Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 36
What you're thinking




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POV Stefan

O elevador chega, eu tô confuso, e a adrenalina do momento me deixou completamente esperto. Eu nem sei direito o que eu ia fazer, eu nem sei direito o que falar. Elena permanece muda e ajeita o cabelo. Eu ia beijar ela e ela deixou. E eu nem sei se ela queria mesmo ou se é por estar bêbada. E talvez eu me arrependesse depois.

Ainda bem que o porteiro voltou com a água. Como eu ia olhar pra cara dela depois disso? Como explicar que eu queria muito fazer o que eu tava prestes a fazer. Queria não, ainda quero. Caceta, eu acabei de transar com a Rebekah e tô pensando em outra. Que canalha que eu sou.

O elevador parou no andar. Eu preciso ir embora.

— Você tá bem? - pergunto.

— Tô. Acho que eles nem vão perceber. - ela me responde, séria.

— Bom. Você consegue entrar sozinha? Eu acho que vou pra casa.

— Consigo, sim. Mas, você tá bem pra ir?

— Tô, eu... - respiro, buscando as palavras – Tomei um susto com o porteiro, meio que fiquei sóbrio. - ela ri, passando o cabelo pra trás da orelha, e eu fico admirando, igual um idiota. Meu Deus, eu tô apaixonado por ela. Mas que merda!

— Eu também. Ele chegou de repente, eu nem lembrava que ele tinha saído. Como se eu tivesse dormido, sei lá. Fechei os olhos por causa da tontura e de repente ele surgiu.

Ela não sabe o que tava acontecendo? Ela fechou os olhos por isso? Como eu sou cretino, eu ia beijar ela, e ela só tava tonta. Eu seria um abusador beijando ela por estar bêbada. Me sinto péssimo. Respiro e finalizo a conversa, preciso sair daqui correndo, antes que me odeie mais.

— Bom, então já vou. A gente se vê na aula. - viro e entro no elevador de volta sem olhar pra trás, me sentindo o pior dos canalhas.

Ela tava beijando o Joe, meu melhor amigo, é claro que ela não queria nada comigo. Como que eu pude pensar isso? E Rebekah, por mais encrenqueira que ela seja, não merece isso. Eu não sou esse cara, que inferno!

Pego meu telefone e ligo pra Lexi, ela ainda tá no colégio e peço pra me aguardar na porta. Pego um táxi de volta pra escola, e vejo ela me esperando, meio irritada.

— Não demorei nem 5 minutos.

— Eu quero saber por que você voltou? Você saiu daqui arrastado, Joe não te deixou em casa?

— Eu quase beijei a Elena. - digo pra ela se calar logo e funciona. Ela arregala os olhos e leva a mão na boca, com a melhor expressão Alexia Branson.

— Peraí, você... Cadê a Rebekah?

— Joe deixou ela em casa primeiro, depois eu e Elena na casa do meu irmão. A gente ficou... - fui interrompido pelo toque do telefone.

— Elena. - ela olhou pra tela do aparelho e me olhou de volta.

— Atende. - digo, imperativo. Ela atende, desconcertada.

— Oi Elena, tá melhor? … Hum... - ela me olha, e arregala os olhos de novo, fico curioso, ela faz um sinal pra me calar. - Sei, mas, você tá bem? Uhum... - ela fica muda, e eu tô nervoso pra saber o que Elena tá falando. Que agonizante. - Olha, fica calma, toma um banho, come alguma coisa... aham... Tá, olha, faz o seguinte, amanhã, a gente toma café. Não, digo, brunch né, domingo ninguém acorda cedo. - ela ri e pisca pra mim, me deixando mais curioso ainda. - Sim, eu passo pra te buscar as 11h, tá bem? … Isso, toma banho e descansa. E toma uma aspirina, bebe mais água, amanhã você tá ótima. Um beijo. Durma bem.

— O que ela disse? - pergunto assim que ela desliga.

— Não é da sua conta. Continua.

— Como não é da minha conta? É claro que ela falou alguma coisa, ela percebeu que eu ia beijar ela? - Lexi sacode a cabeça que sim, e eu fico nervoso. - Por que ela fingiu que não? Ela me acha um canalha, né?! Fala, por favor. - peço.

— Não, Stefan, você não gostaria que eu contasse qualquer coisa que você me conta pra ela. Não vou contar, termina de falar.

Contei pra ela o que aconteceu, minhas sensações, meus pensamentos e ela ouviu atenta, sem me dar nenhum conselho. Apenas escutou. Quando terminei, ela proferiu as palavras que eu gostaria que não fossem verdade.

— Você tem namorada.

POV Elena

Quando o Joe me afastou dele eu entendi que eu tava fazendo aquilo por impulso, por me sentir triste. Eu não queria ter beijado ele, eu queria beijar o Stefan. Ele me carregou pra perto do casalzinho apaixonado e meu coração acelerou. Me imaginei chegando em casa desse jeito e o segundo esporro que eu vou tomar em menos de 24h. Não me aguentei em pé de tanto rir.

Stefan começou a rir comigo quando contei o motivo, e caiu junto. Ele tá tão bêbado quanto eu. Acho mais graça e não consigo parar de rir da situação. Rebekah irritada por isso, e Joe, que amorzinho, cuidando da gente. Sento no carro e acho graça de tudo, até do Stefan tentando beijar a Rebekah pra calar ela.

Nem sei porque Joe deixou ela em casa antes, eu moro muito mais perto do colégio, acho que porque ele não aguenta ela, reclamando então, é pior. Ele não consegue estacionar e nos deixa na calçada, em frente ao prédio. O Segurança ajuda a gente a entrar. Nos escoramos um no outro e seguimos até o elevador.

Eu sei que tô bêbada, mas, Stefan parece tão feliz, sorrindo. Ele sempre parece mais sorridente longe dela. Eu queria ver esse sorriso mais vezes. Sentamos no sofá pra esperar o elevador. Eu me ajeito pra olhar pra ele, que já tava me olhando.

Tento controlar a vontade que me dá de beijá-lo, mas, não consigo. Eu quero muito, eu quis a noite toda. Ele me pergunta do ponche, e eu fecho os olhos, tentando mentalizar outra coisa, pra tirar essa ideia da minha cabeça. O porteiro, tadinho, super atencioso, diz que vai pegar água e abro os olhos, com Stefan me encarando.

Eu fico hipnotizada pelos olhos dele e não consigo desviar. Ele olha pra minha boca, e noto que tem algo diferente. Não sei se é a bebida, ou se por estarmos sozinhos, ou se vibrei tanto essa minha vontade que passei pra ele. Passo a língua pelos lábios, sem querer, pensando no beijo dele. Ele me encara de novo. Meu coração acelera.

Ele vem se aproximando e eu sinto um frio na espinha e insetos no estômago. Ele continua me encarando, enquanto traz o rosto pra mais perto e sinto a respiração dele. Fecho os olhos e me preparo pro beijo. Eu tô nervosa, mas, eu só quero sentir a boca dele na minha. O rosto dele tá tão perto que sinto a pele roçar e a quentura dos lábios.

O porteiro volta com a água e, com o susto, me dou conta que isso tá muito errado, em vários níveis. Stefan tem namorada, pra começo de conversa. Depois porque estamos bêbados demais, e bêbado só faz merda. Seguindo com, como vou olhar pra cara dele depois disso? Eu acabei de dizer pra Rebekah que não queria nada com o namorado dela e hoje eu tô querendo que ele me beije, que vaca que eu sou!

Termino de beber a água, e ele, já em pé, estica a mão pra me ajudar a levantar. E me sinto tão sóbria como no início da festa. É, não era pra ter acontecido, melhor fingir que não aconteceu mesmo, pelo bem dessa amizade.

Não sei o que dizer, e não falo nada. Subimos, o elevador chega no andar, e ele decide ir embora. Acho que se deu conta que estávamos fazendo besteira, vou mesmo fingir que estava tonta e deixar essa história pra lá. Eu não quero que ele se sinta mal do meu lado.

Ele se despede e volta pro elevador. Eu fico um momento parada no corredor, procurando minha chave, tremendo ainda com o que aconteceu, e ainda um pouco tonta do maldito ponche batizado. Damon abre a porta.

— Ouvi sua voz, mas você demorou a entrar. Tava falando sozinha? - sorrio e respondo.

— Stefan subiu comigo. Mas não tô achando a chave e por isso demorei - Entro, ele não nota minha tonteira e tá tudo bem.

— E cadê ele?

— Teve que ir. - respondo sorrindo ainda. Ando devagar, por causa da tontura, pego uma água na geladeira, e vou pro meu quarto dando boa noite.

Se ele percebeu que tô bêbada, só vou saber amanhã quando a Kath me interrogar. Jogo a bolsa no chão do quarto, ainda absorvendo essa história. Queria falar com a Bonnie, ela saberia o que me dizer, mas, tá tarde. Sento na cama, lembrando da cena, e decido. Vou ligar pra Lexi, ela deve estar acordada, isso se não tiver na festa ainda.

— Oi, que bom falar contigo. Tô, e quase beijei o Stefan. Eu não sei onde tava minha cabeça, eu estava muito bêbada. Só que eu sei que eu queria, e eu meio que forcei isso. Tô, tô melhor, o susto me deixou sóbria. Mas, tô me sentindo mal, ele tem namorada. Eu disse pra ela que não queria nada com ele, Lexi, eu jurei, mas eu quis que ele me beijasse, eu passei a noite incomodada vendo ele com ela, eu acho que tô apaixonada por ele. Eu tô muito confusa!… Tá, eu preciso mesmo de um banho, esse cheiro de ponche tá me enjoando... Eu não sabia como olhar pra cara dele, então fingi que não notei, fingi que tava tonta.

Ela decide me encontrar pro brunch e aceito. Preciso tirar esse peso da minha cabeça, eu tô bem confusa. Stefan é meu amigo, quando foi que as coisas mudaram e eu não notei?

Termino de tomar banho, vou pra cozinha pegar algo pra comer e volto pro quarto. Pego o livro na cabeceira e começo a ler, tentando tirar da minha mente a imagem que insiste em aparecer. Stefan me encarando, olhando pra minha boca e se aproximando. Ele ia mesmo me beijar.

Espanto os pensamentos. Foi melhor assim. Eu combinei uma trégua com Rebekah, essa semana, finalmente, é a semana Ivy, vou estar tão ocupada que nem vou lembrar de nada, tudo vai ficar como tem que ser.

Amanhã, converso com a Lexi, alinho meus pensamentos, e foco no que realmente importa. Minha vaga na universidade.

* * *

Após a conversa com Lexi decidi que não queria encarar o que sinto pelo Stefan enquanto ele ainda estiver namorando. E, ele já disse que não pretende terminar, então, resolvi deixar as coisas como sempre foram.

Joe me liga de vez em quando, e até foi me buscar alguns dias no abrigo, me levando até em casa. Ele é gentil e tão divertido, gosto da companhia dele, e me distrai do meu grande problema interno.

A semana foi puxadíssima, os testes, as entrevistas, as sabatinas dos professores. Me saí bem, de fato, o estudo intensivo deu muito certo e eu consegui alcançar o nível da turma. Me sinto tão bem, que nem sei como expressar.

Daqui a pouco, tem a tão famosa festa dos representantes e tô um pouco nervosa. Medo de não saber me comportar, mas, Lexi disse que tiro de letra. A representante da Columbia lembrou de mim, do Brunch, e disse que está ansiosa pela nossa conversa.

Amanhã, tem outra festa. Caroline me chamou, disse que não posso perder. Quer dizer, corrigindo, nos chamou. Stefan veio jantar na quarta, e ela encontrou conosco no elevador, como sempre. E acabou convidando ele também. Não sei se gostei, e espero que ele não vá, mas, se não tiver conhecidos, pelo menos, ele é alguém que posso conversar.

Como fingi que não houve nada sábado passado e ele também não comentou o assunto, temos agido dessa forma, como se nada tivesse acontecido. Exceto pelo fato que ele parece estar me evitando e Lexi jurar que não, tá tudo normal.

Até pensei em chamar o Joe pra ir, mas, tenho medo dele me interpretar mal, eu não sei se estou preparada pra encará-lo sozinha numa festa, tendo beijado ele, bêbada. A gente também não falou nesse assunto, e eu prefiro não falar nunca.

Termino de me ajeitar no espelho, e sigo pra confraternização dos representantes. É tudo ou nada, agora. Respiro fundo e vou.

POV Stefan

Passei a semana remoendo meus pensamentos. Rebekah parece tão mais doce e carinhosa, e parou de implicar com Elena, justamente agora que ela teria milhares de motivos pra isso. Deve ter sido a semana Ivy, que tirou o foco dela de mim. Única explicação possível.

É a única época do ano que as fofocas se encerram, que as brigas param, e todo mundo só pensa no seu currículo. O colégio vira um pandemônio, com gente impregnando a biblioteca, tirando dúvidas com professor, perturbando o reitor. Eu nunca entendi porque deixam sempre pra última hora. Todo ano, acontece na mesma data, mas, é sempre assim. As turmas mudam, mas aparentemente, os alunos nunca.

Como meu currículo acadêmico é impecável desde sempre, e além disso, minha vaga está praticamente comprada desde que nasci, eu não estou muito preocupado em impressionar ninguém. Rebekah está nervosa porque o Sr Davis mal olhou pra cara dela, mas, ela conseguiu entrar na festa assim mesmo.

Estão todos empenhados nesse encontro, e eu só queria ir pra casa dormir um pouco. Tenho dormido mal desde sábado. Não consigo esquecer aquela cena, de quase beijo, e me sinto mal, olhando pra minha namorada sendo perfeita, em anos, enquanto eu estou claramente apaixonado por outra, que nem olha direito na minha cara.

Minha conversa com Lexi não ajudou em nada. Eu sei que tenho namorada, eu sei muito bem disso. E Elena também sabe, e ela não estava tonta, ela quis tanto quanto eu. Eu vi, não sou maluco. Eu tava bêbado, mas, não cego. Lexi não disse nada que me dê uma luz. Se eu tivesse um pequeno vislumbre de possibilidade de ficar com Elena, eu terminaria com a Rebekah, sem pensar. Mesmo que eu me sinta o pior dos canalhas por isso.

Eu deveria terminar de todo jeito, nem tá certo eu ficar com ela gostando de outra. Mas, eu não consigo ver Elena desfilando com meu melhor amigo e ficar numa boa. Pelo menos, Rebekah gosta de mim e eu gosto de estar com ela.

Por falar nela, eis que ela aparece sorrindo, num terninho rosa claro, pronta pra reunião. Se aproxima, ajeita minha gravata, e me dá um selinho. Dá uma girada pra mostrar que o roxo do cabelo saiu, e sorri, contente. Subimos.

Na lista de espera, meu nome não está na vaga de Yale. Fico confuso. Minha vaga era certa, como assim? A recepcionista informa que minha entrevista é com a representante de Columbia. Rebekah me olha, tentando entender.

— Tem certeza? Eu não mostrei interesse pela universidade. - digo, olhando a lista, pra conferir.

— Exatamente, senhor Salvatore. O reitor sugeriu a mudança, por isso. A sua vaga em Yale já é certa, ele gostaria que você estudasse outras opções.

Dou de ombros, qual mal tem nisso? Meu pai não ficaria aborrecido se eu conversasse com Columbia, afinal. Rebekah fica nervosa em conversar com Yale sozinha, e tento acalmá-la.

— Senhorita, sua vaga também não é Yale, sua vaga também está certa, o reitor a colocou em Princeton.

Olhei pra ela sorrindo, Princeton é ótima. E perto de casa. Nos separamos e buscamos os representantes. Vejo Elena conversando com uma moça e imagino que seja a representante. Me aproximo, me apresentando. Elena me olha confusa. Apenas sorrio, sem jeito.

Ela me apresenta como o monitor dela, e engatamos o papo. Alexia, o nome da representante, se diverte conosco. O papo flui, falamos de livros, filmes, e parecemos, os três, amigos da vida inteira. O tempo acaba, e Alexia se despede dizendo que ficará satisfeita em nos ter como alunos.

Elena aproveita e me questiona.

— Coisa do reitor, disse que minha vaga na Yale está certa e eu precisava ter outras opções. Imagino que papai já esteja sabendo, porque aquele jantar na casa da Rebekah era pra outra doação de fundos pra Universidade. - respondo. Ela acena com a cabeça que entendeu.

— Bom, eu vou indo, então. Estou faminta. - Rebekah se aproxima sorrindo.

— Nossa, eu amei o que o representante falou de Princeton. Eu nunca tinha considerado. - Fico contente.

— Bom, acabou dando tudo certo. Temos nossas vagas. - digo, passando a mão na cintura dela, e apoiando a outra mão no ombro de Elena. Lexi se aproxima.

— Foi incrível! Eles ficaram encantados com meu currículo e o intercâmbio na Austrália encheu os olhos deles. Tô dentro! - ela fala, contente.

— Que ótimo, deu tudo certo, então. - digo.

— Sim, sim! Mas, espera, você não estava com Yale, o que houve? - Faço um breve resumo. - Hum... Parece interessante, seu irmão vai gostar disso. Caramba, somos praticamente universitários, isso e incrível! - ela diz empolgada e rimos. Elena a abraça. Rebekah a parabeniza, sem muito entusiasmo. Não me importo muito com isso, e a abraço também.

Apesar de turbulento de várias formas, o início do ano está com um saldo positivo, afinal. Podemos seguir com o ano, sem preocupações excessivas. Só manter as notas, manter os projetos, e tudo se acerta. Sorrio, satisfeito.




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