai estipulou pra ele chegar em casa.

— Como você sabe disso? - pergunto, incrédula.

— Você não acha que eu ia deixar meu irmão caçula morando sozinho sem saber de tudo, né?!

Olho inconformada. Encaro Elena que me olha envergonhada, e aceno com o polegar pra ela ir pro quarto. Volto a encarar Damon, irritada.

— Até duas horas da manhã são quase quatro horas dele bebendo, Damon! Você está controlando tudo o que ele tem feito?

— Sim.

— Tudo mesmo, ou tudo igual o seu pai? Porque você sabe que Stefan cansou de dar perdidos nos seguranças.

— Tudo, baby. Ele não sabe. Ele confia no tal George. E isso é bom. Parece até que ele tá namorando de novo. Tem encontrado com uma moça, que parece sério. - ele sorri pra mim.

— Hum... Elena disse que ele estava com uma menina na festa... Ele já falou dela pra você?

— Ainda não, mas, a semana foi louca, né. A gente ainda não parou pra conversar. Vou passar lá amanhã, levar ele no jogo de beisebol. - Ele passa a mão no meu rosto, tentando me acalmar. Mas, não tô convencida dessa história. Ainda olho, aborrecida, enquanto ele sorri e se aproxima pra me beijar.

— Baby, relaxa. Eu confio nele. George também. Ele tá bem, chega em casa cedo, todo dia, dorme direito, tem ido as aulas como deve, ao abrigo. É só uma festa, com os amigos do colégio, vai ficar tudo bem. - Finjo me convencer. De todo jeito, não tenho como fazer nada. Não é meu irmão, ele deve saber o que está fazendo. Pelo menos eu espero que sim.

POV Elena

Volto pra casa aborrecida de ter visto o que vi e mais ainda por ter saído da festa sem ao menos tentar me divertir. O que tá acontecendo comigo?

Abro a porta e Kath está na sala. Não consigo disfarçar e acabo falando mais do que deveria. Sinto meu corpo gelar com a possibilidade dela indo atrás do Stefan na festa e ele me odiar pra sempre. Felizmente Damon aparece e interrompe essa discussão ridícula.

Ele diz que Stefan marcou com George, e isso me deixa até tranquila. De certa forma, mesmo bêbado, ele vai chegar em casa em segurança. Vou pro quarto e fico escutando a conversa dos dois. Ouço uma frase que me incomoda e parece que uma espada atravessou meu corpo. Fecho a porta e tento colocar meus pensamentos em ordem.

Stefan namorando. Era pra ser comigo. Ele mal terminou com a Rebekah e.. Espera! Ele tava com uma menina na festa que ele nem sabia o nome. Se ele tá namorando, ele tá traindo a namorada? E, outro dia ele disse que tava apaixonado por mim... Essa história não faz o menor sentido. Se o Stefan tá saindo com alguém, e estava com outra na festa, ele... Ele não é nem de longe o cara que eu achei que fosse.

É por isso que a Lexi não me fala nada. Ele está saindo com várias garotas, e ela fica escondendo isso de mim. Eu tô enjoada. Eu preciso tirar esse sentimento de dentro de mim, eu preciso tirar Stefan da minha cabeça, superar. Preciso apagar o que sinto por ele ou eu vou pirar.